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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

EDITE STEIN - A VOCAÇÃO DO SER HUMANO- Frei Wilson Gomes




I- Edith Stein, A vocação do ser humano  

I.   A vocação natural do homem
A vocação natural do homem... do mesmo modo que a de toda a criatura, consiste em desenvolver, na sua pureza e conforme a ordem estabelecida por Deus, o que o Criador semeou em nós.
O especial privilégio que o homem tem é que não se pode desenvolver somente de modo instintivo e natural, mas como ser racional pode colaborar livremente com o seu conhecimento e vontade.
É necessária a formação das diversas forças do organismo humano de tal modo que corpo e alma vivam em harmonia e não se produza um desenvolvimento unilateral contra a outra parte.
Por isso, a ordem tem que ser conservada, que o corpo se submeta à alma como instrumento disposto ao serviço.
Do mesmo modo, há que prestar atenção a todas as forças da alma: as sensitivas inferiores e as espirituais superiores, mas mantendo as inferiores sob o domínio das superiores.
A perfeição da sua natureza, conforme o desenvolvimento da criatura, é em si uma glorificação do Criador.
No homem, juntamente com a sua vocação natural aparece, além disso, uma sobrenatural. Ele tem de se pôr conscientemente, com o que é e o que tem, ao serviço do Criador, como filho de Deus viver nas suas mãos e assim amadurecer na contemplação de Deus. Ser filho de Deus é um dom da graça. Mas não é somente isso.
O homem caído, cuja natureza já não é incólume e não possui a garantia do seu autêntico desenvolvimento, necessita da colaboração da graça para alcançar a sua vocação natural.
E inclusive com a sua colaboração, o ideal de um perfeito e completo desenvolvimento da natureza humana não se realizará na sua totalidade. Disposições pessoais e circunstâncias condicionam uma certa unilateralidade.
(A determinação vocacional da mulher)

II.Na natureza de um homem
Na natureza de um homem está previsto o seu chamado, a sua vocação e profissão: quer dizer, a atividade, o trabalho para o qual está orientado a partir do seu íntimo.
O caminho da vida faz amadurecer a vocação de cada um e a dá a compreender aos outros, de tal modo que estes podem falar do chamado por meio do qual, cada um pode porventura encontrar o seu lugar na vida.
A natureza de um ser humano e o desenvolvimento da sua vida não se realizam casualmente, mas são, à luz da fé, obra de Deus.
No fundo, quem chama é Deus. Ele é quem chama cada homem à atividade que lhe corresponde, cada individuo para o que ele é pessoalmente chamado; e, além disso, chama o homem e a mulher ao que é próprio e particular de cada um.
Não parece fácil distinguir o peculiar da chamada do homem e da mulher, uma vez que se discutiu sobre o tema durante muito tempo. E, no entanto, existem muitos modos através dos quais chega até nós o chamamento: o próprio Deus fala-nos no Antigo e no Novo Testamento.
A diferença descobrimos presente na natureza do homem e da mulher; a própria história nos dá uma explicação, e as necessidades do nosso tempo falam-nos insistentemente disso.
Tudo isto nos apresenta um tecido multiforme; o modelo não é, tão opaco que não nos permita identificar algumas linhas de distinção.
Não temamos, pois fazermo-nos a pergunta: qual é a vocação do homem e qual é a vocação da mulher? As primeiras palavras da Escritura que falam do homem nos assinalam uma vocação comum tanto para o homem como para a mulher:
“Façamos o homem à nossa imagem e à nossa semelhança, para que domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos e sobre todos os animais da terra e sobre todos os répteis que se movem sobre ela. E Deus criou homem e mulher. E abençoando-os disse-lhes: Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre os animais que se movem na terra”.
Há na primeira narração da criação do homem se fala da diferença entre macho e fêmea.
Depois lhes é confiada uma tríplice missão: ser imagem de Deus, dar origem a uma posteridade e dominar a terra. Não se fala diretamente aqui sobre o modo de levar a cabo esta tríplice missão, se tem que ser cumprida de um modo diverso, se bem que se pode considerar deste modo pela mesma distinção em sexos.
(A vocação do homem e da mulher segundo a ordem da natureza e da graça)

III.Conhecemos a interioridade
Conhecemos a interioridade mais profunda da alma como morada de Deus. Pela sua espiritualidade pura, esta interioridade é capaz de acolher nela o espírito de Deus.
Pela sua livre personalidade pode dar-se a Ele, visto que este dom é necessário para tal acolhimento. A vocação à união com Deus é uma vocação à vida eterna. Já naturalmente a alma humana, enquanto produto espiritual puro, não é mortal.
Enquanto espiritual e pessoal, é capaz, por outro lado, de um crescimento de vida sobrenatural, e a fé nos ensina que Deus lhe quer conceder a vida eterna, isto é, a participação eterna da sua própria vida.
Assim a alma individual com essa sua maneira de ser única já não é efêmera; não está destinada a manifestar em si mesma a particularidade específica por uma duração passageira, e no decurso desta duração a transmiti-la a seus descendentes a fim de que seja salvaguardada mais além da vida individual: a alma individual encontra-se destinada a uma vida eterna, o que permite compreender que deve reproduzir a imagem de Deus de uma maneira completamente pessoal (...).
Mas quando a vida terrestre chegue ao seu fim e tudo o que era perecedouro se separe, então cada alma humana se conhecerá tal como é conhecida (1 Cor 13, 12), isto é, tal como é diante de Deus: ou seja, o que Deus fez ao criá-la, o fim para o qual a criou de maneira inteiramente pessoal, e o que ela chegou a ser na ordem da natureza e da graça e a isto há que acrescentar principalmente: em virtude das suas decisões livres (...).
O amor leva o selo da maneira de ser pessoal. O que permite compreender novamente que Deus pode ter criado em cada alma humana uma morada própria a fim de que a plenitude do amor divino encontre na multiplicidade das almas, diferentes pela sua natureza, um espaço mais amplo para a sua participação.
(Ser finito e ser eterno)

