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quarta-feira, 4 de março de 2009

CARTAS DE BEATA ELIZABETE QUE FALAM DE SANTA TERESINHA





148. À SRTA. GERMANA DE GEMEAUX

 

JM + JT

Carmelo do Coração Agonizante de Jesus, 1

20 de agosto de 1903

 

O mistério da Inhabitação divina. - Nossa transformação sobrenatural. - O purgatório do amor. - “Sou Elisabete da Trindade. Quer dizer, Elisabete que desaparece, se perde, se deixa invadir pelos Três”.

 

Minha querida Germaninha da Trindade2:

 

Sua amável carta e suas confidências me encheram de satisfação. Que prazer eu sinto quando você levanta o véu de sua alma e posso penetrar nesse santuário íntimo onde você vive a sós com aquele que a quer totalmente para Si e cria para ele em seu interior uma deliciosa solidão.

Minha Germana, deixe que ele descanse em você ao mesmo tempo em que você nele descanse. Ouça os acentos harmoniosos de Sua alma, de seu Coração. É o amor, esse amor infinito que nos envolve e quer associar-nos desde esse mundo à sua felicidade divina. É toda a Trindade que descansa em nós, todo esse mistério que será o objeto de nossa visão beatífica no céu. Que ele seja o seu claustro, minha irmãzinha.

Você me enche de alegria quando me diz que a sua vida transcorre nele. Também a minha. Eu sou Elisabete da Trindade, quer dizer, Elisabete que desaparece, que se perde, se deixa invadir pelos Três. Veja como estamos unidas neles. Formamos uma unidade. Desde a manhã até a noite eu faço tudo muito unida a você e a considero como a verdadeira irmãzinha da minha alma. E recomendo-a a todos os nossos santos, especialmente à nossa santa Madre Teresa e à Irmã Teresa do Menino Jesus. Sim, Germaninha, vivamos de amor, sejamos simples como ela, sempre generosas, imolando-nos constantemente, fazendo a vontade de Deus sem buscar coisas extraordinárias. Façamo-nos pequeninas, deixemo-nos levar como uma criança nos braços da mãe, por aquele que é o nosso Tudo.

Sim, minha irmãzinha, nós somos muito fracas. Eu me atreveria até a dizer: não somos senão miséria. Mas ele o sabe. Agrada-lhe tanto perdoar-nos, reerguer-nos , transformar-nos nele, em sua pureza, em sua santidade infinita. Assim é como nos purificará com seus contatos permanentes e seus toques divinos. Ele nos quer tão puras... Ele mesmo será a nossa pureza. Temos que nos deixar transformar na sua própria imagem. E faze-lo com toda a simplicidade, amando-o constantemente com aquele amor que estabelece a unidade entre aqueles que se amam. Também eu, Germana, quero ser santa. Santa para fazê-lo feliz. Peça-lhe que eu viva somente de amor.  É a minha vocação. (S.T.)Unamo-nos para fazer de nossas tarefas diárias uma comunhão permanente.

Pela manhã despertemo-nos no amor. Passemos o dia entregues ao amor, quer dizer, cumprindo a vontade de Deus,  sob o seu olhar, com ele, nele e somente por ele. Procuremos dar-nos sempre da forma que ele queira. Você, sacrificando-se, alegrando a vida de seus queridos pais. Depois, quando chegar a noite, após um diálogo de amor que jamais cessou em nosso coração, adormeçamos ainda no amor. Talvez descubramos algumas deficiências e  infidelidades. Entreguemo-las ao amor. É um fogo que consome. Passemos, assim, o nosso purgatório no amor.

Não lhe digo nada da parte de nossa reverenda Madre. Ela é tão boa que deseja falar-lhe pessoalmente. Assim será muito melhor.

Peço que abrace sua querida mãe, em meu nome, e diga-lhe que a quero como se que  uma verdadeira mãe. Diga à Ivone que também ela é minha irmãzinha e que todos os dias rezo por ela, bem como para o Sr. de Gemeaux. A você, minha Germaninha, não a deixo nunca. Pense que você já é uma Carmelita com a sua irmã maior.

