Rose Lemos Piotto, ocds*
Santa Teresa de Jesus recorre a símbolos expressivos para dar a conhecer melhor a sua mensagem. Era normal que ela utilizasse símbolos quando nos transmitia as suas experiências mais íntimas. Ao usar o símbolo a autora não se sente na obrigação de entrar em detalhes explícitos no momento de nos abrir o interior da sua alma. Sabemos que o símbolo “fala sem falar”, ou melhor ainda, é uma espécie de mensagem aberta, ampla, capaz de despertar no leitor diversas interpretações, dependendo da sua capacidade de receptibilidade ou da sua empatia com a experiência da autora.
É óbvio que Teresa, como filha do seu tempo, utilize imagens e símbolos da sua época. Ela escreve noutro contexto e cabe-nos a nós, leitores de hoje, atualizar a mensagem, ajustar os conceitos sem perder a profundidade dos conteúdos presentes através dos símbolos.
A Santa Doutora confessa, como já referimos, que tenha lido ou ouvido, e certamente assim deve ser. A Originalidade não está na descoberta de metáforas, mas na amplitude e no desenvolvimento que lhes dá, na ternura e graça com que ela expõe na ironia delicada e fina que emerge a partir delas, algo que se torna efeito da influência magnética da Santa Mãe ", o ímã do mundo", como ela chama, animada, Fray Luis de Leon
Por último é preciso dizer que nem todos os símbolos teresianos têm a mesma importância. Alguns são essenciais, outros acidentais e finalmente aparecem os funcionais.
“Se a natureza inanimada despertou em Teresa metáforas tão belas como temos visto, na alma de Teresa de Jesus, maior fertilidade lhe ofereceria e mais beleza de criações surpreendentes, a natureza viva com o encanto de suas maravilhosas transformações, desde a flor que deleita e perfuma ate o coração que sofre e ama.
Nos quadros de natureza inerte, buscava sempre a mística Doutora a variedade do movimento, como para dar-lhes animação e vida. O caminho e a sensação para andar por eles; a água salta entre a arena de seu manancial, o ou correr pela grama e pedras, ou ondulando ao vento ou reverbera a luz, o Sol em si [da Trindade] cascata é como brilha, não brilha na alma como remansos de luz e calma, mas como a luz fervente, inflamada que transferiu os poderes, sentidos e as coisas.
Nos quadros da natureza inerte, buscando sempre a mística da natureza viva não tem necessidade de ser concedido o que ela tomou emprestado de si mesma, o que é a animação e o movimento é essencialmente dinâmico. E por isso as metáforas que inspira são mais ágeis, coloridas e vigorosas do que inertes.
Devemos começar pelas belezas do reino vegetal, examinando-se as analogias favoritas de Santa Teresa, nascida no interior das fronteiras do reino. Alguns são grandes, vou mencionar de passagem, porque vimos, em parte, quando nós contemplamos os córregos de águas claras.
Na verdade, a alma é um jardim. "Pareceu-me", diz Santa-me ter lido ou ouvido essa comparação que eu tenho memória ruim como eu não sei onde, ou o fim, mas por agora contenta-me essa imagem.
Deve fazer conta, ele começa, ele começa a fazer um jardim na terra que é muito infrutuosa e que tem muito mato para que encante o Senhor. Sua Majestade, arranca as ervas ruins ruins, e há de plantar o que é bom...Agora voltamos ao nosso jardim ou pomar e ver como começam essas árvores a florescer e dar frutos mais tarde, flores e cravo e o mesmo, para conferir o odor. Regala-me esta comparação ... que minha alma é um jardim e Deus passeasse nele ...». O trabalho ativo "quando saem desta raiz e das flores perfumadas são impressionantes, pois estas árvores vêm de amor de Deus e o perfume dura muito" e não passa rápido, mas faz grande um grande bem " também as faltas lembram pequenas plantas quando são propostas, mas se regamos as mudas todos os dias "operam-se tão grande mudança que não vê necessidade de ver necessária depois a pá e enxada. Assim parece fazer cada dia a a mesma falta (ainda que pequena que seja) se não nos emendarmos delas, mas se um dia ou dez o evitamos, em seguida, começa a ser facil fácil ».
Além disso, é inútil procurar a origem dessas analogias são muito comuns em livros que abordam a vida espiritual de seu ponto de vista, os Versos belo dos Cânticos, que muito usa em suas comparações entre a alma e Deus.
