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terça-feira, 1 de setembro de 2015

xortação apostólica «Christifideles laici / Os fiéis leigos», §§ 13-14

xortação apostólica «Christifideles laici / Os fiéis leigos», §§ 13-14

Diz o Concílio Vaticano II: «Pela regeneração e pela unção do Espírito Santo, os baptizados são consagrados para serem uma morada espiritual». O Espírito Santo «unge» o baptizado, imprime-lhe a Sua marca indelével (cf 2Cor 1,21-22) e faz dele templo espiritual, isto é, enche-o com a santa presença de Deus, graças à união e à conformação com Jesus Cristo. Com esta «unção» espiritual, o cristão pode, por sua vez, repetir as palavras de Jesus: «O Espírito do Senhor está sobre Mim: por isso, Me ungiu». […]


«A missão de Cristo — Sacerdote, Profeta-Mestre, Rei — continua na Igreja. Todo o Povo de Deus participa nesta tríplice missão.» […] Os fiéis leigos participam no múnus sacerdotal pelo qual Jesus Se ofereceu a Si mesmo sobre a Cruz e continuamente Se oferece na celebração da Eucaristia. […] «Todos os seus trabalhos, orações e empreendimentos apostólicos, a vida conjugal e familiar, o trabalho de cada dia, o descanso do espírito e do corpo, se forem feitos no Espírito, e as próprias incomodidades da vida, […] se tornam em outros tantos sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo (cf 1Ped 2,5); sacrifícios estes que são piedosamente oferecidos ao Pai, juntamente com a oblação do corpo do Senhor, na celebração da Eucaristia» (LG, 34). […]


A participação no múnus profético de Cristo […] habilita e empenha os fiéis leigos a aceitar, na fé, o evangelho e a anunciá-lo com a palavra e com as obras. […] Vivem a realeza cristã, sobretudo no combate espiritual para vencerem dentro de si o reino do pecado (cf Rom 6,12) e depois, mediante o dom de si, para servirem […] o próprio Jesus presente em todos os seus irmãos, sobretudo nos mais pequeninos (cf Mt 25,40). Mas os fiéis leigos são chamados de forma particular a restituir à criação todo o seu valor originário. Ao ordenar as coisas criadas para o verdadeiro bem do homem, com uma acção animada pela vida da graça, os fiéis leigos participam no exercício do poder com que Jesus Ressuscitado atrai a Si todas as coisas e as submete, com Ele mesmo, ao Pai, de forma que Deus seja tudo em todos (cf 1Cor 15,28; Jo 12,32).

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Conferência do Pe. Geral, frei Savério Canistrà, sobre Santa Teresa de Jesus


Nascida para todos
Atualidade da mensagem de Santa Teresa de Jesus

Atualidade ou não atualidade (“ inattualità” )

Não sei se se seja mais importante que Teresa seja “atual” ou, ao invés, “não atual”, ou seja, que responda às necessidades e às perspectivas de nosso tempo ou que, ao contrário, nos liberte delas. Tenho receio de uma Teresa adequada ao nosso tempo, interpretada e revestida conforme nossos gostos e nossas necessidades, enquanto o que eu espero dela é a abertura de um horizonte, que hoje vejo, com preocupação,  restrito.
Lembro o que diz F. Nietzsche numa de suas Considerações não atuais (inattuali) (extemporâneas): “imaginava que poderia encontrar como educador  um verdadeiro filósofo, que pudesse libertar um homem da insatisfação  própria da época e lhe ensinasse novamente a ser, no pensamento e na vida, simples e sincero, isto é, não atual,  no sentido mais profundo da palavra”( Schopenhauer como educador)

500 anos: uma continuidade e uma distância

Tentemos medir a distância que nos separa de Teresa, e contemporaneamente a que a ela nos une, baseados em três elementos do seu (e nosso) universo. São elementos que a caracterizam a nível histórico, a nível cultural e a nível religioso-espiritual. Nos três elementos podemos encontrar as características de uma época nova que está começando, a modernidade, e com elas o abrir-se de uma criatividade e um despertar de energias, que colaboram para a edificação desse mundo e tempos novos. Deste mundo nós também fazemos parte, mas como é diferente o espírito com que nele vivemos! Passamos do sermos construtores deste mundo a sermos dele prisioneiros, seguindo uma parábola que se repete frequentemente no decorrer da história. O processo, iniciado no século de Teresa, alcançou sua fase terminal, uma fase entrópica, na qual tende à desorganização e à “confusão (eliminação de diferenças). E dado que eu creio que o sentido de um centenário não pode consistir exclusivamente em celebrar Teresa, mas em imergir-nos em Teresa, em  “fazer-nos Teresa”, parece-me essencial verificar a quais condições isto seja eventualmente possível  hoje.

A)     A GEOGRAFIA. O Novo Mundo entra diretamente no horizonte da vida de Teresa. Teresa teve (parece) nove irmãos.  À exceção do primeiro, que se alistou no exército  e morreu na Itália, os outros sete ou oito partiram todos para as Américas. Três deles morreram por lá (Antônio na batalha de Inhaquito em 1546; Rodrigo combatendo contra os Araucanos  em Chile em 1555; Fernando morreu em Pasto (Colômbia) em 1565. Também Jerônimo morre em Panamá,  em 1575,  na viagem de volta à Espanha. Somente dois voltaram: Lourenço e Pedro, em 1575, enquanto um terceiro, Agostinho, permaneceu nas Índias até o ano de 1585. Além disso, para Teresa teve uma importância fundamental  o encontro com o franciscano Afonso de Maldonado, acontecido em São José em 1566. Maldonado, depois de ter trabalhado em Peru e México, foi expressamente à Espanha para defender a causa dos indígenas e denunciar os abusos dos conquistadores. Em Teresa, como ela mesma conta no cap. I das Fundações, criou um impacto fortíssimo , a ponto de abri-la à uma perspectiva missionária, também com a fundação do ramo masculino  da Ordem.
Este elemento é para ser seriamente considerado: uma contemplativa que se move numa geografia terrena moderna, cujos limites não são nem os de seu convento, nem os de seu país ( até porque seu país era naquele tempo um império sobre o qual não se poria o sol).

