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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

ESTRUTURA DA PESSOA HUMANA À LUZ DE DOIS FILÓSOFOS CARMELITAS: EDITH STEIN E KAROL WOJTYLA




ESTRUTURA DA PESSOA HUMANA À LUZ DE
 DOIS FILÓSOFOS CARMELITAS: EDITH STEIN E KAROL WOJTYLA
 Moisés da Cruz, OCD



 um verniz de místico, espiritual, em cima da imaturidade humana. Tem que ter maturidade, tender ao amadurecimento como fruto da fé, porque se nós não formos competentes em desenvolver todos os valores verdadeiramente humanos, masculinos e femininos integrados, será muito difícil que possamos integrar uma dimensão de fé”. (D. João Braz de Aviz. Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.)

Esta palavra deve nos interpelar de forma particular, nos encontramo-nos no XV encontro de encarregados de formação, e temos algo a nos questionarmos: são quinze anos de um empenho na dimensão formativa e é claro que, como nos recorda Mateus 7,19, “A árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo”. Em que pé se encontra a maturidade humana de nossas comunidades? Se, como dizia Pe. António Vieira no Sermão da Sexagésima, a questão de não se ter frutos com as pregações “formações” não está no conteúdo ou no valor da Sagrada Escrituras, também nós precisamos lembrar que caso haja poucos frutos de maturidade em nossas comunidades a questão não está na Sagrada Escrituras nem nos nossos santos pais, Teresa e João, e nem nos nossos irmãos que já alcançaram seu objetivo de santidade. Sim queridos irmãos! É preciso fazermos um exame de consciência e percebermos a grande responsabilidade que nosso Bom Deus a nós confiou de sermos responsáveis pela formação de nossos irmãos, que, em outras palavras podemos dizer, em ajudá-los a chegarem à santidade e, não menos importante, está sob nossa responsabilidade o futuro da nossa Ordem pois, já diz Nossa Santa Madre, “Devemos sempre nos considerar pedras fundamentais das que vierem mais tarde." (Fundações).
É com essa tomada de consciência de nossa responsabilidade enquanto encarregados da formação que venho propor dois grandes pensadores de nossa Ordem: Karol Wojtyla e Edith Stein. Pode parece esquisito colocar João Paulo II [1] como carmelita, mas não só sou eu que penso assim, e podemos perfeitamente chegar a essa conclusão não só pelo seu amor e carinho pelo Carmelo, mas pela sua prática efetivando assim nossa espiritualidade, através dos seus estudos, discursos e exercícios espirituais. Edith Stein é a nossa irmã, mas um tanto conhecida só por nome e não é aqui o momento de fazermos uma apresentação mais aprofundada. O que na verdade nos propomos a tratar é sobre como estes dois carmelitas veem a estrutura da pessoa humana, como podemos desenvolver nossa humanidade para chegarmos a uma sadia espiritualidade e mística. Sim! Como carmelitas a mística deve ser para nós tema familiar, vivencial.
  Mas para chegarmos a essa espiritualidade almejada nos é necessário lançarmos mãos numa tarefa nada simples, que é nossa formação humana. Ora, como nos dispormos a formar pessoas se nosso conhecimento acerca do que de fato venha a ser uma pessoa é insuficiente. Aqui nos lembra Edith Stein que para potencializarmos a formação humana é preciso que tenhamos consciência do que de fato é um ser humano, do que ele é constituído, até porque a formação deve ser integral perpassando toda sua constituição. Aqui podemos abrir um parêntese e nos questionarmos: o que é “um ser Humano?” “O que é ser pessoa?”. De imediato temos a sensação de saber o que, mas, ao mesmo tempo, nos faltam palavras que nos possibilitem definir. Podemos ir mais profundo. Você que é mulher já se perguntou o que é ser mulher? O que de fato vem a ser um Homem? Como podemos querer chegar a uma maturidade humana se nem aquilo que somos sabemos o que de fato é?
Em nosso auxilio vem a antropologia, seja ela filosófica ou teológica, cada uma com sua particularidade, mas que nos possibilita utilizamos seus conhecimentos favorecendo assim um desenvolvimento integral enquanto pessoa e a consequência prática desse esforço é um ser humano mais maduro, mais senhor de si, mais espiritualizado, mais místico, mais santo e, a outra consequência é a maturidade comunitária haja vista nossas comunidade serem formadas por pessoas. Se percebo que minha comunidade não é madura é porque os seus membros ainda não adquiriram esse nível, isto me parece óbvio.  
Por estamos no mundo mesmo sem sermos do mundo (João 15, 19) não estamos isentos de sofrer as consequências vividas pela sociedade como um todo. E ao meu ver se torna menos raro nos depararmos com comportamentos de pessoas que dista muito de um ser humano pleno, não permitindo uma maturação pessoal. E são estas pessoas que chegam a nós desejando viver nosso carisma teresiano, viver nossa vocação de leigos consagrados. Mas, onde poderíamos identificar a fragilidade deste fato cada vez mais comum? Há uma grande carência de formação antropológica que nos deixe nítido a diferença do que de fato é ser pessoa humana, o que nos diferencia dos animais. Para podermos fazer esta reconstrução devemos analisar a estrutura constitutiva do ser humano, que é diferente de tudo o que existe.