IV.Ser totalmente de Deus
Ser totalmente de Deus, entregar-se a Ele e ao seu serviço por amor, é a vocação, não só de alguns eleitos, mas de todo o cristão: consagrado ou não, homem ou mulher...
Todos são chamados a seguir a Cristo. E quanto mais se avança por este caminho, tanto mais se torna semelhante a Cristo, e visto que Cristo personifica o ideal da perfeição humana – livre de toda a mancha, rica de caracteres masculinos e femininos, livre de toda limitação terrena -, os seus fiéis seguidores são elevados acima dos limites naturais.
Por isso, encontramos em homens santos uma bondade e uma ternura feminina, uma solicitude verdadeiramente maternal pelas almas a eles confiadas; e nas mulheres santas uma audácia e uma disponibilidade e decisão autenticamente masculinas.
Deste modo, o seguimento de Cristo implica o desenvolvimento em plenitude da vocação original do homem: ser autêntica imagem de Deus; imagem do Senhor da criação, conservando, protegendo e fazendo crescer toda a criatura que se encontra no seu ambiente; imagem do Pai, gerando e educando – por paternidade maternidade espiritual – filhos para o reino de Deus.
A elevação acima dos limites da natureza, a obra mais excelsa da graça, não se alcança somente com uma luta individual contra a natureza ou com a negação dos seus limites. Alcança-se somente por meio da humilde obediência à nova ordem dada por Deus.
(Ser finito e ser eterno)

V.Perguntas para a reflexão pessoal
  1. Esforço-me por descobrir cada dia a vocação que Deus me deu?
  2. Sou consciente de que a minha vocação é um bem para a comunidade?
  3. Aceito a minha vocação pessoal como um dom de Deus?
  4. Vivo unido a Deus? Deixo que a sua imagem se torne viva em mim?
  5. De que modo sigo, enquanto cristão, as pegadas de Jesus?