A geografia de Teresa se abre também à África: no mesmo ano de sua morte, dia 15 de abril de 1582, parte de Lisboa a primeira missão dos Carmelitas Descalços em direção ao Congo. Teresa envia uma saudação ao chefe desta expedição, P. Antônio da Mãe de Deus, numa carta de março do mesmo ano a Ambrósio Mariano.

A Ordem nasce então com grandes horizontes, potencialmente aberta a alcançar os extremos confins da terra. Há nisso um espírito novo, moderno, próprio da época e compartilhado por outras Congregações Religiosas do tempo, primeiros entre todos os jesuítas e os capuchinhos. Ao mesmo tempo conhecemos as dificuldades que esse espírito encontrou dentro da mesma Ordem, até o ponto de provocar uma divisão entre a Congregação espanhola e a Congregação italiana (em cuja origem esteve, entre outros, P. Tomás de Jesus, um dos primeiros teóricos das missões).

E nosso mundo de hoje como é? Percorremo-lo de um extremo ao outro com facilidade e desembaraço. Hoje o mundo pode-se encontrar, etnicamente, totalmente concentrado numa grande cidade (ou até numa paróquia, como experimentei em nossa paróquia de Perth, em que convivem mais de cem grupos étnicos diferentes) ou, em nível de produtos e mercadorias, pode estar totalmente presente num centro comercial (em que pode-se passar de um restaurante vietnamita a um restaurante  argentino, da cozinha grega à  cozinha indiana). O mundo tornou-se um grande mercado, feito de necessidades e de consumo, que se vão uniformando sempre mais. Nossas cidades assemelham-se sempre mais a “não lugares”, nos quais não nos encontramos, mas passamos simplesmente como utentes anônimos e distraídos. São lugares virtuais, absolutamente abstratos da realidade, em que, contudo, se gasta o tempo, como num videojogo do qual, porém, somos nós os protagonistas.

               Passamos dos amplos horizontes da geografia de Teresa, com seu espírito de aventura, seus riscos, suas descobertas emocionantes,  à potencial transformação de nossos ambientes de vida em não-lugares ( quase o oposto da utopia, que é o lugar ideal, em que o homem pode desenvolver todas as suas potencialidades). O efeito é paralisante: tudo é igual, o valor das coisas se reduz ao seu preço. Não vos parece que haja necessidade de libertar-nos deste mundo?

B)      Os livros. Teresa foi desde a adolescência uma apaixonada leitora (exatamente nos seus tempos o livro impresso iniciava a ser um objeto de consumo). Começou “devorando” a literatura cavalheiresca do seu tempo, da qual foi tão apaixonada, que criou em si certa dependência: “ cheguei ao ponto que se não tivesse entre as mãos um novo livro não me parecia estar contente” (V 2, 1).  A entrada no mosteiro não lhe tirou a paixão, mas a orientou em direção dos que Teresa chama” Buenos libros” (Cf V 3, 7 “ Diome la vida haber quedado ya amiga de Buenos libros”; 6, 4 “ amiguíssima de ler Buenos libros”), isto é, livros espirituais, tratados de oração, como o Tercer Abecedario de Francisco de Osuna ou a Subida del Monte Sión de Bernardino de Laredo, ou também clássicos da patrística: as cartas de São Jerônimo, os Moralia in Job de Gregório Magno e, sobretudo, as Confissões de Agostinho, publicado em tradução espanhola em 1554 e imediatamente lido por Teresa no mesmo ano (cf V 9, 7). Nas Constituições, que ela mesma escreveu para as monjas em 1567, no n. 8, estabelece que a Priora “ faça de tudo que haja bons livros... porque este alimento é tão necessário para a alma quanto o é a comida para o corpo”.

Ainda antes que escritora, a partir de 1560-1562, Teresa foi então leitora e “amiga de letras”. Este aspecto de sua personalidade possui também ele uma importância decisiva não somente em sua formação, mas sobre o modo de conceber a vida religiosa e a mesma vida espiritual. Ler e escrever são atos cotidianos de sua vida de monja e contemplativa. Existe nela uma inesgotável sede de verdade, de conhecimento, de confronto com outros que enfrentaram as mesmas questões, que as estudaram duma maneira mais sistemática e aprofundada do que ela, mulher, para quem era fechado o mundo dos estudos acadêmicos.

Ao lado deste desejo de conhecimento, Teresa sente a necessidade de comunicar o que está vivendo. É impressionante, sobretudo, o número de cartas por ela escritas. Para nós chegaram aproximadamente 500 cartas (metade das quais em forma fragmentária), mas esta é somente a ponta de um iceberg (há quem fala de 10.000 cartas).

Temos a que ver então com uma monja de clausura, contemplativa, que dedica uma parte não secundária de seu tempo à leitura e à escrita, com a intenção clara de entrar no debate eclesial, teológico e espiritual do seu tempo. Teresa encontra-se no centro de uma verdadeira e concreta rede de relações. Pense-se que são mais de 110 os destinatários das cartas que chegaram até nós.

