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quarta-feira, 13 de abril de 2011

Escola de Santidade


Carmelo: Escola de Santidade

P. Rafael María López-Melús, carmelita

O ilustre cardeal Mercier, arcebispo de Malinas, ao regressar de Roma, onde participara da canonização de Santa Joana d’Arc, parou no convento carmelita de Dijon. Quando lhe mostraram, na sala capitular, um quadro da Beata Elisabeth da Trindade, o prelado perguntou:

“Quanto tempo ela viveu no Carmelo”?

“Cinco anos, Eminência”, respondeu-lhe a Madre Priora.

O cardeal, sorrindo, comentou: “Aqui se fazem santas muito rapidamente”.
Quem são os Santos?
“As únicas personagens de utilidade pública”.

“O mundo prosseguirá existindo graças à oração dos Santos”.

"Jesus Cristo promove a existência dos Santos para aumentar em nós a graça, para assim contribuir para a nossa santificação”.

“O maior benefício dos Santos é sua própria vida, que nos estimula a imitar seus exemplos”.
Todos somos chamados à santidade
Jesus Cristo disse: “Sede santos como o Pai celestial é santo” (Mt 5,48).

“Sede misericordiosos como o Pai do Céu é misericordioso" (Lc. 6,36).

E São Paulo: "Esta é a vontade de Deus: vossa santificação” (1 Tes 4,3; Ef 1,4).

O Concílio Vaticano II lembrou-nos que “somos todos chamados à santidade” (L. G. cap. 5).

É fácil ser santo?

Sim e não.

Um Santo é um homem ou uma mulher que levaram o Evangelho a sério. Isto não é fácil.

O Santo não nasce pronto. Ele se faz santo. A santidade é um caminho longo, que pede muita perseverança. Não consiste em fazer “coisas extraordinárias”, mas em fazer coisas ordinárias “extraordinariamente bem feitas”, como disse o papa Bento XV ao cardeal que tentava travar a beatificação da futura Santa Teresinha do Menino Jesus.

Na obra “El Divino Impaciente”, Pemán afirmou belamente: “A santidade é fazer simplesmente o que temos a fazer”.

A Igreja tem como uma de suas quatro notas constitutivas a santidade. Logo, é absolutamente necessário, que na Igreja de todos os tempos abundem os santos.

Hoje, mais do que nunca, a Igreja e o mundo precisam de almas santas.
O Carmelo, em seus quase oito séculos de existência, foi sempre escola de santidade
“Quantos santos no céu usam nosso hábito! Temos a esperança de nos fazermos, com a graça de Deus, semelhantes a eles”. (Sta. Teresa, Fund. 29,33).

A respeito de Teresinha González Quevedo, carmelita morta em 1950, afirmou sua amiga Carmen Aguado: "Sempre disse que se tornara carmelita para ser santa”.

O Carmelo deu à Igreja um acervo riquísimo de doutrina espiritual, mas seria insignificante esta sublime doutrina carmelitana, se não fosse confirmada pela santidade de sua vida, isto é, de seus filhos.

Nos finais do século XV, um beneditino muito sábio, o célebre humanista abade Juan Tritemio (+1516), escreveu uma pequena obra louvando o Carmelo, dirigida à juventude carmelitana como aos detratores da Ordem, movido pela nobre intenção de tornar conhecidas a quantidade e qualidade de homens ilustres que o Carmelo deu à Igreja. O autor queria incentivar os jovens carmelitas a imitar seus confrades. Era dirigida também aos detratores da Ordem para que se calassem ao saberem que o Carmelo é escola de ciência e virtude.

No livrinho havia esta afirmação hiperbólica: “Se há alguém capaz de contar as estrelas do firmamento, também será capaz de contar os santos do Carmelo”.

Esta afirmação não parecerá tão exagerada se tivermos presente que , não só os religiosos, monjas e religiosas dos diversos ramos carmelitanos são membros do Carmelo, mas também a enorme quantidade de leigos da Terceira Ordem vivem de seu espírito e vestem o escapulário.
A grande doutora Santa Teresa afirma: mais santo será “quem com mais mortificação, humildade e consciência limpa serve a Nossa Senhor”(Moradas VI, 8). No livro “Fundações diz: "Para mim a santidade não se encontra nas revelações e visões” (4,8). Em uma de suas Cartas: "O caminho das coisas extraordinárias não é o caminho de maior santidade” (233,9). E ainda: “Nosso afã não é possuir muitos mosteiros, mas sim que sejam santas aquelas que neles estiverem”.(Carta, 424, 6)

Dois meses antes de sua morte, Santa Teresinha do Menino Jesus nos transmitirá uma clara e dilacerante lição, ao nos dizer: “ (A santidade) Não está nesta ou naquela prática, mas consiste numa disposição do coração, que nos faz humildes e pequeninos nos braços de Deus, conscientes de nossa fraqueza, e audaciosamente confiantes em sua bondade de Pai”.