O ser humano enquanto constituição ao nível antropológico possui uma tríplice estrutura, corpo-alma-espírito (1 Ts 5, 23) e sua auto realização consiste na harmonização destes três elementos e devemos entender auto realização como santidade de vida. Por isso devemos resgatar conceitos deixados no esquecimento sobre o que de fato é o homem e qual é sua estrutura fundacional. Para isso, processo de formação deve ter em mente aonde se quer chegar, para que nossas comunidades possam ser constituídas de seres humanos maduros. “O pleno desenvolvimento da pessoa humana significa o desenvolvimento em todas as suas dimensões, não apenas do aspecto cognitivo ou da mera instrução, mas do ser humano de forma integral.” [2]
O CORPO
Como parte integrante da estrutura tríplice o corpo é de fundamental importância para a existência da pessoa humana; é preciso que haja uma metanóia, uma mudança de mentalidade, em relação à significação do corpo, “eu não tenho corpo”, mas “eu sou meu corpo” tudo que se passa com essa estrutura é sentido pelo ser vivente, por isso não pode ser descartado como mero objeto e deve fazer parte do conjunto formativo para um bom desempenho psicofísico da pessoa. Não podemos cair no deslize de supervalorizarmos as formações espirituais, o corpo em quanto matéria faz parte de nossa essência. “O corpo é uma parte autêntica da verdade sobre o homem.” [3]
A realização interpessoal, a vida fraterna, o contato com os irmãos se dá por meio do corpo, a matéria não é matéria morta, ela é por sua vez revestida de humanidade e é o que possibilita expressarmo-nos, termos uma relação com o mundo exterior. Quando um irmão(ã) encontra espaço para mostrar suas potencialidades motoras e ou artísticas, aqui adentra uma infinidade de possibilidades. Não é simplesmente uma ação isolada de um conjunto de musculatura que se movimenta, é um ser humano que expressa seu sentimento através do seu corpo. A formação deve adquirir uma sensibilidade de perceber quais são os dons, os talentos naturais que dispomos em nossa comunidade. Quanta riqueza que muitas vezes não são valorizadas em nossas comunidades, quantos irmãos que exercem atividades fora de nossas comunidades, mas que não encontram espaço em sua comunidade.
Há uma profunda unidade entre o corpo e a dimensão interior, sua alma e espirito. É preciso que se diga que não há pessoa humana se as duas não estão unidas, tanto é, que não é difícil observarmos a multiplicidade de patologias detectadas como reações psicossomáticas, que nada mais são que mazelas corpóreas iniciadas pela dimensão interior da pessoa. Por interior entenda-se parte psíquica que, como veremos mais adiante, pode ser entendida também como alma. “A realidade do corpo enquanto humano é afirmada como constitutiva da essência do homem, isto é, como afirmável do seu ser, de modo a que possa estabelecer uma correspondência conceptual entre ser-homem e ser-corpo.” [4]
Portanto o corpo representa a transição de um sujeito para o mundo, condição de apropriação do mundo, potencialização de transformá-lo, garantindo um ponto de vista do mundo, efetivando os órgãos do sentido. Eu, através do corpo, posso abrir-me em direção ao mundo constituíndo meu espaço, minha realização como ser vivente. Em direção a vivência da espiritualidade nossa formação, para com a dimensão corporal, passa pela educação dos órgãos dos sentidos (visão, olfato, paladar, tato, audição). Poderíamos aqui nos estendermos sob cada órgão e vermos sua relação com nossa dimensão espiritual, mas não é por hora a nossa intenção, mas só cito para percebermos da importância que tem o corpo dentro de nosso processo de santidade.
Precisamos ainda lembrar que viemos marcados por várias mentalidades extremistas: no sentido espiritual precisamos massacrar nosso corpo, pois só assim atingiremos a santidade e sob este aspecto muito nos ensina nossa Santa Madre sobre os excessos. Já na atualidade é o hedonismo (a busca incessante de prazer) que de igual forma nos impede de atingirmos a maturidade humana, a santidade de vida.  Com olhos voltados para a vida eterna não podemos esquecer da Encarnação do Verbo (Jo 1, 14), os dogmas de nossa fé: quanto à Ressureição do Senhor (Jo 20, 27), quando ele convida a Tomé colocar o dedo nas chagas, e quanto à Assunção da Virgem Maria em Corpo e alma[5] e por fim a ressureição da carne, como prevê nosso símbolo da fé. E por mais que haja várias interpretações a respeito desta “carne” o que temos por certo é a importância da mesma no plano salvífico. Não há a menor possibilidade de chegarmos à santidade se não santificarmo-nos pelo nosso corpo, através do nosso corpo, com o nosso corpo, pois, como afirmamos acima, ele faz parte de minha essência enquanto pessoa.
