ESTRUTURA DA PESSOA HUMANA À LUZ DE
DOIS FILÓSOFOS CARMELITAS: EDITH STEIN E KAROL
WOJTYLA
Moisés da Cruz, OCD
um verniz de místico, espiritual, em
cima da imaturidade humana. Tem que ter maturidade, tender ao amadurecimento
como fruto da fé, porque se nós não formos competentes em desenvolver todos os
valores verdadeiramente humanos, masculinos e femininos integrados, será muito
difícil que possamos integrar uma dimensão de fé”. (D. João Braz de Aviz.
Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades
de Vida Apostólica.)
Esta palavra deve nos interpelar de
forma particular, nos encontramo-nos no XV encontro de encarregados de formação,
e temos algo a nos questionarmos: são quinze anos de um empenho na dimensão
formativa e é claro que, como nos recorda Mateus 7,19, “A árvore que não der
bons frutos será cortada e lançada ao fogo”. Em que pé se encontra a maturidade
humana de nossas comunidades? Se, como dizia Pe. António Vieira no Sermão da
Sexagésima, a questão de não se ter frutos com as pregações “formações” não está
no conteúdo ou no valor da Sagrada Escrituras, também nós precisamos lembrar
que caso haja poucos frutos de maturidade em nossas comunidades a questão não
está na Sagrada Escrituras nem nos nossos santos pais, Teresa e João, e nem nos
nossos irmãos que já alcançaram seu objetivo de santidade. Sim queridos irmãos!
É preciso fazermos um exame de consciência e percebermos a grande
responsabilidade que nosso Bom Deus a nós confiou de sermos responsáveis pela
formação de nossos irmãos, que, em outras palavras podemos dizer, em ajudá-los
a chegarem à santidade e, não menos importante, está sob nossa responsabilidade
o futuro da nossa Ordem pois, já diz Nossa Santa Madre, “Devemos sempre nos
considerar pedras fundamentais das que vierem mais tarde." (Fundações).
É com essa tomada de consciência de
nossa responsabilidade enquanto encarregados da formação que venho propor dois
grandes pensadores de nossa Ordem: Karol Wojtyla e Edith Stein. Pode parece
esquisito colocar João Paulo II [1]
como carmelita, mas não só sou eu que penso assim, e podemos perfeitamente
chegar a essa conclusão não só pelo seu amor e carinho pelo Carmelo, mas pela
sua prática efetivando assim nossa espiritualidade, através dos seus estudos,
discursos e exercícios espirituais. Edith Stein é a nossa irmã, mas um tanto
conhecida só por nome e não é aqui o momento de fazermos uma apresentação mais
aprofundada. O que na verdade nos propomos a tratar é sobre como estes dois
carmelitas veem a estrutura da pessoa humana, como podemos desenvolver nossa
humanidade para chegarmos a uma sadia espiritualidade e mística. Sim! Como
carmelitas a mística deve ser para nós tema familiar, vivencial.
Mas
para chegarmos a essa espiritualidade almejada nos é necessário lançarmos mãos
numa tarefa nada simples, que é nossa formação humana. Ora, como nos dispormos
a formar pessoas se nosso conhecimento acerca do que de fato venha a ser uma
pessoa é insuficiente. Aqui nos lembra Edith Stein que para potencializarmos a
formação humana é preciso que tenhamos consciência do que de fato é um ser
humano, do que ele é constituído, até porque a formação deve ser integral
perpassando toda sua constituição. Aqui podemos abrir um parêntese e nos
questionarmos: o que é “um ser Humano?” “O que é ser pessoa?”. De imediato
temos a sensação de saber o que, mas, ao mesmo tempo, nos faltam palavras que
nos possibilitem definir. Podemos ir mais profundo. Você que é mulher já se
perguntou o que é ser mulher? O que de fato vem a ser um Homem? Como podemos
querer chegar a uma maturidade humana se nem aquilo que somos sabemos o que de
fato é?
Em nosso auxilio vem a antropologia,
seja ela filosófica ou teológica, cada uma com sua particularidade, mas que nos
possibilita utilizamos seus conhecimentos favorecendo assim um desenvolvimento
integral enquanto pessoa e a consequência prática desse esforço é um ser humano
mais maduro, mais senhor de si, mais espiritualizado, mais místico, mais santo
e, a outra consequência é a maturidade comunitária haja vista nossas comunidade
serem formadas por pessoas. Se percebo que minha comunidade não é madura é porque
os seus membros ainda não adquiriram esse nível, isto me parece óbvio.
Por estamos no mundo mesmo sem
sermos do mundo (João 15, 19) não estamos isentos de sofrer as consequências
vividas pela sociedade como um todo. E ao meu ver se torna menos raro nos
depararmos com comportamentos de pessoas que dista muito de um ser humano
pleno, não permitindo uma maturação pessoal. E são estas pessoas que chegam a
nós desejando viver nosso carisma teresiano, viver nossa vocação de leigos
consagrados. Mas, onde poderíamos identificar a fragilidade deste fato cada vez
mais comum? Há uma grande carência de formação antropológica que nos deixe
nítido a diferença do que de fato é ser pessoa humana, o que nos diferencia dos
animais. Para podermos fazer esta reconstrução devemos analisar a estrutura
constitutiva do ser humano, que é diferente de tudo o que existe.