E hoje? A parábola do livro impresso parece que está terminando, com ressonâncias antropológicas importantes. Como alguém observou, todas as vezes que se introduzem  modificações importantes no âmbito da comunicação, isto produz também  uma “mudança antropológica”, como afirmava Pasolini. Hoje, de certa maneira, continua-se a ler e também a escrever, mas passamos do escrever ao “texting”, à mensagem, a postar. Se até aos anos Setenta, a mudança importante parecia ser a passagem da cultura de elite à cultura de massa, com conseguinte empobrecimento e rebaixamento de nível cultural e de linguagem, hoje estamos assistindo a um fenômeno ainda mais radical e abrangente, que engloba os atos mesmos do ler e do escrever. Movemo-nos num continuum de imagens-textos-mensagens, cujo conteúdo semântico é normalmente reduzido a simples sinal de uma informação ou até mesmo de uma emoção (gosto, não gosto). Esta “liquidez” de palavras e de textos (além de tudo efêmeros, porque somente virtuais) é paralela à já descrita “indiferenciação” (indifferenziazione) dos lugares. O resultado final é um “não texto”, uma sucessão de palavras e sinais, indefinida e indeterminada, à qual se acrescentam, a todo instante, novos segmentos. O que mais fica prejudicada é a capacidade de comunicação, que parece ser reduzida à instantânea condivisão  de um fato ou de uma imagem ou de uma emoção, e ainda mais a capacidade de alimentar-se/alimentar através da leitura/ escrita.

C)      A Igreja. Teresa vive num dos períodos mais inquietos e dramáticos da história da Igreja. As feridas causadas pela Reforma protestante e a nova ordem dada à doutrina e à disciplina da Igreja católica com o Concílio de Trento (1545-1563) são os eventos macroscópicos deste período. É a grande crise da passagem do mundo e do homem medieval ao mundo da modernidade, com todas as implicações que ela comporta a nível político, cultural, científico e espiritual.

Não faltam nos escritos de Teresa referências diretas às guerras de religião na França ou a profanações da Eucaristia por obra dos luteranos. Analogamente a publicação dos decretos de Trento sobre a vida religiosa, teve influência sobre sua história de fundadora, seja criando obstáculos para sua atividade, seja obrigando-a a rever as normas sobre a clausura.

O que mais conta, porém, é o fato que Teresa vive uma fase da história da Igreja, em que de um lado domina um sentido de insegurança e de medo, do outro está difundida uma irreprimível  necessidade de novas formas, capaz de acolher a procura espiritual do homem moderno, com sua subjetividade, com seu novo modo de estar no mundo, de conhecer a natureza e agir na história.

Embora, obviamente, não se ache notícia na obra de Teresa sobre questões teológicas cruciais na controvérsia com os protestantes, contudo ela participa em cheio da sensibilidade e das inquietudes de sua época. Limito-me a enumerar somente alguns aspectos mais importantes:

1)      O primeiro e fundamental é a centralidade da pessoa de Jesus Cristo, enquanto revelação e cumprimento definitivo da relação Deus-homem: é em Jesus Cristo que o homem assume sua dignidade de filho de Deus e Deus revela o rosto do Pai. É em Cristo que a fé se torna vida, adesão vital a uma história que compromete intimamente a pessoa.
2)      A profunda consciência da impotência do homem e de sua condição de pecado e de “perdição” no mundo. Junto a esta consciência, a exigência de uma relação de amizade pessoal com Cristo, em quem o homem se reencontra e se enraíza.
3)      A dinâmica atividade-passividade no caminho espiritual, no qual a passagem decisiva consiste exatamente no abandono ao operar de Deus.

4)      A veneração pela S. Escritura, fonte de toda verdade, não obstante o problemático acesso ao texto bíblico (com certeza Teresa nunca teve à disposição uma Bíblia).

Teresa é doutora da Igreja e protagonista de uma reflexão profunda sobre a vida religiosa e a vida espiritual. Por isso deve ser considerada como um dos pilares da Reforma católica, ou seja, daquele longo e complexo processo de discernimento e assimilação do espírito moderno e de sua “evangelização”. É através de pessoas como ela que o Senhor leva à frente o caminho da Igreja e abre novas direções, que não nascem simplesmente de uma reforma moral ou pela reafirmação de princípios doutrinais, mas de experiências guiadas pelo Espírito.

E hoje? O processo de assimilação da cultura moderna da parte da Igreja foi tão à frente até confundir-se num processo de assimilação da Igreja da parte de nossa cultura. Igreja, evangelho, papa: tudo entra no “pot-pourri” de nossa informação cotidiana. Não tenho nada contra a midiatização da Igreja, mas tampouco a considero um sinal de particular vitalidade. Não me preocupa o fato de que os estádios e as praças se enchem, enquanto as igrejas se esvaziam. O que me preocupa é o esvaziamento endógeno dos corações e das mentes, ao qual corresponde um proporcional enchimento exógeno. Que a Igreja possa hoje e deva assumir linguagens diferentes e formas novas de presença, é absolutamente normal e sempre aconteceu no curso dos dois milênios de história. Minha pergunta é orientada além  da sociologia, além das igrejas vazias e das praças lotadas. Que tipo de trabalho se está realizando hoje dentro do crente (leigo, padre, religioso, ou quem quer que seja)? Porque sem este trabalho sobre nós mesmos, sobre nossa fé, e mais exatamente entre nossa fé e nossas seguranças, entre nossa esperança teologal e nossos medos, entre nossa caridade e nossos afetos, não há futuro para nós, não se constrói uma Igreja, uma comunidade cristã para o nosso tempo.

A atualidade de Teresa: “superar o nosso tempo”

Escrevia Nietzsche: “O que exige de si mesmo um filósofo em primeira e última instância? Superar (ultrapassar) dentro de si o próprio tempo, tornar-se “sem tempo”( senza tempo) ( O caso Wagner). É isso que legitimamente podemos pedir também a Teresa: ajudar-nos a superar este nosso tempo.