II- Edith Stein: Colaborar na obra da Redenção 

I.O Redentor veio ao mundo...
O Redentor veio ao mundo para esta admirável troca. Deus se fez Filho do homem, para que os filhos dos homens pudessem tornar-se filhos de Deus.
Foi um de nós que rompeu o vínculo filial que nos unia a Deus, um de nós devia uni-lo novamente e expiar o pecado. Não podia ser ninguém da geração antiga, corrompida e bárbara. Um novo rebento, são e puro, devia ser enxertado. Ele tornou-se um de nós; mas mais que isso: fez-se uma só coisa conosco. Eis o mistério admirável do gênero humano: todos somos uma só coisa. Se assim não fosse, se fossemos uns justapostos aos outros, seres autônomos e separados, distintos e independentes, a queda de um não se teria traduzido na queda de todos.
Então o preço do resgate poderia ser pago e nos ser atribuído, mas a sua justiça não abundaria sobre os pecadores, não seria possível a justificação. Mas Ele veio para ser conosco um corpo místico: ele a cabeça, nós os seus membros.
Ponhamos as nossas mãos nas mãos do divino Menino, respondamos o nosso Sim ao seu segue-me, e seremos seus, e ficará aberto o caminho pelo qual a sua vida divina chegará até nós.
Eis o princípio da vida eterna em nós. Não é ainda a visão beatífica de Deus na sua glória, ainda é a noite escura da fé, mas já é qualquer coisa que não é mais deste mundo, já é participar do Reino.
Quando a Virgem Santíssima pronunciou o seu Fiat começou o Reino de Deus sobre esta terra, e ela foi a primeira a servi-Lo. E todos aqueles que antes ou depois do nascimento do Menino O confessaram com palavras e obras – São José, Santa Isabel com o seu menino e todos os que estiveram junto d’Ele no presépio – todos tomaram parte no seu Reino.
Aconteceu de modo diverso de como se tinha imaginado que seria, segundo os Salmos e as palavras dos profetas, o domínio do Rei ungido pelo Senhor. Os romanos continuaram a ocupar e a dominar o País, os sumos sacerdotes e os escribas continuaram a manter o pobre povo sob o seu jugo. Cada um dos que pertenciam ao Senhor levava invisivelmente o Reino dentro de si.
Não lhe foram tirados os fardos do mundo, antes, outros se Lhes juntaram, mas o que Ele tinha encerrado dentro de si era uma força dinâmica, que tornava o jugo suave e a carga leve. E ainda hoje é assim com todos os filhos de Deus. A vida divina que se acende na alma é a Luz que veio às trevas, o milagre do Natal. Quem a leva em si sabe de que falamos. Par os outros, qualquer coisa que dela se possa dizer é um balbucio incompreensível.
Todo o Evangelho de João é um semelhante balbuciar a luz eterna, que é amor e vida. Deus em nós e nós Nele, nisto consiste a nossa participação no Reino de Deus, cujo fundamento é o mistério da Encanação. (O Mistério do Natal)
II.A visão do mundo em que vivemos
A visão do mundo em que vivemos, a necessidade, a miséria, e o abismo da maldade são causa suficiente para aplacar o gozo do triunfo da luz. A humanidade luta ainda no lodo e o rebanho dos que se libertaram dele no cume mais alto dos montes é ainda pequeno.
A batalha entre Cristo e o Anticristo ainda não se concluiu. Nessa luta têm o seu lugar os seguidores de Jesus e a sua arma principal é a Cruz.
Como podemos entender isto? O peso da Cruz que Cristo carregou é a corrupção da natureza humana, com todas as consequências de pecado e sofrimento, com os quais foi assinalada a humanidade caída. O sentido último da Cruz é libertar o mundo da corrupção. (...)
O Redentor não estava só no caminho da Cruz e os que O rodeavam e apertavam não eram somente os seus adversários, mas também homens e mulheres que O apoiavam: a Mãe de Deus, como modelo dos seguidores da Cruz de todos os tempos; Simão de Cirene, como exemplo para todos os que aceitam o sofrimento que lhes é imposto e encontram a sua felicidade suportando-o; Verônica, como representante das almas amantes que se sentem impulsionadas a servir o Senhor.
Cada um dos que ao longo da história carregaram com um destino difícil em memória do Redentor sofredor, ou voluntariamente tomaram sobre si a expiação do pecado, ajudaram o Senhor a carregar com o seu jugo e diminuíram, em parte, o peso brutal do pecado da humanidade. Mais ainda, Cristo, como Cabeça, realiza a expiação do pecado nesses membros concretos do seu Corpo Místico, que se puseram à disposição da sua obra de salvação em corpo e alma. (...) Para isto também fomos chamados. (...)
A expiação voluntária é o que nos une verdadeira e mais profundamente com o Senhor. É uma união que está acima da que já existe com Cristo.
A natureza humana foge do sofrimento. E a busca do sofrimento como satisfação pela dor é algo muito distinto da vontade de sofrer por expiação. Não se trata de uma aspiração espiritual, mas de um desejo sensível e não melhor que as outras paixões, mas pior por ir contra a natureza.
Somente quem tem abertos os olhos do espírito para o sentido sobrenatural dos acontecimentos do mundo pode experimentar ânsias pelo sofrimento expiatório. No entanto, isto só é possível àqueles em quem vive o Espírito de Cristo, que como membros de um corpo, recebem da cabeça a sua força, o seu sentido e a sua direção.
A expiação, por outro lado, une-nos mais intimamente com Cristo, da mesma maneira que cada comunidade se sente mais intimamente unida na realização de uma tarefa conjunta e como os membros de um corpo se unificam cada vez mais no jogo orgânico das suas funções.
Assim como a união com Cristo é a nossa beatificação e o progresso nessa união é a nossa felicidade na terra, assim o amor pela Cruz e a gozosa filiação divina não se opõem.
Ajudar a carregar a Cruz de Cristo proporciona-nos uma alegria forte e pura, e os que podem e têm o direito a fazê-lo, os construtores do Reino de Deus, são os seus verdadeiros filhos. Daí que a preferência pelo caminho da Cruz não signifique de modo nenhum que esqueçamos que Sexta-feira Santa foi superada e a Obra de Salvação consumada. Somente os redimidos, os filhos da graça podem ajudar Cristo a carregar com a Cruz.
O sofrimento humano recebe força expiatória somente se está unido ao sofrimento da cabeça divina. A vida do cristão consiste em sofrer e em ser feliz no sofrimento, em ser parte do mundo, andar pelos míseros e ásperos caminhos desta terra e, apesar de tudo, reinar com Cristo à direita do pai, em rir e chorar com os filhos deste mundo e cantar ininterruptamente com os coros dos anjos os louvores de Deus, até que desponte a aurora da eternidade.
