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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

TRAÇOS DA VIDA SECULAR DE SANTA TERESA DE JESUS



Introdução

A proposta de levar ao conhecimento, dos interessados, sobre a vida dos Santos Carmelitas constitui um desafio deveras agradável. O Carmelo é um jardim com muitas e variadas flores, com matizes e perfumes diferentes, o que o torna atraente. Particularizando-se uma a uma, principalmente naquilo que mais requer ação de um jardineiro habilidoso, mergulha-se, então, num mistério que somente a ação divina pode elaborar. A riqueza espiritual de cada uma, as podas, as securas, a aridez, a irrigação, convidam, aos admiradores, a contemplar as belezas operadas pelo Bom Jardineiro numa alma que se deixa tocar. Assim aconteceu com esta belíssima flor chamada Teresa de Ahumada y Cepeda, ou melhor, Santa Teresa de Jesus, Virgem e Doutora da Igreja.

Santa Teresa de Jesus. Nasceu em Ávila, na Espanha, Desde os seis anos de idade já sabia ler, foi muito influenciada pela leitura da vida dos Santos, e dominada pelo desejo do martírio . Aos 18 anos entrou no Carmelo da Encarnação (Ávila) que reformou, não obstante as dificuldades sem conta que teve de superar. Coadjuvada por São João da Cruz, empreendeu depois a reforma das demais casas da Ordem, que de modo geral responderam ao seu apelo. No arroubo de amor divino, que constituía a atmosfera permanente em que vivia, impôs-se o voto de fazer sempre o que julgasse mais perfeito. “Como a alma sente no corpo o cativeiro e a miséria da vida! Sente-se uma escrava vendida para um país estrangeiro”– escrevia ela. Elevou-se pela oração ao mais alto grau da vida mística e era nesse exercício que hauria particulares luzes sobre a ciência católica, a ponto de ser com freqüência equiparada, pelos Sumos Pontífices, aos mais renomados Doutores da Igreja. “A oração mais bem feita e mais agradável a Deus é a que deixa na alma efeitos mais salutares, que se conhecem pelos frutos que dão e não pelos sentimentos que despertam.” A ação desta humilde virgem, que só por si converteu milhares de almas, basta para demonstrar o papel preponderante que à vida contemplativa cabe na reintegração do nosso tempo..

Ela não nasceu totalmente acabada e emoldurada pela santidade. Foi o longo caminho da perfeição que contribuiu para que tal façanha acontecesse. Vamos, pois, particularizar alguns aspectos de sua vida até o momento em que entra para o convento.

