Livia, ocds- Comunidade Nossa Senhora do Carmo-RJ
Ano Litúrgico
Estamos iniciando o Ano Litúrgico A. Os Anos
Litúrgicos são três:
Ano A: o Evangelho nas Missas segue o
Evangelho de São Mateus;
Ano B: o Evangelho nas Missas segue o
Evangelho de São Marcos;
Ano C: o Evangelho nas Missas segue o
Evangelho de São Lucas.
O Advento (que significa „chegada‟, „vinda‟)
é o Tempo que inicia o Ano Litúrgico.
O Ano Litúrgico compreende dois tempos
fortes: o ciclo Pascal, tendo como centro o Tríduo Pascal, a Quaresma como
preparação e o Tempo Pascal como prolongamento; o Ciclo do Natal, com sua
preparação no Advento e o seu prolongamento até a Festa do Batismo do Senhor.
Além destes dois, tempos o Tempo Comum, que começa no dia seguinte à celebração
da festa do Batismo do Senhor e se estende até a terça-feira antes da Quaresma,
inclusive. Recomeça na segunda-feira depois do Domingo de Pentecostes e termina
antes das Primeiras Vésperas do 1º Domingo do Advento.
Advento
O Advento começa exatamente quatro domingos
antes do Natal (por isso sua data de início muda todo ano) e vai até as
primeiras vésperas do Natal de Jesus. Nesse período, a cor litúrgica é o roxo.
Omite-se o Glória, mas canta-se o Aleluia.
O Advento pode ser dividido em dois períodos:
Do 1º Domingo do Advento até o dia 16 de
dezembro trata mais do aspecto escatológico, ou seja, a expectativa da segunda
vinda de Cristo.
De 17 de dezembro até 24 de dezembro se
orienta mais diretamente para o Natal, a 1ª vinda de Cristo.
Cada Domingo também apresenta um tema:
1º Domingo: centralizada na vinda do Senhor
ao final dos tempos. A Liturgia nos convida a estar em vela, mantendo atitude
de conversão.
2º Domingo: Convida, por meio de João
Batista, a “preparar os caminhos do Senhor”. Continuação do caminho de
conversão.
3º Domingo: Alegria Messiânica, pois já está
cada vez mais próximo o dia da vinda do Senhor. Este Domingo é chamado
“Gaudete” e nos convida a alegria, não a uma vigília triste. A cor Litúrgica é
o Rosa.
4º Domingo: Advento do Senhor ao mundo. Maria
é figura central.
Tempo do Natal
Tempo de fé, alegria e acolhimento do Filho
de Deus que se fez Homem.
A alegria do Natal se prolonga por oito dias
sucessivos, a “Oitava de Natal”.
Festas da Oitava de Natal:
26/12: 1º Mártir, São Estevão.
27/12: São João, Apóstolo e Evangelista.
28/12: Santos Inocentes Mártires.
Festa da Sagrada Família: Domingo dentro da
Oitava de Natal ou, se não tiver nenhum Domingo dentro da Oitava, celebramos
dia 30/12.
01/01: Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus.
Outras Festas do Tempo do Natal:
Solenidade da Epifania do Senhor (“Epifania”
= revelação): Mais conhecida como a festa de Reis é celebrada no dia 06/01. No
Brasil é transferida para o Domingo entre os dias 2 e 8 de janeiro. Celebra-se
a manifestação do Senhor em todas as nações, que são representadas pelos magos
que vão ao encontro do Salvador.
Festa do Batismo do Senhor: Celebrada no
Domingo depois do dia 06/01 e revela a filiação Divina de Jesus mediante a voz
descida do Céu.
Os Santos do Carmelo escrevem sobre o Natal
Romances trinitários e cristológicos de São
João da Cruz.
São João da Cruz escreveu 9 poemas sobre a
Santíssima Trindade e a encarnação do Verbo. Cito dois poemas:
Romance 8º
Então chamou-se um arcanjo
Que S. Gabriel se dizia,
Enviou-o a uma donzela
Que se chamava Maria,
De cujo consentimento
O mistério dependia;
Na qual a santa Trindade
De carne ao Verbo vestia;
E embora dos três a obra
Somente num se fazia;
Ficou o Verbo encarnado
Nas entranhas de Maria.
E o que então só tinha Pai,
Já Mãe também teria,
Embora não como outra
Que de varão concebia,
Porque das entranhas dela
Sua carne recebia;
Pelo qual Filho de Deus
E do Homem se dizia.
Romance 9º
Quando foi chegado o tempo Em que de nascer
havia, Assim como o desposado, Do seu tálamo saía Abraçado à sua esposa, Que em
seus braços a trazia; Ao qual a bendita Mãe Em um presépio poria Entre pobres
animais Que então por ali havia. Os homens davam cantares, Os anjos a melodia,
Festejando o desposório Que entre aqueles dois havia. Deus, porém, no presépio
Ali chorava e gemia; Eram jóias que a esposa Ao desposório trazia; E a Mãe se
assombrava Da troca que ali se via: O pranto do homem em Deus, E no homem a
alegria; Coisas que num e no outro Tão diferente ser soía.