Deixando, então, pomares e jardins, na primavera, as flores são lindíssimas e alguns frutos são de esperança, nós vemos as cores que nos deixou Santa Teresa, aplicando-se à vida sobrenatural das qualidades reais ou simulados de alguns animaizinhos de Deus” (Fray Luis Urbano, O. P.)
O BICHO DA SEDA
Em pleno coração do livro do castelo interior e dentro das quintas moradas, Santa Teresa descreve a transformação que experimenta a pessoa na oração, com um símbolo muito belo: o bicho da seda, o qual se fecha no seu casulo interior, e aí “com as suas boquitas vão fiando a seda, e fazendo uns casulos muito apertados onde se fecham… E morre este bicho, que é grande e feio, e sai do mesmo casulo uma borboleta branca muito bonita”.
Em pleno coração do livro do castelo interior e dentro das quintas moradas, Santa Teresa descreve a transformação que experimenta a pessoa na oração, com um símbolo muito belo: o bicho da seda, o qual se fecha no seu casulo interior, e aí “com as suas boquitas vão fiando a seda, e fazendo uns casulos muito apertados onde se fecham… E morre este bicho, que é grande e feio, e sai do mesmo casulo uma borboleta branca muito bonita”.
Esta imagem do bicho da seda serve para que Teresa expresse melhor a mudança e a transformação da pessoa, como mistério pascal de morte e ressurreição. No desenvolvimento desta transformação, como no processo em que o bicho da seda se metamorfoseia em borboleta, é muito importante a acção do Espírito Santo que vai ajudando nessa disposição e no nosso trabalho para não ficarmos pelo meio do caminho.
O CASTELO INTERIOR
Talvez seja este o símbolo que melhor representa Santa Teresa e pelo qual ficou ligada para sempre à cultura. Ela utiliza este símbolo para representar a alma (a pessoa e a sua interioridade) “ofereceu-se-me considerar a nossa alma como um castelo…”.
Talvez seja este o símbolo que melhor representa Santa Teresa e pelo qual ficou ligada para sempre à cultura. Ela utiliza este símbolo para representar a alma (a pessoa e a sua interioridade) “ofereceu-se-me considerar a nossa alma como um castelo…”.
A este castelo, da Santa, não lhe falta nada e assim nos mostra que tem uma cerca que é o corpo, uma porta que é a oração; os habitantes principais são Deus e o homem. Mas há mais gente: vassalos e guardiões, que a Santa compara aos sentidos e às potências da alma (memória, inteligência e vontade). E, como todo o Castelo, conta com os seus inimigos que se reflectem nos vermes e animais, nas coisas peçonhentas e nos demonios.
Finalmente este castelo conta com os aposentos da alma que são como as diversas moradas do Céu, onde habita Deus, “um paraíso onde Ele tem as suas delícias”. As moradas deste castelo encontram-se “umas no alto, outras em baixo, outras aos lados; e, no centro e meio de todas estas, tem a principal, que é o compartimento do palácio onde está o rei”.
Diante do panorama deste castelo apresentam-se-nos três alternativas:
Destruí-lo, que equivale à perdição total da pessoa.
Admirá-lo e viver fora dele, o que corresponde a viver na mediocridade e no pecado.
Ou nos decidirmos a conquistá-lo, para viver unidos a Deus.