(O Amor à Cruz).
III.A doutrina da Cruz...
A doutrina da Cruz constitui o “Evangelium pauli”, a mensagem que tem de anunciar aos judeus e aos gentios. É uma mensagem simples, sem adornos, sem pretensão alguma de persuadir com argumentos racionais. Tira toda a sua força do próprio testemunho que anuncia e este é a Cruz de Cristo, quer dizer, a morte de Cristo na Cruz e o próprio Crucificado. Cristo é a força de Deus e a sabedoria divina, não só enquanto enviado de Deus, Filho de Deus e Deus ele próprio, mas enquanto crucificado.
A morte na Cruz é o meio de salvação escolhido pela infinita sabedoria. E para demonstrar que a força e a sabedoria humana são incapazes de conseguir a Redenção, foi dada a força de salvação àquilo que, segundo medidas humanas, parece débil e louco: o que não quer ser nada por si mesmo, mas deixa que só a força de Deus atue em si, o que se despojou de si mesmo e “se fez obediente até a morte e morte de Cruz” (Fil 2, 7-8).
A força de salvação, quer dizer, o poder de ressuscitar para a vida divina, aqueles que estavam mortos devido ao pecado. Esta força de salvação da Cruz passou para a palavra da Cruz e, através desta palavra, comunica-se a quantos a recebem e se abrem a ela sem pretender milagres nem fundamentos de sabedoria humana: neles converte-se nessa força vivificante e formativa que chamam Ciência da Cruz.
O próprio s. Paulo cumpriu isto com perfeição:
“E que eu pela Lei morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo. Já não sou que vivo, mas é Cristo que vive em mim. E ávida que agora tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2, 19-20).
(...) quantos foram batizados em Cristo foram batizados na sua morte (Rm 6, 3ss). Submergiram-se na sua vida para ser membros do seu corpo e, como tais, padecer e morrer com Ele, mas também ressuscitar com Ele para a vida eterna e divina.
Esta vida chegará a nós em plenitude no dia da sua glória. No entanto, já agora – “na carne” – tomamos parte Nele quando acreditamos: cremos que Cristo morreu por nós para nos dar a vida. Esta fé permite-nos ser uma coisa com Ele com a unidade que têm os membros coma cabeça e abre-nos a torrente da sua vida. Tal é a fé no Crucificado, a fé viva que vai unida a um abandono amoroso e constitui para nós a entrada na vida e o princípio da glorificação futura: daí que a Cruz é o nosso único título de glória:
“Quanto a mim, Deus me livre de me gloriar a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6, 14).
Aquele que se decidiu por Cristo, está morto para o mundo e o mundo para ele. (...) A Cruz não é um fim em si mesma. Ela eleva-se e impulsiona para o alto. Por esta razão, não é apenas símbolo, mas a arma poderosa de Cristo, o cajado do pastor, com que o divino Davi sai a combater com o Golias infernal e com o qual chama com autoridade à porta do céu e lhe é aberta. Desde então, fluem torrentes de luz divina que envolvem a quantos seguem o Crucificado.
(A Ciência da Cruz)
IV.Na Nova Aliança
Na nova aliança o homem participa na obra da Redenção por meio de uma forte relação com Cristo: por meio da fé que o une a Ele – caminho de salvação – à verdade por Ele revelada, aos meios de santificação que Ele oferece; por meio da esperança que o faz esperar com firme confiança a vida prometida por ele; por meio do amor pelo qual busca todos os meios possíveis de se unir com Ele. Esforça-se, para conhecê-Lo melhor, meditando a sua vida e refletindo nas suas palavras; obtém a união mais íntima com Ele na Eucaristia, e participa no prolongamento místico da sua vida vivendo o ano litúrgico, a liturgia da Igreja.
Neste caminho de salvação não há distinção entre sexos; daqui nasce a santidade para um e para o outro, e também a santidade da sua relação recíproca.
A redenção levou de imediato a natureza corrompida ao seu estado original: Cristo pôs a salvação na humanidade como uma semente de trigo que tem de crescer, no crescimento interior e exterior da Igreja, e no crescimento particular de cada pessoa.
Nós, que nos encontramos em via, a caminho da Jerusalém celeste, experimentamos no nosso interior a luta entre a natureza corrompida e o germe da vida da graça que quer triunfar e vencer toda a enfermidade.
Vemos que as relações entre os dois sexos manifestam de modo horroroso os efeitos do pecado original: a vida sensual desenfreada na qual parece perdido todo o rastro de vocação superior; a luta entre os dois sexos que discutem sobre os seus direitos e não escutam a voz da natureza e a voz de Deus. Mas observamos também, pelo contrário, que onde a força da graça se faz sentir, a realidade é muito diferente.
(A vocação do homem e da mulher segundo a ordem da natureza e da graça)
V.Perguntas para reflexão pessoal
  1. A Humanidade está estreitamente unida desde a sua origem e na sua redenção por Cristo: o que faz da solidariedade um dos valores inerentes ao homem. Estou convencido desta afirmação? Sou solidário com toda a pessoa humana, especialmente com os mais necessitados? Que deverá mudar na minha vida para praticar mais a solidariedade?
  2. Partilho dos sentimentos de Jesus pela humanidade, os sentimentos de um Deus que oferece a salvação a todos e faz chover sobre bons e maus? Creio nisto? O meu sim a Cristo é sincero? Faço dos seus sentimentos os meus sentimentos?
  3. Seguir a Cristo supõe acolher o seu convite: “quem quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz e siga-me”. Estou realmente disposto a levar a cruz? Continuo fiel nos momentos difíceis?
  4. Levar a Cruz implica ajudar a Cristo na sua obra de redenção. Creio no valor salvador do sofrimento vivido em união com Cristo?
  5. Cristo faz-se presente na vida do homem para liberta-lo do peso do pecado e para ajudá-lo na sua debilidade. Acredito que Deus tira força da debilidade? Aceito a minha debilidade e ponho-a nas mãos de Deus?
  6. Se quero colaborar com Cristo na sua obra de redenção tenho de começar a esforçar-me por levar daqui em diante uma vida teologal de fé, esperança e caridade, e de me aproximar Dele pela oração e pelos sacramentos, e de viver em união com a Igreja, seu corpo místico, participando da sua vida litúrgica.



