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terça-feira, 24 de maio de 2016
"A ORAÇÃO DO CORAÇÃO"

quarta-feira, 2 de maio de 2012
Carta Sobre A Vida Contemplativa Ou Escada Dos Monges
É o que se dá quando força corações duros e rebeldes a querer. Ele é como o pródigo que, segundo se costuma dizer, “dá o boi com os chifres”, quando vem sem ser chamado e se envolve sem ser procurado.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
A oração como encontro de amigos
Por Maximiliano Herraiz, ocd
Tanto na formulação teresiana como na sanjuanista, a oração aparece claramente desde o princípio como a expressão e o sinal de um encontro interpessoal, relação entre pessoas, Deus e o homem.
Teresa viveu e verteu este encontro na palavra humana mais entranhável: a amizade. "Que não é outra coisa a oração mental senão tratar de amizade, estando muitas vezes tratando a sós com quem sabemos que nos ama" (V 8,5). Quando a santa cunhou esta definição tinha atrás de si uma larga e qualificada história de amizade humana e divina. História de amizade, qualificada com estes adjetivos em atenção à nossa debilidade intelectual e à nossa tendência em romper a harmonia e a integração do divino e do humano, da relação com Deus e com o próximo, entre o amor e o serviço vividos no silêncio da oração e o empenho pela causa do Reino. Falando de amizade divina e humana marco lembramos igualmente os tempos da história de Teresa, ainda que não tanto, pois sabemos que era uma mulher nativamente dotada para a relação amistosa e com uma vocação original para a oração. Uma e outra ela viveu-as com força desde sua pequenez (CC 14,3). Porém esta unidade da relação de amizade, com Deus e com os irmãos, deve presidir desde o princípio a preocupação do orante e o serviço de acompanhamento. A separação será mortal por necessidade.
A eleição da palavra amizade é um acerto genial. Chega a todos, por trata-se do centro vital da pessoa humana. É genial o recurso teresiano ao termo amizade para significar a oração, por muitas razões, para todos os que se detenham um pouco à reflexão. Quero apontar algumas.
A. Deus nos chamou à sua amizade, para compartilhar de sua vida, oferecendo-nos em seu Filho, verdadeiro amigo e amigo verdadeiro, uma proximidade entranhável em sua humanidade que é a nossa, homem de fraquezas e trabalhos. Assim nos é companhia no caminho de nossa vida. Deus, Amigo, nos amou primeiro, elegeu-nos, abrindo-nos as portas de sua amizade. Deus é um amigo que tem desejos de dar-nos e que, como logo adverte Teresa, "de boa vontade está junto a nós" (CV 29,6). Amigo, também, necessitado de nós. Com sensibilidade feminina e agudo sentido de fé no Deus-Homem, Teresa confessa seu truque: "Prcurava representar Cristo dentro de mim, e achava-me melhor nos lugares onde ele se encontra mais só; parecia-me que, estando só e aflito, como pessoa necessitada, haveria de admitir a minha presença" (V 9,4). E quando Teresa ora fala sobre isto com ainda maior segurança: " tão necessitado estais que quereis admitir uma pobre companhia como a minha, e vejo em vosso sempblante que os alegrates" (CV 26,6).
B. A oração-amizade situa-se no centro da vida, não à margem, na periferia. É o valor da vida em todas as suas dimensões. A amizade é que nos define: somos o que é nossa relação com Deus e com os irmãos. A oração-amizade é um valor aberto sempre, necessariamente em caminho, em evolução contínua, num dinamismo crescente de realização. "As Moradas" são os diversos níveis, em profundidade e qualidade, nos quais vivemos nossa relação com Deus e os demais. Podemos dizer que são níveis de ser, pois marcam a vida da pessoa naquilo que lhe é substancial por vocação humana e divina: a relação com os outros e com o Outro, com o "tu" semelhante. Relação definida como acolhida e doação, em unidade que não se pode romper. Ademais esta relação nutre-se da verdade e do respeito sagrado à misteriosidade do outro, assim como de si mesmo. Relação na verdade que nasce, desenvolve-se e culmina no trato pessoal, cara a cara. Nenhuma pessoa pode delegar a ninguém a graça maior recebida com o dom da vida: somos naturalmente tão ricos que podemos conversar com Deus (cf. 1M 1,6).