Passemos agora a tratar sobre outra dimensão, não menos importante e com tantas confusões acerca do seu entendimento, que é a dimensão anímica, a nossa alma,  que foi tratada de forma magnifica por Nossa Santa Madre em vários dos seus escritos, mas de forma primordial na obra Castelo Interior. 



A ALMA
É preciso, pois, observar que
O corpo do homem não é simplesmente corpo, massa corporal, é corpo animado [...] O homem tem alma e esta se manifesta, não só nos atos vitais, que exerce a semelhança dos animais, mas também nesse mundo interior como o centro vivente para onde tudo tende e do qual tudo parte. [6]
A diferenciação homem-animal, que não nega certos paralelismos encontrados, se dá pela correta compreensão da alma sensitiva e da alma espiritual:
É possível, portanto, detectar na esfera vital dois níveis, um sensível (sinnlich) e outro espiritual (geistig). Por um lado eles estão conexos de forma tal que a força espiritual é condicionada por aquela sensível - normalmente, de fato, a vivacidade do espírito desaparece com o cansaço do corpo - por outro lado, podemos constatar também a independência dos dois momentos – por exemplo, reconheço o valor de uma obra de arte, mas sou incapaz de sentir entusiasmos.[7]
 A alma, portanto será uma dimensão formativa de um cuidado todo especial de nós formadores, pois o ser humano vive aqui a liberdade. É aqui nesta dimensão que se instala o nosso “Castelo interior”, essa é a identidade de sua pessoa, aquilo que os caracteriza como seres intelectivos, capazes e humanos no sentido mais genuíno. Dessa maneira, a alma é o princípio de unidade do corpo humano. Ela e o corpo não são dois seres distintos e sim princípios distintos do mesmo ser. A alma constitui um “espaço interior no qual o eu se move livremente” [8]. Segundo Stein, o interior é o ‘lugar’ onde a alma é a possessão de si mesmo, tornando o eu consciente e livre para decidir suas ações. Neste âmbito a ação formativa deve oferecer as condições (teóricas, práticas, psíquicas e espirituais) para o desenvolvimento da dimensão anímica dos nossos irmãos. Para tanto é de fundamental importância o autoconhecimento que tanto frisa Santa Teresa como porta de entrada para o “Castelo”. Isto quer dizer que a ação humana tem responsabilidade no seu autor, daí a importância de uma formação integral fazer do ser humano consciente de suas potencialidades, de suas obrigações como pessoa humana. É claro que em primeira instancia não somos responsáveis pelo desenvolvimento dos nossos formandos, haja vista sua liberdade, e como bem diz nossos estatutos, o Espirito Santo é o formador por excelência, em seguida vem o próprio formando, para só depois vir a figura do responsável pela formação, contudo, se nós formadores não estivermos em condições de dar aos nossos formandos orientações que os estimulem e ajude nesse processo, por certo, trará graves consequências para a vida pessoal dos formandos, bem como para o dinamismo da vida comunitária.
Precisamos entender que enquanto vocação temos valores que devem estar constantemente presentes na vida comunitária e para isso é necessário que os membros apresentem no mínimo uma inclinação de desejo para a formação. É preciso que se esclareça que não há uma intenção de uniformidade, mas sim, de unidade. Os nossos formandos devem apresentar valores que se identifiquem ao nosso carisma enquanto vocação específica. Para Edith Stein as vivências dos valores, sejam eles estéticos, éticos, religiosos ou morais, estão intrinsecamente vinculados com a alma, daí a necessidade de nos voltarmos a este aspecto anímico vivenciador “reconhecemos que é a pessoa a partir do mundo de valores em que vive, dos valores aos quais ela está disponível e que pode criar, através dos valores recebidos.”[9] Os valores como vida fraterna, vida de oração, aspectos éticos devem ser focados na dimensão formativa, como prevê nosso plano formação, para gerar unidade enquanto carisma. O Carmelo teresiano não pode estar à mercê de individualidade, de como eu vejo o Carmelo e a partir de meu ponto de vista uniformizar minha comunidade.
Contudo, há um pormenor “enquanto a atividade do intelecto não procede de si mesmo, mas das profundidades do eu, na vida do sentimento e da vontade e essas profundidades se despertam a si mesmo.” [10] Nosso agir deve ter por princípio o ato de vontade desse contanto com a parte mais profunda do nosso interior, do mais genuíno que possuímos de nós mesmos, e assim teremos condições para despertá-lo, “a alma se abre ao mundo dos valores com o que lhe é próprio em seu ser consigo” [11]. É na alma[12] e a partir dela que o homem encontrar-se-á em sua individualidade num caráter comunitário simultaneamente.