 

M. E. da Trindade r. c. i.

 

Muito lhe agradeço por sua bonita estampa. Ela me encheu de que tanta  satisfação... Quinta-feira, dia 27, celebramos o aniversário do dia em que um Serafim transpassou o coração de nossa Santa Madre Teresa. Peçamos  também para nós uma ferida de amor.

 


151. À SRTA. GERMANA DE GEMEAUX

 

 

JM + JT

14 de setembro de 1903

 

Consagração a Santíssima Trindade. - Enraizados na caridade de Cristo. - Fidelidade ao amor. - Infância espiritual. - O apostolado da Carmelita. - Ele mora em nosso interior e exige de nós absoluta fidelidade”.

Gloria Patri et Filio et Spiritui Sancto

 

Cara irmãzinha Germana da Trindade:

 

Se você soubesse quanto rezei por você no dia dos seus quinze anos... Também lhe ofereci a Sagrada Comunhão. Depois a consagrei à Santíssima Trindade. Creio que foi uma  consagração mais verdadeira, mais total que aquela do ano passado. Sim, minha irmãzinha, você já pertence totalmente a Ele. É propriedade de Deus. Oh! Entregue-se a ele, ao seu Amor. Irmã Teresa do Menino Jesus diz que “somos consumados pelo amor na medida em que nos entregamos ao amor”1.

Visto que aspiramos a ser as vítimas de seu amor como o foi nossa Santa Madre Teresa, é necessário que nos deixemos arraigar na caridade de Cristo, conforme diz São Paulo  na sua bela epístola do dia de hoje (Ef 3,17). Mas como é que conseguimos isto? Vivendo permanentemente, através de todas as coisas, unidas àquele que habita em nós e que é o amor (Jo 4, 16). Ele está sedento de faze-nos partícipes de tudo quanto ele é, de transformar-nos em Si. Reavivemos, minha irmãzinha, a nossa fé. Pensemos que ele mora em nosso interior e que exige de nós absoluta fidelidade. Por isso, Desta quando sentir impulsos de impaciência ou desejar dizer alguma palavra contra a caridade, dirija-se a ele e deixe passar esses ímpetos naturais para dar-lhe assim satisfação. Quantos sacrifícios nós podemos oferecer-lhe que só ele conhece. Não percamos nenhum sacrifício. Os santos são almas que se esquece de si, que desaparecem de tal modo naquele que amam, que nem se preocupam com sua própria pessoa, nem se interessam pelas criaturas, a ponto de poderem dizer com São Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20).

Para conseguir essa transformação, sem dúvida é preciso imolar-se. Mas você ama o sacrifício, minha irmãzinha, porque ama o divino Crucificado. Oh!  Contemple-o bem.   Apóie-se nele. Ofereça-lhe a sua alma. Diga-lhe que só quer amá-lo, que ele realize tudo em você porque é muito fraca. É tão doce ser um filho pequeno de Deus, deixar-se sempre conduzir por ele e descansar no seu amor... Peçamos intensamente a Irmã Teresa do Menino Jesus esta graça da simplicidade e do abandono.

As noviças uma novena como preparação para a sua festa do dia trinta.  Se quiser pode unir-se a ela. Nós cantamos o magnificat segundo seu desejo expressado a uma Religiosa Carmelita. Prometo-lhe uma intenção especial nessa novena.

Logo, antes de um mês, vamos celebrar a grande festa da nossa Santa Madre Teresa. Convido-a a unir-se à sua irmã maior do Carmelo. Ela se prepara para essa festividade com uma espécie de retiro. Seu Cenáculo é o Amor, esse amor que habita dentro nós. Por isso, toda a minha ocupação consistirá em recolher-me interiormente, desaparecendo Neles que estabeleceram sua morada em nosso ser.