III-  Edith Stein, O Amor – Essência da Vida
I.Talvez a proposição expressa...
Talvez a proposição expressa mais acima: “o amor é o que há de mais livre” tenha suscitado a surpresa e uma viva oposição.
O amor e o ódio consideram-se naturalmente como poderes elementares que penetram com força na alma sem ela se poder defender. Os homens tiveram já o costume de dizer, quando falam das suas inclinações e das suas antipatias, que perante elas “nada podem fazer”.
E de fato, a alma responde à impressão que recebe de uma pessoa de modo involuntário – amiúde desde o primeiro encontro e se não durante um conhecimento mais longo -, com simpatia ou antipatia, outras vezes talvez com indiferença; sente-se atraída ou recusada; e pode-se encontrar aqui uma forma de posição do seu próprio ser em relação ao que lhe é estranho; sente-se atraída para o que lhe promete um enriquecimento ou um desafio, e retrocede cheia de medo diante de alguém que signifique um perigo para ela.
Por outro lado, são possíveis aqui graves ilusões: as aparências podem esconder o ser verdadeiro do homem e, por conseguinte, também o significado que se pode ter para os outros homens. Estes movimentos naturais não constituem, em, algo que se poderá simplesmente não ter em conta; mas também não seria muito racional abandonar-se a eles pura e simplesmente. Estes movimentos naturais podem e devem ser objeto de um controle com a ajuda do entendimento e, graças à vontade, não só é possível, mas necessário exercer sobre eles uma influência.
Na presença do jogo das inclinações e antipatias levanta-se o mandamento do Senhor: “amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Tal preceito vale sem condições nem restrições.
O próximo não é aquele que me é simpático. É todo o homem que se aproxima de mim sem exceção. E novamente diz-se aqui: tu podes porque deves. É o Senhor quem o exige e Ele não exige nada impossível. Ou antes, torna possível o que seria naturalmente impossível.
Os santos, que confiando na palavra divina, decidiram elevá-la até ao amor heroico dos seus inimigos, tiveram realmente a experiência desta liberdade de amor. Talvez uma aversão natural se manifestasse ainda durante certo tempo; mas não tem força e não pode atuar sobre o comportamento que é conduzido pelo amor sobrenatural.
Na maior parte dos casos, ela cede perante o poder superior da vida divina que enche mais e mais a alma. O amor é, no seu último sentido, o dom do ser e a união com o amado. Aquele que cumpre a vontade de Deus aprende a conhecer o espírito divino, a vida divina, o amor divino; e tudo isto não é senão o próprio Deus.
Com efeito, ao executar com a mais profunda entrega o que Deus exige dele, a vida divina torna-se a sua própria vida interior: encontra a Deus em si mesmo, quando entra em si. Quando a alma está cheia da vida divina, é imagem do Deus Trinitário num sentido novo e superior ao que concerne às demais criaturas e se refere a ela própria segundo a sua estrutura natural. (Ser finito e ser eterno).
II.O amor é dom de si ao bem...
O dom, no sentido próprio, não é possível senão a uma pessoa. Assim o amor, no sentido pleno e próprio do termo, vai de pessoa a pessoa, embora muitos sentimentos da espécie do amor tenham por objeto algo impessoal. O dom conduz à harmonia; não se aperfeiçoa senão pelo acolhimento por parte da pessoa amada.
Assim, o amor exige, para o seu aperfeiçoamento, o dom recíproco das pessoas. Só assim o amor pode ser adesão total, porque uma pessoa não se abre a outra senão no dom. Só na harmonia é possível um conhecimento propriamente dito das pessoas.
O amor, nesta sua máxima realização, abrange, portanto, o conhecimento. É, ao mesmo tempo, passivo e ato livre.
Deste modo, abrange também a vontade e constitui a realização do desejo. Mas, o amor, na sua máxima perfeição, se realiza senão em Deus: no amor recíproco das pessoas divinas, no ser divino dando-se a si mesmo.
O amor é o ser de Deus, a vida de Deus, a essência de Deus. Corresponde a cada uma das pessoas divinas e à sua unidade.
... o amor é o que há de mais livre, porque não dispõe apenas de uma emoção isola, mas do conjunto do próprio eu, da própria pessoa... o amor deve ser sempre o dom de si, para que seja um amor autêntico.
(Ser finito e ser eterno)
III.O dom de si a Deus é...
O dom de si a Deus é, ao mesmo tempo, dom ao sim de Deus que é amada, e á criação inteira, que dizer, a toda a essência espiritual unida a Deus.
Mas o homem não é capaz por si só e pela sua própria natureza de semelhante dom de amor.
Se não pode chegar ao conhecimento e ao amor efetivamente realizado de outros homens, a não ser que eles próprio se lhe abram amando-o – porque tudo aquilo a que damos o nome de conhecimento e de amor dos homens não constitui senão caminhos e graus preparatórios que levam a isto -, como chegará ao amor de Deus, que não vê, sem antes ser amado por Ele?...
Mas para se dar a Ele amando-O, devemos aprender a conhecê-Lo como amante. Somente assim Ele se pode abrir a nós. Em certa mediada, o Verbo da revelação chega a este resultado e a uma orientação amorosa, se nos atarmos ao seu significado, pertence a aceitação plena de fé da revelação divina. Mas este conhecimento apenas se aperfeiçoa mais quando Deus se dá Ele mesmo à alma na vida graça e da glória, quando a faz participante da sua própria vida divina e a faz entrar nela.
A vida divina que se desenvolve na alma amante de Deus não pode ser diferente da vida trinitária da divindade. A alma dá-se ao ser trinitário. Entrega-se à vontade paterna de Deus que, por assim dizer, gera novamente nela o seu Filho. Ela une-se com o Filho e queria perder-se Nele a fim de que o Pai já não veja mais nela senão o filho. A sua vida une-se ao Espírito Santo, transforma-se numa efusão de amor divino.
É evidente que esta imagem de Deus no espírito criado graças à união de amor, fruto da graça e da glória, não é comparável a nenhuma imagem meramente natural. A palavra imagem já quase que não é o termo adequado. Deve ser compreendida no sentido em que se diz que o filho é imagem do Pai.
Trata-se de uma autentica filiação divina.
(Ser finito e se eterno)
IV.Cristo é a Cabeça...
Cristo é a Cabeça, nós os membros do Corpo Místico, somos membros uns dos outros, e todos os homens somos um em Deus, somos uma vida divina.
Se deus é Amor e vive em cada um de nós, temos de nos amar com amor fraterno. O nosso amor ao próximo é a medida do nosso amor a Deus. Mas é um amor diferente do amor natural aos homens.
O amor natural surge entre aqueles que estão unidos por laços de sangue, ou por afinidade de caráter, ou por interesses comuns.
Os outros são “estranhos”, não nos dizem respeito, e chegamos a dizer que são incompatíveis conosco, e até nos afastamos deles fisicamente. Para os cristãos não há “pessoas estranhas”.
O nosso próximo é todo aquele que está diante de nós e tem necessidade de nós; não importa se é nosso familiar ou não, se nos “agrada” ou não, se é ou não “moralmente digno” de ajuda.
O amor de Cristo não conhece fronteiras, nunca se cansa, não tem repugnância da sujidade e da miséria. Cristo veio para os pecadores e não para os justos.
E se o amor de Cristo vive em nós, então agiremos como Ele, e iremos à procura das ovelhas perdidas.
O amor natural procura apoderar-se da pessoa amada. Cristo veio ao mundo a fim de recuperar para o pai a humanidade perdida; e quem ama com o seu amor, quer os homens para Deus e não para si.
Este é, sem dúvida, o caminho mais seguro para os possuir eternamente; pois quando escondemos alguém em Deus, somos um com ele em Deus, enquanto a tentação de o “conquistar” para nós conduz sempre – mais tarde ou mais cedo – a perdê-lo.
Isto é válido para a nossa alma, a dos outros, e para qualquer outro bem exterior: quem se afadiga por ganhá-lo, perde-o; quem o entrega a Deus, ganha-o.
(O Mistério do Natal)
V.Perguntas para a reflexão pessoal
  1. Entrego-me aos meus sentimentos de simpatia ou antipatia, ou esforço-me por superar essas reações instintivas e assim ser senhor de mim mesmo?
  2. Tenho sempre presente na minha vida o “mandamento do amor ao próximo”, como sinal distintivo que Jesus deixou aos seus seguidores? Creio que é possível, com a sua graça, chegar a pô-lo em prática?
  3. Sinto-me amado por Deus? Procuro descobrir e experimentar no meu interior e na minha vida esse amor?
  4. Tenho medo de amar por temer a perder a minha liberdade? Valorizo o amor como a maior expressão da liberdade?
  5. Esforço-me por ver no meu “próximo” um membro do Corpo de Cristo, um filho de Deus?
“Quem não ama o seu próximo a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê”.