O ser humano enquanto constituição
ao nível antropológico possui uma tríplice estrutura, corpo-alma-espírito (1 Ts
5, 23) e sua auto realização consiste na harmonização destes três elementos e
devemos entender auto realização como santidade de vida. Por isso devemos
resgatar conceitos deixados no esquecimento sobre o que de fato é o homem e
qual é sua estrutura fundacional. Para isso, processo de formação deve ter em
mente aonde se quer chegar, para que nossas comunidades possam ser constituídas
de seres humanos maduros. “O pleno desenvolvimento da pessoa humana significa o
desenvolvimento em todas as suas dimensões, não apenas do aspecto cognitivo ou
da mera instrução, mas do ser humano de forma integral.” [2]
O CORPO
Como parte integrante da estrutura
tríplice o corpo é de fundamental importância para a existência da pessoa
humana; é preciso que haja uma metanóia, uma mudança de mentalidade, em relação
à significação do corpo, “eu não tenho corpo”, mas “eu sou meu corpo” tudo que
se passa com essa estrutura é sentido pelo ser vivente, por isso não pode ser
descartado como mero objeto e deve fazer parte do conjunto formativo para um
bom desempenho psicofísico da pessoa. Não podemos cair no deslize de
supervalorizarmos as formações espirituais, o corpo em quanto matéria faz parte
de nossa essência. “O corpo é uma parte autêntica da verdade sobre o homem.” [3]
A realização interpessoal, a vida
fraterna, o contato com os irmãos se dá por meio do corpo, a matéria não é
matéria morta, ela é por sua vez revestida de humanidade e é o que possibilita
expressarmo-nos, termos uma relação com o mundo exterior. Quando um irmão(ã)
encontra espaço para mostrar suas potencialidades motoras e ou artísticas, aqui
adentra uma infinidade de possibilidades. Não é simplesmente uma ação isolada
de um conjunto de musculatura que se movimenta, é um ser humano que expressa
seu sentimento através do seu corpo. A formação deve adquirir uma sensibilidade
de perceber quais são os dons, os talentos naturais que dispomos em nossa
comunidade. Quanta riqueza que muitas vezes não são valorizadas em nossas
comunidades, quantos irmãos que exercem atividades fora de nossas comunidades,
mas que não encontram espaço em sua comunidade.
Há uma profunda unidade entre o
corpo e a dimensão interior, sua alma e espirito. É preciso que se diga que não
há pessoa humana se as duas não estão unidas, tanto é, que não é difícil
observarmos a multiplicidade de patologias detectadas como reações
psicossomáticas, que nada mais são que mazelas corpóreas iniciadas pela
dimensão interior da pessoa. Por interior entenda-se parte psíquica que, como
veremos mais adiante, pode ser entendida também como alma. “A realidade do
corpo enquanto humano é afirmada como constitutiva da essência do homem, isto
é, como afirmável do seu ser, de modo a que possa estabelecer uma
correspondência conceptual entre ser-homem e ser-corpo.” [4]
Portanto o corpo representa a
transição de um sujeito para o mundo, condição de apropriação do mundo,
potencialização de transformá-lo, garantindo um ponto de vista do mundo,
efetivando os órgãos do sentido. Eu, através do corpo, posso abrir-me em
direção ao mundo constituíndo meu espaço, minha realização como ser vivente. Em
direção a vivência da espiritualidade nossa formação, para com a dimensão corporal,
passa pela educação dos órgãos dos sentidos (visão, olfato, paladar, tato,
audição). Poderíamos aqui nos estendermos sob cada órgão e vermos sua relação
com nossa dimensão espiritual, mas não é por hora a nossa intenção, mas só cito
para percebermos da importância que tem o corpo dentro de nosso processo de
santidade.
Precisamos ainda lembrar que viemos
marcados por várias mentalidades extremistas: no sentido espiritual precisamos
massacrar nosso corpo, pois só assim atingiremos a santidade e sob este aspecto
muito nos ensina nossa Santa Madre sobre os excessos. Já na atualidade é o
hedonismo (a busca incessante de prazer) que de igual forma nos impede de
atingirmos a maturidade humana, a santidade de vida. Com olhos voltados para a vida eterna não
podemos esquecer da Encarnação do Verbo (Jo 1, 14), os dogmas de nossa fé:
quanto à Ressureição do Senhor (Jo 20, 27), quando ele convida a Tomé colocar o
dedo nas chagas, e quanto à Assunção da Virgem Maria em Corpo e alma[5]
e por fim a ressureição da carne, como prevê nosso símbolo da fé. E por mais
que haja várias interpretações a respeito desta “carne” o que temos por certo é
a importância da mesma no plano salvífico. Não há a menor possibilidade de
chegarmos à santidade se não santificarmo-nos pelo nosso corpo, através do
nosso corpo, com o nosso corpo, pois, como afirmamos acima, ele faz parte de
minha essência enquanto pessoa.