Cenários da Espanha no Século XVI

O século dezesseis, caracterizou-se fortemente pelo rompimento e reformas das estruturas, então vigentes em toda a Europa, que se desenvolveram ao longo dos séculos anteriores.
No final do século XV, Cristóvão Colombo descobriu o novo mundo e Vasco da Gama, o caminho marítimo para as Índias, abrindo, assim, a ação da Igreja, novas e vastas regiões que a compensaram das perdas sofridas na Europa pela Reforma Protestante.
Ao longo do século XVI, a Igreja sofreu profunda e dolorosamente este impacto.. O paganismo renascente, o protestantismo e o jansenismo arrastavam como um flagelo muitos de seus filhos, enquanto o Islão lançava, dos minaretes de Constantinopla para as bandas da Itália, o olhar cada vez mais ávido. Entre os numerosos mártires que morreram nas mãos dos hereges, lembramos aqui os de Gorcum nos Países-Baixos e São João Fisher e São Tomás More na Inglaterra. Para combater o espírito do mal que ameaçava subverter a sociedade, Deus suscitou S. Inácio de Loyola, o primeiro geral da Companhia de Jesus,
Santo Inácio, nobre espanhol, converteu-se aos 30 anos de idade, depois de uma breve mas brilhante carreira nas armas, fundou a Companhia de Jesus. Alma profundamente militar, quis dotar a Igreja de uma milícia nova, aguerrida para a defesa da glória de Deus e a conquista das almas. No século em que o protestantismo arrebatou à verdadeira Religião um terço da Europa, Santo Inácio foi, sem dúvida, o lutador requerido pela Providência para atender , de modo pleno, às necessidades da Igreja e que foi, para esse tempo, e continua a sê-lo ainda a mais terrível milícia da Igreja e de Cristo. Santo Inácio e São Francisco Xavier e São Francisco de Borja são nobres florões espanhóis que honraram, neste século, as suas fileiras.
São Francisco Xavier foi um dos primeiros discípulos arregimentados por Santo Inácio de Loyola, e estava entre os fundadores da Companhia de Jesus. Pregou na Índia, no Japão e em outras nações do Oriente. Converteu e batizou muitos milhares de pagãos e praticou milagres portentosos. Faleceu aos 46 anos de idade, no momento em que se aproximava das costas da China, que pretendia conquistar para Nosso Senhor Jesus Cristo..
São Francisco de Borja pertencia a uma das famílias mais nobres da Espanha. Era duque de Gandia e exerceu elevadas funções de vice-rei da Catalunha. Certa ocasião, foi incumbido de acompanhar o transporte do cadáver da imperatriz Isabel, que falecera em Toledo, até Granada, onde se faria o sepultamento. O transporte foi lento e durou quinze dias. No momento de sepultar a imperatriz, o protocolo exigia que fosse aberto o caixão para ser reconhecido o cadáver; aquela que fora admirada por sua beleza deslumbrante estava reduzida a um amontoado de podridão. Tocado pela graça a propósito daquela cena chocante, Francisco compreendeu a vaidade de toda a glória mundana, e decidiu que se algum dia enviuvasse, se consagraria inteiramente a Deus. Assim de fato aconteceu. Enviuvou aos 40 anos de idade, renunciou a todos os seus títulos e bens e ingressou na Companhia de Jesus como filho espiritual de Santo Inácio de Loyola,
Santo Inácio, São Francisco Xavier e São Francisco de Borja são nobres valores espanhóis jesuítas que honraram, naquele século, as fileiras da Igreja.
São Pedro de Alcântara, rigoroso no espírito de pobreza e mortificação, reformou os frades menores, dando-lhes nova vida à então decadente espiritualidade franciscana. Dormia apenas duas horas por noite, comia somente um dia sim outro não, e costumava colocar cinza sobre a comida para não sentir nenhum prazer no alimento. Pregou na Espanha e em Portugal. Assistiu aos últimos momentos do piedoso rei D. João III, de Portugal, e muitas vezes respondeu a consultas que lhe fez o imperador Carlos V. À hora de morrer, ardendo em febre, recusou um copo de água que lhe ofereciam porque Jesus Cristo também sofrera sede. Pouco depois expirou e Santa Teresa, de quem tinha sido amigo e confidente, teve uma visão de sua alma subindo ao Céu. É padroeiro principal do Brasil. A Família Real portuguesa e a Imperial brasileira sempre tiveram grande devoção por esse Santo admirável. Lembre-se, de passagem, que o imperador D. Pedro II tinha o nome de Pedro de Alcântara em homenagem a ele.
São João de Deus – Português natural do Alentejo, fundou, em Granada, a Ordem da Caridade, que depois ficou mais conhecida como Ordem dos Irmãos Hospitalários de São João de Deus. É patrono dos enfermeiros e dos hospitais católicos. A oração da Missa alude ao milagre do incêndio dum hospital, em que o Santo, atravessando imunemente as chamas, salvou todos os doentes.
São Pascoal Bailão – Nascido no Reino de Aragão, era irmão leigo franciscano e se destacou pela humildade, pela obediência e sobretudo pela devoção ao Santíssimo Sacramento, diante do qual permanecia longas horas em adoração. É padroeiro dos Congressos Eucarísticos.