Edith Stein – Vida Eucarística
IV-.Quem come a minha carne...
“Quem come a minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna” (Jo 6, 54). O Salvador, que sabe que somos seres humanos e que como tal permaneceremos, que cada dia devemos lutar com as debilidades humanas, vem em ajuda da nossa humanidade de modo verdadeiramente divino. Assim como o nosso corpo de carne necessita do pão cotidiano, do mesmo modo também o corpo divino em nós necessita incessantemente de se alimentar.
“Este é o pão descido do céu” (Jo 6, 58). Naquele que verdadeiramente faz deste pão o seu pão cotidiano, cumpre-se cada dia o mistério do natal, a Encarnação do Verbo. Este é o caminho seguro para alcançar o “ser um com Deus”, e para crescer cada dia com maior força e profundidade no Corpo Místico de Cristo.
Sei muito bem que para muitos este desejo pode parecer demasiado radical. Na prática, significa para a maior parte dos que se convertem, uma mudança total da vida interior e exterior. E assim tem de ser!
Devemos dar lugar na nossa vida ao Salvador eucarístico, de modo que possa transformar a nossa vida na sua: é pedir muito? Temos sempre tanto tempo para tantas coisas inúteis, para lermos toda espécie de notícias inúteis em livros, revistas, jornais, para estarmos sentados ociosamente em qualquer café, para conversarmos na rua durante um quarto de hora ou meia hora: tudo “dissipações”, nas quais gastamos o próprio tempo e as próprias energias de modo fragmentado.
Não seria verdadeiramente possível arranjarmos uma hora pela manhã na qual não nos dispersemos, mas nos recolhamos, em que não gastemos mal, mas antes acumulemos energias para sustentar todo o dia?
Porém, é certamente necessário mais do que uma hora. Devemos viver as outras horas na base daquela, de modo que a ela possamos retornar. Já não é possível “deixarmo-nos distrair”, nem mesmo temporariamente.
Não podemos escapar ao juízo daqueles com quem nos relacionamos diariamente. Mesmo que não nos digam explicitamente uma palavra, percebemos qual a atitude dos outros em relação a nós. Procuraremos adaptar-nos ao ambiente e, se não for possível, a vida em comum tornar-se-á num tormento.
O mesmo acontece também na relação cotidiana com o Salvador. Tornamo-nos sempre mais sensíveis ao que lhe agrada e ao que lhe desagrada.. Se anteriormente estávamos de um modo geral satisfeitos conosco, agora tudo será diverso.
Descobriremos muitas coisas em que mudar, e mudar-se-á o que se pode. E descobriremos algumas coisas que já não são apropriadas e positivas, e que todavia não mais se podem mudar.
Seremos então mais pequenos, mais humildes; seremos mais pacientes e indulgentes com a palha nos olhos dos outros, porque se conseguirá ver a trave nos nossos; finalmente aprenderemos a suportar-nos a nós à luz inexorável da divina Presença, e a abandonarmo-nos à misericórdia divina, que pode libertar-nos de tudo o que rouba as nossas energias.
Há um outro modo diverso de estarmos satisfeitos conosco, passar de ser um “bom católico” que “cumpre o seu dever”, lê um “bom jornal”, “vota como se deve”, e para o resto faz o que lhe parece e apraz, a uma vida vivida mão na mão de Deus, e recebida da mão de Deus, com a simplicidade da criança e a humildade do publicano. Contudo, quem nela avança uma vez, já não voltará para trás. Isto é o que significa ser filhos de Deus: tornar-nos pequenos. Mas, significa, ao mesmo tempo, tornarmo-nos grandes.
Viver eucaristicamente significa sair das angústias da própria vida e inserir-se no horizonte infinito da vida de Cristo. Quem procura o Senhor na sua Casa, não quererá tê-Lo sempre ocupado falando-Lhe de si mesmo e das suas preocupações. Começará a interessar-se pelas preocupações do Senhor.
A participação diária no Sacrifício eucarístico arrasta-nos, sem nos darmos conta, na grande corrente da vida litúrgica. As orações e os gestos da celebração litúrgica tornam a representar na nossa alma, no decorrer do ano litúrgico, a história da Salvação, e fazem-nos penetrar sempre mais profundamente no seu sentido. E o próprio Sacrifício imprime em nós sempre mais o mistério central da nossa fé, ponto cardeal da História da Salvação; o mistério da Encarnação e da Redenção.
Quem poderá participar com empatia de espírito e de coração na Eucaristia sem ser ele próprio tocado pelo espírito de sacrifício, sem ser tomado pelo desejo de ser ele próprio e a sua pequena existencial pessoal, colaborados na grande obra da redenção do Salvador?.  (O mistério do Natal) 
II.Cristo é o Caminho...
Cristo é o caminho para a vida interior e o caminho para o coro dos espíritos bem-aventurados que cantam o “Sanctus” eterno. O seu sangue é véu através do qual entramos no santuário da vida divina.
O sacramento do batismo e o da reconciliação nos purificam dos pecados, nos abrem os olhos para a luz eterna, os ouvidos para a palavra de Deus e os lábios para o louvor e para a oração de expiação, de petição e de ação de graças, que não são senão diferentes formas de adoração, isto é, da veneração das criaturas ao Deus Todo-Poderoso e de infinita bondade.
O sacramento da confirmação marca e fortalece o soldado de Cristo para o testemunho corajoso da fé. Mas é, sobretudo, no sacramento da eucaristia, no qual Cristo está realmente presente, onde nos converte em membros do seu corpo. Quando participamos no Santo Sacrifício e na comunhão, alimentados com a carne e o sangue de Cristo, convertemo-nos na sua carne e no seu sangue. Só na medida em que somos membros do seu corpo pode o Espírito da Jesus vivificar-nos e reinar em nós:
“... o Espírito é o que vivifica, pois o Espírito é o que dá vida aos membros; mas, só vivifica os membros que encontra no corpo do qual é vida... Por isso, o cristão nada há de temer tanto como a separação do corpo de Cristo. Porque quando se separa do corpo de Cristo, já não é seu membro, e se não é seu membro já não o vivifica o Espírito...” (S. Agostinho).
Tornamo-nos membros do corpo de Cristo “não só pelo amor..., mas verdadeiramente pela incorporação na sua carne: isto se realiza pelo alimento que nos deu para nos mostrar o seu amor. Para isto veio a nós e tornou semelhante o seu corpo ao nosso, para que sejamos um, como o corpo se une coma cabeça...” (S. João Crisóstomo).
