I
Aspirações à Vida Eterna1
Vivo sem em mim viver,
E tão alta vida espero,
Que morro de não morrer.
Já fora de mim vivi
Desde que morro de amor;
Porque vivo no Senhor,
Que me escolheu para Si.
O coração lhe rendi,
E nele quis escrever
Que morro de não morrer.
Esta divina prisão
De amor, em que sempre vivo,
Faz a Deus ser meu cativo,
E causa em mim tal paixão
Deus prisioneiro em mim ver,
Que morro de não morrer.
Ai! como é larga esta vida
E duros estes desterros!
Este cárcere, estes ferros
Em que a alma vive metida!…
Só de esperar a saída
Me faz tanto padecer,
Que morro de não morrer.
Ai! como a existência é amarga
Sem o gozo do Senhor!
Se é doce o divino amor,
Não o é a espera tão larga:
Tire-me Deus esta carga
Tão pesada de sofrer,
Que morro de não morrer.
Só vivo pela confiança
De que um dia hei de morrer;
Morrendo, o eterno viver
Tem, por seguro, a esperança.
Ó morte que a vida alcança,
Não tardes em me atender,
Que morro de não morrer.
Olha que o amor é bem forte!
Vida, não sejas molesta;
Vê: para ganhar-te resta
Só perder-te: — feliz sorte!
Venha já tão doce morte;
Venha sem mais se deter,
Que morro de não morrer.
Lá no Céu, definitiva,
É que a vida é verdadeira;
Durante esta, passageira,
Não a goza a alma cativa.
Morte, não sejas esquiva;
Mata-me, para eu viver,
Que morro de não morrer.
Ó vida, que posso eu dar
A meu Deus, que vive em mim,
A não ser perder-te, a fim
De o poder melhor gozar?
Morrendo o quero alcançar,
E não tenho outro querer;
Que morro de não morrer.
Se ausente de meu Deus ando*,
Que vida há de ser a minha
Senão morte, a mais mesquinha,
Que mais me vai torturando?
Tenho pena de mim, quando
Me vejo em tanto sofrer,
Que morro de não morrer.
Já de alívio não carece
O peixe em saindo da água,
Pois tem fim toda outra mágoa
Quando a morte se padece.
Pior que morrer parece
Meu lastimoso viver,
Que morro de não morrer.
Se me começo a aliviar
Ao ver-te no Sacramento,
Vem-me logo o sentimento
De não te poder gozar.
Tudo aumenta o meu penar,
Por tão pouco assim te ver,
Que morro de não morrer.
Quando me alegro, Senhor,
Pela esperança de ver-te,
Penso que posso perder-te,
E se dobra a minha dor:
E vivo em tanto pavor,
Sem na espera esmorecer,
Que morro de não morrer.
Oh! tira-me desta morte,
E dá-me, Deus meu, a vida;
Não me tenhas impedida
Por este laço tão forte.
Morro por ver-te, de sorte
Que sem ti não sei viver,
E morro de não morrer.
Choro a minha morte já;
E lamento a minha vida,
Enquanto presa e detida
Por meus pecados está.
Ó meu Deus, quando será
Que eu possa mesmo dizer
Que morro de não morrer?
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II
Nas Mãos de Deus
Sou vossa, sois o meu Fim:
Que mandais fazer de mim?
Soberana Majestade
E Sabedoria Eterna,
Caridade a mim tão terna,
Deus uno, suma Bondade,
Olhai que a minha ruindade,
Toda amor, vos canta assim:
Que mandais fazer de mim?
Vossa sou, pois me criastes,
Vossa, porque me remistes,
Vossa, porque me atraístes
Vossa, porque me esperastes
E me salvastes, por fim:
Que mandais fazer de mim?
Que mandais, pois, bom Senhor,
Que faça tão vil criado?
Qual o ofício que haveis dado
A este escravo pecador?
Amor doce, doce Amor,
Vede-me aqui, fraca e ruim:
Que mandais fazer de mim?
Eis aqui meu coração:
Deponho-o na vossa palma;
Minhas entranhas, minha alma,
Meu corpo, vida e afeição.
Doce Esposo e Redenção,
A vós entregar-me vim:
Que mandais fazer de mim?
Morte dai-me, dai-me vida;
Saúde ou moléstia dai-me;
Honra ou desonra mandai-me;
Dai-me paz ou guerra e lida.
Seja eu fraca ou destemida,
A tudo direi que sim:
Que mandais fazer de mim?