Para aprofundar este símbolo recomendamos a leitura do livro:
"As Moradas - Castelo Interior"
Mais imagens nas palavras de Teresa:
...”Já tereis ouvido das maravilhas de Deus no modo como se cria a seda, invenção que só Ele poderia conceber. É como se fosse uma semente, grãos pequeninos como o da pimenta. Devo dizer que nunca o vi, mas ouvi-o dizer; assim, se algo não corresponder, não é minha a culpa. Pois bem, com o calor, quando começa a haver folhas nas amoreiras, essa semente — que até então estivera como morta — começa a viver. E esses grãos pequeninos se criam com folhas de amoreira; quando crescem, cada verme, com a boquinha, vai fiando a seda, que tira de si mesmo. Tece um pequeno casulo muito apertado, onde se encerra; então desaparece o verme, que é muito feio, e sai do mesmo casulo uma borboletinha branca, muito graciosa. Mas se isso não fosse visto, e só contado como ocorrido em outros tempos, quem o poderia crer? Que razões teríamos para concluir que uma criatura irracional como a lagarta ou a abelha seja tão diligente e engenhosa para trabalhar em nosso proveito, chegando a pobre lagartinha a perder a vida na tarefa de o fazer? Para um pouco de meditação basta isso, … mesmo que eu nada mais acrescentasse, porque aí podeis considerar as maravilhas e a sabedoria do nosso Deus. E o que seria se conhecêssemos as propriedades de todas as coisas? É de grande proveito que nos ocupemos em meditar nessas grandezas e nos alegremos de ser esposas de Rei tão sábio e poderoso. A alma — representada por essa lagarta — começa a ter vida quando, com o calor do Espírito Santo, começa a beneficiar-se do auxílio geral3 que Deus dá a todos, fazendo uso dos meios confiados pelo Senhor à Sua Igreja: confissões freqüentes, boas leituras e sermões. São esses os remédios para uma alma que está morta em seu descuido, pecados e ocasiões de cometê-los. Então ela começa a viver e encontra sustento nisso, bem como em boas meditações, até estar crescida. É aqui que se concentra o meu propósito, pois o resto pouco importa. … a lagarta começa a fabricar a seda e a edificar a casa onde há de morrer. Eu gostaria de explicar que essa casa é, para nós, Cristo. Creio ter lido ou ouvido em algum lugar que a nossa vida está escondida em Cristo ou em Deus — o que é a mesma coisa — ou que nossa vida é Cristo....Morra, morra esse verme, tal como o da seda quando acaba de realizar a obra para a qual foi criado! E comprovareis como vemos a Deus e nos vemos tão introduzidas em Sua grandeza como a lagartinha em seu casulo.
...”Já tereis ouvido das maravilhas de Deus no modo como se cria a seda, invenção que só Ele poderia conceber. É como se fosse uma semente, grãos pequeninos como o da pimenta. Devo dizer que nunca o vi, mas ouvi-o dizer; assim, se algo não corresponder, não é minha a culpa. Pois bem, com o calor, quando começa a haver folhas nas amoreiras, essa semente — que até então estivera como morta — começa a viver. E esses grãos pequeninos se criam com folhas de amoreira; quando crescem, cada verme, com a boquinha, vai fiando a seda, que tira de si mesmo. Tece um pequeno casulo muito apertado, onde se encerra; então desaparece o verme, que é muito feio, e sai do mesmo casulo uma borboletinha branca, muito graciosa. Mas se isso não fosse visto, e só contado como ocorrido em outros tempos, quem o poderia crer? Que razões teríamos para concluir que uma criatura irracional como a lagarta ou a abelha seja tão diligente e engenhosa para trabalhar em nosso proveito, chegando a pobre lagartinha a perder a vida na tarefa de o fazer? Para um pouco de meditação basta isso, … mesmo que eu nada mais acrescentasse, porque aí podeis considerar as maravilhas e a sabedoria do nosso Deus. E o que seria se conhecêssemos as propriedades de todas as coisas? É de grande proveito que nos ocupemos em meditar nessas grandezas e nos alegremos de ser esposas de Rei tão sábio e poderoso. A alma — representada por essa lagarta — começa a ter vida quando, com o calor do Espírito Santo, começa a beneficiar-se do auxílio geral3 que Deus dá a todos, fazendo uso dos meios confiados pelo Senhor à Sua Igreja: confissões freqüentes, boas leituras e sermões. São esses os remédios para uma alma que está morta em seu descuido, pecados e ocasiões de cometê-los. Então ela começa a viver e encontra sustento nisso, bem como em boas meditações, até estar crescida. É aqui que se concentra o meu propósito, pois o resto pouco importa. … a lagarta começa a fabricar a seda e a edificar a casa onde há de morrer. Eu gostaria de explicar que essa casa é, para nós, Cristo. Creio ter lido ou ouvido em algum lugar que a nossa vida está escondida em Cristo ou em Deus — o que é a mesma coisa — ou que nossa vida é Cristo....Morra, morra esse verme, tal como o da seda quando acaba de realizar a obra para a qual foi criado! E comprovareis como vemos a Deus e nos vemos tão introduzidas em Sua grandeza como a lagartinha em seu casulo.
