IX CONGRESSO REGIONAL NORTE-NORDESTE
Frei Aloysius, OCD[2]
(Tradução: comissão de formação-J.E.Manfredini)
dizer com a palavra formação[3],
porque penso que há muita confusão na definição de Quero dar respostas a
algumas questões e tratar de alguns pontos de suma importância que se acham em
três documentos citados anteriormente. Esses pontos nos ajudarão a entender
exatamente o que queremos formação.
Na maioria dos casos, quando falamos de programas
de formação, na realidade estamos falando, na verdade, de “programas de
informação”. Mas a informação não é necessariamente formação.
A fim de compreender bem a diferença que existe
entre um e outro conceito (formação/informação), quero adiantar que é o que
identifica precisamente um membro da Ordem Secular.
a)
Existem
muitas pessoas que tem um vivo interesse pela espiritualidade carmelitana, por
Santa Teresa, São João da Cruz, Santa Teresinha ou Edith Stein. Tem muito
interesse, mas não sentem nenhuma inclinação/vocação a formar parte, de
pertencer a Ordem Secular.
b)
Há muitas
pessoas que amam a Santíssima Virgem e querem levar seu escapulário.
c)
Muitos mais levam o escapulário em todo o mundo e não são carmelitas. E
é que o escapulário é um sacramental da Igreja. Quando fiz a primeira comunhão,
no dia seguinte, todos os primocomungantes recebemos o escapulário, e não
éramos carmelitas.
d)
Dá-se o caso de muitas pessoas que querem seguir uma vida de oração, uma
vida interior e tendem a buscar uma oração profunda, mas não tem vocação para a Ordem
Secular.
Então, o que é que identifica uma pessoa com a
vocação à Ordem Secular dos Carmelitas Teresianos? Minha resposta é: O
compromisso com a Ordem. Esse compromisso é precisamente o que
distingue o carmelita secular de outras pessoas que tem muito interesse
espiritual pela Santíssima Virgem, o escapulário, a oração. Os que têm vocação
de carmelitas são aqueles que desejam FORMAR PARTE (formar = formação) DA ORDEM[4].
Ontem,
uma de vocês me recordava o que disse no Congresso de Pamplona, e, que por
outra parte vou dizendo em todo o mundo: “Tenho para vocês duas notícias, uma
boa e outra nem tanto. A boa é que vocês são carmelitas, membros da Ordem. Mas
a outra notícia que não é tão boa é que ser carmelita não é privilégio; é uma
responsabilidade”.
Certo.
Trata-se de uma responsabilidade. Vocês fazem um compromisso com a Ordem. Por
este compromisso assumem a responsabilidade de corresponder às exigências de serem
carmelitas. Vocês com o compromisso – seja qual for a fórmula que se adota:
promessa temporária ou definitiva, votos ou outra fórmula – tem que abrir-se à formação
que quer e lhes pede a Ordem. Não necessariamente a “informação”.
Desejo
ler alguns pontos da Ratio e do que
disse frei Luis Aróstegui no documento Assistência
Pastoral. Trata-se de entender o que quer dizer-nos a Igreja em seus
documentos quando usam a palavra
formação[5].
A COMUNIDADE NO PROCESSO DE “FORMAÇÃO”
Quero falar do lugar que desempenha a comunidade no
processo de formação. Sigo alguns números da Ratio, do 24 ao 29. Estes seis números falam do papel que
representa a comunidade no processo de “formação”.
24. A comunidade
secular do Carmelo é uma associação de fiéis de Cristo, inspirada pelo ideal da
Igreja Primitiva onde “tinham um só coração e uma só alma” (At. 4,32). Seus
membros são animados pela espiritualidade do Carmelo Descalço.
25. A comunidade
secular expressa o mistério da Igreja-Comunhão. E de fato, ele provém da
comunhão entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, de quem ela se alimenta. Ela
toma parte na missão da Igreja, missão de convidar a todos para comunhão entre
o Pai, o Filho e o Espírito Santo (LG 1,19).
Por isso eu prefiro a palavra “comunidade” à
palavra fraternidade. A Igreja universal tem certeza na comunidade/comunhão, mas
não na fraternidade.
