Obviamente uma ajuda imprescindível será ter diante uma boa cronologia da santa, para partir de uma ideia básica do contexto no que se escreve cada carta: idade e momento do seu processo espiritual, residência e atividade principal, obras literárias que tem entre mãos (se as houver) … Mas passemos às pistas propriamente ditas:
Que diz Teresa de si mesma? Fixamo-nos no que diz explicitamente e também no que se pode captar de forma implícita: características da sua personalidade que vão aparecendo.
1.
Que
diz do contexto e da realidade? Identificamos temas, preocupações, decisões,
critérios, conselhos…
Que diz de Deus, da vida espiritual? Também de forma explícita ou de forma implícita.
Claro é sempre importante reparar nas dúvidas e dificuldades ou nas questões que nos tenham surpreendido positivamente, para as retomar e aprofundar, consultar, comentar, partilhar…
Que diz de Deus, da vida espiritual? Também de forma explícita ou de forma implícita.
Claro é sempre importante reparar nas dúvidas e dificuldades ou nas questões que nos tenham surpreendido positivamente, para as retomar e aprofundar, consultar, comentar, partilhar…
2. Evidentemente, se se tem
atenção a estas pistas e, sobretudo, se se for tomando notas precisas, o
trabalho deste curso dará lugar a um índice de grandes temas teresianos:
relações familiares e afetivas, questões económicas e organizativas, critérios
de discernimento vocacional, chaves de acompanhamento espiritual… Naturalmente,
e como vem sendo habitual em todos estes anos de preparação para o V Centenário
do Nascimento de Santa Teresa, confiamos em que o trabalho pessoal (com cada
ficha) culmine e se enriqueça com encontros e reflexões em comum.
3. Primeiras impressões
Em geral: Que pensais que vos pode trazer a leitura e o trabalho sobre as cartas?
Um exercício de imaginação: se não conhecesses nada de Teresa de Jesus, e se o primeiro contacto com ela fosse através destas cartas que acabas de trabalhar, como descreverias esta mulher? Que dirias dela?
Para refletir, orar… depois da leitura dos textos
Em geral: Que pensais que vos pode trazer a leitura e o trabalho sobre as cartas?
Um exercício de imaginação: se não conhecesses nada de Teresa de Jesus, e se o primeiro contacto com ela fosse através destas cartas que acabas de trabalhar, como descreverias esta mulher? Que dirias dela?
Para refletir, orar… depois da leitura dos textos
4. Cita-se só com a data da
carta, salvo se houver outras com a mesma data no epistolário teresiano; casos
em que se acrescenta o destinatário. Os números depois das datas e entre
parêntesis indicam os parágrafos concretos da carta a que nos referimos,
segunda a edição do Monte Carmelo (se levam uma letra unida: a = em cima, m =
meio, e f = fim do parágrafo) de que estão tiradas as 40 selecionadas para este
curso pela Comissão do Centenário.
5. As questões que se
colocam nesta secção, como em anos anteriores, não pretendem esgotar a reflexão
nem a açambarcar, mas sugerir possibilidades, de modo a que cada pessoa ou
grupo utilize só as que lhe sejam úteis. Como se recordará de outros cursos, em
cada número se convida a reparar no tema ou paradoxo proposto (se se está de
acordo, justificá-lo…), rever a própria vida e a da comunidade e contexto
(tem-se em conta, como o aplicar ou concretizar…), orá-lo pessoalmente
(agradecer, suplicar, interceder, contemplar…) e em grupo… Portanto, não
repetiremos estas pistas ao final de cada número; baste para isso este
recordatório inicial.
6. Algo pouco surpreendente e que salta à vista –
pelas datas e destinatários das suas cartas em geral e pelo conteúdo das
primeiras que lemos em particular – é a vinculação destas à sua tarefa como
fundadora. No entanto, sim que resulta surpreendente e deve dar que pensar,
rezar, partilhar… a muita relação com a sua família biológica, sobretudo se
recordamos as restrições com respeito a isso que ela mesma decide (cf. CV 8-9,
Const. V 6-7, etc.). Atenção pois, nestas primeiras cartas, à intensidade
afetiva com os seus familiares e incluso as preocupações e implicações
económicas com eles.
7. Entre as primeiras expressões que pudemos ler,
algumas parecem muito ‘providencialistas’, por exemplo, acerca da oportunidade
de certas esmolas [23.12.1561 (1f.3m)] ou a oração de intercessão e o valor das
relíquias e certos sacrifícios [23.12.1561 (12.13m), 17.1.1570 (14f.17)]. No
entanto e ao mesmo tempo, encontramos Teresa muito ativa e astuta: 23.12.1561
(3m.4.15f: grande ‘indireta’ ao seu irmão!), ao rei D. Filipe II 19.7.1575…
8. Outro desses paradoxos
do Senhor: a santa sabe-se inspirada divinamente como fundadora e formadora
(escritora): 23.12.1561 (2a), a D. Teotónio 22.7.1579 (1). Mas só depois de o
contrastar e muito com letrados: 23.12.1561 (2a), 17.1.1570 (11m), maio 1575. E
nós: cremos possível o primeiro? Usamos o segundo?