Quando renovo os meus santos votos, esses votos que me constituem prisioneira de Cristo segundo a linguagem de São Paulo (Ef 6,20), agrada-me unir o seu nome ao meu e consagrar-nos juntas. Dar-se! Porventura não é esta, também, a necessidade de sua alma, minha irmãzinha? Oh! É a resposta a seu amor. Demos-lhe também almas. A nossa Santa Madre Teresa quer que suas filhas sejam apóstolas. É tão simples! O divino Adorador habita em nós. A sua oração é também a nossa. Ofereçamo-la. Vivamos em comunhão com ela. Oremos com a sua alma!

Adeus, minha irmãzinha. Abrace por mim sua querida mãe bem como a amável  Yvonne. Para você, deposito um beijo no meu Crucifixo. Ele próprio lho transmitirá. É o  beijo do Esposo. Permaneçamos unidas em nosso interior, no silêncio e no amor.

Sua irmã maior

 

M. Elisabete da Trindade

 

Espero que o Sr. Gemeaux se restabeleça completamente com as águas.

 


 

217. À SRA. ANGLES  

 

Agradece-lhe as felicitações pelo seu onomástico. O segredo da felicidade e da paz está no esquecimento de si. Exorta-a a confiar sem limites no nosso divino Salvador

 

JM + JT

(Novembro de 1905)

Só Deus basta

 

     Caríssima senhora e irmã:

Fiquei profundamente emocionada com suas felicitações e agradeço-lhe as orações que tem elevado ao céu em prol de sua amiguinha no Carmelo. Garanto-lhe que, de sua parte, ela lhe conservará a mais fiel lembrança naquele que é o vínculo de união indissolúvel.

     Oxalá soubesse quanto a minha alma está intimamente unida à sua: ousaria até dizer que sinto verdadeiro fascínio pela senhora. Gostaria de vê-la totalmente entregue a Deus, plenamente unida a ele, que a ama com um amor tão grande.

     Sim, querida senhora, creio que o segredo da paz e da felicidade consiste em a gente esquecer-se de si mesmo, em despreocupar-se com a sua própria pessoa. Isto não significa não significa não sentir mais as próprias misérias físicas e morais. Os próprios santos passam por situações  tão dolorosas, mas não eram escravos e a todo instante sabiam libertar-se dessas situações. E sempre que percebiam que estavam sendo envolvidos por suas deficiências, não se apavoraram, porque tinham consciência da argila de que eram feitos, conforme canta o salmista (Sl 102,14), que no entanto, não deixa de acrescentar:  “Sou íntegro para com ele e guardo-me da iniqüidade” (Sl 17,24).

     Querida senhora, de vez  que me permite que lhe fala como a uma irmã amada, a meu ver o Senhor pede da senhora um abandono e uma confiança sem limites. Nas horas de maior sofrimento em que sente vazios espantosos, pense que Deus está criando em sua alma capacidades mais amplas para recebê-lo, isto é, capacidades que de certo modo são infinitas, como ele mesmo o é.

     Portanto, procure permanecer voluntariamente alegre, verdadeiramente numa plenitude de alegria sob a mão que a crucifica. Diria até que a senhora deve encarar todos os sofrimentos e todas as provações como uma prova de amor que lhe vem diretamente da parte do bom Deus, a fim de uni-la a ele. Esquecer-se daquilo que se relaciona com a própria saúde não quer dizer deixar de cuidar de si, porque este é o seu dever e a sua melhor penitência; mas, faça isto com grande abandono, agradecendo a Deus em qualquer coisa que lhe suceder.

     Quando mais sentir o peso do seu corpo perceber que sua alma está se debilitando, não desanime, mas procure com fé e amor aquele que disse: “Vinde a mim e eu vos aliviarei”(Mt 1,28).