Passemos agora a tratar sobre outra
dimensão, não menos importante e com tantas confusões acerca do seu
entendimento, que é a dimensão anímica, a nossa alma, que foi tratada de forma magnifica por Nossa
Santa Madre em vários dos seus escritos, mas de forma primordial na obra Castelo Interior.
A ALMA
É preciso, pois, observar que
O corpo do homem não é simplesmente
corpo, massa corporal, é corpo animado [...] O homem tem alma e esta se
manifesta, não só nos atos vitais, que exerce a semelhança dos animais, mas
também nesse mundo interior como o centro vivente para onde tudo tende e do
qual tudo parte. [6]
A diferenciação homem-animal, que
não nega certos paralelismos encontrados, se dá pela correta compreensão da
alma sensitiva e da alma espiritual:
É possível, portanto, detectar na
esfera vital dois níveis, um sensível (sinnlich) e outro espiritual (geistig).
Por um lado eles estão conexos de forma tal que a força espiritual é
condicionada por aquela sensível - normalmente, de fato, a vivacidade do
espírito desaparece com o cansaço do corpo - por outro lado, podemos constatar
também a independência dos dois momentos – por exemplo, reconheço o valor de
uma obra de arte, mas sou incapaz de sentir entusiasmos.[7]
A alma, portanto será uma dimensão formativa
de um cuidado todo especial de nós formadores, pois o ser humano vive aqui a
liberdade. É aqui nesta dimensão que se instala o nosso “Castelo interior”, essa
é a identidade de sua pessoa, aquilo que os caracteriza como seres
intelectivos, capazes e humanos no sentido mais genuíno. Dessa maneira, a alma
é o princípio de unidade do corpo humano. Ela e o corpo não são dois seres
distintos e sim princípios distintos do mesmo ser. A alma constitui um “espaço
interior no qual o eu se move livremente” [8].
Segundo Stein, o interior é o ‘lugar’ onde a alma é a possessão de si mesmo,
tornando o eu consciente e livre para decidir suas ações. Neste âmbito a ação
formativa deve oferecer as condições (teóricas, práticas, psíquicas e
espirituais) para o desenvolvimento da dimensão anímica dos nossos irmãos. Para
tanto é de fundamental importância o autoconhecimento que tanto frisa Santa
Teresa como porta de entrada para o “Castelo”. Isto quer dizer que a ação
humana tem responsabilidade no seu autor, daí a importância de uma formação
integral fazer do ser humano consciente de suas potencialidades, de suas
obrigações como pessoa humana. É claro que em primeira instancia não somos
responsáveis pelo desenvolvimento dos nossos formandos, haja vista sua
liberdade, e como bem diz nossos estatutos, o Espirito Santo é o formador por
excelência, em seguida vem o próprio formando, para só depois vir a figura do
responsável pela formação, contudo, se nós formadores não estivermos em
condições de dar aos nossos formandos orientações que os estimulem e ajude
nesse processo, por certo, trará graves consequências para a vida pessoal dos
formandos, bem como para o dinamismo da vida comunitária.
Precisamos entender que enquanto
vocação temos valores que devem estar constantemente presentes na vida
comunitária e para isso é necessário que os membros apresentem no mínimo uma
inclinação de desejo para a formação. É preciso que se esclareça que não há uma
intenção de uniformidade, mas sim, de unidade. Os nossos formandos devem
apresentar valores que se identifiquem ao nosso carisma enquanto vocação específica.
Para Edith Stein as vivências dos valores, sejam eles estéticos, éticos, religiosos
ou morais, estão intrinsecamente vinculados com a alma, daí a necessidade de
nos voltarmos a este aspecto anímico vivenciador “reconhecemos que é a pessoa a
partir do mundo de valores em que vive, dos valores aos quais ela está
disponível e que pode criar, através dos valores recebidos.”[9] Os valores como vida
fraterna, vida de oração, aspectos éticos devem ser focados na dimensão
formativa, como prevê nosso plano formação, para gerar unidade enquanto
carisma. O Carmelo teresiano não pode estar à mercê de individualidade, de como
eu vejo o Carmelo e a partir de meu ponto de vista uniformizar minha
comunidade.
Contudo, há um pormenor “enquanto
a atividade do intelecto não procede de si mesmo, mas das profundidades do eu,
na vida do sentimento e da vontade e essas profundidades se despertam a si mesmo.” [10] Nosso agir deve
ter por princípio o ato de vontade desse contanto com a parte mais profunda do
nosso interior, do mais genuíno que possuímos de nós mesmos, e assim teremos
condições para despertá-lo, “a alma se abre ao mundo dos valores com o que lhe
é próprio em seu ser consigo” [11]. É na alma[12] e a partir dela que o homem
encontrar-se-á em sua individualidade num caráter comunitário simultaneamente.
Para podermos entender em que
consiste o ato de vontade devemos levar em consideração sua dinâmica enquanto
ato em si, que é a unidade concreta da tomada de posição da vontade e do
propósito. É aqui onde é forjada a “determinada determinação”, a partir dos
meus valores, quando desperto meu interior, minha alma para a posse e ser
apossado (a) por meu Rei e Senhor, em outras palavras, diante de minha vontade,
uma vez feita uma escolha eu me posiciono positivamente ou negativamente à minha
vontade aqui manifesta e a essa ação posicionante Stein denomina ato livre[13], é a efetivação da decisão
como ato de vontade.