Dai-me riqueza ou pobreza,
Exaltação ou labéu;
Dai-me alegria ou tristeza,
Dai-me inferno ou dai-me céu;
Doce vida, sol sem véu,
Pois me rendi toda, enfim:
Que mandais fazer de mim?
Se quereis, dai-me oração;
Se não, dai-me soledade;
Abundância e devoção,
Ou míngua e esterilidade.
Soberana Majestade,
A paz só encontro assim:
Que mandais fazer de mim?
Dai-me, pois, sabedoria,
Ou, por amor, ignorância;
Anos dai-me de abundância,
Ou de fome e carestia;
Dai-me treva ou claro dia,
Vicissitudes sem fim:
Que mandais fazer de mim?
Se me quereis descansando,
Por amor o quero estar;
Se me mandais trabalhar,
Morrer quero trabalhando.
Dizei: onde? como? e quando?
Dizei, doce Amor, por fim:
Que mandais fazer de mim?
Dai-me Calvário ou Tabor;
Deserto ou terra abundante;
Seja eu como Jó na dor,
Ou João sobre o peito amante;
Seja vinha luxuriante
Ou, se quereis, vinha ruim:
Que mandais fazer de mim?
Ou José encarcerado,
Ou José Senhor do Egito;
Ou David sofrendo, aflito,
Ou David já sublimado;
Ou Jonas ao mar lançado,
Ou Jonas salvo, por fim.
Que mandais fazer de mim?
Já calada, já falando,
Traga frutos ou não traga,
Veja eu na Lei minha chaga,
Ou goze Evangelho brando;
Quer fruindo, quer penando,
Sede a minha vida, enfim!
Que mandais fazer de mim?
Pois sou vossa, e Vós meu Fim:
Que mandais fazer de mim?
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III
Sobre aquelas Palavras: “Dilectus meus mihi”1
Entreguei-me toda, e assim
Os corações se hão trocado:
Meu Amado é para mim,
E eu sou para meu Amado.
Quando o doce Caçador
Me atingiu com sua seta,
Nos meigos braços do Amor
Minh’alma aninhou-se, quieta.
E a vida em outra, seleta,
Totalmente se há trocado:
Meu Amado é para mim,
E eu sou para meu Amado.
Era aquela seta eleita
Ervada em sucos de amor,
E minha alma ficou feita
Uma com o seu Criador.
Já não quero eu outro amor,
Que a Deus me tenho entregado:
Meu Amado é para mim,
E eu sou para meu Amado.
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IV
Colóquio Amoroso
Deus meu, se o amor que me tendes
É como o amor que vos tenho,
Dizei: por que me detenho?
Ou Vós, por que vos detendes?
— Alma, que queres de mim?
— Deus meu, não mais do que ver-vos.
— E tu temes? Como assim?
— O que mais temo é perder-vos.
Uma alma em Deus escondida,
Que mais tem que desejar?
Senão sempre amar e amar,
E, no amor toda incendida,
Tornar-vos de novo a amar?
Oh! dai-me, Deus meu, carinho!
Oh! dai-me amor abrasado,
E eu farei um doce ninho
Onde for de vosso agrado.
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V
Feliz o que Ama a Deus
Ditoso o coração enamorado
Que só em Deus coloca o pensamento;
Por Ele renuncia a todo o criado,
Nele acha glória, paz, contentamento.
Vive até de si mesmo descuidado,
Pois no seu Deus traz todo o seu intento.
E assim transpõe sereno e jubiloso
As ondas deste mar tempestuoso.
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VI
Ante a Formosura de Deus
Formosura que excedeis
A todas as formosuras,
Sem ferir, que dor fazeis!
E sem magoar desfazeis
O amor pelas criaturas!
Ó Laço que assim juntais
Dois seres tão diferentes,
Por que é que vos desatais
Se, atado, em gozos trocais
As dores as mais pungentes?
Ao que não tem ser, juntais
Com quem é Ser por essência;
Sem acabar, acabais;
Sem ter o que amar, amais;
E nos ergueis da indigência.
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VII
Ais do Desterro
Sem Ti como é triste,
Meu Deus, o viver!
Com ânsias de ver-te,
Desejo morrer!
Ai! como na terra
Longa é a nossa estrada!
É duro desterro,
Penosa morada;
Leva-me daqui,
Senhor de meu ser!
Com ânsias de ver-te,
Desejo morrer!
Ai! mundo tão triste
Em que me perdi!
Pois a alma não vive
Se longe de ti.
Meu doce Tesouro,
Que amargo sofrer!