     No que diz respeito à parte moral, jamais se deixe abater pelo pensamento de suas misérias. O grande São Paulo nos diz: “Onde avultou o pecado, a graça superabundou” (Rm 5,20). No meu entender, a alma mais fraca, mesmo a mais culpada, é a que tem mais direito a confiar. Esse ato de esquecimento pessoal e de abandono nos braços de Deus glorifica e alegra mais o Senhor do que todos os profundos exames de consciência e toda e qualquer outra tentativa de perscrutar as próprias misérias, pois a senhora possui e leva consigo um Salvador que quer purificá-la constantemente. Lembre-se da bela página do Evangelho onde Jesus diz ao Pai: “E, pelo poder que lhe deste sobre toda carne, ele dê a vida eterna a todos os que lhe deste” (Jo 17,2). Eis aí o que ele quer realizar na senhora. Ele quer que a senhora se despreocupe de si mesma e abandone todas as preocupações para retirar-se naquela solidão que ele preparou no fundo de sua alma.

     Ele está sempre presente, embora a senhora não o sinta. Ele espera pela senhora e quer estabelecer com a senhora “um admirável comércio”, segundo cantamos na linda liturgia, uma intimidade de Esposo e esposa. É ele que deseja libertá-la, por meio desse contato permanente, de suas fragilidades, de suas faltas, de tudo aquilo que a perturba. Acaso não disse ele: “Não vim para julgar, mas para salvar”(Jo 12,47)?

     Em seu caminho rumo a ele, nada deve parecer-lhe um obstáculo. Não dê demasiada importância se sente fervor ou se está desanimada. Passar de um estado de espírito a outro é a lei do exílio. O que conta é o fato de que ele nunca muda, que em seu amor de pai está sempre inclinado sobre a senhora para fixá-la firmemente a si. Se, mesmo assim, todo o vazio e a tristeza lhe oprimirem o coração, uma a sua agonia àquela do divino Mestre no Horto das Oliveiras quando dizia ao Pai: “Meu Pai, se é possível, que passe de mim este cálice” (Mt 26,39).

     Querida senhora, talvez lhe pareça difícil esquecer-se de si mesma a ponto, de não merecer nenhuma preocupação. Não se preocupe se soubesse como isto é simples... Vou comunicar-lhe o meu segredo. É só pensar no Deus que habita em nós como se fosse no seu templo, Ë São Pulo quem nos ensina esta doutrina (cf. 2Cor 6,16) e podemos crer nele. Pouco a pouco, a alma se acostuma a viver na doce companhia do Hóspede divino, compreende que é portadora de um pequeno céu em que Deus de amor estabeleceu a sua morada. Forma-se então como que uma atmosfera divina onde a alma respira. Chegaria mesmo a dizer que somente o corpo vive na terra, porque a alma habita além de todas as nuvens e de todos os véus, naquele que é o Imutável.

     Não e diga que isto é superior às suas forças, que a senhora é demasiado miserável. Pelo contrário, isto constitui mais uma razão para aproximar-se daquele que é o Salvador. Não é olhando para nossa miséria que nos purificaremos, porém olhando para aquele que é todo pureza e santidade. São Paulo diz que “ele nos predestinou conforme à sua imagem (Rm 8,290. Nos momentos mais angustiosos, lembre-se de que o divino Artista se serve do cinzel para embelezar a sua obra, e então permaneça em paz sob a mão daquele que a esculpe. O grande apóstolo São Paulo, depois de ter sido raptado para o terceiro céu, sentia a própria  fragilidade e dela se queixava a Deus. Mas o Senhor lhe respondeu: “Basta-te minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder”(2Cor 12,9). Não lhe parece que tudo isto é tão consolador?

     Portanto, querida senhora e irmã, coragem. Recomendo-a especialmente a uma carmelita falecida aos 24 anos de idade em odor de santidade. Chamava-se Teresa do Menino Jesus. Antes de morrer, ela dizia que passaria seu céu fazendo o bem sobre a terra. Sua missão consiste em dilatar as almas, em lançá-las nas ondas do amor, da confiança e do abandono. Dizia que tinha encontrado a felicidade depois que começara a esquecer-se de si mesma. Invoque-a todos os dias comigo para que nos conceda essa ciência que santifica e que outorga tanta paz  e felicidade à alma.

