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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Carmelo secular, uma vocação específica na vida da Igreja




A  SERVIÇO DO PROJETO DE DEUS(conf.const.ocds n. IV)




Constituições ocds -IV-A SERVIÇO DO PROJETO DE DEUS
25. “Os fiéis leigos, precisamente por serem membros da Igreja, têm por vocação e por missão anunciar o evangelho: para essa obra foram habilitados e nela empenhados pelos sacramentos da iniciação cristã e pelos dons do Espírito Santo”[21]. A espiritualidade do Carmelo desperta no Secular o desejo de um compromisso apostólico maior, ao dar-se conta de tudo o que implica sua chamada à Ordem. Consciente da necessidade que tem o mundo do testemunho da presença de Deus[22], responde ao convite que a Igreja dirige a todas as associações de fiéis seguidores de Cristo, comprometendo-os com a sociedade humana por meio de uma participação ativa nas metas apostólicas de sua missão no marco do próprio carisma. Como fruto desta participação na evangelização o Secular compartilha um renovado gosto pela oração, a contemplação, a vida litúrgica e sacramental.
26. A vocação da Ordem Secular é verdadeiramente eclesial. A oração e o apostolado, quando são verdadeiros, são inseparáveis. A observação de Santa Teresa de que o propósito da oração é “o nascimento de boas obras”[23] recorda à Ordem Secular que as graças recebidas sempre devem ter um efeito em quem as recebe[24]. Individualmente ou como comunidade e sobretudo como membros da Igreja, a atividade apostólica é fruto da oração. Onde seja possível e em colaboração com os superiores religiosos e com a devida autorização dos encarregados, as comunidades participam do apostolado da Ordem.
27. Cada um procure ser uma testemunha viva da presença de Deus e se torne responsável pela necessidade de ajudar a Igreja de uma maneira concreta em sua missão evangelizadora. Por esta razão, cada um tem um apostolado, seja em colaboração com outros na comunidade, seja individualmente.
28. Em seu compromisso apostólico levará a riqueza de sua espiritualidade com os matizes que confere a todos os campos da evangelização: missões, paróquias, casas de oração, Institutos de espiritualidade, grupos de oração, pastoral da espiritualidade. Com seu aporte peculiar como leigos carmelitas, poderão oferecer ao Carmelo Teresiano impulsos renovados para “encontrar válidas indicações para novos dinamismos apostólicos”[25], com fidelidade criativa a sua missão na Igreja. As diferentes atividades apostólicas da Ordem Secular serão detalhadas e avaliadas nos Estatutos particulares para os diferentes ambientes geográficos[26].

O ponto de partida para esta colocação é responder às perguntas:

1- Quais são os princípios que se usa para discernir a vocação à Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares?
2- Quem é chamado a ser um Carmelita Secular e, como se  distingue entre os que são chamados e os que não são chamados?

Ser membro da Ordem é uma vocação, e uma vocação que precisa, para o bem de todos, ser claramente identificada. De outro modo, a Ordem – sejam os frades, ou as monjas, ou os seculares – se  desvia de seu caminho, confunde sua identidade.

