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sábado, 26 de maio de 2012

Mistica de São João da Cruz (pastorcico)

A mística de João da Cruz não aliena, ela envolve e nos projeta na vida e nos obriga a sair de nós mesmos. Para encontrar a verdadeira felicidade é preciso encontrar-se consigo mesmo, com Deus e com os outros, para ter o sabor da liberdade.

    


Há um poema de João da Cruz que gostaria de colocar aqui: é a sua e nossa biografia. Com toque delicado, João da Cruz, no Pastorcito, nos apresenta quem somos nós e o que queremos.


"Um Pastorinho, só, está penando,
Privado de prazer e de contento,
Posto na pastorinha o pensamento,
Seu peito de amor ferido, pranteando.

Não chora por tê-lo o amor chagado,
Que não lhe dói o ver-se assim dorido,
Embora o coração esteja ferido,
Mas chora por pensar que é olvidado.

Que só o pensar que está esquecido
Por sua bela pastora, é dor tamanha,
Que se deixa maltratar em terra estranha,
Seu peito por amor mui dolorido.

E disse o Pastorinho: Ai, desditado!
De quem do meu amor se faz ausente
E não quer gozar de mim presente!
Seu peito por amor tão magoado!

Passado tempo em árvore subido
Ali seus belos braços alargou,
E preso a eles o Pastor ali ficou,
Seu peito por amor mui dolorido." (Poesia 7)

João da Cruz exige uma leitura atenta, amorosa e repetitiva — pelo menos três vezes — para entrar em sua linguagem amorosa. Afinal, a linguagem do amor, só quem se decide a amar, pode conhecê-la."

Fonte:  Frei Patrício Sciadini, OCD


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