...agora o que acontece a essa lagarta; é para isso que tenho dito tudo o mais. Quando está nesta oração — e bem morta está para o mundo —, dela sai uma borboleta branca. Ó grandeza de Deus! Quão transformada sai a alma daqui, depois de ter estado imersa na grandeza de Deus e tão unida a Ele, embora esse estado seja tão breve que, em minha opinião, nunca chega a meia hora!
Eu vos digo, na verdade, que a própria alma não se conhece a si mesma. Porque há aqui a mesma diferença que existe entre uma lagarta feia e uma borboletinha branca. A alma não sabe como pode merecer tanto bem — de onde ele pode advir, quero dizer, pois ela bem sabe que não o merece. ...Oh! Ver o desassossego dessa borboletinha, apesar de nunca ter estado mais quieta e tranqüila em sua vida, é coisa para louvar a Deus! Ela não sabe onde pousar e descansar. Depois de ter experimentado tal estado, tudo da terra a descontenta, em especial quando são muitas as vezes que Deus lhe dá desse vinho. Já não dá valor ao que fazia quando lagarta, que era tecer pouco a pouco o casulo. Nasceram-lhe asas. Se pode voar, como pode ela contentar-se em andar passo a passo? Tudo quanto pode fazer por Deus lhe parece pouco, comparado com os seus desejos. Não acha muito o que os santos fizeram, uma vez que já entende por experiência como o Senhor ajuda e transforma uma alma a ponto de transfigurá-la.”
. Afirmou-se que na simbologia Teresiana prevalece, como motivo, a água. Talvez haja que caracterizar aquela, antes como simbologia feminina. Nela prevalece, é certo, a água em suas mais variadas manifestações, mas abundam os símbolos maternais, como “o menino que ainda mama, aos peitos de sua mãe”, os aromas e as flores, os símbolos caseiros e os do amor, as “panelas”, a pousada ou a morada, a música... Todavia abundam nas páginas de Teresa as imagens bélicas, como a luta ou a peleja (“encerradas pelejamos”), as baterias, artilharia, o capitão e os soldados, o alferes, a seta, o dardo e o arcabuz, o xadrez. Inclusive a “corrida de touros” e o “cadafalso” ou tablado a partir de onde pode ser contemplada sem risco. também Teresa tenha recorre ao simbolismo da chuva, das nuvens, o sol, o céu empírico, o anoitecer e o amanhecer, o mar e suas ondas...
No Livro da Vida, o mais elaborado é o símbolo da água de regado sobre o horto da alma. Imagem que provém a partir de sua experiência pessoal e de suas leituras .Ela o elaborou cuidadosamente, à base dos quatro modos de regar (poço, nora, arroio, chuva, para simbolizar quatro modos de relação entre Deus e a alma, e várias situações do espírito humano: horto árido, flores, frutos, partilha de frutos aos demais. E com isso, uma síntese elementar do desenvolvimento da vida espiritual, seja a nível autobiográfico ,seja a nível doutrinal.
O simbolismo da água terá novas elaborações nos restantes livros doutrinais: fonte de água viva com todos os seus derivados (C 19,2... com expressa inspiração evangélica); água de aquedutos e água de reservatório manancial, no Castelo Interior para simbolizar o contraste entre o esforço humano (ascese: água de aquedutos) e o dom divino (o místico: “reservatório que se enche de água”). Com a explícita confissão de que “não encontro nada mais a propósito para declarar algumas coisas de espírito que essa da água” .“Sou tão amiga deste elemento, que o observei com mais advertência que outras coisas”. Agua em sua plenitude oceânica, mas com marulhada e risco de submersão, como no caso da “nau” que chega ao porto, já nas sétimas moradas Água e esponja, como alma imersa no divino
Sem dúvida, o símbolo mais elaborado por Teresa é o do “castelo da alma”, base de todo o livro das Moradas, e imagem de todo o processo espiritual. Serve-lhe, antes de tudo, para delinear a estrutura do ser humano (corpo, alma, espírito, centro da alma, relação do homem com Deus transcendente e imanente). Serve-lhe, por sua vez, para interpretar o texto evangélico da “inabitação” ou da morada de Deus na alma e para expressar sua própria experiência trinitária
Também O símbolo do “bicho-da-seda” que se metamorfoseia em borboleta. Ao longo das três moradas finais servir-lhe-á para desenvolver o processo místico da vida espiritual, desde o trabalho ascético precedente, através da união com Cristo, até a plena transfiguração mística: fogo em que se abrasa a borboleta .