     Adeus, querida senhora. Esta semana, por ser a última que antecede a solenidade do advento, verei mamãe, Margarida e as meninas; não deixarei de cumprimentá-las em seu nome. Minhas sobrinhas são realmente encantadoras e constituem a alegria de sua querida avó. Também os pequenos de Maria Luísa, creio, que devem ser a alegria da sua vida, Por favor, diga à bondosa M. Luísa que rezo muito por ela e que não me esqueço das maravilhosas reuniões em Labastide.

     Carinhosas lembranças a Maurel.

     E quanto à senhora, confie em meu profundo afeto e em minha união com aquele de quem São João diz que é o amor (1Jo 4,16).

     Sua irmãzinha e amiga

 

M. Elisabete da Trindade r.c.i.

 

 


 

275. À SRTA. GERMANA DE GÉMEAUX

 

 

A espera do Esposo: a transformação em Jesus Crucificado. A alegria da dor. Conselhos para combater o desânimo

 

JM + JT

(Outubro de 1906)

Só Deus basta.

 

     Querida irmãzinha Germana:

Oxalá soubesse que dias divinos está passando sua amiga do Carmelo! Dia após dia minhas forças vão definhando, e já sinto que o divino Mestre não tardará muito em vir buscar-me. Estou usufruindo e experimentando novas alegrias. Minha Germaninha, como é doce e suave a alegria da dor!... Antes de morrer, sonho em ser transformada em Jesus Crucificado e isto me dá tanta força para prosseguir no sofrimento.

     Irmãzinha, não deveríamos ter outro ideal senão assemelhar-nos ao nosso divino modelo. Se tivéssemos os olhos da alma sempre fixos nele, com que ímpeto nos lançaríamos ao sacrifício, ao desprezo de nós mesmas! Ao falar do divino Mestre, uma santa assim se exprimia: “Onde morava ele senão na dor?”. Na realidade, o sofrimento foi a sua morada nos trinta e três anos que passou na terra. E só aos seus privilegiados concede ele a graça de compartilhar a dor.

     Quisera que visse a inefável felicidade que minha alma experimenta quando penso que o Pai me predestinou para ser conforme ao seu Filho Crucificado (Rm 8,29). É São Paulo quem nos comunica esta eleição divina que parece ser minha herança!...

     Querida irmãzinha da minha alma, à luz da eternidade, o Senhor me fez compreender muitas coisas e venho dizer a você, como se fosse da parte dele, que não tenho medo do sacrifício, da luta, mas que, pelo contrário, deve alegrar-se com tudo isso. Se sua natureza é motivo de tentação, um campo de batalha, não desanime, não se entristeça. Atrevo-me, até, a dizer-lhe: ame a sua miséria, porque sobre ela Deus exercita a sua misericórdia. Quando a contemplação dessa miséria lhe causa tristeza e a obriga a voltar-se sobre si mesma, pense que tudo isto não é senão amor-próprio. Durante suas horas de desalento, procure apoio na oração do divino Mestre.

     Sim, irmãzinha, quando estava cravado na cruz ele via você, rezava por você, e essa oração continua sendo eternamente viva e presente diante de seu Pai (cf. Hb 7,25). É ela que a salvará de suas misérias. Quanto mais sentir sua fragilidade, mais deve crescer sua confiança, pois ele é a sua única garantia. Não creia que por isso ele deixará de elegê-la. Seria uma grande tentação.

     Como me sinto feliz com o êxito de Alberto e encarrego-a de ser a minha pequena mensageira dos meus parabéns junto aos seus queridos pais. Eles conhecem o profundo afeto que lhes tenho e não duvidarão da união do meu coração com os deles, nesta circunstância. Diga-lhes que no céu não os esquecerei, como não esquecerei a minha querida Ivone.