Como membros do Corpo de Cristo, animados pelo seu Espírito, oferecemo-nos “por Ele, com Ele e Nele” como sacrifício e unimo-nos ao eterno canto dos coros dos espíritos bem-aventurados que cantam o “sanctus” eterno. Por isso, depois de receber a sagrada comunhão, a Igreja nos faz dizer: “alimentados com tão grandes dons, nós Vos pedimos, Senhor, concedei que os dons que recebemos sirvam para nossa salvação e nos mantenham continuamente no vosso louvor”.    (A oração da Igreja)
III.Só com a força da graça...
Só com a força da graça a natureza pode libertar-se das suas feridas e ser elevada à sua autentica pureza e preparar-se para acolher a vida divina.
E esta vida divina é a força interior da qual brotam as obras da caridade. Quem as quiser conservar perenemente em si tem de alimentar-se continuamente na fonte da qual surgem sempre os sacramentos, sobretudo, o sacramento do amor.
Para que a vida de uma mulher seja modelada intimamente pelo amor divino, é necessário que leve uma vida eucarística. Esquecer-se de si mesma, libertar-se de todo o desejo e pretensão pessoal, ter um coração aberto às necessidades dos outros... Tal só é possível se vive em relação íntima com o Salvador no Tabernáculo.
Quem visita o Deus eucarístico e nele busca conselho em toda a necessidade, que se deixa purificar pela força que emana do sacrifício do altar e se oferece a si mesmo ao Salvador neste sacrifício, quem O recebe na Comunhão no mais íntimo da sua alma, será atraído continuamente, cada vez mais, para a corrente da vida divina, crescerá no Corpo Místico de Cristo e o seu coração se configurará com o coração divino.
Existem, além disso, outras realidades relacionados com estas. Se colocamos todas as angústias da vida terrena no Coração divino, serão acolhidas neste Coração e a nossa alma ficará livre para poder participar da vida celestial: caminharemos com o Redentor pelo caminho que ele percorreu nesta vida terrena e continua a percorrer na sua vida mística, e ao mesmo tempo, penetraremos com os olhos da fé nos mistérios da sua vida escondida no seio da divindade.
Por outro lado, esta participação na vida divina tem uma força libertadora que tira às situações terrenas o seu peso e nos dá, aqui no tempo, um fragmento do eterno, um raio da vida bem-aventurada, um caminho na luz.
O próprio Deus nos educa para que avancemos agarrados pela sua mão por meio da liturgia da Igreja. Daí que a vida de uma mulher plenamente católica deva ser também uma vida litúrgica. Se ela se une a oração eclesial em espírito e verdade, toda a sua vida se configurará com a vida da Igreja.  (O ethos da profissão feminina)
IV.A melhor ajuda...
A melhor ajuda para alcançar essa imagem viva do Redentor, que forma tanto a alma do educador como a do aluno, obtém-se quando à contemplação do Cristo histórico se une a relação com o Cristo presente: em primeiro lugar, a relação como Salvador eucarístico. Quem o experimentou, sabe que a contemplação nunca é tão fecunda como a realizada diante do Tabernáculo.
Todos sabemos que a mesma coisa em tempos e circunstancias diversas produz efeitos diferentes. Uma frase da Escritura pode ter sido lida, escutada ou pronunciada cem vezes e ter sido captado em certo modo o seu sentido, mas pode não ter penetrado na profundidade e ficar à superfície, como uma semente num terreno pedregoso que não pode germinar.
E, no entanto, num momento tudo se pode insinuar, afirmar e converter em luz que brilha, como um fulgor que abre caminho e que ilumina os mistérios da fé e esclarece o nosso caminho e que ilumina os mistérios da fé e esclarece o nosso caminho e existência envolvidos pelas trevas. E isto acontece sobretudo se estamos diante do Salvador eucarístico. Àquele que se aproxima Dele e Lhe abre a sua alma, pondo-a nas suas mãos como material que espera ser forjado, a este forma-o. Abre os olhos do espírito e torna-os capazes de ver e compreender o que está escrito, e abre os ouvidos dando-lhes a capacidade de perceber e abre os lábios para que sejam anunciadores quando, como e onde seja necessário.
Este é um dos efeitos que provêm do Salvador eucarístico: põe a sua mão sobre nós, quando nos aproximamos Dele, e muito mais ainda se participarmos no Santo Sacrifício de modo conveniente, isto é, se não nos limitarmos apenas a intervir, observar e escutar, mas participarmos no sacrifício, nos sacrificarmos com ele, nos oferecermos sem reservas para ser tomados e transformados com Ele. O Salvador pode entrar realmente naquele que se aproxima do altar comesses sentimentos, incorporar-se com ele, tornando-o um membro do próprio corpo, um sarmento da vide do Senhor.
Subentende-se que a participação no Santo Sacrifício da Missa, a comunhão constitui o cumprimento da união. Não existe eficácia formativa que tenha maior força. É o próprio Salvador quem aqui é o protagonista da formação e ao educador corresponde-lhe conduzir as crianças até Ele. (A colaboração das instituições conventuais na formação religiosa da juventude)
V. Perguntas para reflexão pessoal
  1. Que lugar ocupa na minha vida pessoal a celebração da Eucaristia? Participo nela por obrigação? Esforço-me por entrar na dinâmica da celebração e unir-me ao mistério de Cristo? Ou preocupo-me mais do secundário: os cânticos, o sacerdote, o lugar, etc.?
  2. O essencial da celebração eucarística é a atualização da entrega amorosa de Cristo pela nossa salvação. A Eucaristia é, para mim, uma ação de graças ao Pai ou um simples estar ali presente?
  3. Cristo está realmente presente na Eucaristia como alimento: deixo-me transformar por Ele? Se estou convencido que Ele me transforma interiormente, porque não comungo assiduamente?
  4. A autêntica disposição interior para comungar Jesus na sagrada comunhão não consiste em sentir-se totalmente livre de pecado, mas fundamentalmente em abrir o meu próprio ser com a humildade de me reconhecer débil e, por isso mesmo, necessitado da sua presença salvadora. Só assim vou deixando que Jesus imprima em mim a sua imagem. Tenho consciência disso?