Teresa recorre ao símbolo esponsal, antes de tudo, para expressar sua própria experiência, e depois para diagramar as fases finais do processo místico. Sem se desligar da motivação bíblica do símbolo, Teresa incorpora a ele a liturgia do sacramento e o realismo da vida social de seu tempo. Desta toma os três momentos do processo: o encontro, o desposório e o matrimônio. O encontro, para ilustrar a fase do conhecimento místico: quintas moradas; o desposório, para expor a mútua entrega das vontades entre a alma e o Senhor; e o matrimônio espiritual, para simbolizar a união plena entre Deus e a alma, ponto culminante da experiência religiosa. Já notamos que a este símbolo lhe concede Teresa a suma aptidão para expressar a vida mística. É bem possível que essa convicção derive de sua leitura do Cântico dos Cânticos
“Tem me dado o Senhor, de alguns anos para cá, um gosto muito grande cada vez que ouço ou leio algumas palavras dos Cânticos de Salomão, e isto de modo tão extremado que eu, sem entender com clareza o latim em língua vulgar, me recolhia mais e tinha minha alma mais movida do que pelos livros muito devotos que compreendo; e isso é uma coisa quase comum...”
Ao lado desses símbolos maiores, existe nos escritos de Teresa uma constelação de imagens ou símbolos menores. Também estes são reveladores do pensamento teresiano. Impossível catalogá-los aqui. Há, antes de tudo, uma larga série de símbolos bíblicos, que denotam a sensibilidade receptiva de Teresa e sua capacidade de entalhamento das imagens clássicas na imaginaria original sua.
Podemos agora visualizar os diferentes elementos contidos no processo desta imagem:
Semente: São uns bagos, como grãos de pimenta, que se convertem em larvas.
A folha da amoreira: É o primeiro espaço onde se desenvolvem, é o alimento.
Ambiente: Calor, elemento que necessita a semente para viver, é a graça do Espírito Santo.
Bicho da seda: É cada um de nós a partir da perspectiva da transformação profunda.
Tecer o casulo ou a “casa”: é um convite para construir a própria habitação, a viver a interioridade.
Fabricar a seda, lavrar a seda: Cristo é a morada. Vive dentro de cada um. A seda é o resultado das maravilhas que Deus faz através de nós.
Trabalhos: São todos os esforços e acções que temos que fazer para corresponder à graça, para não vivermos superficialmente.
A borboleta: equivale ao “homem novo”, é o fruto da acção transformadora de Deus. É graça, libertação.Este símbolo é a síntese da história de todo o homem nascido para ter asas e elevar-se.
A abelha e a aranha, a formiga e o leão, a pomba e a águia, as peçonhas
A “ave de asas fracas”
A “panela que ferve em demasia”
O coração, a ferida interior, as entranhas, “as medulas...,
A câmara de jóias
O imperador e o mendigo
O braseiro
e os perfumes
Igual floração de linguagem simbólica para perfilar a imagem de Cristo: mestre, esposo, modelo, caminho e vida, amigo verdadeiro, capitão do amor...
É também notável a constância com que Teresa recorre aos símbolos para expressar sua idéia profunda do ser humano: na realidade todos os símbolos maiores refletem seu empenho secreto por dizer o que em sua estima é o homem: castelo de diamante, horto de flores, larva com vocação de vôo e de borboleta; ele é um possível esposo de Cristo ou de Deus; é um paraíso de Deus, “paraíso onde Ele disse ter Suas delícias” , árvore plantada junto às correntes de água.
Tudo isso, em contraste com a imagem que Teresa tem de si mesma: “uma como eu”, “verme que assim vos atreve”, “vermezinho de mau odor”, formiga que tenta falar, “água tão turva” Imagem negativa, compensada de certo modo com a qual ela mesma projeta de seus carmelos e suas monjas: pombaizinhos da Virgem, “pensai que esta congregação é a casa de santa Marta” ,filhas da Vigem, soldados embandeirados de alferes, borboletas, pombas...: “muito mais quero que se prezem de parecer simples, o que é muito próprio de santas, do que de tão retóricas...”
Bibliografia:
Tomaz Alvarez,
Fray Luis Urbano, O. P,
Dicionário Teresiano ,
Obras Completas De Santa Madre.
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* Rose Lemos Piotto é conselheira e membro da Comissão de Formação da Província São José da Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares -OCDS
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