Santa Elisabete da Trindade
Escreveu vários poemas sobre o Natal. Destaco
dois: o primeiro, escrito anos antes de entrar no Carmelo, e o segundo, escrito
em seu primeiro Natal no Carmelo.
P 45 A Noite de Natal (25 de dezembro de
1897)
Ó doces sinos do Carmelo,
Voai alegremente ao Céu.
Nesta noite misteriosa,
Tão pura e tão deliciosa,
Gosto de ouvir vossos carrilhões,
No silêncio tão profundo
Da noite grande e solene,
Memorável e sempre tão bela
Enquanto que vós, ó carmelitas,
Almas escolhidas, almas de elite,
Vós orais junto ao senhor
Numa santa e bem doce felicidade,
Atrás de vossa espessa grade,
Ó santas almas, pobres moças.
Eu, eu também oro ao Senhor,
Dou-Lhe meu pobre coração
Peço-Lhe por partilha
Ser humilde e pobre à Sua imagem,
De tudo deixar por Ele,
A Ele para sempre sem partilha
Amando cada vez mais cada dia,
Tê´l‟O enfim como único apoio
Sofrer com Ele o Calvário
Num pobre e santo mosteiro.
Sofrer, enfim! Sempre sofrer,
Oh, tal é meu ardente desejo!…
E diante do presépio oro
Com grande fervor,
Pedindo a Jesus Salvador
Que queira aceitar minha vida
Pela conversão dos pecadores,
Por aqueles que ultrajam Seu Coração!…
Neste pobre e frio estábulo,
Como é belo, o Menino Jesus!
Ó graça, ó prodígio, ó milagre,
Foi por mim, então, que Ele veio!
Ó doces carrilhões do Carmelo,
Voai alegremente ao Céu
Nesta noite misteriosa,
Tão pura e tão deliciosa.
P 75 Foi por mim que Ele veio (25 de dezembro
de 1901)
No frio, no humilde estábulo,
Como é lindo, o Menino Jesus!
Ó graça, ó prodígio, ó milagre.
Sim, foi por mim que Ele veio.
(...)
Este doce Cordeiro, este Pequenino,
É a eterna, a verdadeira luz,
Aquele que Reina no seio do Pai
E vem nos dizer tudo sobre Ele.
(...)
Santa Teresa Benedita da Cruz
O seguimento do Filho de Deus feito homem
Cada um de nós talvez já tenha experimentado
tal felicidade natalina. Mas, até aqui, o céu e a terra não se uniram. Também
hoje a estrela de Belém é uma estrela na noite escura. Já, no segundo dia, a
Igreja tira as vestes festivas e se reveste com a cor do sangue e, no quarto
dia, de cores enlutadas. Estêvão, o protomártir, que primeiro seguiu o Senhor
para a morte, e os santos inocentes, as criancinhas de Belém de Judá, mortas
cruelmente por mãos de algozes, estão ao redor da criança no presépio.
O que quer dizer isto? Onde está o júbilo das
potências celestes? Onde está a tranquila bem-aventurança da noite santa? Onde
está a paz na terra? “Paz na terra aos homens de boa vontade”. Mas, nem todos
têm boa vontade. Por isso, o Filho do Pai Eterno nasceu da glória celeste, pois
o mistério do mal encobriu a terra com a escuridão. Trevas cobriram a terra e
Ele veio como a luz, que iluminou as
trevas, mas as trevas não O conheceram.
Àqueles que O acolheram, Ele trouxe a luz e a paz; a paz com o Pai do céu, a
paz com todos que, com Ele, são filhos da luz e filhos do Pai do céu, e a
profunda paz do coração; mas, não a paz com os filhos das trevas. Para eles, o
Príncipe da paz não traz a paz e sim, a espada. Para eles o Senhor é a pedra de
tropeço, contra quem atacam e na qual serão destruídos. (...)
Leitura Complementar (que foi lida e
discutida durante a formação):
Livro “O presépio das crianças” (autor:
Flávio Sampaio de Paiva, Editora Quadrante).
Destaco um trecho desse livro:
"(...) A nossa realização e felicidade
mais profunda está em sermos fiéis à nossa vocação. Quando abrimos os olhos
para enxergar a nossa vocação, fica claro o sentido de toda a nossa existência.
Todas as peças da vida passam a ocupar o seu lugar, como as peças de um
mosaico: o passado e o presente, os sonhos, o trabalho, o amor, as
dificuldades, tudo fica mais claro e se harmoniza com o restante."
Bibliografia
http://www.franciscanos.org.br/?page_id=6261,
que contém algumas Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário
Romano (NALC), promulgadas por Paulo VI, em 1969.
http://www.acidigital.com/fiestas/advento/esquema.htm
Obras completas de São João da Cruz.
Obras completas de Santa Elisabete da
Trindade
Livro “Teu coração deseja mais – Reflexões
e orações”, Edith Stein, 2ª Edição, Editora Vozes
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