Este pequeno caminho espiritual de simplicidade e de confiança sem limites na bondade do Pai Celestial, viveram-no os santos do Carmelo.

Exortação à santidade

Para sermos santos abraçamos a vocação carmelita. Os papas se referiram repetidas vezes ao Carmelo como Escola de Santidade. Lembramos apenas três frases de Pio XII:

No dia 23.9.1951: "Nós, com o afeto de nosso amor paternal, elevamos nossas mãos à excelsa Patrona a Virgem do Monte Carmelo e aos numerosos e grandes santos que este Instituto produz, recomendando-lhes vossas pessoas e vossos empreendimentos”.

No dia 16.7.1952, depois de citar vários santos carmelitas:

"A esta escolha conjunta (dos santos do Carmelo) há que acrescentar outros quase inumeráveis exemplos, que, se não brilham externamente com tanto fulgor, sem dúvida podem ser propostos como merecedores de imitação... e confiamos que às coroas de santidade cujo fulgor tanto brilham ao longo tempo, serão multiplicadas por novas flores e novos frutos, que testemunham, a cada dia, a potente virtude de vosso Instituto; para chegar a isto, sirva-vos de guia e mediadora de graças celestiais a Santíssima Virgem Maria sob a invocação do Carmelo”.

No Ano Santo do Escapulário, 1950-1951, diante de muitos milhares de religiosos e seculares carmelitas: "Nós vos exortamos a caminhar sempre avante de uma maneira digna à vossa vocação, seguindo os passos dos grandes santos que o Carmelo tem dado à Igreja”. (6.8.1950).
Santificando os outros

O Carmelo não se contenta em produzir almas santas, mas trabalha para que também outros o sejam, através de sua oração, sacrifício e apostolado. Os grandes santos e escritores do Carmelo contribuem enormemente através de suas vidas e suas maravilhosas obras, para embelezar e aumentar esta nota de santidade eclesial.

Contribui sobretudo por meio deste “Canal de graças” que é o santo Escapulário do Carmo.

Concluímos esta reflexão recordando que "se somos filhos dos santos e esperamos viver sua mesma vida” (Tb 2,18), somos obrigados a cumprir o conselho que nos dá o célebre beato carmelita Batista Mantuano (+1516): "Estes varões do Carmelo nos foram dados como modelos para que os imitemos, e, conhecedores de suas obras, acordemos de nossa letargia”.

Com outras palavras o mesmo dizia nossa Santa Madre Teresa: "Deixar de conformar nossa vida à vida de nossos Santos Pais é a maior mágoa que podemos causar-lhes”. (Fund. 14,5)

São Paulo nos recorda: “Deus nos chamou a uma vocação santa, não por nossos méritos, mas por causa de Jesus Cristo” (Tim 1, 9).

Vale citar aqui a oração da “coleta” da Missa da Festa de Todos os Santos Carmelitas, que celebramos no dia 14 de novembro de cada ano:

"... Concedei-nos propício que, por seus exemplos e méritos, vivendo somente para vós, na contínua meditação de vossa Lei e perfeita abnegação, possamos chegar, juntamente com eles, à felicidade da vida eterna. Amém”.

Ou seja: “Que possamos ser santos como eles o foram”.


Tradução livre do espanhol, sem as devidas licenças.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Os quatro degraus da “Lectio Divina”


Os passos da leitura espiritual, segundo Dom Orani João Tempesta, O. Cist.

RIO DE JANEIRO, quarta-feira, 19 de maio de 2010 (ZENIT.org).- Apresentamos, a seguir, o artigo de Dom Orani João Tempesta, O. Cist., arcebispo do Rio de Janeiro, sobre como orar segundo o método da Lectio Divina, tema abordado na 48ª Assembleia dos Bispos do Brasil, celebrada em Brasília de 3 a 13 de maio.

* * *

A "Lectio Divina" é uma expressão latina já presente e consagrada no vocabulário católico, que pode ser traduzida como "leitura divina", "leitura espiritual", ou ainda como ocorre hoje em nosso país e em vários escritos atuais, como "leitura orante da Bíblia". Ela é um alimento necessário para a nossa vida espiritual. A partir deste exercício, conscientes do plano de Deus e a Sua vontade, pode-se produzir os frutos espirituais necessários para a salvação. A Lectio Divina é deixar-se envolver pelo plano da Salvação de Deus. Os princípios da Lectio Divina foram expressos por volta do ano 220 e praticados por monges católicos, especialmente as regras monásticas dos santos: Pacômio, Agostinho, Basílio e Bento. O tempo diário dedicado à lectio divina sempre foi grande e no melhor momento do dia. A espiritualidade monástica sempre foi bíblica e litúrgica. A sistematização do método da lectio divina nós encontramos nos escritos de Guigo, o Cartucho, por volta do século XII.