     Sábado, domingo e segunda-feira, teremos solenes festividades em honra das nossas bem-aventuradas Mártires de Compiègne. Poderei assistir a elas de uma pequena tribuna, porque Ir Teresa do Menino Jesus me ouviu há três meses, dando-me forças para fazer alguns passos, o que antes me era impossível. É uma grande consolação para mim, porque posso passar muitas horas na pequena tribuna com a grade que dá para o santuário. Lá vou buscar fortaleza junto àquele que tanto sofreu porque “muito nos amou”, como diz o Apóstolo (Ef 2,24).

     Adeus, irmãzinha. Peçamos-lhe aquela força do amor que ardia no coração de nossas bem-aventuradas, para que também  nós sejamos mártires deste amor como a nossa Santa Madre Teresa. Envio-lhe uma pequena imagem que me foi dada para você pela nossa bondosa Madre, que cuida de mim como uma mãe.

     Coragem. Contemplemos o Crucificado e procuremos assemelhar-nos a esta imagem divina.

     Abraço-a.

 

Ir. M.E. da Trindade r.c.i.

 

 


 

276. À SRTA. CLEMÊNCIA BLANC

 

Exorta-a a permanecer fiel ao Senhor também no mundo: o amor deve ser o seu claustro e todo o seu programa de vida

 

JM + JT

(Outubro de 1906)

A minha vocação é o amor.

 

     Meu querido e pequeno Tobias:

Meu coração de anjo ficou deliciosamente comovido com a sua bela carta, e estou feliz porque sinto até que ponto é realmente verdade que estou ao lado de vocês. As minhas orações e os meus sofrimentos são as asas que a cobrem “para a guardarem em todos os seus caminhos”(Sl 90,11). Com que alegria enfrentaria os amais atrozes sofrimentos para lhe conseguir sempre maior fidelidade e amor! Você é o benjamim da minha alma e quero ajudá-la, quero ser o seu anjo invisível e sempre presente para levar-lhe socorro.

     Sim, irmãzinha, creio que é o amor que não nos permite permanecer por muito tempo neste mundo. Aliás, é o que São João da Cruz diz formalmente, num maravilhoso capítulo, onde descreve a passagem, para a eternidade, das almas vítimas de amor, na hora dos derradeiros assaltos encarniçados. Depois nos descreve como todos os rios da alma se despejam no oceano do amor divino e já se assemelham a mares, porque o volume de suas águas é imenso.

     Minha irmãzinha, São Paulo diz que “o nosso Deus é um fogo abrasador”(Hb 12,29). Se permanecermos sempre unidas a ele, num olhar de fé simples e amoroso; se cada noite pudermos exclamar, como o divino Mestre adorado ele saberá consumar-nos e nos perderemos como duas pequenas fagulhas no imenso braseiro, e deste modo arderemos nele para toda a eternidade.

     Solicita-me que peça ao senhor um sinal para saber se nos tornaremos a ver e se você virá ocupar o seu lugar junto ao seu pequeno anjo. Apesar do meu desejo de satisfazer este seu pedido, não posso fazê-lo, porque não é esta a minha missão e com isso estaria me afastando do caminho do santo abandono. O que posso dizer-lhe, dileta irmã, é que nosso Mestre ama você apaixonadamente e a quer toda para si. E ele tem ciúmes de sua alma, um ciúme divino, um ciúme de esposo. Guarde-o sempre no seu coração, “só e alheio a tudo”. Que o amor seja sua única clausura e carregue-o com você e estou certa de que encontrará a solidão no meio do rebuliço da vida agitada deste mundo.

     Li, que “o mais santo é aquele que mais ama, o que mais vê a Deus em todas as coisas e que satisfaz mais plenamente as exigências do seu amor”. Este deve ser seu programa de vida.(S. Teresinha)

     Adeus minha queridíssima irmã. Tudo me fala da minha partida para a pátria celestial, para a casa do Pai. Oxalá soubesse com que alegria e serenidade espero poder contemplá-lo face a face! Do seio daquela luz radiante jamais esquecerei o meu benjamim, para conservá-lo diante do Esposo como uma formosa açucena. Assim ele poderá colhê-la com grande alegria e plantá-la no jardim de sua casa, repousando seu olhar devorador sobre ela, sobre esta bela flor cultivada para ele com tanto carinho.

