“A etapa mais alta da vida alcança-se na convivência com Deus. Precisamente aqui radica a audácia da aventura humana”(Joseph Ratzinger). “Dá graças pelos rostos das pessoas boas e pelo doce amor que há detrás dos seus olhos... Pelas flores que se movem ao vento” (Carta de Cary Grant a sua filha antes de morrer). “Poucas coisas nos interessam tanto a nós, homens e mulheres de hoje, como os grandes fenómenos de mudança que marcam a nossa vida e o rumo da história humana. Essa inabarcável mudança da nossa humanidade, desde o homem das cavernas ao homem dos arranha-céus” (Tomás Álvarez).“Quem foram os que viveram desde o mais profundo essa experiência de mudança: os convertidos, os poetas, os místicos... expressaram-na em imagens e símbolos que nos questionam muito mais que as palavras e que as teorías” (Tomás Álvarez).“Num prazo de tempo brevíssimo amplos sectores da sociedade sofreram uma espécie de ataque nuclear espiritual, uma espécie de big bang na cultura cristã que até agora constituía o nosso fundamento. Embora as pessoas não neguem Deus, ninguém conta já em que exerça poder sobre o mundo e possa fazer algo de verdade" (Peter Seewald).
O BICHO-DA-SEDA .
A força do desejo. O Senhor é quem faz em nós obras grandes (cf M V,2,1). A nós toca dispormo-nos (cf M V,2,1). A oração começa sendo o que podemos fazer para nos pormos diante de Jesus. Quando este desejo é grande, não há dificuldade que se ponha por diante. “Vieram então trazer-lhe um paralítico transportado por qutro homens. Como não podiam levá-lo à presença de Jesus, devido à multidão, descobriram o telhado no sítio em que Ele se encontrava e, tendo feito uma abertura, arrearam o catre em que jazia o paralítico” (Mc 2,3-4). Santa Teresa é uma testemunha forte do desejo profundo do ser humano por ir a Deus. .
As filigranas da natureza. Quando contemplamos com olhos limpos a natureza que nos rodeia, nasce-nos o assombro e brota em nós o louvor a Deus que faz maravilhas e mostra em cada pequenina coisa a sua sabedoria (cf M V,2,2). Muitos oram assim..
A morte do velho. O que soa a morte não gostamos. Repugna-nos a pena de morte, as mortes violentas. Temos medo da própria morte ou da morte daqueles a quem mais queremos. E sem embargo há mortes que nos levam à vida. “Matando, morte em vida a trocaste” (São João da Cruz). E somos nós os encarregados de dar morte ao que não nos dá vida. Como faz o bicho da seda “que começa a fabricar a seda e a edificar a casa onde há-de morrer. Esta casa quereria eu dar a entender aqui, que é Cristo” (M V,2,4). “Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Col 3,3-4). A morte “em vez de estar diante de nós, está atrás” (R. Panikker). .
Ânimo e ao trabalho! Para deixar qualquer vício que se nos tenha pegado pelo caminho necessitamos de muito ânimo. Quanto mais para deixar todo o velho que levamos dentro! “Eia, pois , minhas filhas, demo-nos pressa em fazer este trabalho e a tecer este casulo, despojando-nos do nosso amor próprio” (M V,2,6). “Morra, morra este verme tal como o da seda em acabando de fazer para aquilo para que foi criado, e vereis como veremos a Deus e nos vemos tão metidas em Sua grandeza” (M V,2,6).
A NOVA CRIATURA
Tudo para a vida. Esse passo pela morte é para renascer a outra maneira de viver, com horizonte novo, com psicologia nova, com nova abertura ao transcendente, com insaciável apetência de mais vida. Todo este processo está envolto em alegria. “A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas depois de ter dado à luz o menino, já se não lembra da aflição, pelo prazer de ter vindo ao mundo um homem” (Jo 16,21). “Que não teremos ainda acabado de fazer nisto tudo quanto podemos, quando este trabalhito que não é nada, junte Deus com Sua grandeza e lhe dê tão grande valor que o mesmo Senhor seja o prémio desta obra” (M V,2,5).
. A borboletinha. “Ó grandeza de Deus, e como sai daqui uma alma por haver estado um pouquinho metida na grandeza de Deus e tão junta com Ele” (M V,2,7). Aparece um novo sentido para a vida. “O tirar forma parte desde o princípio da essência de Deus. Tirar de confusões, tirar da apatia, tirar da solidão e do isolamento” (Martin Buber). . Algo insuspeito. “A mesma alma não se conhece a si mesma... Vê-se com um desejo de louvar ao Senhor... Logo começa a ter o de padecer grandes trabalhos... Os desejos de penitência grandíssimos, o de solidão, o de que todos conheçam a Deus; e daqui lhe vem uma grande pena de ver que é ofendido” (M V,2,7). “Ó grandeza de Deus! Poucos anos antes, e ainda talvez há dias, estava esta alma que não se lembrava senão de si! Quem a meteu em tão penosos cuidados?” (M V,2,11).