Com ânsias de ver-te,
Desejo morrer!
Ó morte benigna
Põe termo a meus males!
Só tu, com teus golpes
Tão doces, nos vales.
Que ventura, ó Amado,
Contigo viver!
Com ânsias de ver-te,
Desejo morrer!
O amor que é mundano
Se apega a esta vida;
Mas o amor divino
À outra nos convida.
Sem Ti, Deus eterno,
Quem pode viver?
Com ânsias de ver-te,
Desejo morrer!
A vida terrena
É engano bem triste;
Vida verdadeira
Só no Céu existe.
Deus meu, lá, contigo,
Oh! dá-me viver!
Com ânsias de ver-te,
Desejo morrer!
Quem é que ante a morte,
Deus meu, teme, aflito,
Se alcança por ela
Um gozo infinito?
Oh! sim o de amar-te
Sem mais te perder!
Com ânsias de ver-te,
Desejo morrer!
Ai! minha alma geme
Tristissimamente…
Quem de seu Amado
Pode estar ausente?
Acabe depressa
Tão duro sofrer!
Com ânsias de ver-te,
Desejo morrer!
O peixe colhido
No anzol fraudulento
Encontra na morte
O fim do tormento.
Ai! gemo e definho,
Bem meu, sem te ver,
Com ânsias de ver-te,
Desejo morrer!
Em vão te procuro,
Pois nunca te vejo;
Jamais alivias,
Senhor, meu desejo.
Ah! isto me inflama
E obriga a gemer:
Com ânsias de ver-te,
Desejo morrer!
Ai! quando a meu peito
Vens na Eucaristia,
Deus meu, logo temo
Perder-te algum dia;
Tal pena me aflige
E impele a dizer:
Com ânsias de ver-te,
Desejo morrer!
Põe termo a estas penas,
Senhor, e retira
Do exílio esta serva
Que por Ti suspira.
Quebrados meus ferros,
Feliz irei ser.
Com ânsias de ver-te,
Desejo morrer!
Mas justo é que eu sofra
Por tantas ofensas,
E expie meus erros
E culpas imensas.
Ai! logre meu pranto
Fazer-te entender
Que em ânsias te ver-te,
Desejo morrer!
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VIII
Buscando a Deus
Alma, buscar-te-ás em Mim,
E a Mim buscar-me-ás em ti.
De tal sorte pôde o amor,
Alma, em mim te retratar,
Que nenhum sábio pintor
Soubera com tal primor
Tua imagem estampar.
Foste por amor criada,
Bonita e formosa, e assim
Em meu coração pintada,
Se te perderes, amada,
Alma, buscar-te-ás em Mim.
Porque sei que te acharás
Em meu peito retratada,
Tão ao vivo debuxada,
Que, em te olhando, folgarás
Vendo-te tão bem pintada.
E se acaso não souberes
Em que lugar me escondi,
Não busques aqui e ali,
Mas, se me encontrar quiseres,
A Mim, buscar-me-ás em ti.
Sim, porque és meu aposento,
És minha casa e morada;
E assim chamo, no momento
Em que de teu pensamento
Encontro a porta cerrada.
Busca-me em ti, não por fora…
Para me achares ali,
Chama-me, que, a qualquer hora,
A ti virei sem demora,
E a Mim buscar-me-ás em ti.
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IX
Eficácia da Paciência
Nada te turbe,
Nada te espante,
Pois tudo passa
Só Deus não muda.
Tudo a paciência
Por fim alcança.
Quem a Deus tenha,
Nada lhe falta,
Pois só Deus basta.
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X
Para a Pátria
Vamos para o Céu tão belo,
Monjas do Carmelo!
Vamos mui mortificadas,
Humildes e desprezadas,
Sem no gozo pôr o anelo,
Monjas do Carmelo!
Eia! ao voto de obediência,
Jamais haja resistência,
Que é nosso fim, nosso anelo,
Monjas do Carmelo!
A pobreza é a estrada real
Que o Imperador celestial
Trilhou com todo o desvelo,
Monjas do Carmelo!
Nunca nos deixa de amar
Nosso Deus, nem de chamar.
Sigamos o seu apelo,
Monjas do Carmelo!
De amor está se abrasando
O que nasceu tiritando,
— Homem e Deus, num só elo —,
Monjas do Carmelo!
Vamo-nos enriquecer
Onde jamais há de haver
Pobreza ou qualquer flagelo,
Monjas do Carmelo!