A Lectio Divina tradicionalmente é uma oração individual, porém, pode-se fazê-la em grupo. O importante é rezar com a Palavra de Deus, lembrando o que dizem os bispos no Concílio Vaticano II, relembrando a mais antiga tradição católica - que conhecer a Sagrada Escritura é conhecer o próprio Cristo. Monges diziam que a Lectio Divina é a escada espiritual dos monges, mas é também de todo o cristão. O Papa Bento XVI fez a seguinte observação num discurso de 2005: "Eu gostaria, em especial, recordar e recomendar a antiga tradição da Lectio Divina, a leitura assídua da Sagrada Escritura, acompanhada da oração que traz um diálogo íntimo em que na leitura, se escuta Deus que fala e, rezando, responde-lhe com confiança a abertura do coração".

O Concílio Vaticano II, em seu decreto Dei Verbum 25, ratificou e promoveu, com todo o peso de sua autoridade, a restauração da Lectio Divina, retomando essa antiquíssima tradição da Igreja Católica. O Concílio exorta igualmente, com ardor e insistência, a todos os fiéis cristãos, especialmente aos religiosos, que, pela frequente leitura das divinas Escrituras, alcancem esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo (Fl 3,8). Porquanto, "ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo" (São Jerônimo, Comm. In Is., prol).

O método mais antigo e que inspirou outros mais recentes, é que, seja pessoalmente, em comunidade ou no círculo bíblico nós comecemos a reflexão com a Palavra de Deus e que, depois da invocação do Espírito Santo, segue os passos tradicionais: 1- Lectio (Leitura); 2- Meditatio (Meditação); 3- Oratio (Oração) e 4- Contemplatio (Contemplação). Existem outros métodos que, inspirados aqui, procuram ajudar o cristão a acolher em sua vida a Palavra de Deus e a colocar em prática no seu dia a dia. Em nossa 48ª Assembleia dos Bispos do Brasil, celebrada em Brasília de 3 a 13 de maio último, além de tratar como tema central a "Palavra de Deus", proporcionou aos Bispos, na manhã do domingo, dia 9, um tempo para lerem, meditarem e rezarem com esse método. A mensagem que foi publicada sobre o tema central está baseada justamente nesse clima. Chegou o momento de passarmos a colocar em nossos grupos de reflexão, círculos bíblicos e outros grupos a Palavra de Deus como fonte de reflexão e inspiração para iluminar a nossa realidade concreta.

O método tradicional é simples: são quatro degraus - "a leitura procura a doçura da vida bem-aventurada; a meditação a encontra; a oração a pede, e a contemplação a experimenta. A leitura, de certo modo, leva à boca o alimento sólido, a meditação o mastiga e tritura, a oração consegue o sabor, a contemplação é a própria doçura que regala e refaz. A leitura está na casca, a meditação na substância, a oração na petição do desejo, a contemplação no gozo da doçura obtida." (Guigo, o Cartucho, Scala Claustralium).

Portanto, quanto à leitura,

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leia, com calma e atenção, um pequeno trecho da Sagrada Escritura (aconselha-se que nas primeiras vezes utilizem-se os textos dos Evangelhos). Leia o texto quantas vezes e versões forem necessárias. Procure identificar as coisas importantes desta perícope: o ambiente, os personagens, os diálogos, as imagens usadas, as ações. É importante identificar tudo com calma e atenção, como se estivesse vendo a cena. A leitura é o estudo assíduo das Escrituras, feito com aplicação de espírito.

Quanto à Meditatio,

Blog de lectiodivina :Leitura Orante da Biblia (Lectio Divina), 2. A meditação: ruminar, dialoga, atualizar

começa, então, diligente meditação. Ela não se detém no exterior, não pára na superfície, apóia o pé mais profundamente, penetra no interior, perscruta cada aspecto. Considera atenta sobre o que esta Palavra está iluminando minha vida e a realidade em que vivo hoje. Quais são as circunstâncias que ela me questiona e me incentiva? Depois de ter refletido sobre esses pontos e outros semelhantes no que toca à própria vida, a meditação começa a pensar no prêmio: Como seria glorioso e deleitável ver a face desejada do Senhor, mais bela do que a de todos os homens (Sl 45,3), não mais tendo a aparência como que o revestiu sua mão, mas envergando a estola da imortalidade, e coroado com o diadema que seu Pai lhe deu no dia da ressurreição e de glória, o dia que o Senhor fez (Sl 118,24).