Como vimos anteriormente toda
vivência trás consigo uma serie de exigências que em liberdade optei, tomei a
decisão livremente de pertencer a esta ordem, por isso a obediência antes de
ser um peso torna-se um ato de liberdade. Enquanto experiência vivencial, uma vez
conhecida essas exigências, percebidas, reconhecidas, é preciso mais uma vez
tomar consciência que nossos formandos devem saber o que de fato é a Ordem,
quais obrigações eles, a partir do seu sim, estarão aderindo, como uma entrega
de vida, um “perder para ganhar” que
fundamentará meu querer. Quando estes aspectos entram em consonância com o
conteúdo anímico integrando-o numa mesma “sintonia”, aí o meu ser se abre a graça santificante. O
ato de vontade satisfaz a exigência da vivência. Levando em consideração que há
na alma os critérios balizadores das minhas ações torno-me responsável pelas
minhas tomadas de decisões efetivando-as no ato de vontade. “O ato voluntário
parte do centro, mas não como uma ocorrência, mas como um fazer autêntico, no
qual o centro do eu “pulsa espiritualmente.””[14]
Edith Stein não ignora as
circunstâncias[15] as quais o indivíduo se
cerca, contudo as mesmas só influem no sentido de favorecer ou desfavorecer o
desenvolvimento, “mas não aceita nada de novo, nem perde nada do seu
patrimônio.” [16] Devemos assim analisar a
disposição anímica frente a esse patrimônio, para tanto, vejamos o que diz Stein
a esse respeito:
As disposições originárias são
desenvolvidas na qualidade disposicional. Para a alma e para suas qualidades
não existe nenhuma diferença entre o ser treinado ou não. Para a pureza, a
bondade, e a nobreza não existe circunstancias externas que possam favorecer
ocasião para boas ou más ações e, assim, para estabelecer a qualidade da
disposição correspondente. Você pode adquirir “virtudes” ou “vícios” sob a
influência de um “exemplo” bom ou mau. A pureza interior da alma, todavia, não
é tocada. [17]
Por certo, a importância dada por Edith Stein
à alma[18] é basilar para toda a
construção da do ser pleno, tornando-se imprescindível o conhecimento da forma
como se dá esse crescimento anímico e de onde vem essa força vitalizadora.
A alma, para seu crescimento, não
necessita de nenhum influxo de força externa, de fato suas forças são
completamente intrínseca e quando se torna madura e irrompe na vida atual em
benefício do desenvolvimento psíquico. Se suas forças internas são eliminados
do mundo para o qual se abre, como uma capacidade psíquica de que é subtraída
as forças necessárias, mas volta-se para
si mesma, chega a ser inativa e como se fosse invisível.” [19]
Eis o resultado do que acontece quando não
damos a devida atenção à força anímica, a retração em diversos níveis, chegando
ao ponto de sua aparente inexistência. Por certo, precisamos fazer algumas
distinções relacionadas à alma e a receptividade dos valores pelos indivíduos,
pois há uma dependência da energia vital anímica que, como vimos acima, ela é
em si e não sofre alteração em sua essência, contudo, as circunstâncias
externas da vida, neste caso, podem interferir nessa recepção valorizante.
Temos assim, outro fator que é a formação. A formação deve de todo favorecer a
vivência, no caso o carisma teresiano, fazendo com que o indivíduo possa
estabelecer uma unidade integrativa com seu interior, já que no seu núcleo, a
alma, tem inerente o conteúdo de sentido valorativo, despertando no indivíduo a
receptividade dos valores, fazendo com que sejam estabelecidos diversos níveis
de disposições, engendrando diversos níveis de caráter.
Às diversas disposições do caráter
correspondem a diferentes condições de profundidade, ordenados relativamente
aos graus de valor, dos fatos e das obras. Quanto mais profundo o valor, mais
profundo está situado também o ponto de partida da vivência dos valores e os
modos de comportamento por eles motivados.[20]
Há assim um objetivo neste processo
formativo da nossa alma, que podemos tomar como instrumento, tantos os escritos
dos Padres do Deserto, bem como dos nossos Santos Fundadores e dos nossos irmãos
de Ordem que tanto vivenciaram está dimensão e que através dos seus escritos
podemos, pela comunhão dos santos, também nós chegarmos ao certame que nos é
proposto. Passemos assim a terceira dimensão, mas não menos importante que é o
espirito.
O ESPÍRITO
O espírito sendo constitutivo das
categorias antropológicas “revela uma estrutura do estudo do ser humano não
mais ligada à contingência e ao finito (como o somático e o psíquico)”.[21] O ser humano transcende sua
própria estrutura material e psíquica. Uma vez descobridor de sua
potencialidade o ser humano está em contínuo vir-a-ser, ele vai além de sua
estrutura material participando da infinitude que constitui o espírito. O ser
humano é e estar em constante desenvolvimento interior e exterior. O espirito
deve assim ser entendido como consciência, inteligência.