Do Pai Elias no bando,
Vamo-nos contrariando,
Com sua força e seu zelo,
Monjas do Carmelo!
Duplo espírito busquemos
Como Eliseu, e neguemos
Nosso querer, com desvelo,
Monjas do Carmelo!
XI
Ao Nascimento de Jesus1
Ó pastores que velais,
A guardar vosso rebanho,
Eis que vos nasce um Cordeiro,
Filho de Deus soberano.
Vem pobre, vem desprezado,
Tratai logo de o guardar,
Porque o lobo o há de levar
Sem que o tenhamos gozado.
— Gil, dá-me aquele cajado,
Vou tê-lo nas mãos todo o ano,
Não se nos leve o Cordeiro:
Não vês que é Deus Soberano?
Sinto-me todo aturdido
De gozo e pena. E pergunto:
— Se é Deus o que hoje é nascido,
Como pode ser defunto?
É que é homem e Deus, junto;
Governa o destino humano;
Olha que o nosso Cordeiro
Filho é de Deus Soberano.
Não sei para que é que o pedem,
Pois lhe dão depois tal guerra.
— Olha, Gil, melhor será
Que se torne à sua terra…
Mas se todo o bem encerra,
E apaga o pecado humano,
Já que é nascido, padeça
Este Deus tão soberano.
Pouco te dói sua pena!
Tanto é certo que esquecemos
O que os outros por nós sofrem,
Se proveito recebemos!
Não vês que um dia o teremos
Pastor do gênero humano?
Contudo é coisa tremenda
Que morra Deus Soberano.
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XII
Ao Nascimento de Jesus
Hoje nos vem redimir
Um Zagal, nosso parente,
Gil, que é Deus Onipotente.
— Por isso nos há tirado
Da prisão de Satanás;
Mas é parente de Brás
E de Menga e de Vicente:
Porque é Deus Onipotente!
— Pois se é Deus, como é vendido
E morre crucificado?
— Não vês que mata o pecado,
Padecendo, Ele, inocente?
Gil, é Deus Onipotente!
Palavra! que o vi nascido;
E a Mãe é linda Zagala.
— Pois se é Deus, como há querido
Estar com tão pobre gente?
— Não vês que Ele é Onipotente?
Deixa-te dessas perguntas,
Tratemos já de o servir.
E pois à morte quer ir,
Morramos também, Vicente,
Pois é Deus Onipotente.
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XIII
Para a Natividade
Já Deus nos há dado
O amor: assim, pois,
Não há que temer,
Morramos os dois.
Seu Único Filho
O Pai nos envia:
Nasce hoje na lapa,
Da Virgem Maria.
O homem — que alegria!
É Deus: assim pois,
Não há que temer,
Morramos os dois.
— Olha bem, Vicente:
Que amor! e que brio!
Vem Deus, inocente,
A padecer frio;
Deixa o senhorio
Que tem; assim, pois,
Não há que temer,
Morramos os dois.
— Mas como, Pascoal,
Tem tanta franqueza,
Que veste saial,
Deixando riqueza?
Mais quer à pobreza!
Sigamo-lo pois:
Se já vem feito homem,
Morramos os dois.
Mas qual sua paga
Por tanta grandeza?
— Só grandes açoites
Com muita crueza.
— Que imensa tristeza
Teremos depois!
Ah! se isto é verdade,
Morramos os dois.
— Mas como se atrevem,
Sendo Onipotente?
— Será morto um dia
Por perversa gente.
— Se assim é, Vicente,
Furtemo-lo pois:
— Não vês que o deseja?
Morramos os dois!
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XIV
Ao Nascimento do Menino Jesus
Galego, quem chama aí fora?
— São Anjos, à luz da aurora.
— Grande rumor ouço ao longe
Que parece cantilena,
— Vamos ver, Brás, — que amanhece —
A Zagala tão serena.
— Galego, quem chama aí fora?
— São Anjos, à luz da aurora.
Será do alcaide parenta?
Ou quem é esta donzela?
— É filha do Eterno Padre
E reluz como uma estrela.
Galego, quem chama aí fora?
— São Anjos, à luz da aurora.
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XV
À Cincuncisão
Ele está sangrando,
Dominguinhos, eh!
E eu não sei por quê…
— Por que — te pergunto —
Deram tal castigo
A Deus inocente,
Se é tão nosso amigo?
— Quis ter-me consigo,
Eu não sei por quê…
Quis amar-me muito,
Dominguinhos, eh!
Mas logo em nascendo
Tem suplício tal?