Quanto à Oratio,

Blog de lectiodivina :Leitura Orante da Biblia (Lectio Divina), 3. A oração: suplicar, louvar, recitar.

toda boa meditação desemboca naturalmente na oração. É o momento de responder a Deus após havê-lo escutado. Esta oração é um momento muito pessoal que diz respeito apenas à pessoa e Deus. Não se preocupe em preparar palavras, fale o que vai ao coração depois da meditação: se for louvor, louve; se for pedido de perdão, peça perdão; se for necessidade de maior clareza, peça a luz divina; se for cansaço e aridez, peça os dons da fé e esperança. Enfim, os momentos anteriores, se feitos com atenção e vontade, determinarão esta oração da qual nasce o compromisso de estar com Deus e fazer a sua vontade. Vendo, pois, a pessoa que não pode por si mesma atingir a desejada doçura de conhecimento e da experiência, e que quanto mais se aproxima do fundo do coração (Sl 64,7), tanto mais distante é Deus (cf. Sl 64,8), ela se humilha e se refugia na oração. E diz: Senhor, que não és contemplado senão pelos corações puros, eu procuro, pela leitura e pela meditação, qual é, e como poder ser adquirida a verdadeira doçura do coração, a fim de por ela conhecer-te, ao menos um pouco.

Quanto ao último passo, a Contemplatio:


desta etapa a pessoa não é dona. É um momento que pertence a Deus e sua presença misteriosa, sim, mas sempre presença. É um momento no qual se permanece em silêncio diante de Deus. Se ele o conduzirá à contemplação, louvado seja Deus! Se ele lhe dará apenas a tranquilidade de uns momentos de paz e silêncio, louvado seja Deus! Se para você será um momento de esforço para ficar na presença de Deus, louvado seja Deus! Mas em todas as circunstâncias será uma maneira de ver Deus presente na história e em nossa vida! "Ele recria a alma fatigada, nutre a quem tem fome, sacia sua aridez, lhe faz esquecer tudo o que não é terrestre, vivifica-a, mortificando-a por um admirável esquecimento de si mesma, e embriagando-a sóbria a torna" (Guido, o Cartucho).

Há uma preocupação grande com a vida prática, com a conversão, de modo que muitas vezes se costuma acrescentar a "actio", ou seja, ação junto com a contemplação. Os temores de uma vida "alienada" podem ser sempre apresentados em todas as circunstâncias, mas quando se aprofunda realmente na Palavra de Deus e se crê que ela é como uma espada de dois gumes que penetra no mais profundo de nosso ser e que também ilumina nossa vida e nosso caminho, teremos certeza de que ela ilumina a nossa estrada e nos conduz com a graça de Deus por uma vida nova.

Portanto, diante deste patrimônio da nossa Igreja que é este método da Lectio Divina, desejo a todos que inspirados na mensagem que os Bispos enviaram acerca do tema central da 48º Assembleia, possamos todos nós aprofundar a Leitura Orante da Bíblia, que, aproximando-nos da Palavra de Deus, encontremos os caminhos da vida dos cristãos hoje, neste início de milênio, que, diante da atual mudança de época, respondamos com uma vida nova, haurida nas escrituras sagradas, que nos comunicam a Palavra eterna, o Verbo eterno, Jesus Cristo, nosso Senhor!

Dom Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro


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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

AS VIRTUDES EM SANTA TERESA

Teresa de Jesus não quer que prática das virtudes tenha cores de asceta caricaturado, mas um rosto atrativo, alegre e evangelicamente perfumado, porque são regalos de Deus a corações abertos, que anda “olhando e tornando a olhar por onde” pode atrair-nos a Si. (cf V 2,8; Mt 6,7)

DO CAPITULO 1 A0 9

Posturas e virtudes do seguimento. No Caminho se encontram assinaladas as posturas decididas e grandes virtudes do seguimento:

Ø -Radicalidade evangélica: Uma coisa Teresa tem muito claro, que ninguém pode chegar a SER, se deveras não se decide a assumir seriamente o Evangelho. É determinar-se a se entregar inteiramente a Cristo (V 9,8).

1. O que é virtude para Teresa?

a) Para ela todo o bom que se faça ou se sofra por Deus é virtude. E de vez em quando irá enumerando sem ordem essas “coisas boas”.

b) Dessa forma, quando ela evoca as primeiras recordações de sua meninice e infância nos falará de pessoas de “muitas virtudes” ou “virtuosas”, sem mais especificação: seus familiares, suas formadoras, muitas monjas.

c) E ao falar da enfermidade que a deixou “tão tolhida”, dirá: “vi novas em mim estas virtudes”. E logo as enumerará: confissão freqüente, paciência, entender o que é amar a Deus, não falar mal de ninguém (V 6,2-3); “buscando a solidão para rezar e ler, falar muito de Deus, fazer pintar a sua imagem em vários lugares e conservar o oratório, colocando nele coisas que produzissem devoção. Eu não falava mal dos outros, havendo ainda em mim outros hábitos aparentemente virtuosos” (V 7,2), “ter lágrimas quando rezava”, “grande conformidade” e “grande alegria” “com a vontade de Deus, ainda que me deixasse sempre assim”, “estar a sós em oração” (V 6,2-3), “grande desapego”, “fortaleza”, “amor de Deus”, “fé viva” (V 9,6),

