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segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

O ADVENTO VIVIDO COM OS SANTOS DO CARMELO

                                                Livia,  ocds- Comunidade Nossa Senhora do Carmo-RJ




Ano Litúrgico


Estamos iniciando o Ano Litúrgico A. Os Anos Litúrgicos são três:
 Ano A: o Evangelho nas Missas segue o Evangelho de São Mateus;
 Ano B: o Evangelho nas Missas segue o Evangelho de São Marcos;
 Ano C: o Evangelho nas Missas segue o Evangelho de São Lucas.

O Advento (que significa „chegada‟, „vinda‟) é o Tempo que inicia o Ano Litúrgico.
O Ano Litúrgico compreende dois tempos fortes: o ciclo Pascal, tendo como centro o Tríduo Pascal, a Quaresma como preparação e o Tempo Pascal como prolongamento; o Ciclo do Natal, com sua preparação no Advento e o seu prolongamento até a Festa do Batismo do Senhor. Além destes dois, tempos o Tempo Comum, que começa no dia seguinte à celebração da festa do Batismo do Senhor e se estende até a terça-feira antes da Quaresma, inclusive. Recomeça na segunda-feira depois do Domingo de Pentecostes e termina antes das Primeiras Vésperas do 1º Domingo do Advento.
Advento
O Advento começa exatamente quatro domingos antes do Natal (por isso sua data de início muda todo ano) e vai até as primeiras vésperas do Natal de Jesus. Nesse período, a cor litúrgica é o roxo. Omite-se o Glória, mas canta-se o Aleluia.
O Advento pode ser dividido em dois períodos:

 Do 1º Domingo do Advento até o dia 16 de dezembro trata mais do aspecto escatológico, ou seja, a expectativa da segunda vinda de Cristo.

 De 17 de dezembro até 24 de dezembro se orienta mais diretamente para o Natal, a 1ª vinda de Cristo.

Cada Domingo também apresenta um tema:
1º Domingo: centralizada na vinda do Senhor ao final dos tempos. A Liturgia nos convida a estar em vela, mantendo atitude de conversão.
2º Domingo: Convida, por meio de João Batista, a “preparar os caminhos do Senhor”. Continuação do caminho de conversão.
3º Domingo: Alegria Messiânica, pois já está cada vez mais próximo o dia da vinda do Senhor. Este Domingo é chamado “Gaudete” e nos convida a alegria, não a uma vigília triste. A cor Litúrgica é o Rosa.
4º Domingo: Advento do Senhor ao mundo. Maria é figura central.
Tempo do Natal
Tempo de fé, alegria e acolhimento do Filho de Deus que se fez Homem.
A alegria do Natal se prolonga por oito dias sucessivos, a “Oitava de Natal”.
 Festas da Oitava de Natal:

26/12: 1º Mártir, São Estevão.
27/12: São João, Apóstolo e Evangelista.
28/12: Santos Inocentes Mártires.
Festa da Sagrada Família: Domingo dentro da Oitava de Natal ou, se não tiver nenhum Domingo dentro da Oitava, celebramos dia 30/12.
01/01: Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus.
 Outras Festas do Tempo do Natal:

Solenidade da Epifania do Senhor (“Epifania” = revelação): Mais conhecida como a festa de Reis é celebrada no dia 06/01. No Brasil é transferida para o Domingo entre os dias 2 e 8 de janeiro. Celebra-se a manifestação do Senhor em todas as nações, que são representadas pelos magos que vão ao encontro do Salvador.
Festa do Batismo do Senhor: Celebrada no Domingo depois do dia 06/01 e revela a filiação Divina de Jesus mediante a voz descida do Céu.
Os Santos do Carmelo escrevem sobre o Natal
 Romances trinitários e cristológicos de São João da Cruz.

São João da Cruz escreveu 9 poemas sobre a Santíssima Trindade e a encarnação do Verbo. Cito dois poemas:
Romance 8º
Então chamou-se um arcanjo
Que S. Gabriel se dizia,
Enviou-o a uma donzela
Que se chamava Maria,
De cujo consentimento
O mistério dependia;
Na qual a santa Trindade
De carne ao Verbo vestia;
E embora dos três a obra
Somente num se fazia;
Ficou o Verbo encarnado
Nas entranhas de Maria.
E o que então só tinha Pai,
Já Mãe também teria,
Embora não como outra
Que de varão concebia,
Porque das entranhas dela
Sua carne recebia;
Pelo qual Filho de Deus
E do Homem se dizia.
Romance 9º
Quando foi chegado o tempo Em que de nascer havia, Assim como o desposado, Do seu tálamo saía Abraçado à sua esposa, Que em seus braços a trazia; Ao qual a bendita Mãe Em um presépio poria Entre pobres animais Que então por ali havia. Os homens davam cantares, Os anjos a melodia, Festejando o desposório Que entre aqueles dois havia. Deus, porém, no presépio Ali chorava e gemia; Eram jóias que a esposa Ao desposório trazia; E a Mãe se assombrava Da troca que ali se via: O pranto do homem em Deus, E no homem a alegria; Coisas que num e no outro Tão diferente ser soía.
 Santa Elisabete da Trindade