C. A oração-amizade é vida e exercício de gratuidade, não entra no mercado do útil ou necessário, do para quê. Tem em si mesma sua justificação, seu valor: realizar a vocação de ser-em-relação, ser e viver com, em comunhão de horizontes e de caminhos. A santa fala de ser orantes, e praticar o ato concreto da oração, "para unicamente servir a seu Cristo crucificado" (4M 2,10). A esta gratuidade na relação com Deus se refere constantemente João da Cruz, manifestamente como algo que vai fazendo-se vida, quando fala de alguma etapa mais avançada no processo espiritual: "Todo seu cuidado em como poderá dar algum prazer a Deus, ainda que fosse para ela muito custoso" (2N 19,4). Ainda que não deixe de ver que existem "muitos que andam buscando em ti consolo e gosto e os que a ti pretendem dar gosto e dar-te gosto à sua custa... estes são muito poucos" (2S 7,12). Sua regra de experto em amor é esta: não buscando "sua comodidade e consolo, ou em Deus ou fora dEle" (Carta 18.7.89; 16).
D. Na oração-amizade o amor é a substância. Entre os amigos circula o amor, a acolhida e a doação mútuas. Por isso as pessoas se encontram em um "nós" mais ou menos formado. Isto disse expressamente Teresa: "a substância da perfeita oração não está em pensar muito, senão em amar muito". E reflete: "Nem todas as imaginações são hábeis por sua natureza para isto (a meditação), mas todas as almas o são para amar" (F 5,2; 4M 1,7). Deste modo afirma-se com contundência coisas muito importantes: todas as pessoas são capazes de orar. A oração está aberta a todos, a qualquer pessoa, seja qual for sua psicologia, sua formação, o tempo que dispõe, a situação concreta pela qual passa. A pessoa, por natureza e graça, é capaz para a relação pessoal com Deus. Por ser amizade, a oração abarca a existência da pessoa, não pode encerrar-se em uns tempos, nem identificar-se com o que comumente chamamos de oração, silenciosa ou litúrgica, pessoal ou comunitária: "O verdadeiro amante em toda parte ama e sempre se recorda do amado. Ruim seria se só nos rincões se pudesse orar" (F 5, 16).
E. Com isto surge outro elemento de não menor transcendência: a oração-amizade é, antes de tudo, uma forma de ser. A oração define assim a vida da pessoa antes que ser um ato concreto. O começo do "tratadinho" de oração que Teresa nos entrega no Livro da Vida é especialmente luminoso e decisivo. Basta recolher suas palavras: "Pois falando dos que começam a ser servos do amor (que não me parece outra coisa determinarmos a seguir pelo caminho da oração ao que tanto nos amou" (V 11,1). O caminho da oração é seguimento de Jesus. Aos mesmos que começam se refere mais adiante dizendo que "se determinam a servir a Deus tão deveras" (ib 9). Não podemos esquecer que se ela, tão honesta e veraz em suas colocações, chega um dia a deixar a prática da oração, é porque a vida se lhe escapava. Por isso era-lhe insustentável manter a fidelidade aos tempos de oração (V 7, 11; 8, 3; 19,10). Mais tarde ela julgurá com dureza este comportamento e irá procurar animar a todos a perseverar na prática da oração, ainda que não responda às exigências da amizade, "por males que haja" (V 8,5; 19,4; 8,4). Razão convincente: "Oh! Que bom amigo fazeis, Senhor meu, como lhe vais regalando e sofrendo e esperais a que se faça a vossa condição!" (V 8, 6).
F. Só partindo da oração-amizade podemos falar razoavelmente da necessidade da oração. Supostamente esta necessidade parte de dentro, da chamada de Deus pela qual nos capacita para tratar amistosamente com Ele.
A oração-amizade busca o encontro, a presença explícita, consciente, os momentos nos quais só e a sós se está com o Amigo. Necessidade particularmente sentida por Deus. Assim o percebeu Teresa (cf. 9,9 e V 8,10).
Mas esta necessidade é também sentida pela pessoa na medida da amizade que vive com Deus, ou com os demais. "Estando muitas vezes a sós com quem sabemos que nos ama". Esta consciência é que origina a marcha para o encontro: saber-se amado, ou seja, crescer na consciência do amor que recebe e dinamizar a resposta adequada e própria. Ninguém sabe-se amado por alguém por referências de terceiros. E ninguém ama a ninguém pelo que contam dele: é preciso o encontro pessoal. A notícia recebida provoca o desejo da constatação por si mesmo. O ato de oração é a consciência explícita da amizade que une Deus e a pessoa. A santa fala dos que fazem oração dizendo que estão vendo que Deus as vê (cf. V 8,2).