2. Virtudes e oração

d) No final de contas, virtudes e caminhos orantes são regalo de Deus. Sabe-o Teresa: Ele “faz com que resplandeça uma virtude que Ele mesmo põe em mim, quase me maltratando para que eu a tenha” (V 4,10),

e) Critério de discernimento. A presença de virtudes é um critério evangélico de discernimento muito citado por Santa Teresa. Logicamente, este critério tem lugar no tema central dos escritos teresianos: os caminhos orantes, como relação de amor com Deus. E a presença das virtudes de humildade e amor ao próximo irá marcando todo o itinerário da perfeição. E o princípio vale para todo o leque da oração geral e para a oração de união em particular.

f) Teresa ironiza: “Quando vejo algumas pessoas muito diligentes em compreender a oração que têm e muito empertigadas quando estão nela,... percebo quão pouco entendem do caminho por onde se alcança a união. E pensam que nisso reside o essencial. Não, irmãs, não; o Senhor quer obras”. E essas obras são: aliviar ao enfermo, compartilhar sua dor, jejuar para que o outro coma, não ter inveja, não criticar. “Essa é a verdadeira união com a vontade de Deus(M 5,3,11). São obras que se cristalizam no amor a Deus e ao próximo. “Guardando-as com perfeição, fazemos sua vontade, e assim estaremos unidos com ele”. E o amor a Deus, em resumidas contas, se reduz ao amor ao próximo (M 5,3,7-9)

3 “Virtudes fingidas”

g) É um tema muito refletido e experimentado por Teresa de Jesus, tanto na vida orante como fora dela. A soberba solapada, o desejo profundo de protagonismo, a vanglória e outros motivos, em mais de uma ocasião, podem fazer o cristão crer equivocadamente que possui virtudes.

4. “Folgar-se entre estas virtudes”

h) Teresa de Jesus não quer que prática das virtudes tenha cores de asceta caricaturado, mas um rosto atrativo, alegre e evangelicamente perfumado, porque são regalos de Deus a corações abertos, que anda “olhando e tornando a olhar por onde” pode atrair-nos a Si (cf V 2,8; Mt 6,7): “procurai ser afáveis e agir de tal maneira com as pessoas com quem tratardes que elas apreciem a vossa conversa, desejem o vosso modo de viver e tratar e não se atemorizem nem se amedrontem de praticar a virtude”

F. Malax

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Citações dos capítulos de 1 a 9

DE 1 A 9 ELA CITA A PALAVRA VIRTUDE 25 VEZES.

Vida 1

2. Minha mãe também tinha muitas virtudes e passou a vida com grandes enfermidades. Grandíssima honestidade. Embora muito bela, nunca deu ensejo a que se pensasse ser ela vaidosa, porque, apesar de morrer aos trinta e três anos, seu traje já era o de uma pessoa de muita idade. Muito pacífica e de grande entendimento. Foram enormes os trabalhos por que passou enquanto viveu. Morreu muito cristãmente.

Alguns primos irmãos meus4 eram os únicos a freqüentar a nossa casa, porque o meu pai era muito recatado; e quisera Deus que também o tivesse sido com esses, pois agora percebo o perigo que vem do contato, na idade em que se deve começar a ter virtudes, com pessoas que, não reconhecendo a vaidade do mundo, nos atraem para ela. Meus primos eram quase da minha idade, sendo pouco mais velhos que eu. Andávamos sempre juntos. Eles gos­tavam muito de mim, e conversávamos sobre todas as coisas que lhes davam prazer. Eu os ouvia falar de suas aspirações e leviandades, que nada tinham de boas. Pior ainda foi que a minha alma começou a não resistir ao que lhe causava todo o mal.

3. Éramos três irmãs e nove irmãos. Pela bondade de Deus, todos se pareciam com os pais na virtude, menos eu, embora fosse a mais querida de meu pai.

Vida 2

2. Alguns primos irmãos meus4 eram os únicos a freqüentar a nossa casa, porque o meu pai era muito recatado; e quisera Deus que também o tivesse sido com esses, pois agora percebo o perigo que vem do contato, na idade em que se deve começar a ter virtudes, com pessoas que, não reconhecendo a vaidade do mundo, nos atraem para ela.

4. Eu exagerava nesse inútil apego à honra. Não empregava os meios necessários para conservá-la, preocupando-me apenas em não me perder por inteiro. Meu pai e minha irmã tinham muito desgosto com essa amizade, repreen­dendo-me freqüentemente por mantê-la. Como não podiam evitar que a parenta fosse à nossa casa, foram inúteis os seus esforços, pois era grande minha esperteza para o mal. Às vezes, o prejuízo que vem das más companhias me causa espanto e, se não tivesse passado por isso, não poderia acreditar; especialmente na época da mocidade, deve ser maior o mal que isso traz. Eu gostaria que os pais, com o meu exemplo, se acautelassem e observas­sem bem isso. A verdade é que essa amizade me transformou a tal ponto que quase nada restou da minha inclinação natural para a virtude; e me parece que ela e outra moça, que gostava do mesmo tipo de passatempo, imprimiam em mim seus hábitos.