Apesar do desenvolvimento
tecnológico que também nós enquanto sociedade estamos e devemos estar abertos
aos mesmos é preciso que a humanidade não perca de vista seu fim último que é
sua plenificação enquanto ser humano, assim deve estar claro para nós enquanto
formadores que o individuo, a comunidade, a ordem tem uma finalidade e que não é
só formado de capacidades intelectivas, mas muitas vezes vemos uma preocupação
exagerada em formações conteudistas, se dei ou não dei o que estava sendo
previsto sem um cuidado de saber se o conteúdo dado foi apreendido, se pode ser
experienciado, daí vemos os anos passarem, os planos formativos sendo dados e
pouca vivência acontecendo. Pois não menos importantes são os sentimentos vivenciados
pelos membros da comunidade que de fato trarão um real desenvolvimento à mesma.
Existe uma articulação entre a percepção do conteúdo aprendido possibilitado
pela alma e a intelecção que codifica o que foi apreendido.
Só o espírito que possibilita tal
compreensão, fazendo do ato humano um ato espiritual, que tem por base sua
presença no mundo exterior (dimensão corporal) e a presença do mundo interior (dimensão
psíquica) é essa síntese que unifica a estrutura antropológica do Homem.
Caracteriza-se a presença do homem
segundo o espírito como presença espiritual, ou seja, estruturalmente uma
presença reflexiva. Esta reflexividade é própria do espírito e não tem lugar
nem no somático, nem no psíquico. A presença espiritual como presença reflexiva
confere à linguagem sua forma especificamente humana de manifestação[22]
Aqui há um aspecto importante que é do diálogo formativo. Não podemos e
não devemos entender formação como alguém que prepara um conteúdo, passa uma
hora falando e dar-se por encerrado a formação. A formação deveria nos permitir
um diálogo aberto, sincero, fraterno, haja vista que diálogo em seu significado
mais radical são duas razões, dois intelectos, dois seres com iguais
capacidades que buscam um desenvolvimento, daí que a fala, a linguagem torna-se
instrumento para gerarmos também a unidade na comunidade. Quantos problemas
desnecessários poderíamos evitar se houvesse um bom nível de diálogo em nossas
comunidades? Quanto a esta dimensão
espiritual do homem, podemos dizer que é o ponto chave na pedagogia steiniana,
vejamos, por fazer parte da estrutura humana a dimensão espiritual deve sim ser
contemplada na formação da pessoa, haja vista que queremos a formação em sua
plenitude, ora um conhecimento que leve as pessoas a darem uma resposta
satisfatória aquilo que o é constitutivo, um ser aberto ao transcendente. É
preciso que se diga: todo e qualquer conceito teórico que não trabalhe esta
dimensão espiritual das pessoas é falho e limita uma plenificação da pessoa
humana. O reverso também se aplica, pois toda formação que não parta do
alicerce da constituição corporal é falho e constroem-se castelos sobre areia.
Aprofundemos a questão referente à
constituição da pessoa, pois esta não se limita somente às dimensões físicas e
psíquicas. Como podemos ver no processo
acima descrito a respeito do agir relacionado ao psíquico e ao corpo, em
diversos momentos este dar conta de sua corporeidade e abstrai-se de seu
físico. Para Stein, esta capacidade é denominada consciência e ela “não é
natureza, mas espírito”.[23] Toda e qualquer atividade
perceptiva é de cunho espiritual. Anteriormente, analisamos o desenvolvimento
das vivências com suas aparências e expressões e observamos a existência de um processo
anímico que se trata de :
Uma penetração do espírito no mundo
físico, um “torna visível” do espírito no corpo próprio, possibilitada pela
realidade psíquica, que corresponde aos atos como vivências de um indivíduo
psicofísico, e que engloba em si a eficácia sobre a natureza física.[24]
Esta manifestação do espírito fica mais evidente quando nos aproximamos
da vontade. Ela não só determina o objeto querido como aciona meios para
conquistá-lo. Salienta, além disso, que se há o desejo, objetivamente, é por
que o objeto do desejo está fora de si ou não o tem interiormente. O primeiro
ponto importante é esta percepção da falta e em seguida o eu movimenta o psíquico
e o físico para adquirí-la. Mais uma vez é vista a importância do
autoconhecimento, saber das virtudes e dos vícios que possuímos e ao mesmo
tempo saber os meios para trabalhar-se a fim de conquistar as virtudes
necessárias. A virtude, diga-se de passagem, é um dom de Deus e um esforço
nosso, a ascese sanjuanista nos desvela este princípio carmelitano. Este âmbito
abrange uma infinidade de produções tais como: religiosa, cultural, artístico,
literário, musical, técnica. Enfim, tudo o que o homem venha a produzir está
relacionado com o espírito.