DESENHO DA PESSOA NOVA
- Tem asas para voar. “Já não tem em nada as obras que fazia sendo lagarta, que era tecer a pouco a pouco o casulo; nasceram-lhe asas. Como se há-de contentar, podendo voar, andando passo a passo? Tudo lhe parece pouco de quanto pode fazer por Deus, segundo os seus desejos. Não tem por muito o que passaram os santos, entendendo já por experiência como ajuda o Senhor e transforma uma alma que já não parece ela, nem ainda sua figura” (M V,2,8). A fraqueza converte-se em fortaleza, a escravidão em liberdade; só Deus é para ela o seu verdadeiro gozo (cf M V,2,8). A fé cristã, ademais de memória, é também liberdade, abertura ao futuro.
- Enfrenta novos trabalhos. “Ó Senhor! e que novos trabalhos começam para esta alma! Quem dissera tal, depois de mercê tão subida? Enfim, de uma maneira ou de outra, há-de haver cruz enquanto vivemos” (M V,2,9). “O contemplativo é a pessoa totalmente entregue à acção, mas tendo o coração totalmente posto aos pés do Senhor” (Tony de Mello). A caridade vive-se até ao heroísmo.
- Tudo o vive com paz. “Não quero dizer que não tenham paz os que chegam aqui, que a têm, e muito grande; porque os mesmos trabalhos são de tanto valor e de tão boa raíz, que, embora muito grandes, deles mesmos sai a paz e o contentamento” (M V,2,10). E daí nascem caminhos de paz.
- Todo o seu ser ressuma louvor. Expressa-o muito bem o salmo 64: “Ressumam as pastagens do deserto, / as colinas revestem-se de alegria; / os campos cobrem-se de rebanhos, / e os vales enchem-se de trigais / expandindo-se com gritos e cantares”. A benção de Deus traduz-se em abundância, e a mesma terra parece sentir a alegria do dom divino.
- Tem o olhar posto em Jesus. “Pois vede, irmãs, o que o nosso Deus faz aqui para que esta alma já se conheça por Sua; dá-lhe do que tem, que é o que teve Seu Filho nesta vida: não nos pode fazer maior mercê” (M V,2,13). “Seguir a luz é o mesmo que ficar iluminados” (Ireneu de Leão). E com Jesus imagina a nova humanidade, para dar novas oportunidades ao amor.
Momento de Oração
Começa a orar com o louvor.
Deus é o que faz maravilhas.EU TE LOUVO E TE BENDIGO, TU ÉS O MEU SENHOR.EU TE LOUVO E TE BENDIGO, CANTO PARA TI.
Recorda o teu caminho cristão, os momentos de dor e de alegria, a presença sempre próxima do Senhor. Tem em conta que a santidade é a tua pobreza oferecida que se encontra com a grandeza de Deus.
Faz presente os amigos de Deus, eles são testemunhas da maturidade de todo o crescimento espiritual.
Escuta esta parábola:
A BORBOLETA “Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo. Um homem sentou-se e observou a borboleta por várias horas e como ela se esforçava para que o seu corpo passasse através daquele pequeno espaço. Então parecia que se tinha dado por vencida pois não se via nenhum movimento e não parecia fazer nenhum progresso. Parecia que tinha feito mais do que podia e ainda assim não conseguia sair. Então o homem decidiu ajudá-la. Pegou numa tesoura e com ela cortou o casulo para que a borboleta pudesse sair. A borboleta saiu com uma grande facilidade. Mas o seu corpo estava atrofiado, muito pequeno e com as asas maltratadas. O homem continuou observando a borboleta porque esperava que em qualquer momento as suas asas se fortalecessem, se abrissem com força e fossem capazes de suportar o seu peso afirmando-se com o tempo. Mas nada se passou. Na realidade, a borboleta passou o resto da sua vida arrastando-se com o corpo atrofiado e com as asas maltratadas e encolhidas. Nunca foi capaz de voar. O que o homem na sua gentileza e desejo de ajudar não comprendia era que o casulo apertado e o esforço necessário para sair pelo pequeno buraco era o modo em que Deus fazia que o flúido do corpo da borboleta fosse até às suas asas de maneira que estivesse listra para voar logo que tivesse saído do casulo.
AO ORAR A NOSSA VIDA FAZ-SE TRANSPARENTE
copiado do blog: http://www.oracaovirtual.com.pt/?id=content&id_content=26
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