Só para começar, temos de purificar a mente da imagem de uma Teresa mística barroca (mas lembremos de que, ao lado da Teresa transverberada de Bernini, existe uma Teresa escritora, sentada em sua cela, em ato de produzir seus textos). Mas dizia Contini: Teresa não consegue comunicar, expressar a experiência mística. Tinha razão. Efetivamente, quem procurar em Teresa formas de escrita excessiva, aptas a expressar um “excessus mentis”, ficará decepcionado. Teresa não é Maria Madalena de’ Pazzi, nem Jacopone  da Todi, nem Verônica Giuliani, nem um poeta sufi. Suas palavras não são “palavras de êxtase”. Sua linguagem é uma linguagem falada, não isenta de suas estratégias retóricas, e com uma finalidade bem precisa: explicar e convidar para uma experiência. Neste sentido, poderíamos dizer que sua intenção é antes didática (didascálica) e parenética.
A escrita não é, para Teresa, nem o esboço de uma alteração psicofísica, nem uma criação lírica, nem um espelho no qual possa espelhar-se. É por um lado um modo para procurar a verdade e a clareza numa série tumultuosa de experiências; do outro, é um anúncio e uma catequese, que convida outros a entrar num modo novo de ser e de se perceber.

O que nos ensina fundamentalmente Teresa? As respostas que com mais facilidade nos vem à mente são: Teresa mestra de oração, mãe dos espirituais, doutora mística. Todos estes títulos, com os quais a tradição reconheceu o valor da doutrina de Teresa, podem  entretanto ser mal compreendidos se não os compreendermos à luz do ponto central de sua experiência e de seu ensinamento. Este centro da vida e da obra teresiana vem indicado de maneira bem sintética e eficaz pelas palavras do decreto Multiformis Sapientia Dei, com o qual Paulo VI, em 1970, declarou Teresa doutora da Igreja: “O centro da doutrina espiritual de Teresa é Cristo que revela o Pai, nos une a Ele e nos associa a si {...} a humanidade de Cristo assume intimamente o homem que nele inteiramente confia, no mistério de sua morte, ressurreição e vida gloriosa junto com o Pai. Por isso a humanidade sacratíssima de Cristo compreende todo o nosso bem e salvação”.

Teresa é doutora do Cristo vivo. Para expressar-nos com as palavras de Rowan Williams, Teresa nos ensina a “fazer com que a realidade de Jesus se torne viva em nós” (“about letting the reality os Jesus come alive in us”). Embora usando a linguagem própria da teologia espiritual do seu tempo, Teresa dela modifica o conteúdo, o significado. Não lhe interessa tanto desenvolver uma doutrina sistemática sobre os graus de oração, quanto contar o que acontece na vida de uma pessoa, quando se abre progressivamente à acolhida da humanidade de Jesus. Seria com certeza interessante fazer um confronto entre a Vida, o Caminho e o Castelo, para examinar detalhadamente como evolui o esquema dos graus ou das etapas da oração no pensamento de Teresa.

Na Vida (cap. 11-21) o esquema dos quatro graus de oração é ainda muito dependente daquele comum à literatura espiritual do tempo (em particular, dos autores caro à Teresa, especialmente os franciscanos Osuna e Bernardino de Laredo): meditação, oração de quietude, “sono espiritual das potências”, união. São como gavetas que Teresa encontrou prontas, nas quais tenta inserir uma matéria razoavelmente magmática e difícil de ser catalogada e  inserida.

Um novo esquema é apresentado no Castelo interior. Desta vez, porém, Teresa domina a matéria com maior liberdade e é então capaz de dar ao esquema uma flexibilidade e uma mobilidade que seguem e acompanham a viagem da alma. Teresa não utiliza mais um esquema “de gavetas”, mas mais um esquema narrativo, dinâmico. A metáfora de base do castelo serve para ambientar o acontecimento narrativo, que pode ser sintetizada como narração de uma viagem da pessoa ao interior de si mesma. Não é mais o tratado dos graus de oração, mas o percurso do eu que passa de um estado inferior, mínimo, de autoconhecimento ao seu estado mais pleno e elevado.

Edith Stein bem viu que a relação com o centro do castelo (ou da alma) é também relação consigo mesmo , com a fonte de onde brota nosso ser.  O caminho através das moradas é caminho de estados de crescente autoconsciência do eu, que desde a dispersão e mediação do mundo externo, sobe à sua simplicidade originária e de lá se levanta “sobre si mesmo”, isto é, chega a participar da vida Daquele de quem provém. Parece-me que este seja o modo mais correto e atual para ler Teresa: não procurar estabelecer a quantidade de “sobrenatural”, presente nos estados intermediários, da qual, contudo, teríamos consciência de um modo psicológico-experiencial (“sentindo” Deus de alguma maneira), mas antes descrever o desenvolvimento, a manifestação completa do eu que provém de sua fonte segreda:” A alma penetra aí tanto mais profundamente quanto mais solidamente se coloca no seu centro, quanto mais livremente se eleva e se liberta da prisão da matéria {...} até chegar à “transformação da alma vivente num espírito dispensador de vida”  (E. Stein, “O castelo da alma” {1935}).
O caminho da alma em direção ao seu centro: é este – nas palavras de Edith Stein – o sentido da narração do Castelo interior. Mas o que entendemos com esta expressão “o centro da alma e da pessoa”?  Também neste caso temos a ver com uma metáfora rica de conotações. Limito-me a salientar três, que me parecem particularmente importantes para nosso assunto, a atualidade de Teresa.

1)      O centro é o que não está na periferia, no exterior, o que constitui o coração de uma realidade, sua dimensão mais interna e profunda. Caminhar em direção ao centro significa ser capaz de despojamento e de aprofundamento, de silêncio e escuta interior. Existe, atrás da tela da superfície, uma realidade que corre o risco de não ser percebida, porque seu modo de expressar-se e de manifestar sua presença é diferente daquilo das coisas do mundo. E, contudo, o conhecimento desta realidade é efetivamente central, pois ela é de alguma maneira ligada a tudo o que acontece na periferia, dela é como que sua consciência escondida.