5. Isso me faz entender o enorme proveito que vem da boa companhia, e estou certa de que, se naquela idade tivesse tido contato com pessoas vir­tuosas, a minha virtude teria se mantido intacta;

Vida 3

1.Comecei a gostar da boa e santa conversa dessa monja, agradando-me ouvi-la falar tão bem de Deus. Ela era muito discreta e virtuosa. Em nenhum momento, penso eu, perdi o prazer de ouvir essas coisas. Ela me contou que decidira ser monja apenas por ter lido as palavras do Evangelho: Muitos são os chamados e poucos os escolhidos.1 Ela me falava da recompensa dada pelo Senhor a quem deixa tudo por Ele. Essa boa companhia foi dissipando os hábitos que a má tinha criado, elevando o meu pensamento no desejo das coisas eternas e reduzindo um pouco a imensa aversão que sentia por ser monja. Eu tinha muita inveja quando via alguma monja chorar ao rezar ou praticar outras virtudes. Nesse período, meu coração era tão duro que a leitura de toda a Paixão não arrancaria de mim uma lágrima, o que me deixava muito pesarosa.

2. Ele costumava dedicar--se à leitura de bons livros em castelhano e de modo geral falava sobre Deus e a vaidade do mundo. Meu tio fazia-me lê-los e, embora não me agradassem esses livros, eu mostrava que sim; porque, no tocante a dar prazer aos outros, mesmo que me custasse sacrifícios, eu me esforçava muito. E a tal ponto que em outras pessoas teria sido uma virtude, enquanto em mim era, reconheço, enorme defeito, visto agir muitas vezes sem discrição.

Vida 4

10. Muitas vezes pensei, espantada, na grande bondade de Deus, ficando minha alma maravilhada ao ver sua grande magnificência e misericór­dia. Ben­dito seja Ele por tudo, pois sempre vi com grande clareza que, mes­mo nesta vida, Ele não deixa de recompensar nenhum bom desejo. Por piores e mais imperfeitas que fossem as minhas obras, o Senhor as melhorava, aperfei­çoava e tornava meritórias, apressando-se a esconder minhas faltas e pecados. E, mais do que isso, Sua Majestade cegava e tirava a memória dos que ti­nham visto essas minhas faltas e pecados. O Senhor doura as culpas, faz com que res­plandeça uma virtude que Ele mesmo põe em mim, quase me maltratando para que eu a tenha.

Vida 5

4. Assim, comecei a confessar-me com o sacerdote de que falei; ele se afei­ço­ou muito a mim, porque então eu tinha pouco o que confessar, em com­paração com o que tive, depois de me tornar monja. Sua afeição não era má, mas, em seu excesso, deixou de ser boa. Ele passou a acreditar que eu jamais faria coisas graves contra Deus por nada deste mundo; ele também me assegurava isso, sendo muita a confiança recíproca. Fascinada por Deus, o que mais me agradava era falar somente Dele. E, sendo eu tão jovem, o sa­cerdote ficou, diante disso, muito confuso. Por fim, dada a grande amizade que tinha por mim, começou a me confessar a perdição em que vivia. E não era pouca, porque há quase sete anos ele estava em situação muito perigosa, com amizade e relações com uma mulher do lugar, mas, ainda assim, dizia missa. Era uma coisa tão pública que ele perdera a honra e a fama, e ninguém ousava contestá-lo. Isso me entristeceu muito, pois era grande a minha amizade por ele. Eu tinha a grande leviandade e cegueira, que me parecia virtude, de ser grata e pagar na mesma moeda aos que me queriam bem. Maldito seja esse princípio, que chega a ponto de ser contra os de Deus! É um despropósito comum no mundo que me desatina: devemos todo o bem que nos fazem a Deus, mas temos como virtude, embora indo contra Ele, manter essa ami­za­de. Ó cegueira do mundo! Quem dera, Senhor, que eu tivesse sido in­grata com todos, mas sem me opor em um único ponto a Vós! No entanto, devido aos meus pecados, ocorreu o contrário.

Vida 6

3. Muito me beneficiaram as dádivas recebidas do Senhor na oração; esta me levava a compreender o que era amá-lo. Naquele pouco tempo, vi surgirem em mim novas virtudes, embora não de todo fortes, visto não me terem sus­tentado no caminho da justiça: não tratar mal a ninguém, por menos que fosse. Em geral, eu evitava todos os murmúrios, pois tinha bem presente não querer dizer de outra pessoa o que não queria dissessem de mim. Eu le­vava isso ao extremo nas diversas ocasiões; a perfeição não era tanta, pois havia ocasiões, e não eram raras, em que eu fracassava; e em geral era assim. Isso convenceu a tal ponto as pessoas que me cercavam e que se relacionavam comigo que elas passaram a praticá-lo. Todas vieram a entender que, onde eu estava, não ti­nham o que temer quando se fossem; nesse aspecto, seguiam aquelas com quem eu tinha amizade e parentesco, e a quem ensinava; embora, em outras coi­sas, eu tenha boas contas a prestar a Deus pelo mau exemplo que lhes dava.