Uma vez apresentada esta existência
espiritual na constituição da pessoa, se nos dermos conta que cada sujeito
espiritual tem sua visão particular do mundo temos por certo que, dentre outras
características, está a individualidade dos sujeitos espirituais. Somos únicos
para Deus, mas também enquanto individualidade e isso não deve ser entendido de
forma poética. Cada um tem um dom de si mesmo, um jeito próprio de vivenciar o
carisma, de efetivar sua vocação e isso é a riqueza de uma comunidade. A unidade
não é formada pela uniformidade, mas pela comunhão nas diferenças, o outro não
deve ser visto como objeto de minha formação, mas um irmão que também tem todas
as condições de vivenciar o carisma como eu.
Estes atos efetivados por pessoas, que por sua vez são atos
espirituais tem uma particularidade: eles não são só eles, não são vivenciados
de forma separadas, existe uma continuidade que Stein, denomina como motivação.
Vejamos o que Edith Stein tem por motivação: “A motivação é a legalidade da
vida do espírito, o nexo das vivências dos sujeitos espirituais, é uma
totalidade significativa vivencial.” [25]
O formado exerce aqui seu potencial motivacional, é necessário que haja um
conhecimento básico dos membros da comunidade por parte dos formadores, não dá
para pensar que todos são iguais e colocar todos numa mesma percepção. Faz
parte da dimensão sacrifical do formador este esforço. Me vem à mente a imagem
que Jesus tem sobre Jerusalém, da galinha que abre suas assas para colocar seus
pintinhos (Lc 13, 34). O formador deve ter esse amor de conhecer seus
formandos, de orientar sem sufocar, de acolher mesmo aqueles que são arredios.
Assim podemos fazer a seguinte
consideração: sendo este ser um corpo, mas não só um corpo, ele é um corpo com
uma alma humana e dentro desta dinâmica temos várias características, dentre
elas a apreensão, sendo que esta é uma capacidade não mais psicofísica, mas
espiritual e este corpo animado passa a ser sujeito espiritual que, dentre
outras, tem por sua característica sua individualidade e sua junção vivencial
de sentido motivacional, que, por sua vez, está sujeita a uma lei racional
dotada de compreensibilidade.
Não devemos, contudo, dar por
solucionado o problema proposto, pois ainda falta analisar de que forma se dá a
constituição nas vivências do sentimento deste sujeito espiritual. O sentimento
por ser, em sua essência, sentimento de algo, está sempre em direção a um
objeto. Por sua vez para ter o sentimento concretizado precisou-se antes de um
dar-se teorético, “Então todos os sentidos necessitam para sua construção dos
atos teóricos”. [26] Existe um saber que embasa
os sentimentos, sejam eles positivos ou negativos. É em posse desse saber que
se dá o sentimento de alegria, tristeza
entre outros, quanto mais se tem conhecimento de como se dão estes
sentimentos maior a possibilidade de efetivá-los. Aqui nos abre outro campo vasto
dos sentimentos na constituição dos seres humanos.
É, portanto esse saber teórico que
constitui a base do sentir e do dar valor as coisas. Se não passo para os
formandos a importância vivencial, não legalista da vida fraterna, da vida de
oração e do apostolado, difícil será o cumprimento do processo formativo. É
nessa relação que se estabelecerá todas as categorias de valores da pessoa, bem
como seu externar. Eu enquanto formador devo pela minha vivência e formação
evidenciar aos formandos que:
Para cada passo em frente no reino
dos valores é simultaneamente uma conquista no reino da própria personalidade.
Esta correlação permite uma legalidade racional dos sentimentos, ancorando-as
em si e uma decisão neste âmbito do que é “certo” ou “errado”. Que, para a
perda de seu patrimônio, é “sobrecarregado”, ou seja,
aqueles que são afetados o mais íntimo de seu eu, eles se sentem “irracionais”
e inverte a hierarquia de valores. [27]
Um exemplo muito instigante é usado
por Stein quando ela utiliza o amor como manifestação de sentimento, pois
segundo a autora, o amor que dedico a uma pessoa é um valor em si, pois a
pessoa é amada pelo que é, enquanto pessoa, independente de suas ações. Esta
capacidade de amar embasada num valor moral diz que devo amar indistintamente,
independente da ação da pessoa. Não devo amar alguém por que ela faz coisas
boas, devo amá-la por ela ser uma “pessoa” constituída de valor em si mesma[28]. Em contrapartida, uma vez que sua ação mereça
certa punição para uma correção, isto não implica que deixarei de amá-la, mas
uma permissividade não cabe aqui. Nesta realidade, mesmo aquelas pessoas que
não me forem do agrado ou fizerem algo contra minha pessoa, também a estas
posso amá-las, sem que isso seja visto como uma irracionalidade, pois já está
em mim alicerçado o valor do amor pela pessoa humana. Enquanto formador, é
claro que, temos formandos que nos são difíceis. Jesus também tinha os dele,
mas isso em nada me dá o direito de reduzi-lo enquanto pessoa, e ou desfazer de
sua imagem nem para os membros da comunidade nem para os de fora, utilizando-se
de sua função como forma de resguardar o bem da comunidade que no fundo, ao meu
ver, não passa de uma imaturidade.