2)      O centro é o que dá unidade e consistência ao ser. Ir em direção ao centro significa então descobrir a própria unidade e adquirir um critério de discernimento entre o que é efetivamente importante e o que é acessório, entre o que reconhecemos como nosso e o que rejeitamos como estranho, entre o que favorece nosso crescimento e o nosso processo de identificação e o que o bloqueia e o lhe é de impedimento.
3)      O centro é aquilo do qual nasce o ser e para o qual o ser constantemente retorna. O centro é por isso fonte de constante de energia e de vitalidade. Perder o contato com o centro leva a um enfraquecimento da pessoa, torna-a incapaz de encontrar em si a força de assumir sua realidade. Ao contrário, enraizando-se no seu centro, a pessoa é livre de acolher seu ser assim como é concretamente, inclusive com as experiências negativas (feridas, sofrimentos, fracassos pecados), pois também elas se inserem numa dinâmica de vida e, paradoxalmente, em lugar de prejudica-la, fortalecem-na.

Teresa nos fala de um centro, que revela, organiza, anima a pessoa e sua identidade. Não é exatamente o que necessitamos nós, homens e mulheres agregados em “não lugares”, diluídos num “continuum” de palavras periféricas, desconhecidos pela distância abissal que nos separa de nós mesmos? Teresa nos indica o centro, para o qual sentimos uma profunda, instintiva atração, a nostalgia do totalmente nosso, para parafrasear Max Horkheimer.

Falando em centro da pessoa, pode-se correr o risco de interpretar este caminho num sentido egocêntrico, quase que o objetivo fosse um fortalecimento do eu, uma espécie de self empowerment. Na realidade, assim se entenderia de modo totalmente errado a doutrina de Teresa. O centro da pessoa não é o eu, assim como eu sou capaz de conhecê-lo e controla-lo. O eu pertence também ele às dinâmicas da pessoa, mas dela não expressa toda a sua complexidade e plenitude. O centro da pessoa  é uma relação/encontro entre um Tu e um Eu. É o fato que um Tu me chame e me atraia a si,  que me dá a percepção exata  daquilo que eu sou, não enquanto ator dos meus pensamentos,  palavras e obras, mas sim como destinatário dos pensamentos, palavras e obras dum outro. É somente no apelo deste Tu, que me chama a si, e em fazê-lo me chama também ao ser e à vida, que eu posso compreender-me, entender-me para além dos limites dos meus atos e de minhas prestações e das imagens de mim mesmo.

Na realidade, nossa relação conosco mesmos não é absolutamente totalmente direta, mas mediada por uma história e por um mundo, e ela nos remete normalmente uma imagem de nós mesmos como partes desta história, peças deste mundo, cuja insensatez e cujo pecado recai inevitavelmente também sobre nós. A única possibilidade de chegar a um olhar sobre nós mesmos, livre destes condicionamentos, dá-se no interior da relação com o  meu Deus, com o Deus que habita em mim, com o Deus interior intimo meo.  A identidade, nesta perspectiva, não pode ser compreendida mediante um conceito ou uma descrição científica, mas somente pode-se conhecer no ato de ser chamados. Por isso, segundo a tradição hebraica, a identidade está no Nome, isto é ao interno de uma relação de reconhecimento recíproco, em última análise: de amizade.

Concluindo, é a isto que Teresa nos convida, é isto  que nos propõe: chegar a nós mesmos, passando por Aquele que nos conhece (uma espécie de antropológico “buscar el levante por el poniente”). É o que o Senhor dizia a Teresa: “Procura-te em mim (o famoso Vejamen  de 1576), palavra sobre a qual Teresa compôs sua poesia n° 8: “Alma, procura-te em mim, e em ti deves procurar a mim”.


Quem sou eu? É esta provavelmente a verdadeira pergunta que preocupa subterraneamente nossa geração. A resposta, lembra-nos Teresa, podemos encontra-la somente fora de nós, num lugar em que eu não me conheço, mas sou conhecido e amado por um Outro, por aquele que habita no mais profundo de mim. Para Ele, como Teresa, todos nós nascemos.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