Para podermos entender em que consiste o ato de vontade devemos levar em consideração sua dinâmica enquanto ato em si, que é a unidade concreta da tomada de posição da vontade e do propósito. É aqui onde é forjada a “determinada determinação”, a partir dos meus valores, quando desperto meu interior, minha alma para a posse e ser apossado (a) por meu Rei e Senhor, em outras palavras, diante de minha vontade, uma vez feita uma escolha eu me posiciono positivamente ou negativamente à minha vontade aqui manifesta e a essa ação posicionante Stein denomina ato livre[13], é a efetivação da decisão como ato de vontade.
Como vimos anteriormente toda vivência trás consigo uma serie de exigências que em liberdade optei, tomei a decisão livremente de pertencer a esta ordem, por isso a obediência antes de ser um peso torna-se um ato de liberdade. Enquanto experiência vivencial, uma vez conhecida essas exigências, percebidas, reconhecidas, é preciso mais uma vez tomar consciência que nossos formandos devem saber o que de fato é a Ordem, quais obrigações eles, a partir do seu sim, estarão aderindo, como uma entrega de vida, um “perder para ganhar”  que fundamentará meu querer. Quando estes aspectos entram em consonância com o conteúdo anímico integrando-o numa mesma “sintonia”,  aí o meu ser se abre a graça santificante. O ato de vontade satisfaz a exigência da vivência. Levando em consideração que há na alma os critérios balizadores das minhas ações torno-me responsável pelas minhas tomadas de decisões efetivando-as no ato de vontade. “O ato voluntário parte do centro, mas não como uma ocorrência, mas como um fazer autêntico, no qual o centro do eu “pulsa espiritualmente.””[14]    
Edith Stein não ignora as circunstâncias[15] as quais o indivíduo se cerca, contudo as mesmas só influem no sentido de favorecer ou desfavorecer o desenvolvimento, “mas não aceita nada de novo, nem perde nada do seu patrimônio.” [16] Devemos assim analisar a disposição anímica frente a esse patrimônio, para tanto, vejamos o que diz Stein a esse respeito:
As disposições originárias são desenvolvidas na qualidade disposicional. Para a alma e para suas qualidades não existe nenhuma diferença entre o ser treinado ou não. Para a pureza, a bondade, e a nobreza não existe circunstancias externas que possam favorecer ocasião para boas ou más ações e, assim, para estabelecer a qualidade da disposição correspondente. Você pode adquirir “virtudes” ou “vícios” sob a influência de um “exemplo” bom ou mau. A pureza interior da alma, todavia, não é tocada. [17]      
 Por certo, a importância dada por Edith Stein à alma[18] é basilar para toda a construção da do ser pleno, tornando-se imprescindível o conhecimento da forma como se dá esse crescimento anímico e de onde vem essa força vitalizadora.
A alma, para seu crescimento, não necessita de nenhum influxo de força externa, de fato suas forças são completamente intrínseca e quando se torna madura e irrompe na vida atual em benefício do desenvolvimento psíquico. Se suas forças internas são eliminados do mundo para o qual se abre, como uma capacidade psíquica de que é subtraída as forças necessárias, mas  volta-se para si mesma, chega a ser inativa e como se fosse invisível.” [19]
 Eis o resultado do que acontece quando não damos a devida atenção à força anímica, a retração em diversos níveis, chegando ao ponto de sua aparente inexistência. Por certo, precisamos fazer algumas distinções relacionadas à alma e a receptividade dos valores pelos indivíduos, pois há uma dependência da energia vital anímica que, como vimos acima, ela é em si e não sofre alteração em sua essência, contudo, as circunstâncias externas da vida, neste caso, podem interferir nessa recepção valorizante. Temos assim, outro fator que é a formação. A formação deve de todo favorecer a vivência, no caso o carisma teresiano, fazendo com que o indivíduo possa estabelecer uma unidade integrativa com seu interior, já que no seu núcleo, a alma, tem inerente o conteúdo de sentido valorativo, despertando no indivíduo a receptividade dos valores, fazendo com que sejam estabelecidos diversos níveis de disposições, engendrando diversos níveis de caráter.
Às diversas disposições do caráter correspondem a diferentes condições de profundidade, ordenados relativamente aos graus de valor, dos fatos e das obras. Quanto mais profundo o valor, mais profundo está situado também o ponto de partida da vivência dos valores e os modos de comportamento por eles motivados.[20]
Há assim um objetivo neste processo formativo da nossa alma, que podemos tomar como instrumento, tantos os escritos dos Padres do Deserto, bem como dos nossos Santos Fundadores e dos nossos irmãos de Ordem que tanto vivenciaram está dimensão e que através dos seus escritos podemos, pela comunhão dos santos, também nós chegarmos ao certame que nos é proposto. Passemos assim a terceira dimensão, mas não menos importante que é o espirito.
O ESPÍRITO
O espírito sendo constitutivo das categorias antropológicas “revela uma estrutura do estudo do ser humano não mais ligada à contingência e ao finito (como o somático e o psíquico)”.[21] O ser humano transcende sua própria estrutura material e psíquica. Uma vez descobridor de sua potencialidade o ser humano está em contínuo vir-a-ser, ele vai além de sua estrutura material participando da infinitude que constitui o espírito. O ser humano é e estar em constante desenvolvimento interior e exterior. O espirito deve assim ser entendido como consciência, inteligência.