Cenário Musical

É interessante notar que também a música tenha contribuído também para a formação de sensibilidade de Teresa, pois como freqüentadora da corte palaciana dos reis católicos, tentou mesmos algumas pequenos versos. Irá, mais tarde, estimular sua verve poética , nas recreações conventuais.
A “zarzuela” é a irmã espanhola da opereta francesa e vienense; nas suas formas mais exigentes se aproxima evidentemente da ópera cômica, tal qual em Paris e Viena. Mas a sua história, quase desconhecida fora da península ibérica, é muito mais velha que a de suas irmãs francesa e vienense. Talvez se inicie com as famosas “’Eglogas” de Juan del Encina, que viveu durante o reinado dos soberanos católicos e foi, por conseguinte, contemporâneo de Colombo e Magalhães.
A “zarzuela” adotou como característico o número de dois atos, só passando muito depois para o de três; como a opereta, mistura figuras sérias e jocosas, canções e danças, palavras faladas e cantadas. Mas as cenas que a opereta prefere fazer desenrolar em países estrangeiros, desenrolam-se sempre na Espanha. Com a progressiva popularização, envereda a “zarzuela” por mau caminho, e passa por um período de decadência que dura até boa parte do século XIX.
O século XVI é um século de transição para a música: lado a lado, deparam-se-nos o antigo e o moderno. Mas cada vez mais nítido se esboça o futuro desenvolvimento. A música deixa de escravizar-se a outras idéias e ergue-se à altura de arte, repleta de individualismo e nacionalismo; o religioso e o profano separam-se e, enquanto a música litúrgica cada vez mais se retira, conquista a profana posição definida na vida artística, substituindo as artes plásticas, até então fiel expressão do espírito da época e do sentimento popular.
É preciso reconhecer que a genial invenção de Guttenberg exerceu influência decisiva no desenvolvimento musical. Foi Petrucci, em Veneza, em 1500, quem pela primeira vez imprimiu notas musicais.
Também a Espanha conheceu uma época de florescimento. Ao lado do grande Cervantes, vivem músicos de extraordinária reputação: Tomás Luís de Victoria ((1548?-1611), colega de escola de Palestrina, e Antonio de Cabezón (1510-1566), organista cego e tocador de clavicórdio na corte de Carlos V e Filipe II, verdadeiro Bach do século XVI e hoje injustamente esquecido...

Pintura

Muito embora El Greco tenha nascido em 1541 na ilha de Creta, e depois se transferido para a Espanha, os nobres já se deixavam retratar por pintores. El Greco aparece bem depois da vida secular de Teresa, numa época de transição, em que se mesclam as culturas bizantina, italiana e espanhola. Domenikos Theotokopoulos, conhecido como El Greco, amadurece seu talento pictórico na Espanha, reduto da Contra Reforma e do poder sagrado, sede da reação às transformações que se processavam na Europa. Quando, mais tarde, já no mosteiro, Teresa é retratada por Frei Miséria e critica-o por pintá-la “feia e remelenta.”

A Família de Teresa

Toledo, centro comercial de incomparável beleza, tinha a fama e a virtude de embelezar a pele e de transluzir os rostos lavados com a água do rio. Era também celebrada a formosura de suas mulheres juntamente com a castidade e honestidade. Não menos era admirável a sua religiosidade.
Nesta cidade, nasceu, por volta de 1440, Juan Sánchez de Toledo, filho de um mercador, judeu converso e casado com Dona Inés de Cepeda, oriunda das Tordesilhas Negociava ele tecidos e sedas. Teve, durante muitos anos, concessão de direitos reais e eclesiásticos que eram reservados aos fidalgos.
Por motivos religiosos, após cumprir penitência, imposta pela Inquisição, muda-se com sua família para Ávila. Dela são conhecidos os nomes de Alvaro, Pedro, Elvira, Lorenzo e Francisco, Hernando morava em Salamanca e Alvaro que ficou em Toledo. Estes toledanos eram considerados como “filhos de bons fidalgos e parentes de bons cavaleiros”.
O pai de Teresa chamado Alonso Sánchez, antes conhecido Pyna, teve dois filhos do casamento com Catalina del Peso y Henao, falecida em 1507, e que eram Maria de Cepeda (1506) e Juan Vásquez de Cepeda (1507). Após a morte da primeira mulher casou-se com Beatriz de Ahumada, mulher singular, quinze anos mais moça e prima terceira da falecida, com quem teve os filhos: Hernando de Ahumada (1510), Rodrigo de Cepeda (1513), Teresa de Ahumada, na madrugada primaveril de 28 de março de 1515, quinta-feira Santa, Lourenzo de Cepeda (1519), Antonio de Ahumada (1521), Jerônimo de Cepeda (1522), Agustin de Ahumada (1527) e Juana de Ahumada (1528). Dona Beatriz morreu em 1543.