domingo, 15 de março de 2015

O SILENCIO DE DEUS- PAPA EMÉRITO BENTO XVI

CATEQUESE
Sala Paulo VI
Quarta-feira, 07 de março de 2012



Em uma série de catequeses precedentes eu falei sobre a oração de Jesus e não gostaria de concluir essa reflexão sem antes deter-me brevemente sobre o tema do silêncio de Jesus, tão importante no relacionamento com Deus. Na Exortação Apostólica Pós sinodal Verbum Domini, fiz referência ao papel que o silêncio assume na vida de Jesus, sobretudo no Calvário: "Aqui somos colocados diante da Palavra da Cruz" (I Cor 1,18). O Verbo se emudece, se torna silêncio mortal, já que se disse tudo até o fim, não deixando nada daquilo que nos deveria comunicar" (n.12) Diante deste silênciao da cruz, São Máximo, o confessor coloca nos lábios da Mãe de Deus a seguinte expressão: "É sem palavra a Palavra do Pai, que fez toda criatura que fala; sem vida são os olhos apagados daquele cuja palavra e gesto move tudo aquilo que tem vida" (A vida de Maria, n.89: textos marianos do primeiro milênio, 2, Roma 1989, p.253).
A cruz de Cristo não mostra somente o silêncio de Jesus como sua última palavra ao Pai, mas também revela que Deus fala através do silêncio: "O silêncio de Deus, a experiência da distância do Onipotente e Pai é etapa decisiva no caminho terreno do Filho de Deus, Palavra encarnada. Junto ao madeiro da cruz, lamentou a dor causada por tal silêncio: "Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes?" (Mar 15,34; Mat 27,46). Procedendo na obediência até o extremo hálito de vida, na obscuridão da morte, Jesus invocou o Pai. A Ele se confiou no momento da passagem, através da morte à vida eterna: "Pai, em tuas mãos entrego meu espírito" (Luc 23,46)-(Exort Apost. Pós Sinodal Verbum Domini, 21). A experiência de Jesus na cruz é profundamente reveladora da situação do homem que reza e do cume da oração: depois de ter escutado e reconhecido a palavra de Deus, devemos medir-nos também com o silêncio de Deus, expressão importante da própria Palavra Divina.
A dinâmica de palavra e silêncio, que marca a oração de Jesus em toda a sua existência terrena, sobretudo na cruz, tem a ver também com a nossa vida de oração em duas direções. A primeira é aquela em relação ao acolhimento da Palavra de Deus. É necessário o silêncio interior e exterior para que a palavra possa ser ouvida. E este é um ponto particularmente difícil para nós no nosso tempo. De fato, a nossa época não favorece o recolhimento e ainda às vezes se tem a impressão que exista um medo de destacar-se, mesmo por um instante, do rio de palavras e de imagens que marcam e preenchem os nossos dias. Por isto na já mencionada Verbum Domini recordei a necessidade de educar-nos ao valor do silêncio: "Redescobrir a centralidade da Palavra de Deus na vida da Igreja quer dizer também redescobrir o sentido do recolhimento e da quietude interior. A grande tradição patrística nos ensina que os mistérios de Cristo, são ligados ao silêncio e somente nele a Palavra pode encontrar morada em nós, como aconteceu com Maria, inseparavelmente Mulher da palavra e do silêncio" (n.21). Este princípio – que sem silêncio não se escuta, não se ouve, não se recebe uma palavra –  vale para a oração pessoal sobretudo, mas também para as nossas liturgias: para facilitar uma escuta autêntica, elas devem ser ricas de momentos de silêncio e de acolhimento não verbal. Vale sempre a observação de Santo Agostinho: Verbo crescente, verba deficiunt - "Quando o Verbo de Deus cresce, as palavras do homem diminuem" (Sermo 288,5: PL 38,1307; Sermo 120,2: PL 28,677).
Os Evangelhos apresentam frequentemente, sobretudo nas escolhas decisivas, Jesus que se retira sozinho em um lugar longe das multidões e dos próprios discípulos para rezar no silêncio e viver o seu relacionamento filial com Deus. O silêncio é capaz de escavar um espaço interior de nós mesmos, para fazer habitar Deus, para que a sua Palavra permaneça em nós, para o amor por Ele se enraize na nossa mente e no nosso coração, e anime a nossa vida. Portanto, a primeira direção: reaprender o silêncio, a abertura para a escuta, que nos abre para o alto, à Palavra de Deus.
Existe, entretando, uma segunda importante relação do silêncio com a oração. Não existe, de fato, somente o nosso silêncio para nos dispormos à escuta da Palavra de Deus; geralmente, na nossa oração, nos encontramos diante do silêncio de Deus, provamos quase uma sensação de abandono, nos parece que Deus não escuta e não responde. Ma este silêncio de Deus, como aconteceu também para Jesus, não caracteriza a sua ausência. O cristão sabe bem que o Senhor está presente e escuta, também na escuridão da dor, da rejeição e da solidão. Jesus assegura os discipulos e cada um de nós que Deus conhece bem as nossas necessidades em qualquer momento da nossa vida. Ele ensina aos discípulos: "Orando, não useis muitas palavras como os pagãos: estes acreditam que serão ouvidos com a força das palavras. Não sejais como eles, porque o vosso Pai sabe do que precisais antes mesmo de vós o pedirdes" (Mat 6,7-8): um coração atento, silencioso, aberto, é mais importante que muitas palavras. Deus nos conhece no íntimo, mais que nós mesmos, e nos ama: e saber isso deve ser suficiente. Na Bíblia, a experiência de Jó é particularmente significativa em relação a isso. Este homem em pouco tempo perde tudo: familiares, bens, amigos, saúde; parece até que a atitude de Deus diante em relação a ele seja aquela do abandono, do silêncio total. Mesmo assim, Jó, no seu relacionamento com Deus, fala com Deus, grita a Deus; na sua oração, apesar de tudo, conserva intacta a sua fé e ao final, descobre o valor de sua experiência e do silêncio de Deus. E assim, ao final, voltando-se ao Criador, pode concluir: "Eu te conhecia somente de ouvir falar, mas agora os meus olhos te viram" (Jó 42,5): nós todos quase conhecemos Deus somente de ouvir falar e quanto mais estamos abertos ao seu silêncio e ao nosso silêncio, tanto mais começaremos a reconhecê-lo realmente.Esta extrema confiança que se abre no encontro profundo com Deus é amadurecida no silêncio. São Francisco Xavier rezava dizendo ao Senhor: eu te amo não porque podes me dar o paraíso ou condenar-me ao inferno, mas porque és meu Deus. Te amo porque és Tu.
Chegando à conclusão das reflexões sobre a oração de Jesus, voltam à mente alguns ensinamentos do Catecismo da Igreja Católica: "o evento da oração nos vem plenamente revelado no Verbo que se fez carne e habita em meio a nós. Buscar compreender  a sua oração, através daquilo que os seus testemunhas nos dizem no Evangelho, é aproximar-se do Santo Senhor Jesus como sarça arente: do princípio contemplá-lo enquanto se reza, depois escutar como nos ensina a rezar, por fim conhecer como ele eleva a nossa oração" (n.2598). E como Jesus nos ensina a rezar? No Compêndio do Catecismo da Igreja Católica encontramos uma clara resposta: "Jesus nos ensina a rezar, não somente com a oração do Pai Nosso – certamente o ato central do ensinamento de como rezar – , mas também quando Ele mesmo reza. Deste modo, além do conteúdo, nos mostra as disposições pedidas para uma verdadeira oração: a pureza do coração, que busca o reino de Deus e perdoa os inimigos; a confiança filial, que vai além daquilo que sentimos e compreendemos, a vigilância que protege o discípulo da tentação" (n.544).
Percorrendo os Evangelho, vimos como o Senhor é, para a nossa oração, interlocutor, amigo, testemunha e mestre. Em Jesus se revela a novidade do nosso diálogo com Deus: a oração filial, que o Pai espera dos seus filhos. E de Jesus aprendemos como a oração constante nos ajuda a interpretar a nossa vida, a operar as nossas escolhas, a reconhecer e a acolher a nossa vocação, a descobrir os talentos que Deus nos deu, a cumprir cotidianamente a sua vontade, única via para realizar a nossa existência. A nós, geralmente preocupados com a eficácia operativa e dos resultados que conseguimos, a oração de Jesus nos indica que temos necessidade de parar, de viver momentos de intimidade com Deus, "destacando-nos" do intenso barulho de todos os dias, para escutar, para ir à raiz que sustenta e alimenta a nossa vida. Um dos momentos mais belos da oração de Jesus é exatamente quando Ele, para enfrentar  doenças, desventuras e limites dos seus interlocutores, se volta ao Pai em oração e ensina assim a quem esta à sua volta, onde se encontra a fonte da verdadeira esperança e salvação. Eu já recordei, como exemplo comovente, a oração de Jesus na tumba de Lázaro. O Evangelista João narra: "Tiraram a Pedra. E Jesus, levantando os olhos para o alto, disse: "Pai, eu te dou graças porque me ouviste! Eu sei que sempre me ouves, mas digo isto por causada multidão em torno de mim, para que creia que tu me enviaste". Dito isto, exclamou em voz forte: Lázaro, vem para fora!" (Jo 11,41-43). Mas o ponto mais alto de profundidade na oração ao Pai, Jesus o alcança no momento da Paixão e da morte, no qual pronuncia o extremo "sim" ao projeto de Deus e mostra como a vontade humana encontra o seu cumprimento exatamente na adesão plena à vontade divina e não na contraposição. Na oração de Jesus, no seu grito ao Pai na cruz, se fundem todas as angústias da humanidade de todos os tempos, escrava do pecado e da morte, todas os pedidos e intercessões da história da salvação. E eis que o Pai as acolhe e, além de toda esperança, as eleva ressuscitando o seu Filho. Assim, se cumpre e se consuma o