Apesar do desenvolvimento tecnológico que também nós enquanto sociedade estamos e devemos estar abertos aos mesmos é preciso que a humanidade não perca de vista seu fim último que é sua plenificação enquanto ser humano, assim deve estar claro para nós enquanto formadores que o individuo, a comunidade, a ordem tem uma finalidade e que não é só formado de capacidades intelectivas, mas muitas vezes vemos uma preocupação exagerada em formações conteudistas, se dei ou não dei o que estava sendo previsto sem um cuidado de saber se o conteúdo dado foi apreendido, se pode ser experienciado, daí vemos os anos passarem, os planos formativos sendo dados e pouca vivência acontecendo. Pois não menos importantes são os sentimentos vivenciados pelos membros da comunidade que de fato trarão um real desenvolvimento à mesma. Existe uma articulação entre a percepção do conteúdo aprendido possibilitado pela alma e a intelecção que codifica o que foi apreendido.
Só o espírito que possibilita tal compreensão, fazendo do ato humano um ato espiritual, que tem por base sua presença no mundo exterior (dimensão corporal) e a presença do mundo interior (dimensão psíquica) é essa síntese que unifica a estrutura antropológica do Homem.
Caracteriza-se a presença do homem segundo o espírito como presença espiritual, ou seja, estruturalmente uma presença reflexiva. Esta reflexividade é própria do espírito e não tem lugar nem no somático, nem no psíquico. A presença espiritual como presença reflexiva confere à linguagem sua forma especificamente humana de manifestação[22]
     Aqui há um aspecto importante que é do diálogo formativo. Não podemos e não devemos entender formação como alguém que prepara um conteúdo, passa uma hora falando e dar-se por encerrado a formação. A formação deveria nos permitir um diálogo aberto, sincero, fraterno, haja vista que diálogo em seu significado mais radical são duas razões, dois intelectos, dois seres com iguais capacidades que buscam um desenvolvimento, daí que a fala, a linguagem torna-se instrumento para gerarmos também a unidade na comunidade. Quantos problemas desnecessários poderíamos evitar se houvesse um bom nível de diálogo em nossas comunidades?   Quanto a esta dimensão espiritual do homem, podemos dizer que é o ponto chave na pedagogia steiniana, vejamos, por fazer parte da estrutura humana a dimensão espiritual deve sim ser contemplada na formação da pessoa, haja vista que queremos a formação em sua plenitude, ora um conhecimento que leve as pessoas a darem uma resposta satisfatória aquilo que o é constitutivo, um ser aberto ao transcendente. É preciso que se diga: todo e qualquer conceito teórico que não trabalhe esta dimensão espiritual das pessoas é falho e limita uma plenificação da pessoa humana. O reverso também se aplica, pois toda formação que não parta do alicerce da constituição corporal é falho e constroem-se castelos sobre areia.
Aprofundemos a questão referente à constituição da pessoa, pois esta não se limita somente às dimensões físicas e psíquicas.  Como podemos ver no processo acima descrito a respeito do agir relacionado ao psíquico e ao corpo, em diversos momentos este dar conta de sua corporeidade e abstrai-se de seu físico. Para Stein, esta capacidade é denominada consciência e ela “não é natureza, mas espírito”.[23] Toda e qualquer atividade perceptiva é de cunho espiritual. Anteriormente, analisamos o desenvolvimento das vivências com suas aparências e expressões e observamos a existência de um processo anímico que se trata de :
Uma penetração do espírito no mundo físico, um “torna visível” do espírito no corpo próprio, possibilitada pela realidade psíquica, que corresponde aos atos como vivências de um indivíduo psicofísico, e que engloba em si a eficácia sobre a natureza física.[24]
   Esta manifestação do espírito fica mais evidente quando nos aproximamos da vontade. Ela não só determina o objeto querido como aciona meios para conquistá-lo. Salienta, além disso, que se há o desejo, objetivamente, é por que o objeto do desejo está fora de si ou não o tem interiormente. O primeiro ponto importante é esta percepção da falta e em seguida o eu movimenta o psíquico e o físico para adquirí-la. Mais uma vez é vista a importância do autoconhecimento, saber das virtudes e dos vícios que possuímos e ao mesmo tempo saber os meios para trabalhar-se a fim de conquistar as virtudes necessárias. A virtude, diga-se de passagem, é um dom de Deus e um esforço nosso, a ascese sanjuanista nos desvela este princípio carmelitano. Este âmbito abrange uma infinidade de produções tais como: religiosa, cultural, artístico, literário, musical, técnica. Enfim, tudo o que o homem venha a produzir está relacionado com o espírito.