O caráter de Teresa

Conforme Ana da Encarnação testemunha nos Processos, Teresa “foi criada e doutrinada pelos pais com grande virtude e recolhimento.”
De seu pai Alonso, Teresa herdou a honradez, a honestidade, a dignidade pessoal, a união familiar e a bondade, retidão moral, finas maneiras docilidade e determinação.
Dona Beatriz de Ahumada, mãe de Teresa, casou-se aos quatorze anos de idade. Era uma bela mulher, frágil, de traços finos e quase infantis, educação discreta, dedicada às leituras excessivas de romances de cavalaria para aliviar seu espírito. Religiosa e devota do rosário educava os filhos com mais liberdade. Graças à corrente cultural promovida pela Rainha, acumulava uma discreta cultura. Dela, Teresa, “a mais querida do pai”, herdou a formosura, a devoção ao rosário e o prazer de ler os romances de cavalaria, escondida do pai. Levou também consigo as enfermidades e enxaquecas. da mãe.
Do avó paterno, Teresa herdou um temperamento aberto, vivência e praticidade de vida, caráter empreendedor e extrovertido, de presença marcante em qualquer negócio e em toda a família. De sua avó materna, o nome Teresa.
O caráter de Teresa formou-se, portanto, de uma mescla de amplitude e de austeridade, de carinho extremo, até mesmo no empreendimento da fuga para o martírio, com seu irmão Rodrigo, e para o convento com o auxílio de outro irmão, Antonio Ahumada, Era devota de Nossa Senhora e outros Santos também, tais como: São José, Santo Alberto, São Cirilo, Todos os Santos , Santos Anjos, Anjo da Guarda, Santos Patriarcas, São Domingos, São Jerônimo, Rei Davi, Santa Maria Madalena, Santo André, O dez mil Mártires, São João Batista, São João Evangelista, São Pedro e São Paulo, Santo Agostinho, São Sebastião, Santa Ana, São Francisco, Santa Clara, São Gregório, São Bartolomeu, Jó, Santa Maria Egípcia, Santa Catarina Mártir, Santa Catarina de Sena, Santo Estêvão, Santo Hilário, Santa Úrsula, Santa Isabel da Hungria, São Miguel Arcanjo, São Martinho, e São Joaquim. Suas devoções advinham da leitura do Flos Sanctorum (Vida dos Santos) que lia com seu irmão Rodrigo. Foi ele o seu maior incentivador nas brincadeira de ermidas, nas leituras ouvidas, nos entretenimentos piedosos, nas cruzes e altares, nos santíssimos nomes de Jesus e de Maria.

Características físicas

Fisicamente, conforme seus historiadores, não era nem alta e nem baixa, discreta e formosa, de corpo bem proporcionado. O rosto não era nem anguloso e nem redondo, mas suave e transparente com três sinais pequenos. A tez alva e artisticamente encarnada. Os cabelos levemente encaracolados e reluzentes, a fronte larga e formosa, sobrancelhas espessas e delineadas. Os olhos, bem centralizados, vivos negros e redondos. Nariz, bem colocado, nem grande e nem pequeno e nem arrebitado. Sorriso, contagiante. Seriedade, respeitada. A boca, normal com os lábios superiores mais finos que os inferiores e carnudos, graciosa e colorida, e dentes muito brancos. As orelhas, pequenas e bem feitas. Pescoço alto e branco. Mãos lindas, embora pequenas. Era uma satisfação contemplá-la e ouvi-la pela sua graciosidade e eloqüência. Andar elegante, com saltos altos, e qualquer vestido lhe caia bem. Enfim, uma figura harmoniosa que continha todos traços dos bons atributos de caráter e, cada vez mais imprescindível em sua casa.
Seu pai, retraído por temperamento, vibrava com seus carinhos efusivos de filha. Sua mãe, considerava-a mais companheira do que filha.

A educação

Provavelmente, a preceptora de Teresa tenha sido sua mãe, Dona Beatriz, porque costumava-se atribuir às mães a educação da filhas, nas letras, nas leituras e nas atitudes e maneiras.. Escrevia com rapidez e elegância.
As romarias e procissões da Semana Santa, freqüentemente, passavam em frente de sua casa. Tudo lhe falava de Deus. Até o sino da Igreja.
Teresa alimentou um grande desejo de transmitir,num grande esforço pedagógico, que se transformou em propulsor de seu carisma empreendedor, missionário e fundador. Flos Sanctorum, seu dirigente e Abecedário espiritual, de Frei De Osuma, o início do despertar espiritual e do amor pela oração. Queria ser boa como seus pais, pois julgava-se muito ruim. Tudo girava ao seu redor e tomava partido de todos os assuntos. Queria ser eremita, porque ser mártir não a deixavam, ser caridosa e dar esmolas como o pai Rezava na solidão e cultuava suas devoções. Fazia com Rodrigo o jogo do sempre, sempre, sempre para a felicidade eterna ou a perdição para sempre.
A experiência, que se adquire, lendo a vida dos Santos ou dirigindo as consciências, mostra-nos que, sem o desejo da perfeição freqüentemente renovado, não avançam as almas nos caminhos espirituais. É exatamente o que nos diz Santa Teresa: “Não restrinjamos os nossos desejos; isto é de suma importância. Cremos firmemente que, mediante o auxílio divino e os nossos esforços, poderemos também nós, com o andar do tempo, adquirir o que tantos santos, ajudados por Deus, chegaram a alcançar. Se eles nunca houvessem concebido semelhantes desejos e se pouco a pouco não tivessem chegado a executá-los, nunca teriam subido tão alto... Ah! Quanto importa na vida espiritual animar-se às grandes coisas!” (Vida) A mesma Santa é um exemplo bem frisante desta verdade: enquanto não se determinou a romper todos os laços que retardavam o seu vôo para os cimos da perfeição, andou-se arrastando penosamente na mediocridade; e desde o dia em que resolveu dar-se inteiramente a Deus, fez maravilhosos progressos.