G. Por último, na oração-amizade, desde os seus primeiros passos, mesmo que não salte à consciência do orante, devemos entender que o protagonismo na oração corresponde a Deus, que Ele está muito mais empenhado que nós por levar adiante a história de amizade. Podemos dizer que toda oração cristã é essencialmente mística desde seus começos. Deus, porque nos ama mais e melhor que nós mesmos a Ele, leva o peso da oração-amizade. Captar esta dimensão mística da oração é vital para entendê-la convenientemente, adotando a atitude oportuna: "ir contente pelo caminho que lhe levar o Senhor" (CV 17 tít.). Pois "tem em tanto este Senhor nosso que lhe queiramos e procuremos sua companhia, que uma vez ou outra não nos deixa de chamar para que nos aproximemos dEle" (2M 1,2). "Deixai fazer o Senhor" (CV 17,7). Atitude, portanto, de amorosos ouvintes, de silêncio contemplativo para ver o que Deus fará em nós. Disposição de abertura e acolhida, pois a parte que nos toca será sempre de responder, secundar, seguir.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Os quatro degraus da “Lectio Divina”
Os passos da leitura espiritual, segundo Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
RIO DE JANEIRO, quarta-feira, 19 de maio de 2010 (ZENIT.org).- Apresentamos, a seguir, o artigo de Dom Orani João Tempesta, O. Cist., arcebispo do Rio de Janeiro, sobre como orar segundo o método da Lectio Divina, tema abordado na 48ª Assembleia dos Bispos do Brasil, celebrada em Brasília de 3 a 13 de maio.
* * *
A "Lectio Divina" é uma expressão latina já presente e consagrada no vocabulário católico, que pode ser traduzida como "leitura divina", "leitura espiritual", ou ainda como ocorre hoje em nosso país e em vários escritos atuais, como "leitura orante da Bíblia". Ela é um alimento necessário para a nossa vida espiritual. A partir deste exercício, conscientes do plano de Deus e a Sua vontade, pode-se produzir os frutos espirituais necessários para a salvação. A Lectio Divina é deixar-se envolver pelo plano da Salvação de Deus. Os princípios da Lectio Divina foram expressos por volta do ano 220 e praticados por monges católicos, especialmente as regras monásticas dos santos: Pacômio, Agostinho, Basílio e Bento. O tempo diário dedicado à lectio divina sempre foi grande e no melhor momento do dia. A espiritualidade monástica sempre foi bíblica e litúrgica. A sistematização do método da lectio divina nós encontramos nos escritos de Guigo, o Cartucho, por volta do século XII.
A Lectio Divina tradicionalmente é uma oração individual, porém, pode-se fazê-la em grupo. O importante é rezar com a Palavra de Deus, lembrando o que dizem os bispos no Concílio Vaticano II, relembrando a mais antiga tradição católica - que conhecer a Sagrada Escritura é conhecer o próprio Cristo. Monges diziam que a Lectio Divina é a escada espiritual dos monges, mas é também de todo o cristão. O Papa Bento XVI fez a seguinte observação num discurso de 2005: "Eu gostaria, em especial, recordar e recomendar a antiga tradição da Lectio Divina, a leitura assídua da Sagrada Escritura, acompanhada da oração que traz um diálogo íntimo em que na leitura, se escuta Deus que fala e, rezando, responde-lhe com confiança a abertura do coração".
O Concílio Vaticano II, em seu decreto Dei Verbum 25, ratificou e promoveu, com todo o peso de sua autoridade, a restauração da Lectio Divina, retomando essa antiquíssima tradição da Igreja Católica. O Concílio exorta igualmente, com ardor e insistência, a todos os fiéis cristãos, especialmente aos religiosos, que, pela frequente leitura das divinas Escrituras, alcancem esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo (Fl 3,8). Porquanto, "ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo" (São Jerônimo, Comm. In Is., prol).
O método mais antigo e que inspirou outros mais recentes, é que, seja pessoalmente, em comunidade ou no círculo bíblico nós comecemos a reflexão com a Palavra de Deus e que, depois da invocação do Espírito Santo, segue os passos tradicionais: 1- Lectio (Leitura); 2- Meditatio (Meditação); 3- Oratio (Oração) e 4- Contemplatio (Contemplação). Existem outros métodos que, inspirados aqui, procuram ajudar o cristão a acolher em sua vida a Palavra de Deus e a colocar em prática no seu dia a dia. Em nossa 48ª Assembleia dos Bispos do Brasil, celebrada em Brasília de 3 a 13 de maio último, além de tratar como tema central a "Palavra de Deus", proporcionou aos Bispos, na manhã do domingo, dia 9, um tempo para lerem, meditarem e rezarem com esse método. A mensagem que foi publicada sobre o tema central está baseada justamente nesse clima. Chegou o momento de passarmos a colocar em nossos grupos de reflexão, círculos bíblicos e outros grupos a Palavra de Deus como fonte de reflexão e inspiração para iluminar a nossa realidade concreta.
O método tradicional é simples: são quatro degraus - "a leitura procura a doçura da vida bem-aventurada; a meditação a encontra; a oração a pede, e a contemplação a experimenta. A leitura, de certo modo, leva à boca o alimento sólido, a meditação o mastiga e tritura, a oração consegue o sabor, a contemplação é a própria doçura que regala e refaz. A leitura está na casca, a meditação na substância, a oração na petição do desejo, a contemplação no gozo da doçura obtida." (Guigo, o Cartucho, Scala Claustralium).