quinta-feira, 12 de março de 2015

A ORAÇÃO PELA PAZ QUINTA-FEIRA 26 DE MARÇO



ÍNDICE:

- Convocação Do Padre Geral

- As indicações para a celebração
- Proposta para o início da ORAÇÃO


Convocação do Padre Geral
09 de março de 2015 (Communicationes) .-
 P. Saverio Cannistrà, Superior Geral OCD

Queridos irmãos e irmãs,
No dia seguinte, 28 de março completam- se 500 anos do nascimento de Santa Teresa de Jesus. A data tão fervorosamente esperada e tão cuidadosamente preparado ao longo destes  últimos anos em todos os mosteiros, conventos e Comunidades  da Ordem Secular, já está muito perto.

Na homilia do último 14 de outubro, na igreja de “La Santa,” em Ávila, no Missa celebrada na véspera dos atos oficiais da V Centenario, nos imagiva a todos  tentando fazer um presente um presente a nossa Santa Madre Teresa em tal dia importante e reconhecemos que, sem dúvida, o melhor presente é e será sempre a si mesma, Teresa de Jesus.

Dois dias antes de seu aniversário, 26 de março, convido-vos, como filhos e filhas  , para oferecer algo que certamente vai enche-la  de alegria: uma hora de oração!
Um momento especial de oração, em que a intenção de todos será  a paz no mundo. O Mundo arde  em chamas, gritava Teresa  ao ver  os conflitos e divisões que assolavam  a sociedade de seu tempo. Também o nosso mundo queima e arde em chamas  e, às vezes, não somos  sensíveis o suficiente ou não temos a confiança para acreditamos que podemos fazer alguma coisa para apagar esse fogo.

Entretidos , às vezes com as  pequenas coisas em nossas vidas diárias e nos problemas mais imediatos, nos esquecemos de  olhar para cima para ver o horizonte e descobrir os sinais de sofrimento  que apresenta a nossa sociedade: as guerras, os conflitos, o terrorismo, a violência pública ou doméstica,  gritos de dor, em silêncio, mesmo antes de ser pronunciada.

Isso não vai ser um dia em que podemos nos esconder, deixando a solução destes problemas  somente aos  que têm responsabilidade com eles . O 26 de março é um dia para que a  voz de Santa Teresa ressoe  em nossos corações e, com ela, podermos nos determinar a fazer um pouquinho e  nos convencer de que as coisas do mundo não são negócios de pouca importância  para tratar com Deus.

Os anuncio  com alegria que o Santo Padre Francisco, vendo  com bons olhos esta
iniciativa, decidiu dar inicio a  esta hora da oração mundial. A partir desse momento eu convido você a recorrer  à  oração, tendo presente como intenção: A PAZ.
Que em Cristo, verdadeiro amigo, que trouxe ao mundo a reconciliação com Deus, nós levantamos os olhos para o céu suplicando ao pai, o dom da paz, que exige que favorece  o dom da  reconciliação entre os homens: perdoemos e seremos perdoados , nos disse o Senhor.

Abramos nossos corações para perdoar, perdoemos a quem nos tem  ofendidos e implorar para Deus que nos dê a paz.  A paz  que  Jesus nos prometeu, não a do  mundo, mas a que nos enche o  coração de alegria e nos liberta de toda covardia. 

Filhos e Filhas  da Igreja, vivamos  e façamos  intensamente esta iniciativa que o Papa Francisco fez também como  sua, convoquemos  também  todos os crentes, a exemplo, de São João Paulo II , como nos ensinou, em Assis.

Unido a todos irmãos e irmãs em Jesus Teresa.


As indicações para a celebração

09 de março de 2015 (Communicationes) .- Emilio P. José Martínez, OCD Vigário Geral

Queridos Irmãos e Irmãs,

No dia de hoje, o Padre Geral da Ordem do Carmelo Descalço , Saverio Cannistrà, nos convida para Uma Oração pela Paz Global, feitas em Todos os nossos mosteiros e conventos, e   como Comunidades seculares para ser  celebrado no dia 26 de março de 2015.