26. A vida
fraterna, inicialmente, se inspira na regra “primitiva” dos Irmãos da Bem
Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo dada por Santo Alberto, patriarca de
Jerusalém e confirmada por Inocêncio IV. Fieis aos ensinamentos de Nossa Santa
Madre Teresa, os membros são conscientes de que seu compromisso não pode ser
levado sozinho; a sua vida fraterna é um lugar privilegiado onde eles se
aprofundam, se formam e amadurecem.
27. É Cristo, em
seu mistério pascal, o modelo e sustentáculo da vida fraterna. Esta vida
fraterna constitui um modo evangélico de conversão que requer a ousadia de
renunciar a si mesmo para acolher e integrar o outro dentro da comunidade. Esta
renúncia torna-se um modo de vida para viver como Jesus viveu.
28. "Por causa
desta identidade da comunidade Ordem Secular Carmelitana, ela é o lugar
apropriado para a formação do candidato que busca a admissão. A comunidade deve
oferecer um bom exemplo de como vive um Carmelita Secular, mesmo se o ideal...
(Para entrar na comunidade perfeita há que esperar
a morte. É a vida eterna a comunidade perfeita. Todas as comunidades que
existem sobre esta terra são imperfeitas. A comunidade perfeita não existe,
somente na vida eterna)
Somente como
exceção, e em circunstâncias extraordinárias, pode um candidato ingressar na
Ordem como membro isolado. A comunidade
da Ordem Secular como um todo, e cada um de seus membros, tem responsabilidade
formativa, a ser concretizada: na maneira determinada, em cooperação com o
responsável pela formação e com o Conselho.
29. O Conselho da
Comunidade tomará cuidado especial ao eleger seculares acertados para a equipe
de formação, pessoas de oração e cultura, com mente aberta e ansiosos por
partilhar sua experiência carmelitana com os candidatos...
Experiência carmelitana, não simples e só conhecimento da espiritualidade,
das obras... Experiência carmelitana.
Nomeados os
formadores e estando todos - os melhor qualificados, por númerosos que sejam
- em sintonia em seus objetivos e
métodos será mais bem-sucedida a educação dos candidatos. Um papel formativo
importante na comunidade é exercido pelos membros mais velhos, os enfermos ou
aqueles que estão de alguma forma incapacitados, os quais, em seu contato
regular com os candidatos, devem ser um muito bom exemplo por sua experiência.
Estamos falando, em consequência, da comunidade
como “lugar” de formação; não tenho falado de programa de informação. É certo
que uma boa formação depende de uma boa informação, mas a formação, afinal, não
se reduz a só informação. Um pode dominar toda a informação que queira e não
haver chegado a formar parte da comunidade.
Frequentemente, recebo perguntas, de um bravo, bom
e excelente presidente e me põe a seguinte questão: Pode seguir adiante um
membro da comunidade, quer dizer, passar ao seguinte período de formação, pois
já tem conhecimentos de sobra da espiritualidade carmelitana? Não vamos
acelerar os passos, respondo, porque o propósito dos seis anos de formação é
incorporar progressiva e paulatinamente as pessoas na comunidade de pessoas.
Não se trata unicamente de dominar matérias e conteúdos. É saber como viver a
espiritualidade. São conceitos diversos formação e informação, como
tenho tentado deixar claro.
Reflexão - EMAÚS –
ACOMPANHAMENTO EDUCATIVO
“13.Eis que
dois deles viajavam nesse mesmo dia para um povoado chamado Emaús, a sessenta
estádios de Jerusalém;14.e conversavam sobre todos esses acontecimentos.15.Ora,
enquanto conversavam e discutiam entre si, o próprio Jesus aproximou-se e
pôs-se a caminhar com eles;16.seus olhos, porém, estavam impedidos de
reconhecê-lo.17.Ele lhes disse: "Que palavras são essas que trocais
enquanto ides caminhando?" E eles pararam, com o rosto sombrio.18.Um
deles, chamado Cléofas, lhe perguntou: "Tu és o único forasteiro em
Jerusalém que ignora os fatos que nela aconteceram nestes dias?"