Uma vez apresentada esta existência espiritual na constituição da pessoa, se nos dermos conta que cada sujeito espiritual tem sua visão particular do mundo temos por certo que, dentre outras características, está a individualidade dos sujeitos espirituais. Somos únicos para Deus, mas também enquanto individualidade e isso não deve ser entendido de forma poética. Cada um tem um dom de si mesmo, um jeito próprio de vivenciar o carisma, de efetivar sua vocação e isso é a riqueza de uma comunidade. A unidade não é formada pela uniformidade, mas pela comunhão nas diferenças, o outro não deve ser visto como objeto de minha formação, mas um irmão que também tem todas as condições de vivenciar o carisma como eu.
Estes atos efetivados por pessoas, que por sua vez são atos espirituais tem uma particularidade: eles não são só eles, não são vivenciados de forma separadas, existe uma continuidade que Stein, denomina como motivação. Vejamos o que Edith Stein tem por motivação: “A motivação é a legalidade da vida do espírito, o nexo das vivências dos sujeitos espirituais, é uma totalidade significativa vivencial.” [25] O formado exerce aqui seu potencial motivacional, é necessário que haja um conhecimento básico dos membros da comunidade por parte dos formadores, não dá para pensar que todos são iguais e colocar todos numa mesma percepção. Faz parte da dimensão sacrifical do formador este esforço. Me vem à mente a imagem que Jesus tem sobre Jerusalém, da galinha que abre suas assas para colocar seus pintinhos (Lc 13, 34). O formador deve ter esse amor de conhecer seus formandos, de orientar sem sufocar, de acolher mesmo aqueles que são arredios.
Assim podemos fazer a seguinte consideração: sendo este ser um corpo, mas não só um corpo, ele é um corpo com uma alma humana e dentro desta dinâmica temos várias características, dentre elas a apreensão, sendo que esta é uma capacidade não mais psicofísica, mas espiritual e este corpo animado passa a ser sujeito espiritual que, dentre outras, tem por sua característica sua individualidade e sua junção vivencial de sentido motivacional, que, por sua vez, está sujeita a uma lei racional dotada de compreensibilidade.
Não devemos, contudo, dar por solucionado o problema proposto, pois ainda falta analisar de que forma se dá a constituição nas vivências do sentimento deste sujeito espiritual. O sentimento por ser, em sua essência, sentimento de algo, está sempre em direção a um objeto. Por sua vez para ter o sentimento concretizado precisou-se antes de um dar-se teorético, “Então todos os sentidos necessitam para sua construção dos atos teóricos”. [26] Existe um saber que embasa os sentimentos, sejam eles positivos ou negativos. É em posse desse saber que se dá o sentimento de alegria, tristeza  entre outros, quanto mais se tem conhecimento de como se dão estes sentimentos maior a possibilidade de efetivá-los. Aqui nos abre outro campo vasto dos sentimentos na constituição dos seres humanos.
É, portanto esse saber teórico que constitui a base do sentir e do dar  valor as coisas. Se não passo para os formandos a importância vivencial, não legalista da vida fraterna, da vida de oração e do apostolado, difícil será o cumprimento do processo formativo. É nessa relação que se estabelecerá todas as categorias de valores da pessoa, bem como seu externar. Eu enquanto formador devo pela minha vivência e formação evidenciar aos formandos que:
Para cada passo em frente no reino dos valores é simultaneamente uma conquista no reino da própria personalidade. Esta correlação permite uma legalidade racional dos sentimentos, ancorando-as em si e uma decisão neste âmbito do que é “certo” ou “errado”. Que, para a perda de seu patrimônio, é “sobrecarregado”, ou seja, aqueles que são afetados o mais íntimo de seu eu, eles se sentem “irracionais” e inverte a hierarquia de valores. [27]
Um exemplo muito instigante é usado por Stein quando ela utiliza o amor como manifestação de sentimento, pois segundo a autora, o amor que dedico a uma pessoa é um valor em si, pois a pessoa é amada pelo que é, enquanto pessoa, independente de suas ações. Esta capacidade de amar embasada num valor moral diz que devo amar indistintamente, independente da ação da pessoa. Não devo amar alguém por que ela faz coisas boas, devo amá-la por ela ser uma “pessoa” constituída de valor em si mesma[28].  Em contrapartida, uma vez que sua ação mereça certa punição para uma correção, isto não implica que deixarei de amá-la, mas uma permissividade não cabe aqui. Nesta realidade, mesmo aquelas pessoas que não me forem do agrado ou fizerem algo contra minha pessoa, também a estas posso amá-las, sem que isso seja visto como uma irracionalidade, pois já está em mim alicerçado o valor do amor pela pessoa humana. Enquanto formador, é claro que, temos formandos que nos são difíceis. Jesus também tinha os dele, mas isso em nada me dá o direito de reduzi-lo enquanto pessoa, e ou desfazer de sua imagem nem para os membros da comunidade nem para os de fora, utilizando-se de sua função como forma de resguardar o bem da comunidade que no fundo, ao meu ver, não passa de uma imaturidade.