Então, o que é que identifica uma pessoa com a vocação à Ordem Secular dos Carmelitas Teresianos?
A resposta é: O compromisso com a Ordem. Esse compromisso é precisamente o que distingue o Carmelita Secular de outras pessoas que tem muito interesse espiritual pela Santíssima Virgem, o escapulário, a oração. Os que têm vocação de carmelitas são aqueles que desejam FORMAR PARTE (formar =  formação) DA ORDEM.
(Sublinho de maneira especial e particular este jogo de palavras e Enfatizo “formar parte da Ordem” e  formar - formação.) Conforme nossas constituições n. 17
“ Os Carmelitas Seculares, em união com os Frades e as Monjas, são filhos e filhas da Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo e de Santa Teresa de Jesus. Portanto, compartilham com os religiosos o mesmo carisma, vivendo-o cada um segundo seu próprio estado de vida. É uma só família com os mesmos bens espirituais, a mesma vocação à santidade (cf. Ef 1,4; 1Pd 1,15) e a mesma missão apostólica. Os Seculares trazem para a Ordem a riqueza própria de sua secularidade[2]”  (constituições  OCDS, cap. I)
Perceber a vocação
Ser carmelita não é privilégio; é uma responsabilidade”.
Conf. Constituições I,6-9
“7. A origem do Carmelo Descalço está na pessoa de Santa Teresa de Jesus. Ela viveu uma profunda fé na misericórdia de Deus[10], que a fortaleceu para perseverar[11] na oração, humildade, amor fraterno e amor pela Igreja, levando-a à graça do matrimônio espiritual. Sua abnegação evangélica, sua disposição ao serviço e sua constância na prática das virtudes são um guia cotidiano para viver a vida espiritual[12]. Seus ensinamentos sobre a oração e a vida espiritual são essenciais para a formação e a vida da Ordem Secular.
8. São João da Cruz foi o companheiro de Santa Teresa na formação do Carmelo Descalço. Ele inspira o Secular a ser vigilante na prática da fé, da esperança e do amor. Ele o guia através da noite escura à união com Deus. Nesta união com Deus, o Secular encontra a verdadeira liberdade dos filhos de Deus[13].
9. Levando em conta as origens do Carmelo e o carisma teresiano, os elementos primordiais da vocação dos leigos carmelitas teresianos podem ser assim sintetizados:
·         viver em obséquio de Jesus Cristo, apoiando-se na imitação e no patrocínio da Santíssima Virgem, cuja forma de vida constitui, para o Carmelo, um modelo de configuração com Cristo;
·         buscar a “misteriosa união com Deus” pelo caminho da contemplação e da atividade apostólica, indissoluvelmente irmanadas, a serviço da Igreja;
·         dar uma importância particular à oração que, alimentada com a escuta da Palavra de Deus e a liturgia, possa conduzir ao trato de amizade com Deus, não só quando se ora, mas também quando se vive. Comprometer-se nesta vida de oração exige nutrir-se da fé, da esperança e, sobretudo, da caridade, para viver na presença e no mistério do Deus vivo[14];
·         impregnar de zelo apostólico a oração e a vida em um clima de comunidade humana e cristã;
·         viver a abnegação evangélica a partir de uma perspectiva teologal;
·         dar importância, no compromisso evangelizador, à pastoral da espiritualidade como a colaboração peculiar da Ordem Secular, fiel à sua identidade carmelitano-teresiana.”

E sendo uma RESPONSABILIDADE fazemos  um compromisso com a Ordem. Por este compromisso assumimos a responsabilidade de corresponder às exigências de sermos carmelitas. O compromisso – seja qual for a fórmula que se adota: promessa temporária ou definitiva, votos ou outra fórmula – tem que abrir-se à formação que quer e lhes pede a Ordem. Não necessariamente a “informação”.
Um  membro da Ordem Secular de Nossa Senhora do Monte Carmelo e Santa Teresa de Jesus então é :
 1- um membro praticante da Igreja Católica
 2- que,  sob a proteção de Nossa Senhora do Monte   Carmelo  
 3-  inspirado por Santa Teresa de Jesus e por São João  da Cruz
 4-  se compromete com a Ordem  
 5 - buscar o rosto de Deus,
 6 -  para o bem da Igreja e do mundo
.
(Elementos para o discernimento da vocação à Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares, Pe. Aloysius Deeney, OCD)