— Sim, que está morrendo
Por dar fim ao mal.
Que grande Zagal
Será ele! crê!
Dominguinhos, eh!
Não vês que o coitado
É Infante inocente?
— Assim mo hão contado
Brasinho e Vicente.
Não amá-lo a gente
É vileza até!
Dominguinhos, eh!
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XVI
Outra à Circuncisão
Este Infante vem chorando;
Olha-o, Gil, que está chamando.
Veio do Céu a esta terra
Para acabar nossa guerra;
Já deu começo à peleja,
Seu sangue está derramando;
Olha-o, Gil, que está chamando.
Pois tem amor tão ardente,
Não é muito estar chorando.
Já tem brio, que é valente,
Pois um dia há de ter mando;
Olha-o, Gil, que está chamando.
Caro nos há de custar.
Pois cedo está começando
A seu sangue derramar;
Justo é ficarmos chorando!
Olha-o, Gil, que está chamando.
Antes não tivesse vindo!
Ficasse do Pai no seio!
Mas não vês, Gil, que, se veio,
É como leão bramando?
Olha-o, Gil, que está chamando.
— Pascoal, que queres comigo,
Que tanto grito estás dando?
— Que ames a esse teu amigo
Que por ti vês tiritando.
Olha-o, Gil, que está chamando.
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XVII
Na Festividade dos Santos Reis
Pois a nova estrela
É já chegada,
Aos Santos Reis siga
Minha manada.
Vamos, todos justos,
Ver nosso Messias,
Que cumpridas vemos,
Hoje, as profecias.
Pois, em nossos dias,
A estrela é chegada,
Aos Santos Reis siga
Minha manada.
Levemos presentes
De grande valor,
Pois chegam os Magos
Com tanto fervor.
Exulte de amor
Nossa grande Amada!
Aos Santos Reis siga
Minha manada.
Para ver que é Deus
Este infante, não
Procures, Vicente,
Nenhuma razão.
Dá-lhe o coração,
E a alma enamorada.
E aos Santos Reis siga
Minha manada.
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XVIII
À Cruz
Gostosa quietação da minha vida,
Sê bem-vinda, cruz querida.
Ó bandeira que amparaste
O fraco e o fizeste forte!
Ó vida da nossa morte,
Quão bem a ressuscitaste!
O Leão de Judá domaste,
Pois por ti perdeu a vida.
Sê bem-vinda, cruz querida.
Quem não te ama vive atado
E da liberdade alheio;
Quem te abraça sem receio
Não toma caminho errado.
Oh! ditoso o teu reinado,
Onde o mal não tem cabida!
Sê bem-vinda, cruz querida.
Do cativeiro do inferno,
Ó cruz, foste a liberdade;
Aos males da humanidade
Deste o remédio mais terno.
Deu-nos, por ti, Deus Eterno
Alegria sem medida.
Sê bem-vinda, cruz querida.
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XIX
O Caminho da Cruz
O consolo está, e a vida,
Só na cruz;
E ao Céu é a única senda
Que conduz.
Está na cruz o Senhor
De céus e terra,
E o gozar de muita paz
Em plena guerra.
Todos os males desterra
Do mundo, a cruz.
E ao Céu é a única senda
Que conduz.
Da cruz é que diz a Esposa
A seu Querido,
Que é a palmeira preciosa
Aonde há subido;
Cujo fruto lhe há sabido
Ao seu Jesus.
E ao Céu é a única senda
Que conduz.
A santa Cruz é oliveira
Mui preciosa,
Seu óleo nos unge e inunda
De luz radiosa;
Ó minh’alma, pressurosa,
Abraça a cruz:
Pois ao Céu é a única senda
Que conduz.
É o madeiro verdejante
E desejado
Da Esposa, que à sua sombra
Se há sentado,
A gozar de seu Amado,
O Rei Jesus.
Pois ao Céu é a única senda
Que conduz.
A alma que a Deus totalmente
Está rendida,
Bem deveras deste mundo
Já desprendida,
Árvore de gozo e vida
É a santa Cruz,
E ao Céu é o doce caminho
Que conduz.
Desde que na Cruz foi posto
O Salvador,
Só na cruz se encontra glória,
Honra e louvor;
Vida e consolo na dor
Dá-nos a cruz,
E ao Céu é a estrada segura
Que conduz.
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XX
Abraçadas à Cruz
Vamos para o Céu tão belo,
Monjas do Carmelo.