Considerações finais
Ao celebrarmos nosso décimo quinto encontro formativo, urge esta parada restauradora e reflexiva para que, como fruto de nossa analise, possamos lançar metas dentro do nosso processo de desenvolvimento enquanto Ordem. Nesta perspectiva da maturidade humana primeiramente como disse D. João Braz de Aviz “Nós não podemos passar um verniz de místico, espiritual, em cima da imaturidade humana”. Esse tender para nossa maturidade humana, tão querida por Nossa Santa Madre, poderia ser um belo presente de aniversário que nós enquanto província Sudeste (Norte – Nordeste) ofertaríamos a ela em celebração jubilar.
Andemos avante, pois “obras quer o Senhor”, não obras frutos de nosso verniz, mas obras que sejam frutos da fé, de uma determinada determinação, de integramos em nossa vivencia enquanto comunidade valores próprios de nosso carisma, que sejam frutos de nossa ação formativa a maturidade de nossos irmãos, sua realização pessoal, vocacional e que nós enquanto formadores possamos como São Paulo vivenciarmos o depósito da nossa Fé, para que os que vierem encontrem portas abertas, acolhida, formadores maduros humanamente que os orientem pela via da santidade, que é nosso caminho de subida ao monte, que é Cristo modelo e fim de nossa ação formativa sendo Ele homem, viveu plenamente nossa humanidade e nós para chegarmos a santidade devemos ter por meta nossa plenitude humana.




[1] http://provsjose.blogspot.com.br/2011/06/joao-paulo-ii-um-papa-carmelitano.html
[2]STEIN, Edith.  La estrutura de la persona humana.. Pág. 105
[3] WOJTYLA, Karol. Amor e Responsabilidade. Pág. 180 .
[4] VAZ, Henrique Cláudio Lima In: MOTTA, Lauro. Antropologia filosófica. Pág. 21.
[5] PIO XII, PP. Munificentissimus Deus. Definição do dogma da assunção de Nossa Senhora  em corpo e alma ao céu.
[6] GARCIA, Jacinta Turolo. Edith Stein, e a formação da pessoa humana. Pág. 59.
[7] BELLO, Angela Ales. A fenomenologia do ser humano. Pág. 154.
[8] GARCIA, Jacinta Turolo. Edith Stein, e a formação da pessoa humana. Pág. 59.
[9] “Riconosciamo che cosa è la persona del mondo di valori in cui vive, daí valori verso cui è disponibile e che può creare attraverso i valori ricevuti.” STEIN, Edith. Psicologia e scienze dello spirito – Contributi per una fondazione filosófica”. Pág. 245
[10] “mentre l’attività dell’intelletto non proviene da sé, dalle profondità dell’io, nella vita del sentiment e della volontà queste profondità si risvegliano.” IDEM. Pág. 246
[11] “L’anima si apre al mondo dei valori com tutto cio che le è próprio nel suo essere-presso di sé.” IBIDEM.
[12] “Quando a alma está totalmente desperta todos os aspectos da personalidade individual muda. Agora a vida flui para o exercício das forças intelectuais ou de outro modo o exercício está acentuado por uma individualidade que é a expressão da alma. Ao contrário, quando a alma se ensimesma, talvez devido a angustia emocional, o comportamento do individuo já não se caracteriza verdadeiramente pela individualidade, embora permaneçam alguns sinais externos. A alma é em si mesma uma fonte de energia vital e a força que emana dela fortalece em cada sujeito o desenvolvimento daquelas qualidades que ele estava predisposto a desenvolver. Também, a profundidade de nossa sensibilidade aos valores depende da qualidade da alma. Assim, como se transformam as predisposições centrais de cada sujeito em qualidades intelectuais, morais e físicas é algo que depende de como atua a alma, tanto quanto mais profundo da personalidade como nas manifestações externas de sua vida. A superficialidade e a profundidade são características dos sujeitos que mostram como são eles e suas almas.” MACINTYRE, Alasdair. Edith Stein – Un prólogo filosófico, 1913 – 1922. Pág. 216
[13] Cf. STEIN, Edith. Psicologia e scienze dello spirito. Contributi per una fondazione filosófica. Pág. 84.