—19."Quais?", disse-lhes ele. Responderam: "O que aconteceu a
Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obra e em palavra, diante de
Deus e diante de todo o povo:20.nossos chefes dos sacerdotes e nossos chefes o
entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.21.Nós esperávamos que
fosse ele quem iria redimir Israel; mas, com tudo isso, faz três dias que todas
essas coisas aconteceram!22.É verdade que algumas mulheres, que são dos nossos,
nos assustaram. Tendo ido muito cedo ao túmulo23.e não tendo encontrado o
corpo, voltaram dizendo que tinham tido uma visão de anjos a declararem que ele
está vivo.24.Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas tais
como as mulheres haviam dito; mas não o viram!"25.Ele, então, lhes disse:
"Insensatos e lentos de coração para crer tudo o que os profetas
anunciaram!26.Não era preciso que o Cristo sofresse tudo isso e entrasse em sua
glória?"27.E, começando por Moisés e por todos os Profetas,
interpretou-lhes em todas as Escrituras o que a ele dizia
respeito.28.Aproximando-se do povoado para onde iam, Jesus simulou que ia mais
adiante.29.Eles, porém, insistiram, dizendo: "Permanece conosco, pois cai
a tarde e o dia já declina". Entrou então para ficar com eles. 30.E,
uma vez à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, depois partiu-o e
distribuiu-o a eles. 31.Então seus olhos se abriram e o reconheceram; ele,
porém, ficou invisível diante deles. 32.E disseram um ao outro: "Não
ardia o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, quando nos explicava
as Escrituras?"33.Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para
Jerusalém. Acharam aí reunidos os Onze e seus companheiros;”
Biblia de Jesrusalem Lucas 24,13-33
Biblia de Jesrusalem Lucas 24,13-33
- O Viandante que se aproxima e
caminha com os discípulos para propor-lhes esperança e vida;
- é necessário um relacionamento
interpessoal projetado para frente, que dê sentido e plenitude;
- fazer-se companheiro de caminho;
- o Modelo de Jesus, Viandante, que
retorna aos discípulos no momento da tristeza, caminha com eles, fala-lhes até
que sua Palavra faça arder seu coração... até o ponto de ser convidado:
“Permanece conosco”...
- Jesus não quer entrar, mas entra
porque foi convidado: ele quer que sua presença seja desejada.. ; é modelo para
o educador que deve fazer-se amar, que pode educar somente quando ama; é um
amor que preenche as tensões do principiante com palavras, mas sobretudo com
gestos, capazes de dizer que o fim de toda obra educativa é o de conduzir ao
amor, como dizia S. Agostinho: “Não existe convite maior ao amor, do que amar
por primeiro”.
-reconhecem-No no repetir o gesto de
partir o Pão...
-é uma educação que fala ao
coração... não pode ser somente verbal, mas necessita de gestos prenhes de
significado e de paixão, capazes de comunicar ao outro a vida...
- quando Jesus desaparece, os
discípulos fazem-se perguntas e decidem voltar a Jerusalém... a educação
autêntica não faz dependentes do mestre, mas os torna capazes de caminharem
sós, mesmo no escuro da noite;
- é uma educação que forma para viver
e contagiar a liberdade...
- Emaús revela-nos o momento da
companhia, da memória e da profecia; é uma estrutura exemplar de cada um dos
processos educativos...
(Bruno Forte, Una teologia per La vita, (Brescia: La Scuola ed.
2011) 123ss.)
É importante que o estilo e toda a comunidade se torne
formativa... os conteúdos são importantes, mas a vida é mais! E deve-se formar
para a vida...( Frei Alzinir)
Bibliografia: Constituições,
a Ratio e Acompanhamento pastoral da OCDS
Apresentação no Congresso Regional: Rose Piotto, ocds
[1] Palestra proferida em Ávila.
[2] Frei Aloysius foi delegado geral para
a OCDS.
[3] As palavras em negrito significam que
frei Aloysius frisou com insistência sobre elas.
[4] Sublinhou de maneira especial e
particular este jogo de palavras. Enfatizou o “formar parte da Ordem”, por um
lado; por outro o binômio: formar = formação.
[5] Há pessoas que dizem conhecer a
espiritualidade teresiana porque leram Santa Teresa, São João da Cruz e
adicionam que podem citar de memória exaustiva seus textos. Então concluem que
tem vocação de carmelita secular. [O texto é original de Frei Aloysius; parece
ilustrativo. Ao colocá-lo na nota de roda pé foi opção do transcritor].
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