As amizades

Por algum tempo, Teresa cultivou amizade com uma prima e foi se deixando levar pela vaidade com suas mãos, cabelos, aparência, perfumes e relacionamento com os primos, conversas, aspirações e confidências levianas, inútil apego à honra, más influências das companhias e tendência para o mal. Relutou contra a vida monástica. Chegou mesmo a escrever , com seus irmãos, um romance de cavalaria. A este tempo, seu pai Alonso era muito severo para admitir visitas pouco recomendáveis.
Por causa da saúde de Teresa, seu pai interna-a no convento agostiniano que tinha como mestra de noviças, com fama de santa, Dona Maria de Briceño. Estabeleceu-se entre esta e Teresa uma nova amizade, mais limpa e atraente, para completar o vazio deixado pelas outras. Começou, então, uma era de orações bem suaves. Houve progresso, mas Teresa ainda relutava com a idéia de ser monja. Entretanto, para Teresa, constituía ainda um problema de suma importância e acabou minando sua saúde, com “quenturas e desmaios”. Voltou à casa paterna.

Relacionamento com os irmãos

Dona Maria, sua irmã dez anos mais velha, era austera e de caráter rígido, correspondeu com Teresa de forma carinhosa tal como mãe.
Seus irmãos, Juan de Cepeda e Hernando de Ahumada, deixaram vestígios de tratos com Teresa, pois Juan morreu muito jovem, como capitão de infantaria na guerra contra africana e Hernando partiu para a Índia.
Rodrigo, seu confidente íntimo, partiu da Espanha e legou seus bens à Teresa. Ela o estimava tanto, que ao saber de sua morte, teve-o como mártir.
Juan de Ahumada foi pouco conhecido pelos historiadores.
Antonio de Ahumada morreu soldado na batalha de Añaquito. Por ele, Teresa fez peregrinação a Guadalupe.
Lorenzo de Cepeda foi seu mais afortunado irmão. Correspondeu-se com Teresa, pedindo-lhe conselhos e dando conta de seus trajetos, quando ela já estava no convento.
Pedro da Ahumada foi aquele a quem Teresa mais exerceu a bondade e a paciência.
Jerônimo de Cepeda foi quem chegou a sentir a solicitude carinhosa de sua irmã.
Agustin de Ahumada, o mais jovem dos varões, foi também o mais inquieto requerendo os cuidados da irmã, que orou por ele sem cessar. Esteve, por muito tempo, no Chile, a serviço de Sua Majestade.
Juana de Ahumada, a caçula da família, foi alvo dos desvelos da irmã. Era considerada o retrato vivo da mãe.

A morte da Dona Beatriz


Conforme declarações de Isabel de São Domingos, “depois da morte de sua mãe e aflita com pena dela, suplicou diante da imagem de Nossa Senhora e a ela se ofereceu como filha, pedindo-lhe, com lágrimas, que a tomasse em lugar de sua mãe.” A ausência da mãe provocou um vazio naquela família, impossível de preenchê-la.
Com o casamento se sua irmã Dona Maria, seu pai leva Teresa para o convento da Graça, onde permaneceu por ano e meio mais ou menos. Ali, ela vai considerar sobre a vida frívola dos bailes como as pavanas e galhardas e chegar a reencontrar o caminho do bem de sua meninice. Teresa tinha, então dezesseis ou dezessete anos. Gostava de confessar-se com freqüência regular, porém não tinha muito êxito em direção espiritual.