Abracemos bem a Cruz
E sigamos a Jesus,
Que é nosso caminho e luz,
Fartura do nosso anelo,
Monjas do Carmelo.
Sereis livres de cuidados,
Desconsolo e mil enfados,
Se os três votos professados
Observardes com desvelo,
Monjas do Carmelo.
O voto da obediência,
Ainda que de alta ciência,
Só o quebra a resistência:
Aparte Deus tal flagelo,
Monjas do Carmelo!
A castidade guardai,
E só a Deus desejai;
E nele vos encerrai,
Sem do mundo ouvir o apelo,
Monjas do Carmelo.
Nosso voto de pobreza,
Se guardado com pureza,
Está cheio de riqueza
E nos abre o Céu tão belo,
Monjas do Carmelo.
Fazendo assim, venceremos
Tudo, e enfim descansaremos
No Criador, que, em seus extremos,
Fez a terra e o Céu tão belo,
Monjas do Carmelo.
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XXI
A Santo André
Se quem ama sofre alegre,
E acha tal gozo na dor,
Que será ver-te, Senhor?
Que será quando nós virmos
A suprema Majestade,
Se André a Cruz avistando
Sente tal felicidade?
Oh! que não pode em verdade
Faltar deleite na dor!
Que será ver-te, Senhor?
O amor, quando já crescido,
Não pode ocioso ficar;
Nem o forte sem lutar;
Por amor de seu Querido.
Deus, de seu amor vencido,
Sempre o fará vencedor.
Que será ver-te, Senhor?
— Se todos temem a morte,
Como te é doce o morrer?
— É que vou para viver
De outra mais subida sorte.
Morrendo, ó meu Deus, tão forte
Ao fraco deste vigor.
Que será ver-te, Senhor?
Ó Cruz, madeiro precioso,
De sublime majestade,
Pois jazendo na humildade,
Tomaste a Deus por esposo!
Sem merecer tanto gozo,
Venho a ti, cheio de amor
Ao ver-te, ó Cruz do Senhor!
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XXII
A Santo Hilarião
Venceu hoje um cavaleiro
Ao mundo e seus valedores.
Voltai! voltai! pecadores!1
Sigamos este guerreiro.
Busquemos a soledade,
E não queiramos morrer
Até ganhar o viver.
Em tão subida pobreza.
Oh! como é grande a destreza
Do nosso audaz cavaleiro!
Voltai! voltai! pecadores!
Sigamos este guerreiro.
Com armas de penitência
Soube a Lúcifer vencer;
Combateu pela paciência
E já não tem que temer.
Todos podemos vencer,
Seguindo este cavaleiro.
Voltai! voltai! pecadores!
Sigamos este guerreiro.
Não encontrou protetores,
Abraçou-se à santa Cruz.
Sempre nela achamos luz,
Pois foi dada aos pecadores.
Oh! que ditosos amores
Teve o nosso cavaleiro!
Voltai! voltai! pecadores!
Sigamos este guerreiro.
Coroa e eterna memória,
Gozo sem fim mereceu.
Acabou-se o que sofreu…
Já reina em sublime glória.
Oh! venturosa a vitória
De nosso forte guerreiro!
Voltai! voltai! pecadores,
Ao caminho verdadeiro.
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XXIII
A Santa Catarina Mártir
Ó grande amadora
Do Eterno Senhor,
Dai-nos, clara estrela,
Amparo e fervor.
Desde tenra idade
Tomastes Esposo.
Vosso amor tamanho
Não vos deu repouso.
A vós não se chegue
O que, em vez da Cruz,
Ama a vida e teme
Morrer por Jesus.
Olhai, ó covardes,
A santa donzela:
Não faz caso do ouro,
Nem de ser tão bela.
Na luta vê-se ela
Da perseguição;
Mas nas dores mostra
Grande coração.
Mais pena lhe dava
Viver sem o Esposo,
E, assim, nos tormentos
Achava repouso.
Tudo lhe era gozo,
Quisera morrer;
Pois já nesta vida
Não pode viver.
Nós que pretendemos
Gozar de seu gozo,
Nunca nos cansemos
A buscar repouso.
Oh! engano enganoso!
Que falta de amor!
Querer só regalos
Sem pena e sem dor!…
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XXIV
À Tomada de Hábito da Irmã Jerônima da Encarnação
Quem do vale da amargura,
Aqui vos trouxe, donzela?
Meu Deus e minha ventura.
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XXV2
À Tomada de Véu da Irmã Isabel dos Anjos
Irmã, para que veleis
Sois velada, e nesse véu
Em jogo está vosso Céu:
Assim, não vos descuideis.