9. Quem diria que eu cairia tão depressa depois de receber tantas bênçãos de Deus, depois de haver sua majestade começado a dar-me virtudes que me estimulavam a servi-lo, depois de, quase morta, correndo o risco da condenação, ter tido a alma e o corpo ressuscitados, provocando a admiração de todos? Que é isso, Senhor meu? Teremos de viver vida tão perigosa? Enquanto escrevo isto, parece-me que, com o Vosso favor e a Vossa misericórdia, eu poderia dizer, com São Paulo, embora sem tanta perfeição, que: Não sou eu quem vive; é Cristo, Criador meu, que vive em mim.2 Pelo que sei, Vossa mão me sustenta há vários anos; percebo-o agora pelos meus desejos e determinação de nada fazer, por mais insignificante, contra a Vossa vontade. E, de algum modo, eu o tenho provado por experiência, nesses anos, em muitas coisas, por pequenas que sejam, não obstante muito tenha ofendido a Vossa Majestade sem o saber. E também me parece que não há tarefa que eu deixe de executar, com grande empenho, por amor a Vós. Na verdade, em muitas ocasiões tenho tido, para realizá-la, ajuda Vossa. Nada quero com o mundo nem com as suas coisas, nem me traz alegria o que não vem de Vós; tudo o mais me parece uma pesada cruz.

6. Exatamente um ano depois que o conheci, ele faleceu. Por todo esse tempo, perseverou no serviço de Deus. Nunca achei que a sua afeição por mim fosse má, embora pudesse ter sido mais pura; mas também houve ocasiões em que, não estivesse a lembrança de Deus bem presente, ele podia ter cometido ofensas mais graves. Como já disse,4 eu não seria capaz de cometer o que considerasse pecado mortal. Parece-me que essa minha disposição o aju­dava a ter amizade por mim; pois creio que todos os homens devem ser mais amigos de mulheres inclinadas à virtude; por esse caminho, elas têm mais a ganhar, como depois direi. Tenho certeza de que aquele sacerdote está no caminho da salvação. Morreu muito bem, e bem afastado de suas antigas faltas. Parece que o Senhor desejou salvá-lo por esse meio.

6. Porque, tendo começado a participar dessas coisas, visto não me parecer — por ser costume — que disso viessem para a minha alma o prejuízo e a distração — o que só mais tarde constatei —, tive a impressão de que essas visitas, tão generalizadas em muitos mosteiros, não fariam maior mal a mim que às outras, cuja bondade eu conhecia. Eu não via que elas tinham muito mais virtudes e que, onde para elas talvez não houvesse perigo, para mim havia. Não duvido de que, mesmo limitadas à perda de tempo, essas coisas envolvem perigo. Estando com uma pessoa que há pouco conhecera, percebi que o Senhor queria dar-me a entender que aquelas amizades não eram convenientes, alertando-me e me esclarecendo sobre a minha grande ce­gueira: de fato, eis que vi Cristo representado diante de mim, com muito ri­gor, mostrando-me o quanto aquilo lhe pesava. Vi-o, com os olhos da alma, com mais clareza do que o poderia ver com os olhos do corpo. A sua imagem tornou-se tão indelével que até hoje, mais de vinte e seis anos depois, ainda tenho a sensação de vê-lo. Tomada de um profundo temor e de grande perturbação, não quis mais receber a pessoa com a qual me encontrava então.

9. Quem diria que eu cairia tão depressa depois de receber tantas bênçãos de Deus, depois de haver sua majestade começado a dar-me virtudes que me estimulavam a servi-lo, depois de, quase morta, correndo o risco da condenação, ter tido a alma e o corpo ressuscitados, provocando a admiração de todos? Que é isso, Senhor meu? Teremos de viver vida tão perigosa? Enquanto escrevo isto, parece-me que, com o Vosso favor e a Vossa misericórdia, eu poderia dizer, com São Paulo, embora sem tanta perfeição, que: Não sou eu quem vive; é Cristo, Criador meu, que vive em mim.2 Pelo que sei, Vossa mão me sustenta há vários anos; percebo-o agora pelos meus desejos e determinação de nada fazer, por mais insignificante, contra a Vossa vontade.