Portanto, quanto à leitura,
leia, com calma e atenção, um pequeno trecho da Sagrada Escritura (aconselha-se que nas primeiras vezes utilizem-se os textos dos Evangelhos). Leia o texto quantas vezes e versões forem necessárias. Procure identificar as coisas importantes desta perícope: o ambiente, os personagens, os diálogos, as imagens usadas, as ações. É importante identificar tudo com calma e atenção, como se estivesse vendo a cena. A leitura é o estudo assíduo das Escrituras, feito com aplicação de espírito.
Quanto à Meditatio,
começa, então, diligente meditação. Ela não se detém no exterior, não pára na superfície, apóia o pé mais profundamente, penetra no interior, perscruta cada aspecto. Considera atenta sobre o que esta Palavra está iluminando minha vida e a realidade em que vivo hoje. Quais são as circunstâncias que ela me questiona e me incentiva? Depois de ter refletido sobre esses pontos e outros semelhantes no que toca à própria vida, a meditação começa a pensar no prêmio: Como seria glorioso e deleitável ver a face desejada do Senhor, mais bela do que a de todos os homens (Sl 45,3), não mais tendo a aparência como que o revestiu sua mão, mas envergando a estola da imortalidade, e coroado com o diadema que seu Pai lhe deu no dia da ressurreição e de glória, o dia que o Senhor fez (Sl 118,24).
Quanto à Oratio,
toda boa meditação desemboca naturalmente na oração. É o momento de responder a Deus após havê-lo escutado. Esta oração é um momento muito pessoal que diz respeito apenas à pessoa e Deus. Não se preocupe em preparar palavras, fale o que vai ao coração depois da meditação: se for louvor, louve; se for pedido de perdão, peça perdão; se for necessidade de maior clareza, peça a luz divina; se for cansaço e aridez, peça os dons da fé e esperança. Enfim, os momentos anteriores, se feitos com atenção e vontade, determinarão esta oração da qual nasce o compromisso de estar com Deus e fazer a sua vontade. Vendo, pois, a pessoa que não pode por si mesma atingir a desejada doçura de conhecimento e da experiência, e que quanto mais se aproxima do fundo do coração (Sl 64,7), tanto mais distante é Deus (cf. Sl 64,8), ela se humilha e se refugia na oração. E diz: Senhor, que não és contemplado senão pelos corações puros, eu procuro, pela leitura e pela meditação, qual é, e como poder ser adquirida a verdadeira doçura do coração, a fim de por ela conhecer-te, ao menos um pouco.
Quanto ao último passo, a Contemplatio:
desta etapa a pessoa não é dona. É um momento que pertence a Deus e sua presença misteriosa, sim, mas sempre presença. É um momento no qual se permanece em silêncio diante de Deus. Se ele o conduzirá à contemplação, louvado seja Deus! Se ele lhe dará apenas a tranquilidade de uns momentos de paz e silêncio, louvado seja Deus! Se para você será um momento de esforço para ficar na presença de Deus, louvado seja Deus! Mas em todas as circunstâncias será uma maneira de ver Deus presente na história e em nossa vida! "Ele recria a alma fatigada, nutre a quem tem fome, sacia sua aridez, lhe faz esquecer tudo o que não é terrestre, vivifica-a, mortificando-a por um admirável esquecimento de si mesma, e embriagando-a sóbria a torna" (Guido, o Cartucho).
Há uma preocupação grande com a vida prática, com a conversão, de modo que muitas vezes se costuma acrescentar a "actio", ou seja, ação junto com a contemplação. Os temores de uma vida "alienada" podem ser sempre apresentados em todas as circunstâncias, mas quando se aprofunda realmente na Palavra de Deus e se crê que ela é como uma espada de dois gumes que penetra no mais profundo de nosso ser e que também ilumina nossa vida e nosso caminho, teremos certeza de que ela ilumina a nossa estrada e nos conduz com a graça de Deus por uma vida nova.
Portanto, diante deste patrimônio da nossa Igreja que é este método da Lectio Divina, desejo a todos que inspirados na mensagem que os Bispos enviaram acerca do tema central da 48º Assembleia, possamos todos nós aprofundar a Leitura Orante da Bíblia, que, aproximando-nos da Palavra de Deus, encontremos os caminhos da vida dos cristãos hoje, neste início de milênio, que, diante da atual mudança de época, respondamos com uma vida nova, haurida nas escrituras sagradas, que nos comunicam a Palavra eterna, o Verbo eterno, Jesus Cristo, nosso Senhor!
Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro
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