     Abraço-a nele.

     Seu humilde anjo

 

Ir. E da Trindade 

 

 


1 É o titular do convento das Irmãs Carmelitas de Dijon. Existia na parede frontal da Igreja um quadro de grandes dimensões que representava a agonia de Jesus no Horto de Getsemani.

2 Ainda que Irmã Elisabete chame sua amiga Germana com o nome que iria receber no Carmelo, seus desejos não se cumpriram. Germana Gémeaux ingressou nas Salesianas de Dijon com o nome de Irmã Elisabete de Sales.

1 Irmã Elisabete conheceu os escritos de Teresinha do Menino Jesus. A História de um a alma se publicou em outubro de 1898,  um ano após a morte de Santa Teresinha e se enviou a todos os conventos das Carmelitas da França.

Paralelo entre Beata Elizabete da Trindade e Santa Teresinha do Menino Jesus

Beata Elizabete da Trindade

                                                     

1879-1897

Formação social e familiar

  • Livre e independente;
  • Viajava muito;
  • Ia a festas;
  • Recitais e concursos;
  • Passeios;
  • Escrevia a quem quiser;
  • Lia livros e jornais;
  • Muitos amigos e amigas;

 

 

Formação religiosa  e espiritual

 

  • Desde muito cedo já conhecia Jesus
  • Catecismo e crisma;
  • Maturidade Cristã;
  • Espiritualidade de interiorização e Trinitaria;
  • Seu mestre – A Trindade;
  • Centro na alma como encontro de sua felicidade: O CEU NA TERRA.

 

Fontes de leitura

  • Livros de espiritualidade;
  • A Bíblia;
  •  Cartas de São Paulo;
  • cartas de seus confessores;

 

Atitudes concretas

 

  • praticava tudo o que pensava sobre a fé e a caridade fraterna;
  • ia ate o extremo para concretizar suas convicções  de carmelita;
  • escrevia muitas cartas a fim de ajudar e se comunicar com os “seus”, e nelas deixou impressa sua espiritualidade;
  • Desejo de ser Santa;
  • Desejo do céu;

 

26 anos de vida- 5 no Carmelo

 

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Santa Teresinha do Menino Jesus


                    

1880-1906

Formação social e familiar

  • Formação basicamente no campo e muito restrita ao âmbito familiar;
  • Só viajava pelos arredores de Alençon e Lisieux e com seu pai a Roma 1 vez para conseguir do Papa permissão de sua entrada no Carmelo;
  • Nunca lia jornais e revistas comuns, (com exceção do dia que encontrou o jornal com a noticia da morte de Pranzini);

 

Formação religiosa  e espiritual

 

  • Desde muito cedo já conhecia Jesus;
  • Catecismo e crisma;
  • Maturidade Cristã;
  • Espiritualidade de interiorização no Filho: Jesus;
  • Mestre: Jesus;
  • Centralidade no amor e na pratica das virtudes e dos pequenos atos como fonte da grande entrega a Deus e a misericórdia;

 

Fontes de leitura

  • Evangelhos  copiados a mão;
  • Imitação de Cristo;
  • Poucos livros que tinha á sua disposição;

 

Atitudes concretas

  • praticava tudo o que pensava sobre a fé e a caridade fraterna;
  • ia ate o extremo para concretizar suas convicções  de carmelita;
  • escrevia muitas cartas a fim de ajudar e se comunicar com os “seus”, e nelas deixou impressa sua espiritualidade;
  • Desejo de ser Santa;
  • Desejo do céu;

 

24 anos de vida - 9 no Carmelo( 1 ano mais nova  que Elizabete)