Como ele mesmo Fr.Saverio indica  a oração começará pelo  Papa Francisco, a quem de a Ordem agradece de coração, o desejo de  capitanear esta iniciativa, unindo a ordem a toda a Igreja. Se trata sem duvida de um formoso presente a nossa Santa Madre.

A Oração Terá Início às  06:00 (GMT). A partir desse momento, como as comunidades e fraternidades poderão começar a oração pela paz no ritmos e forma que   entenderem seja mais  adequado.  Em Alguns países isso poderá ser apropriado de se trocar a oraão pelo dia 27, e não tem nenhum inconveniente nisso. Não é  nescessario
que se façam em todos os lugares na mesma hora. Mas o objetivo é que se faça a oração pela Paz!

Junto deste , vos envio uma sugestão de oração preparado pelo centro Iniciativas de
Pastoral de la Espiritualidad de Burgos (España). Não é de forma vinculativa; apenas um guia, a fim de que se  podem usar as comunidades , se  desejarem.

 Pedimo-vos que, ao longo deste mês,  públiquem esta iniciativa, para que todos que desejarem possam  participar: comuniquem  isso aos bispos diocesanos, o seu  Párocos e  grupos de leigos da Ordem Secular  que participarão e todos os membros da família Teresiana, para que eles possam participar com você em oração e a ajudar a  prepará-los mesmo em outros momentos de oração e celebrações com esta intenção. Seria bom demais que você podesse convidar  a participar as famílias em suas casas, poder juntar-se na hora da oração  pela paz mundial  aos enfermos e aos solitários, para sentirem-se  acompanhados nesse dia em oração.

Como um sinal, durante a hora da oração colocar uma vela em um lugar visível também  do lado de fora (será necessário antes de alguma forma explicar por que Acender essa vela).
De acordo com a Santa Sé, convidamos também este momento de oração para  crentes de outras confissões cristãs e de outras religiões, como o Padre Geral em sua carta. Sempre que possível, nós vos rogamos para ver a maneira de obter os irmãos  Cristãos e membros de outras religiões este convite. Seguindo as indicações  magistério da Igreja e  de acordo com o ecumenismo e do diálogo inter-religioso  diocesano, poderão ser convocadas celebrações ecumênicas e inter-religiosas oportunas.
Que Deus, por intercessão de Santa Teresa, mãe do Carmelo e São José, ouça esta oração que colocamos nas mãos de seu Filho, confiando no Espírito que ora em nosso interior.

Guia de celebração

Proposta para o início da Oração

09 de março de 2015 (Communicationes) .-

(Proposta de S. Padre Francisco, a serem tomadas, sejam feitas  as modificações considerando adequado, como um esquema para o início da oração global para todos lugares)

(No início ou no final da missa em 26  de março, realizado em Santa Marta presidido pelo  Santo Padre, a oração global começa com estas palavras):

Queridos irmãos e irmãs,

A Ordem dos Carmelitas Descalços, frades, freiras e leigos, toda a família Teresiana, Celebra hoje  , juntamente com toda a Igreja, a quinhentos anos de sua fundação,  
Santa Teresa de Ávila, doutora da Igreja.
A pedido do Padre Geral da Ordem, durante a sessão de hoje será realizada uma hora  de  oração pela  paz do mundo em todos os conventos, mosteiros e Comunidades Seculares Carmelitanas. Uno-me a esta alegre iniciativa e começar com estas palavras de oração a Deus, Pai de todos, que por  intercessão de Cristo derramou o seu Espírito sobre todas as nações, para que o  diálogo entre os homens vença a violência e conflitos que assolam nosso mundo. A esta oração convidamos você a se juntar a todos os católicos, cristãos de outras confissões e  também membros de outras religiões e os homens e mulheres de boa vontade.

(Breve silêncio. Propõe-se acender velas)

[O seguinte texto Teresiano pode ser lido pelo Padre ou um leitor / a]:

" O mundo está sendo tomado pelo fogo(...). E vamos perder o tempo em súplicas que, se fossem ouvidas por Deus, talvez levassem a se perder mais uma alma no céu? Não, minhas irmãs; não é hora de tratar com Deus de coisas pouco importantes.
 "(Teresa de Jesus, o caminho da perfeição 1,5).
[Continua o Padre ou um leitor / a]:

O mundo está em chamas este é o grito dolorido de Teresa de Jesus contemplando conflitos, guerras e divisões da sociedade e da Igreja do seu tempo. Hoje também fazemos nosso aquele grito e o apresentamos Jesus como uma oração: Senhor, o mundo está ardendo em chamas!

[Continua o Padre]:
Como Santa Teresa, sabemos que pelas nossas próprias forças não alcaçare. Vamos mantê-lo, coos sozinhos o dom precioso da paz. Aferremos-nos pois com ela á  força da cruz redentora de Cristo: "Oh Meu Senhor e misericórdia minha que maior bem quero eu que estar nesta vida que estar junto a vós?  Que não haja divisão entre mim e ti...Com vossa presença o que pode ser difícil? O que não pode ser feito tendo-vos junto?
 Ao lado da cruz de Jesus, da Virgem Mãe e nossa Mãe Teresa, oremos a Deus para crescer as oportunidades de diálogo e de encontro entre o os homens que  aprendamos a pedir para que a paz  brote no mundo como fruto da  reconciliação, que Ele veio nos trazer.

Oremos:
Senhor nosso Deus, que por teu Espírito suscitou Santa Teresa de Jesus, para mostrar sua Igreja o caminho da perfeição, conceder viver  de sua doutrina  acendei em nós o
desejo de verdadeira santidade, cujo fruto é a reconciliação que leva à paz. Por  nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que vive e reina Contigo e o Espírito Santo, um só Deus,
AMEM!