Então: O que caracteriza uma pessoa vocacionada á ocds?
A resposta é: O compromisso com a Ordem. Esse compromisso é precisamente o que distingue o carmelita secular de outras pessoas que tem muito interesse espiritual pela Santíssima Virgem, o escapulário, a oração. Os que têm vocação de carmelitas são aqueles que desejam FORMAR PARTE (formar = formação) DA ORDEM.
Por este compromisso assumimos  a responsabilidade de corresponder às exigências de sermos Carmelitas. E assim, abrimo-nos a FORMAÇÃO para sermos Carmelitas Seculares Teresianos.
A formação há de ser permanente. É como o respirar, nunca podemos deixar! É algo inseparável da comunidade em que a vocação ao Carmelo nos insere. “A caridade aumenta ao ser transmitida”. Teresa quis formar comunidades orantes. O amor de umas para com as outras, por exemplo, será a primeira condição para poder começar um caminho de oração.
A comunidade da Ordem Secular tem características e finalidades diversas: o que a une não é uma interação constante entre seus membros, mas o fato de caminhar juntos ou, melhor, na mesma direção, compartilhando objetivos e finalidades cada um na  situação concreta na qual se encontra.
Os carmelitas seculares partilham com os religiosos o mesmo carisma, vivendo cada um conforme seu próprio estado de vida.

Como se pode entender esta pertença comum à mesma Ordem?
Devemos ter plena consciência de nossa vida leiga, sem querer formar nossas comunidades para que sejamos frades ou monjas. Precisamos nos inteirar do que a Igreja quer de nós. Pois há muitos seculares que não tem plena consciência de quem eles realmente são; não buscam saber, não leem e não se formam, e nem aceitam a formação proposta pela igreja e /ou pela Ordem Secular. Para isso temos os nossos documentos nos orientando:  As constituições, a Ratio, Estatutos, Doc. Da Igreja e tantos outros. É preciso que nós carmelitas seculares  nos eduquemos  nesta dimensão para tomarmos consciência de que formamos parte de um povo que tem a mesma dignidade de filhos e filhas. Conforme nos diz nossas constituições , no proêmio: “A grande família do Carmelo Teresiano está presente no mundo sob muitas formas. Seu núcleo é a Ordem dos Carmelitas Descalços, formada pelos frades, as monjas de clausura e os Seculares. É uma só Ordem com o mesmo carisma”. Somos responsáveis e co- responsáveis da organização e missão carmelita na igreja.
Nós Carmelitas Seculares não podemos deixar que isso caia na sombra , fique esquecido. É importante recuperar o significado e seu alcance real. Somos missionários no nosso papel de leigos carmelitas, formamos parte do Carmelo missionário através do nosso trabalho dentro das paroquias, nas pastorais e nos serviços que prestamos. Através de nossa profissão, de nossas diversões, amizades, de nosso serviço pessoal e comunitário ao nosso próximo mais necessitado seja do material ou do espiritual. Santa Teresa já dizia que o resultado de nossa oração eram os frutos das nossas obras.
CUIDAR DA VOCAÇÃO É ESTAR EM CONSTANTE FORMAÇÃO
“O objetivo central do processo de formação na Ordem Secular, é a preparação da pessoa para viver o carisma e a espiritualidade do Carmelo em seu seguimento de Cristo, a serviço da missão.”     (Constituição ocds.32)
A formação eclesial missionaria , em geral, não tira os leigos carmelitas da realidade em que vivem; mas sim os ajuda a penetrar nela profundamente, a ler a vida diária com os olhos do Espírito e a contar a todos o que tem visto e ouvido com o colorido especial dos próprios dons. Encarnados na realidade, revivem o mistério da encarnação e do envio missionario de Jesus, são um testemunhas  de alegria no meio do mundo., inseridos plenamente nas realidades cotidianas são o sal e a luz, presença alentadora no caminho de muitos. Em cada ser humano que passa ao seu lado, os leigos carmelitas veem a Jesus que pode ser olhado, que grita marginalizado para que alguém o escute, que espera ser acompanhado para a vida. Nos leigos carmelitas, Jesus se faz próximo e amigo dos homens e mulheres, cuida da vida, alimenta a esperança.
Quando os leigos carmelitas descobrem a Jesus como um tesouro e escolhem viver “em obsequio de Jesus Cristo”  não podem calar esta experiência e querem, como a Madre Teresa, dar vozes nos cruzamentos dos caminhos para que todos conheçam o amor entranhável de Deus. A oração se converte assim, neles, em uma reação espontânea ao amor de Deus, em “um trato de amizade com quem sabemos nos ama” (V 8,5); a missão passa a ser um experiência de gratuidade por ter recebido tudo de graça.
“É necessário que desde o tempo de formação inicial se ajude a conhecer e compreender o mundo em que vivemos, suas esperanças, suas aspirações e o o lado dramático que com freqüência lhe caracteriza” (GS 4)