Considerações finais
Ao celebrarmos nosso décimo quinto
encontro formativo, urge esta parada restauradora e reflexiva para que, como
fruto de nossa analise, possamos lançar metas dentro do nosso processo de desenvolvimento
enquanto Ordem. Nesta perspectiva da maturidade humana primeiramente como disse
D. João Braz de Aviz “Nós não podemos passar um verniz de místico, espiritual,
em cima da imaturidade humana”. Esse tender para nossa maturidade humana, tão
querida por Nossa Santa Madre, poderia ser um belo presente de aniversário que
nós enquanto província Sudeste (Norte – Nordeste) ofertaríamos a ela em
celebração jubilar.
Andemos avante, pois “obras quer o
Senhor”, não obras frutos de nosso verniz, mas obras que sejam frutos da fé, de
uma determinada determinação, de integramos em nossa vivencia enquanto
comunidade valores próprios de nosso carisma, que sejam frutos de nossa ação
formativa a maturidade de nossos irmãos, sua realização pessoal, vocacional e que
nós enquanto formadores possamos como São Paulo vivenciarmos o depósito da
nossa Fé, para que os que vierem encontrem portas abertas, acolhida, formadores
maduros humanamente que os orientem pela via da santidade, que é nosso caminho
de subida ao monte, que é Cristo modelo e fim de nossa ação formativa sendo Ele
homem, viveu plenamente nossa humanidade e nós para chegarmos a santidade
devemos ter por meta nossa plenitude humana.
[1]
http://provsjose.blogspot.com.br/2011/06/joao-paulo-ii-um-papa-carmelitano.html
[2]STEIN, Edith. La estrutura de la persona humana.. Pág. 105
[3]
WOJTYLA, Karol. Amor e
Responsabilidade. Pág. 180 .
[4] VAZ, Henrique Cláudio Lima In: MOTTA,
Lauro. Antropologia filosófica. Pág. 21.
[5]
PIO XII, PP. Munificentissimus
Deus. Definição do dogma da assunção de Nossa Senhora em corpo e alma ao céu.
[6]
GARCIA, Jacinta Turolo. Edith Stein, e a formação da pessoa humana. Pág. 59.
[7]
BELLO, Angela Ales. A fenomenologia do ser humano. Pág. 154.
[8]
GARCIA, Jacinta Turolo. Edith Stein, e a formação da pessoa humana. Pág. 59.
[9] “Riconosciamo che cosa è la persona
del mondo di valori in cui vive, daí valori verso cui è disponibile e che può
creare attraverso i valori ricevuti.” STEIN, Edith. Psicologia e scienze dello
spirito – Contributi per una fondazione filosófica”. Pág. 245
[10]
“mentre l’attività
dell’intelletto non proviene da sé, dalle profondità dell’io, nella vita del
sentiment e della volontà queste profondità si risvegliano.” IDEM. Pág. 246
[11] “L’anima si apre al mondo dei valori
com tutto cio che le è próprio nel suo essere-presso di sé.” IBIDEM.
[12]
“Quando a alma está totalmente
desperta todos os aspectos da personalidade individual muda. Agora a vida flui
para o exercício das forças intelectuais ou de outro modo o exercício está
acentuado por uma individualidade que é a expressão da alma. Ao contrário,
quando a alma se ensimesma, talvez devido a angustia emocional, o comportamento
do individuo já não se caracteriza verdadeiramente pela individualidade, embora
permaneçam alguns sinais externos. A alma é em si mesma uma fonte de energia vital
e a força que emana dela fortalece em cada sujeito o desenvolvimento daquelas
qualidades que ele estava predisposto a desenvolver. Também, a profundidade de
nossa sensibilidade aos valores depende da qualidade da alma. Assim, como se
transformam as predisposições centrais de cada sujeito em qualidades
intelectuais, morais e físicas é algo que depende de como atua a alma, tanto
quanto mais profundo da personalidade como nas manifestações externas de sua
vida. A superficialidade e a profundidade são características dos sujeitos que
mostram como são eles e suas almas.” MACINTYRE, Alasdair. Edith Stein – Un
prólogo filosófico, 1913 – 1922. Pág. 216
[13] Cf. STEIN, Edith. Psicologia e
scienze dello spirito. Contributi per una fondazione filosófica. Pág. 84.
[14] “l' atto volontario parte dal centro ma non come un accadimento, bensì
come un fare autentico, nel quali il centro dell'io "pulsa spiritualmente"
STEIN, Edith. Psicologia e scienze dello spirito. Contributi per una fondazione
filosófica. Pág. 92
[15]
“As circunstancias externas são
as que determinam si o tipo de aprendizagem que se requer para o
desenvolvimento das virtudes é acessível para um ou outro individuo, mas tais
circunstâncias não produzem nenhum efeito na alma, e o que um pode fazer sobre
a condição de sua alma é muito limitado.” MACINTYRE, Alasdair. Edith Stein – Un
prólogo filosófico, 1913 – 1922. Pág. 216
[16] “Ma non accetta nulla di nuovo né
perde alcunché del suo patrimonio.”