9. As primeiras notícias
que encontramos acerca da finalidade da sua fundação incluem a oração, mas
parecem destacar mais o rigor físico [23.12.1561 (2m)]. Que pensar então da
atenção que dá ao cuidado com a saúde? “Enfim, ainda que pobre e pequena [a
casa-convento], mas com lindas vistas e campo” [23.12.1561 (3f)], cf. E ainda:
23.12.1561 (3f), 17.1.1570 (4), 4.2.1572 (1), a Mª de S. José 16.6.1581
10. A propósito de saúde, em 17.1.1570 (4)
encontramos uma clara confirmação da experiência que canta no poema-lema do
Centenário Vuestra soy, para Vos nací / ¿qué mandáis hacer de mí?: “Dadme muerte,
dadme vida / dad salud o enfermedad / honra o deshonra me dad (…) que a todo
digo que sí / ¿qué mandáis hacer de mí?”
11. Já sabemos que a inspiração divina do projeto
teresiano não exclui, mas exige os seus cuidados organizativos (cf. acima as
citações finais da questão 2), sobretudo, segundo estas primeiras cartas lidas,
os de tipo económico: 17.1.1570 (5.11-12.18f). Portanto, parece que viver
pobre, austeramente, é oposto a improvisar; requere um constante discernimento,
como por exemplo no caso de receber candidatas com dote ou sem ele: 17.1.1570
(17-18).
12. Interessantes critérios vocacionais se podem
extrair dos seus comentários sobre a sua prima Ana Cepeda e, ainda que bastante
menos, sobre a sua sobrinha Magdalena de Guzmán: 17.1.1570 (9.10f)
13. Também desde estes
começos fica indicada já a finalidade evangelizadora e missionária da sua
reforma: 17.1.1570 (13).
14. No que diz respeito à
vida espiritual, as suas cartas ao seu irmão Lorenzo vão-nos ensinar muito e,
de facto, terão uma ficha própria. De momento fica claro que, ainda que haja
uma possível alusão a fenómenos extraordinários [23.12.1561 (2a)], Deus,
ordinariamente, atua através de mediações normais, sobretudo pessoas: o seu
irmão Lorenzo a quem não se cansa de agradecer as esmolas a si e a tantos; ela
própria (já notámos nas suas inspirações e cuidados organizativos); Guiomar de
Ulloa (ibid. 3a); António Morán (ibid. 6) … Portanto, a vida espiritual tem a
ver com essa generosidade com os próprios bens e energias, e não é compatível
com uma forma ‘instalada’ de viver conforme aos critérios e costumes do
“mundo”: 23.12.1561 (5), 17.1.1570 (1.13).
15. A vida espiritual não é
questão de técnicas ou estratégias: la santa aponta, ainda que nestas cartas
muito de passagem, a uma relação interpessoal (servir a alguém) e, sobretudo,
destaca o seu carácter dinâmico, de processo, uma luta constante, que pede ir
crescendo “cada dia pelo menos um pouquinho”: 23.12.1561 (5). Também destaca
que esta relação e processo tem de ser cuidado e educado desde crianças:
17.1.1570 (8).
16. Nesta forma de tratar e
animar a vida espiritual, há um evidente protagonismo do que o céu significa
(cf. “a verdade de quando menina”: Vida 3,5 e a ficha correspondente):
23.12.1561 (5), 17.1.1570 (6). Sem que isso contradiga a importância do
compromisso com a terra; mais ainda, quanto mais graças e autoridade se tem,
maior tem de ser este compromisso como mostra o seu próprio caso (cf. Acima
questões 1, 2, 6 e 9) ou as suas ‘exortações’ ao rei [19.7.1575 (4f)] e a D.
Teotónio [22.7.1579 (6)].
17. Nestas primeiras cartas é óbvio que sobressaem
duas grandes paixões e preocupações: as suas famílias, a biológica e a
religiosa. Não obstante também diz aqui “esses índios não me custam pouco”
[17.1.1570 (13)], e além disso encontramos uma apaixonada carta dedicada a
mediar a paz entre Espanha e Portugal, a paz entre os cristãos [a D. Teotónio
22.7.1579 (3-7)].
18.
Ainda que talvez nem todos tenhamos fácil
acesso à carta ‘complementar’ de setembro de 1568, merece a pena notar como
nela, junto ao carácter carinhoso e cheio de detalhes da santa (de sobra
provado no resto das cartas lidas), se põe de manifesto e ela mesma o confessa
o seu carácter forte: “eu que sou a própria ocasião, que me aborreci com ele
[João da Cruz] às vezes.” (2) Conheces casos em que a santidade e este tipo de
carácter estejam unidos? Parece-te possível? Como se explica? …
DO BLOG teresadejesus.carmelitas.pt/
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