Diz este véu tão gracioso
Que estejais sempre de vela,
Vigilante sentinela,
Aguardando vosso Esposo,
Que, como ladrão famoso,
Virá quando não penseis…
Assim, não vos descuideis.
Vem, mas ninguém sabe a que hora…
Se na vigília primeira,
Na segunda ou na terceira.
Todo cristão isto ignora.
Velai, Irmã, desde agora:
Não roubem o que trazeis…
Assim, não vos descuideis.
Vossa candeia empunhando,
Bem acesa e espevitada,
Velai, pois estais velada,
Os rins cingindo e apertando.
Não vos fiqueis dormitando,
Porque muito arriscareis…
Assim, não vos descuideis.
Tende óleo na almotolia,
Trabalhando e merecendo,
Para a lâmpada ir provendo,
Que não morra de vazia.
Se nisto fordes vadia,
Às bodas não entrareis.
Assim, não vos descuideis.
Não tereis óleo emprestado,
E, se o fordes a comprar,
Poder-vos-eis retardar;
E, uma vez o Esposo entrado,
Havendo a porta cerrado,
Não abre, embora clameis…
Assim, não vos descuideis.
Tende contínuo cuidado
De cumprir, com alma forte,
Até o instante da morte,
O que hoje haveis professado;
Porque, tendo assim velado,
Com vosso Esposo entrareis:
Assim, não vos descuideis.
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XXVI
À Profissão de Isabel dos Anjos
Seja meu gozo no pranto;
Sobressalto, meu repouso;
Meu sossego, doloroso;
Minha ventura, quebranto.
Nas borrascas, meu amor;
Meu regalo, o ser ferida;
Na morte encontre eu a vida;
Nos desprezos, meu favor;
Meus tesouros, na pobreza;
Meu triunfo, em pelejar;
Meu descanso, em trabalhar;
Meu consolo, na tristeza;
Na escuridão, minha luz;
Meu trono, em posto mesquinho;
O atalho de meu caminho,
Minha glória seja a cruz.
Seja-me honra o abatimento;
Minha palma, o padecer;
Nas mínguas, o meu crescer;
Nas perdas, o meu aumento;
Na fome, a minha fartura;
A esperança, no temor;
Meus regalos, no pavor;
E meus gostos, na amargura;
No olvido, minha memória;
Meu trono na humilhação;
No opróbrio, minha opinião;
Na afronta, minha vitória;
Minha coroa, a humildade;
As penas, minha afeição;
Um cantinho, meu quinhão;
Meu apreço, a soledade;
Em Cristo, a minha confiança,
E d’Ele só meu sustento;
Seu langor seja-me alento;
Gozo, sua semelhança.
Nisto encontro fortaleza,
Encontro tranqüilidade;
Prova de minha verdade,
Penhor de minha firmeza.
XXVII
A uma Professa1
Oh! que zagala ditosa
De hoje um Zagal desposar
Que reina e que há de reinar!
— Venturosa a sua sorte,
Pois mereceu tal Esposo!
Eu, Gil, me sinto medroso,
Nem a ousarei mais olhar!
Pois tal Esposo há tomado,
Que reina e que há de reinar.
— Que lhe deu ela por dote,
Para viver a seu lado?
— Um coração abrasado.
— Só isso? É pouco pagar:
Que é Zagal muito formoso,
Que reina e que há de reinar!
— Mais daria se tivera…
— Rapaz, não sejas mesquinho!
Dá-lhe o nosso cabazinho
Para o seu gosto tirar,
Porque hoje há tomado Esposo
Que reina e que há de reinar!
— Já vimos o que deu ela,
E o Zagal como a prendou?
— Com seu sangue a resgatou…
— Que precioso cabedal!
E que zagala ditosa,
Que contenta a este Zagal!
— Pois deu tão grande tesouro,
Muito a deve ter amado…
— Não vês que roupa e calçado
E tudo mais lhe há de dar?
Olha que é já seu Esposo,
Que reina e que há de reinar!
— Para este nosso rebanho
Bem será que hoje a tomemos,
E, alegres, a festejemos
Para seu amor ganhar,
Pois tomou tão grande Esposo,
Que sem fim há de reinar.
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XXVIII
Para uma Profissão
Oh! que bem tão sem segundo!
Oh! casamento sagrado!
O Rei dos Céus e da terra
Quis ser hoje o desposado!
Oh! que venturosa sorte
Vos estava aparelhada!