Escreveu vários poemas sobre o Natal. Destaco dois: o primeiro, escrito anos antes de entrar no Carmelo, e o segundo, escrito em seu primeiro Natal no Carmelo.
P 45 A Noite de Natal (25 de dezembro de 1897)
Ó doces sinos do Carmelo,
Voai alegremente ao Céu.
Nesta noite misteriosa,
Tão pura e tão deliciosa,
Gosto de ouvir vossos carrilhões,
No silêncio tão profundo
Da noite grande e solene,
Memorável e sempre tão bela
Enquanto que vós, ó carmelitas,
Almas escolhidas, almas de elite,
Vós orais junto ao senhor
Numa santa e bem doce felicidade,
Atrás de vossa espessa grade,
Ó santas almas, pobres moças.
Eu, eu também oro ao Senhor,
Dou-Lhe meu pobre coração
Peço-Lhe por partilha
Ser humilde e pobre à Sua imagem,
De tudo deixar por Ele,
A Ele para sempre sem partilha
Amando cada vez mais cada dia,
Tê´l‟O enfim como único apoio
Sofrer com Ele o Calvário
Num pobre e santo mosteiro.
Sofrer, enfim! Sempre sofrer,
Oh, tal é meu ardente desejo!…
E diante do presépio oro
Com grande fervor,
Pedindo a Jesus Salvador
Que queira aceitar minha vida
Pela conversão dos pecadores,
Por aqueles que ultrajam Seu Coração!…
Neste pobre e frio estábulo,
Como é belo, o Menino Jesus!
Ó graça, ó prodígio, ó milagre,
Foi por mim, então, que Ele veio!
Ó doces carrilhões do Carmelo,
Voai alegremente ao Céu
Nesta noite misteriosa,
Tão pura e tão deliciosa.
P 75 Foi por mim que Ele veio (25 de dezembro de 1901)
No frio, no humilde estábulo,
Como é lindo, o Menino Jesus!
Ó graça, ó prodígio, ó milagre.
Sim, foi por mim que Ele veio.
(...)
Este doce Cordeiro, este Pequenino,
É a eterna, a verdadeira luz,
Aquele que Reina no seio do Pai
E vem nos dizer tudo sobre Ele.
(...)
 Santa Teresa Benedita da Cruz

O seguimento do Filho de Deus feito homem
Cada um de nós talvez já tenha experimentado tal felicidade natalina. Mas, até aqui, o céu e a terra não se uniram. Também hoje a estrela de Belém é uma estrela na noite escura. Já, no segundo dia, a Igreja tira as vestes festivas e se reveste com a cor do sangue e, no quarto dia, de cores enlutadas. Estêvão, o protomártir, que primeiro seguiu o Senhor para a morte, e os santos inocentes, as criancinhas de Belém de Judá, mortas cruelmente por mãos de algozes, estão ao redor da criança no presépio.
O que quer dizer isto? Onde está o júbilo das potências celestes? Onde está a tranquila bem-aventurança da noite santa? Onde está a paz na terra? “Paz na terra aos homens de boa vontade”. Mas, nem todos têm boa vontade. Por isso, o Filho do Pai Eterno nasceu da glória celeste, pois o mistério do mal encobriu a terra com a escuridão. Trevas cobriram a terra e Ele veio como a luz, que iluminou as
trevas, mas as trevas não O conheceram. Àqueles que O acolheram, Ele trouxe a luz e a paz; a paz com o Pai do céu, a paz com todos que, com Ele, são filhos da luz e filhos do Pai do céu, e a profunda paz do coração; mas, não a paz com os filhos das trevas. Para eles, o Príncipe da paz não traz a paz e sim, a espada. Para eles o Senhor é a pedra de tropeço, contra quem atacam e na qual serão destruídos. (...)
 Leitura Complementar (que foi lida e discutida durante a formação):

Livro “O presépio das crianças” (autor: Flávio Sampaio de Paiva, Editora Quadrante).
Destaco um trecho desse livro:
"(...) A nossa realização e felicidade mais profunda está em sermos fiéis à nossa vocação. Quando abrimos os olhos para enxergar a nossa vocação, fica claro o sentido de toda a nossa existência. Todas as peças da vida passam a ocupar o seu lugar, como as peças de um mosaico: o passado e o presente, os sonhos, o trabalho, o amor, as dificuldades, tudo fica mais claro e se harmoniza com o restante."



Bibliografia
 http://www.franciscanos.org.br/?page_id=6261, que contém algumas Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário Romano (NALC), promulgadas por Paulo VI, em 1969.
 http://www.acidigital.com/fiestas/advento/esquema.htm
 Obras completas de São João da Cruz.
 Obras completas de Santa Elisabete da Trindade
 Livro “Teu coração deseja mais – Reflexões e orações”, Edith Stein, 2ª Edição, Editora Vozes


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