[14]l' atto volontario parte dal centro ma non come un accadimento, bensì come un fare autentico, nel quali il centro dell'io "pulsa spiritualmente" STEIN, Edith. Psicologia e scienze dello spirito. Contributi per una fondazione filosófica. Pág. 92
[15] “As circunstancias externas são as que determinam si o tipo de aprendizagem que se requer para o desenvolvimento das virtudes é acessível para um ou outro individuo, mas tais circunstâncias não produzem nenhum efeito na alma, e o que um pode fazer sobre a condição de sua alma é muito limitado.” MACINTYRE, Alasdair. Edith Stein – Un prólogo filosófico, 1913 – 1922. Pág. 216
[16] “Ma non accetta nulla di nuovo né perde alcunché del suo patrimonio.”  STEIN, Edith. Psicologia e scienze dello spirito – Contributi per una fondazione filosofica”. Pág. 249
[17] “Le disposizioni originarie si sviluppano nelle qualità disposizionali. Per l’anima e le sue qualità non siste alcuna differenza tra l’essere addestrato oppure no. Per la purezza, la bontà e la nobiltà non esistono circostanze esterne possono offrire l’occasione per azioni buone o cattive e dunque per la costituzione di qualità disposizionali corrispondenti. Si possono acquisire “virtù” oppure “vizi” sotto l’influsso di un esempio buono oppure cattivo. La purezza interiore dell’anima non ne è comunque toccata. IDEM. 250
[18]Na pessoa, a alma humana carrega em si uma força para o desenvolvimento numa determinada direção, na direção de uma certa estrutura que é a personalidade madura com suas características claramente definidas. A corporeidade, a psique e o espírito estão submetidas a este processo e a pessoa não pode se tornar qualquer coisa, senão aquilo que de alguma forma já se encontre inscrito em seu ser pessoal. No seu processo de formação, a pessoa não é considerada apenas na sua dimensão passiva de acolher aquilo que lhe é oferecido exteriormente, nem tem sua atividade reduzida apenas a uma reatividade, mas elabora os materiais que acolhe em si do mundo externo, pode escolher o horizonte cultural do ambiente que a forma e até mesmo agir na direção de mudar este ambiente que para ela é formador. Tratando-se da pessoa, as múltiplas forças que agem no seu processo formativo são constituídas daquela interior, referente à sua alma intelectiva, e daquelas exteriores, referente ao seu mundo cultural onde acolhe obras e valores – criados também pela ação construtiva da pessoa mesma.” JÚNIOR, Achilles Gonçalves Coelho. A relação pessoa/comunidade na obra de Edith Stein. Pág. 12
[19] “L’anima per la sua crescita non há bisogno di alcun afflusso di forze esterno, infatti le sue forze sono del tutto intrinseche e quando essa diventa matura e irrompe nella vita attuale ne trae beneficio lo sviluppo psichico. Se le sue forze interiori sono annientate dal mondo verso cui essa si apre,  come una capacita psichica alla quale vengono meno le forze necessarie, ma ritorna indietro in se stessa, diventa inattiva e perciò invisibile.”  STEIN, Edith. Psicologia e scienze dello spirito – Contributi per una fondazione filosófica.” Pág. 253
[20] “Alle diverse disposizioni del carattere corrispondono diverse condizioni di profondità, ordinate relativamente ai gradi del valore, del fatti e delle opere. Più profondo è Il valore, più in profondità si situano anche Il punto di partenza dei vissuti di valore e i modi di comportamento da essi motivati. STEIN, Edith. Psicologia e scienze dello spirito – Contributi per una fondazione filosófica”. Pág. 447
[21] Cf. MOTTA, Lauro.  Antropologia filosófica Pág. 28.
[22] IDEM. Pág. 32
[23] “Non è natura ma spirito”. STEIN, Edith. Il problema Dell’empatia. pág. 185
[24] “Una penetrazione dello spirito nel mondo físico, un “rendersi visibile” dello spirito nel corpo proprio reso possibile tramite la realtà psichica, che spetta agli atti come vissuti di un individuo psicofisico, e che racchiude in sé l’efficacia sulla natura física” IDEM. Pág. 196
[25]La motivazione è la legalità della vita dello spirito; Il nesso dei vissuti dei Soggeti spirituali è una totalità significativa vissuta.” STEIN, Edith. Il problema Dell’empatia. Pág 202.
[26] “Dunque ogni sentire necessita per la sua costruzione di atti teoretici”. STEIN, Edith. Il problema Dell’empatia. Pág. 208
[27] “Per cui ogni passo in avanti nel regno dei valori è simultaneamente una conquista nel regno della propria personalità. Questa correlazione rende possibile una legalità razionale dei sentimenti, Il loro ancoraggio nell’Io e una decisione in questo ambito su ciò che è “giusto” o “abagliato”. Chi, per la perdita del suo patrimônio, è “sopraffatto”, vale a dire chi è colpito nella parte più intima del suo Io, costui sente “in modo irrazionale” e ribalta la gerarchia dei valori.” IDEM. Pág. 208.  O que a mim parece existir uma relação intrínseca entre uma vivência do eu plenificante e a busca dos valores e isso nos remete diretamente à questão ética, como também permite-nos fazer uma observação acerca da grande necessidade, como nunca visto antes, de um estudo mais aprofundado sobre o homem, é preciso que se diga que urge de nossa parte como pesquisadores, uma atenção para a antropologia filosófica, o que é notório, numa análise de nossas conjunturas sociais, econômicas, culturais, políticas, éticas e religiosas, a perda da identidade do homem em sua essência.  
[28] Este outro aspecto é de fundamental importância na vivência empática, haja vista não ser uma assertiva de que o outro agirá empaticamente com minha pessoa, da mesma forma nos permite independente de direção religiosa se é que atenha fazermos referência a pericope do NT que segundo Mateus 5, 44 Jesus diz “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; que valor tem amar os amigos isso os pagãos também o faz amai vossos inimigos e juntareis tesouros no céu”.