Deus que vos quis por amada
Vos ganhou com sua morte!
Em servi-lo sede forte,
Porquanto o haveis professado.
Sim, que o Rei dos Céus e da terra
É já vosso desposado.
Ricas jóias vos dará
O Rei do Céu, vosso Esposo,
E também consolo e gozo
Que ninguém vos tirará.
Em vossa alma infundirá
Um espírito humilhado.
É Rei, bem o poderá,
Pois quer ser hoje o esposado.
Dar-vos-á este Senhor
Um amor tão santo e puro,
Que podereis, asseguro,
Perder ao mundo o temor;
E ainda mais ao tentador,
Porque ficou maniatado;
Que o Rei do Céu e da terra
Hoje foi o desposado.
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XXIX
Para uma Profissão
Vós todas que militais
Sob este pendão de guerra,
Ah! não durmais, ah! não durmais,
Porquanto não há paz na terra.
Nosso Deus, capitão forte,
Por nós se quis imolar.
Comecemo-lo a imitar,
Pois lhe demos nós a morte.
Oh! que venturosa sorte
Se lhe seguiu desta guerra!
Ah! não durmais, ah! não durmais,
Pois vai faltando Deus na terra.
Com grande contentamento
Prestou-se a morrer na cruz,
Para dar a todos luz
Com seu atroz sofrimento.
Oh! glorioso vencimento!
Afortunada esta guerra!
Ah! não durmais, ah! não durmais,
Pois vai faltando Deus na terra.
Não haja, entre nós, covarde!
Aventuremos a vida:
Não há quem melhor a guarde
Que o que a deu por já perdida.
Jesus comanda a investida,
E prêmio será da guerra;
Ah! não durmais, ah! não durmais,
Porquanto não há paz na terra.
Correi, corramos ligeiras
A morrer por Cristo, todas:
E nas celestiais bodas
Estaremos prazenteiras.
Sigamos estas bandeiras:
Cristo vai na frente à guerra!
Longe o temor! Ah! não durmais
Porquanto não há paz na terra.
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XXX
Para uma Profissão
Pois que nosso Esposo
Nos quer em prisão,
Oh! que bela vida
A da Religião!
Oh! que ricas bodas
Ordenou Jesus!
Quer-nos a nós todas,
E dá-nos a luz.
Sigamos a Cruz,
E com perfeição!
Oh! que bela vida
A da Religião!
Este é o nosso estado
Por Deus escolhido,
Com que do pecado
Nos há defendido.
Tem-nos prometido
Dar consolação
Se nos alegrarmos
Em nossa prisão.
Na suprema glória
Dar-nos-á grandezas
E eternas riquezas,
Em troca da escória
Mundana e ilusória,
Que é só perdição.
Oh! que bela vida
A da Religião!
Grande liberdade
Este cativeiro!
Viver prazenteiro
Para a eternidade!
Dou-lhe de verdade
Todo o coração.
Oh! que bela vida
A da Religião!
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XXXI
Contra um Flagelo Impertinente
Pois nos dais vestido novo,
Rei celestial,
Livrai da praga importuna
Este saial.
A Santa: Filhas, pois tomais a Cruz,
Tende valor,
E a Jesus que é vossa luz
Pedi favor.
Será vosso defensor
Em transe tal.
Todas: Livrai da praga importuna
Este saial.
A Santa: Inquieta este mal, durante
Nossa oração,
Ao ânimo vacilante
Na devoção.
Mas em Deus o coração
Mantende igual.
Todas: Livrai da praga importuna
Este saial.
A Santa: Pois por Deus morrer viestes,
Não desmaieis;
E tal praga em vossas vestes
Não temereis.
Remédio em Deus achareis
A tanto mal.
Todas: Pois nos dais vestido novo
Rei celestial,
Livrai da praga importuna
Este saial.
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Saudades de Deus
Vejam-te meus olhos,
Doce e bom Senhor;
Vejam-te meus olhos,
E morra eu de amor.
Olhe quem quiser,
Rosas e jasmins:
Que eu, com a tua vista,
Verei mil jardins.
Flor de serafins,
Jesus Nazareno,
Vejam-te meus olhos,
E morra eu sereno.
Sem tal companhia
Vejo-me cativo.
Sem ti, vida minha,
É morte o que eu vivo.
Este meu desterro
Quando terá fim?
Vejam-te meus olhos
E morra eu, enfim.
Prazeres não quero,
— Meu Jesus ausente:
Que tudo é suplício
A quem tanto o sente.
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