O que define a qualidade espiritual dos leigos do Carmelo Teresiano é seu compromisso com o Reino de Deus que traz Jesus.
PORTANTO:
 Os leigos do Carmelo Teresiano tem um lugar, uma tarefa e uma palavra na família do Carmelo. Se eles não disserem sua palavra, o Carmelo ficará um pouco as escuras. É hora de superar antigos esquemas clericais, que marcam distancias entre os que são membros de uma mesma família e cavam valetas que separam aos que compartilham o mesmo carisma.
O  carmelita Secular  é uma pessoa que busca a santidade (a plenitude de sua vocação batismal) e coloca toda sua vida ao serviço de Cristo e do Evangelho através do apostolado, sem modificar seu modo de estar no mundo. (Pedro Tomás Navajas, a formação eclesial do carmelita secular )
O único modo correto de compreender o nosso lugar e nosso papel como Carmelitas Seculares é buscar uma formação consciente e participativa, integrada com a Ordem OCD, província OCDS, e a Igreja...
Só quando os leigos do Carmelo se descalçam diante do mundo, entendido como terreno santo que Deus está continuamente criando e recriando, podem apresentar-se no meio dele como a boa noticia do Deus que só sabe amar. (Pedro Tomás Navajas, a formação eclesial do carmelita secular )
Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho! (1Cor 9,16). Para a Nova Evangelização é necessário o protagonismo de um leigo carmelita, bem formado, com experiência de Deus, com estruturas menos complicadas para viver a comunhão e a missão. Onde acontece isso, surge a esperança.
O seguimento de Jesus, exige viver com radicalidade evangélica. A resposta de Santa Teresa é: “Juntos andemos, Senhor”. Qual será a nossa resposta hoje ao convite de Jesus:  “Vão vocês também até a minha vinha” (Mt 20,4).?  O mundo é a vinha do Senhor ( assim fala na “Christifideles Laici”, a carta magna dos leigos na igreja) desde onde Deus chama a todos seus fieis, ordenados ou leigos, a trabalhar, a gerar novas formas de vida, novas experiências de convivência, novas mentalidades e estruturas de relação entre as pessoas, as culturas, os povos e as nações.

Que grande e maravilhosa é a missão do Carmelita Secular!
Fazer que a realidade da vida de cada dia
( amizade, trabalho, ação política...o dia a dia )
se revele como espaço em que o Reino de Deus já vem , de fato chegou e está entre nós.

QUESTIONAMENTOS:
Cada Carmelita Secular pessoalmente e Cada comunidade tem que responder, como comunidade, a esta pergunta: O que posso fazer / O Que podemos fazer para compartilhar com outros (pessoas de boa vontade, cristãos, católicos, carmelitas...ou não) o que temos recebido por pertencer ao Carmelo?
Rose Lemos Piotto, ocds, comunidade Santa Teresinha do Menino Jesus
Passos-MG                                                                                         

Bibliografia:     Pedro Tomás Navajas, carmelita teresiano a formação eclesial do carmelita secular /Constituições ocds/Ratio ocds/Elementos para o discernimento da vocação à Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares, Pe. Aloysius Deeney, OCD/Frei Alzinir Debastiani OCD, Delegado Geral para a ocds

Um comentário:

  1. Boa noite Rose. Acabo de ler tua postagem. Há muito ando vivendo um caminhar comigo. E Deus tem me cuidado. Entrei para as Carmelitas Seculares pouco tempo. E o que li me mostra bem definido o que procuro hoje e sempre, até o fim de minha vida , se assim Deus o quiser e me abençoar para tal.

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