A vocação de Teresa

Chegaram os momentos críticos com a política belicosa de D. Carlos V, sendo que as reservas espanholas se esgotavam. Os fidalgos enfrentavam, então, um momento nebuloso na história. Assim também, ocorreria com os irmãos Cepeda y Ahumada. Os negócios de seu pai não iam nada bem. Cada dia mais difícil com encargos maiores para o estado. A política agressiva de Carlos V desencadeou conflitos intermináveis com os protestantes, com os turcos e com os franceses que o instigavam constantemente.
Hernando de Ahumada parte para o Peru com a expedição de Hernando Pizarro.
Rodrigo tomou um rumo diferente. Foi para o Rio da Prata, unindo-se à expedição de D. Pedro de Mondoza. Atravessou a Cordilheira dos Andes, para morrer gloriosamente lutando contra os araucanos. Lorenzo e Jerônimo saíriam depois com os mesmos objetivos.
A saída dos irmãos provocava um vazio muito grande no coração de Teresa, principalmente a de seu querido Rodrigo, irmão de sua alma, com quem repartia os seus sonhos na busca de Deus pelo martírio.
Decidiu, então, mais um vez ser eremita na Ordem da Virgem do Monte Carmelo. O respeito ao pai ainda a detinha para o intento, mas seu coração já estava muito inflamado e nada mais podia detê-la. Rodrigo morreu “Como mártir pela fé” Confidenciou-se com seu irmão Juan de Ahumada. Também ele decidiu-se pela vida religiosa. Planejam então a fuga para o convento sem mesmo o consentimento do pai. Partiram, silenciosa e sigilosamente para o convento da Encarnação. A reação de D. Alonso foi desoladora, porém, resignou-se e permitiu que sua filha permanecesse no convento..
A fé cristã foi o motivo de tudo o que aconteceu..
Dois dias depois, 2 de novembro de 1536, recebia o hábito das monjas da Ordem da Virgem Santa Maria do Monte Carmelo.

RESUMO

O caminho da perfeição é interminável sobre a terra. A preparação ascética da vida purgativa e iluminativa acompanha Teresa desde o auto controle entre o bem e o mal para culminar na via unitiva e mística com “determinada determinação” de servir Sua Majestade. Já não se importa com a comodidade e tem firme propósito de servir a Deus e separar-se da família e conseguiu-o graças ao grande esforço e luta contra si mesma. Concretizado o seu objetivo, invade-lhe a alegria da vitória com o Senhor e por se livrar das inutilidades
O carisma carmelitano de Teresa começa no limiar da porta do convento...
A leitura de suas obras revelam o valor heróico de vencer todas as etapas do processo de humanização e de personalidade na ação transformadora no ambiente religioso de então. O esforço de se fazer humana educou-a tornando-se agente de sua própria transformação. Não seria completa sem as experiências de sua vida secular.
Sofrimento, doenças, lágrimas, desafios, ousadia, confiança, abandono, amizade, alegria determinação e oração somaram-se em sua vida secular como cenário para sua vida altamente mística com o pé no chão e o coração no alto.
Podemos, de vez em quando, fazer atos de amor puro, sem pensar absolutamente nada em nós, por conseguinte, sem esperar ou desejar atualmente o céu. Tal é, por exemplo, este ato de amor de Santa Teresa: “Se vos amo, Senhor, não é pelo céu que Vós me tendes prometido; se temo ofender-Vos, não pelo inferno com que seria ameaçada; o que me atrai para Vós, Senhor, sois Vós, somente Vós; é ver-Vos cravado na cruz, o corpo pisado, nas ânsias da morte. E o vosso amor a tal ponto se apoderou de meu coração que, ainda quando não houvera céu, eu Vos amara; ainda quando não houvera inferno, eu Vos temera. Vós não tendes que me dar coisa alguma, para provocar o meu amor; pois que, ainda quando não esperara o que espero, Vos amara como Vos amo.”


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E RECOMENDADA:

OBRAS COMPLETAS – Teresa de Jesus – Edições Loyola – 1995
TIEMPO Y VIDA DE SANTA TERESA – Efrén de la Madre de Dios y Otger Steggink
Biblioteca de Autores Cristianos – Madrid – 1996
(Tradução livre e não autorizada, mas sem fins lucrativos)

(Pesquisa elaborada por Dyonísio da Silva para o curso de formação da Comunidade Maria, Mãe e Rainha do Carmelo – São Paulo, Jabaquara)