STEIN, Edith. Psicologia e scienze dello spirito – Contributi per una
fondazione filosofica”. Pág. 249
[17] “Le disposizioni originarie si
sviluppano nelle qualità disposizionali. Per l’anima e le sue qualità non siste
alcuna differenza tra l’essere addestrato oppure no. Per la purezza, la bontà e
la nobiltà non esistono circostanze esterne possono offrire l’occasione per
azioni buone o cattive e dunque per la costituzione di qualità disposizionali
corrispondenti. Si possono acquisire “virtù” oppure “vizi” sotto l’influsso di
un esempio buono oppure cattivo. La purezza interiore dell’anima non ne è
comunque toccata. IDEM. 250
[18]
“Na pessoa, a alma humana carrega em si uma força
para o desenvolvimento numa determinada direção, na direção de uma certa
estrutura que é a personalidade madura com suas características claramente
definidas. A corporeidade, a psique e o espírito estão submetidas a este
processo e a pessoa não pode se tornar qualquer coisa, senão aquilo que de
alguma forma já se encontre inscrito em seu ser pessoal. No seu processo de
formação, a pessoa não é considerada apenas na sua dimensão passiva de acolher
aquilo que lhe é oferecido exteriormente, nem tem sua atividade reduzida apenas
a uma reatividade, mas elabora os materiais que acolhe em si do mundo externo,
pode escolher o horizonte cultural do ambiente que a forma e até mesmo agir na
direção de mudar este ambiente que para ela é formador. Tratando-se da pessoa,
as múltiplas forças que agem no seu processo formativo são constituídas daquela
interior, referente à sua alma intelectiva, e daquelas exteriores,
referente ao seu mundo cultural onde acolhe obras e valores – criados também
pela ação construtiva da pessoa mesma.” JÚNIOR, Achilles Gonçalves Coelho. A relação
pessoa/comunidade na obra de Edith Stein. Pág. 12
[19]
“L’anima per la sua crescita
non há bisogno di alcun afflusso di forze esterno, infatti le sue forze sono
del tutto intrinseche e quando essa diventa matura e irrompe nella vita attuale
ne trae beneficio lo sviluppo psichico. Se le sue forze interiori sono
annientate dal mondo verso cui essa si apre,
come una capacita psichica alla quale vengono meno le forze necessarie,
ma ritorna indietro in se stessa, diventa inattiva e perciò invisibile.” STEIN, Edith. Psicologia e scienze dello
spirito – Contributi per una fondazione filosófica.” Pág. 253
[20] “Alle diverse disposizioni del
carattere corrispondono diverse condizioni di profondità, ordinate
relativamente ai gradi del valore, del fatti e delle opere. Più profondo è Il
valore, più in profondità si situano anche Il punto di partenza dei vissuti di
valore e i modi di comportamento da essi motivati. STEIN, Edith. Psicologia e
scienze dello spirito – Contributi per una fondazione filosófica”. Pág. 447
[22] IDEM. Pág. 32
[23]
“Non è natura ma spirito”. STEIN,
Edith. Il problema Dell’empatia. pág. 185
[24] “Una penetrazione dello spirito nel
mondo físico, un “rendersi visibile” dello spirito nel corpo proprio reso
possibile tramite la realtà psichica, che spetta agli atti come vissuti di un
individuo psicofisico, e che racchiude in sé l’efficacia sulla natura física”
IDEM. Pág. 196
[25]“La motivazione è la legalità della
vita dello spirito; Il nesso dei vissuti dei Soggeti spirituali è una totalità significativa
vissuta.” STEIN, Edith. Il problema Dell’empatia. Pág 202.
[26]
“Dunque ogni sentire necessita
per la sua costruzione di atti teoretici”. STEIN, Edith. Il problema
Dell’empatia. Pág. 208
[27] “Per cui ogni passo in avanti nel
regno dei valori è simultaneamente una conquista nel regno della propria
personalità. Questa correlazione rende possibile una legalità razionale dei
sentimenti, Il loro ancoraggio nell’Io e una decisione in questo ambito su ciò che
è “giusto” o “abagliato”. Chi, per la perdita del suo patrimônio, è
“sopraffatto”, vale a dire chi è colpito nella parte più intima del suo Io,
costui sente “in modo irrazionale” e ribalta la gerarchia dei valori.” IDEM.
Pág. 208. O que a mim parece existir uma
relação intrínseca entre uma vivência do eu plenificante e a busca dos valores
e isso nos remete diretamente à questão ética, como também permite-nos fazer
uma observação acerca da grande necessidade, como nunca visto antes, de um
estudo mais aprofundado sobre o homem, é preciso que se diga que urge de nossa
parte como pesquisadores, uma atenção para a antropologia filosófica, o que é
notório, numa análise de nossas conjunturas sociais, econômicas, culturais, políticas,
éticas e religiosas, a perda da identidade do homem em sua essência.
[28] Este outro aspecto é de fundamental
importância na vivência empática, haja vista não ser uma assertiva de que o
outro agirá empaticamente com minha pessoa, da mesma forma nos permite
independente de direção religiosa se é que atenha fazermos referência a pericope
do NT que segundo Mateus 5, 44 Jesus diz “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos
inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai
pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai
que está nos céus; que valor tem amar os amigos isso os pagãos também o faz
amai vossos inimigos e juntareis tesouros no céu”.