9. É bem possível que eu me engane, não tendo o que digo; mas Vós s­abeis, meu Senhor, que, pelo que me é dado saber, não minto, e temo, com muita razão, que volteis a me abandonar. Conheço bem o ponto a que chegam minha força e minha pouca virtude quando não me confortais nem me ajudais para que eu não me afaste de Vós. Queira Vossa Majestade que, agora mesmo, eu não esteja afastada de Vós por sentir como meu o que acabo de dizer.

Vida 7

1. E assim comecei, de passatempo em passatempo, de vaidade em vaidade, de ocasião em ocasião, a envolver-me tanto em tão grandes ocasiões e a estragar a alma em grandes vaidades que tinha vergonha — em tão particular amizade como é tratar de oração — de me aproximar de Deus. Contribuiu para isso o fato de que, como os pecados aumentaram, o gosto e a alegria da prática da virtude começaram a escassear.1 Eu via muito claramente, Senhor meu, que isso me faltava por eu faltar a Vós.

4. Muito me entristece que o Senhor precise fazer apelos particulares — e não uma, mas repetidas vezes — para que as monjas se salvem, dada a permissão para cortesias e entretenimentos mundanos e o tão mau entendimento daquilo a que estão obrigadas. Queira Deus que elas não tenham por virtude o que é pecado, como tantas vezes fiz. Compreender essas verdades é tão difícil que, para consegui-lo, é necessário que o Senhor ponha nisso realmente a Sua mão.

5. Ó enorme mal, enorme mal dos religiosos — refiro-me tanto às mu­lhe­res como aos homens —, que vivem onde não se guarda a religião, num mos­teiro onde existem dois caminhos, igualmente trilhados: o da virtude e da religião, e o da falta de religião. Não faço justiça, eles não são igualmente trilhados; devido aos nossos pecados, o mais seguido, e mais favorecido, é o mais imperfeito. O da verdadeira religião é tão pouco percorrido que quem desejar de fato vivê-lo em tudo, seguindo sua vocação, deve temer mais os de sua própria casa do que toda a corte demoníaca.

Não vejo de fato razão para estranharmos os tantos males que há na Igreja se os que de­veriam ser modelo de virtude exibem uma imagem tão apagada que não lembra o primor que os santos do passado, com o seu espírito, dei­xa­ram nas ordens religiosas. Que a divina Majestade remedie tanto mal, como vê que é preciso, amém.

6. Porque, tendo começado a participar dessas coisas, visto não me parecer — por ser costume — que disso viessem para a minha alma o prejuízo e a distração — o que só mais tarde constatei —, tive a impressão de que essas visitas, tão generalizadas em muitos mosteiros, não fariam maior mal a mim que às outras, cuja bondade eu conhecia. Eu não via que elas tinham muito mais virtudes e que, onde para elas talvez não houvesse perigo, para mim havia. Não duvido de que, mesmo limitadas à perda de tempo, essas coisas envolvem perigo.

18. Oh! Valha-me Deus! Se eu pudesse dizer as ocasiões de que Sua Majestade me livrou nesses anos, e de como eu tornava a me envolver nelas, para não falar do risco, de que Ele me afastou, de perder todo o crédito. E eu, nas minhas obras, revelava quem era, enquanto o Senhor, encobrindo o mal, fazia surgir alguma pequena virtude, se é que eu a tinha, tornando-a gran­­de aos olhos de todos, de modo que estes sempre me tinham em alta conta! Porque, apesar de algumas vezes as minhas vaidades se evidenciarem, todos viam outras coisas que pareciam boas e por isso não acreditavam naquelas.

21. Porque isso tem tamanha importância para almas que não estão fortalecidas na virtude — que têm tantos inimigos e amigos a incitá-las ao mal — que não sei como insistir mais. Acho que o demônio usa um ardil que muito lhe serve: ele leva os bons a ocultar o fato de buscarem realmente amar e contentar a Deus; e tem incitado a que se descubram outras amizades pouco honestas, tão em uso, quase se gloriando delas e chegando a apregoar as ofensas que, assim agindo, cometem contra Deus.

Vida 9

9. A minha alma ganhou grandes forças da Divina Majestade, que deve ter ouvido minhas súplicas e ter-se condoído por tantas lágrimas. Aumentou em mim a vontade de ficar mais tempo com Ele; passei a fugir das ocasiões de pecado porque, livre delas, logo voltava a amar Sua Majestade. Eu bem sabia que o amava, mas não compreendia, como iria entender, o que é amá-Lo verdadeiramente.

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Creio que eu nem bem me dispunha a querer servi-Lo e Sua Majestade já recomeçava a me deliciar. Eu via que aquilo que os outros procuram adquirir com muito esforço, o Senhor instava comigo para que eu o recebesse, visto que, nos últimos anos, já me concedia gostos e regalos. Jamais me atrevi a suplicar que me desse isso ou ternura de devoção; eu lhe pedia apenas que me desse graças para que não O ofendesse e que perdoasse os meus grandes pecados.


Rose Piotto, ocds

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