AS OBRAS MENORES DE SANTA TERESA DE JESUS- JOSE EDUARDO MAFREDINI, OCDS





AS OBRAS MENORES DE SANTA MADRE TERESA DE JESUS:
uma pequena apresentação
José Eduardo M. Manfredini Júnior[1]
Escrever sobre Teresa de Jesus ou sobre seus escritos não é uma tarefa fácil. Pelo contrário, sempre foi e sempre será um desafio, até para os grandes estudiosos desta santa abulense. Ademais, esta tarefa tão difícil exige preparo, estudo, e, quando não, um profundo conhecimento de sua obra. Assim, nas linhas que seguem, não pretendemos apresentar um estudo ou sequer as conclusões e reflexões acerca da doutrina contida nas chamadas “obras menores” de Teresa de Jesus, mas apenas uma brevíssima e superficial apresentação destas. Para tal tarefa, nos basearemos nas introduções contidas nas Obras Completas de Teresa de Jesus, das edições Loyola, e no Dicionário de Santa Teresa de Jesus, edições brasileiras, e ainda de outros materiais que tivemos acesso.
É sabido por todos que, a Ordem dos Carmelitas Descalços, por meio das orientações e propostas da casa geral, está se preparando para comemorar os quinhentos anos do nascimento de Santa Teresa Jesus, nossa mãe, mestra e fundadora. Assim, para este ano – de outubro de 2013 a outubro de 2014 – o material proposto foi as “Obras Menores” de santa madre. Para facilitar o estudo, foram selecionados alguns textos, uma vez que a leitura em comunidade, e até pessoal de todas as obras menores, no prazo de um ano, exigiria um grande “fôlego”. “Esta antologia é fruto das orientações do Pe. Tomas Alvarez e o trabalho dos padres Salvador Ross, Pedro T. Navajas e Gabriel Castro, assim como de outras religiosas da Companhia de Santa Teresa (Projeto Nudo)”.[2]
Entretanto, esta seleção quer convidar e estimular a leitura de todas as “Obras Menores” de Teresa. É um chamado a mergulharmos no mundo descortinado pelas Cartas; a elevar o nosso espírito a Deus por meio das Poesias; de encontrá-Lo através das trilhas reveladas nos Conceitos de Amor de Deus e das Relações, e enfim, poder conhecê-la um pouco mais através das Exclamações da Alma a Deus. Ler Teresa de Jesus é aventurar-se nos caminhos do Espírito... Do mesmo Espírito que age continuamente em nós!
Para começarmos... As “Obras Menores”
Talvez o título de “Obras Menores” pode soar entranho ou causar mal entendidos. Não se trata de um título depreciativo, ou muito menos relacionado à qualidade do texto da autora. Trata-se apenas de uma maneira simples de classificar seus escritos. Como sabemos, a santa escreveu quatro livros: Vida, Caminho de Perfeição, Castelo Interior ou Moradas, e Fundações. Contudo, sua pena não traçou apenas estas páginas. É indubitável que Teresa de Jesus gostava de escrever, e o fazia com maestria, mesmo obrigada pela obediência aos seus confessores. Além do mais, como madre fundadora e mestra da nova forma de vida que nascia na Igreja do século XVI, e sem contar com as tecnologias facilidades que temos hoje, Teresa precisava se comunicar. Daí o grande numero de cartas, anotações particulares, orações, poesias...
As obras menores, então, é uma coletânea de todos os outros escritos da santa. Nas obras completas elas aparecem com os seguintes títulos: Relações, Conceitos do Amor de Deus, Exclamações da Alma de Deus, Constituições, Modo de Visitar, Certame, Resposta a um desafio, Poesias e Cartas. Assim como os livros, essas obras são um imenso tesouro espiritual que nos ajudará a conhecer mais ainda Teresa de Jesus, seu mundo, as pessoas com as quais se relacionava, seus problemas, suas dúvidas, suas virtudes e até seus “defeitos” e “limitações”.
Para não sermos prolixos, vamos nos limitar a apresentar apenas as obras selecionadas pela comissão da casa geral para o V centenário: Relações ou Contas de Consciência, Conceitos do Amor de Deus ou Meditações sobre o Cantar dos Cantares, Exclamações, Poesias e Cartas.

I.    Relações ou Contas de Consciência, ou ainda, Relações e Mercês

As Relações são textos “soltos” escritos em períodos diferentes, entre 1560 e 1581, e que versam sobre diferentes assuntos como, “relatos autobiográficos de vivências interiores, consultas espirituais seladas de segredo, anotações avulsas de modo instantâneo para uso estritamente pessoal, formulação e motivos de voto de obediência ao diretor espiritual, avisos aos frades carmelitas descalços etc.”[3].
São sessenta e sete fragmentos que permitem observar o crescimento espiritual de Teresa e consequentemente os desdobramentos na relação com o próximo. As restantes se perderam. Entretanto, é interessante notar que as “Relações” faziam parte de um caderninho[4] de anotações da santa que, infelizmente, se perdeu. Nas Relações número 28 encontramos o conselho que o Senhor deu à Teresa: “Não deixes de escrever os avisos que te dou, para que não esqueças; se queres por escrito os dos homens, por que pensas que perdes tempo em escrever os que te dou? Tempo virá em que terás necessidade de todos eles”.[5] Talvez, este aviso seja também para nós...
Outro aspecto que pode ajudar na leitura e no estudo, é o fato de que a “Santa se propõe expressamente recolher em seu caderninho “as palavras” que o Senhor lhe disse. Com uma pequena variante: as palavras textuais do Senhor são precedidas quase sempre de um “disse-me” ou “me disse”. As outras vão precedidas de um “entendi” ou “se me seu a entender”. ”[6]
Sem dúvida, é um material rico, que permite adentrar mais ainda na experiência mística de Teresa, no seu “trato de amizade” com Aquele que ela amou desesperada e incondicionalmente.

II.   Conceitos do Amor de Deus ou Meditações sobre o Cantar dos Cantares

Segundo os grandes teresianistas, este texto é o único escrito da santa madre baseado diretamente na Sagrada Escritura. Baseado no livro de mais difícil acesso às mulheres do século XVI, o “Cântico dos Cânticos”. Como tantos outros, “Conceitos do Amor de Deus” foi escrito por obediência, virtude tão admirada e recomendada pela santa. Já o título, foi dado pelo padre frei Jerônimo Gracián, em 1611, quando este o editou pela primeira vez.
Concomitantemente à sua meditação - já que não faz um comentário exegético - do texto bíblico, Teresa fala de sua experiência com o Senhor. Entre a esposa, sua alma, e o Divino Esposo, seu Jesus, Senhor e Deus. Escrito provavelmente entre 1568 e 1571, o texto original foi queimado pela santa em 1574, por obediência ao seu diretor espiritual, o padre dominicano frei Diego Yanguas, “por não lhe parecer descente que uma mulher, embora tal, declarasse os Cantares”, conforme declarou a Duquesa de Alba, dona Maria Enriquez.[7] Neste período, a inquisição tinha encarcerado o grande teólogo agostiniano, frei Luis de León, por ter traduzido os Cantares para a sua língua materna. Mas tarde, entre 1587-1588, frei León foi o responsável pela edição das Obras da Madre Teresa, por quem tinha grande amizade e admiração.
Em “Conceitos do Amor de Deus”, Teresa de Jesus nos ensina como ler o poema bíblico. Apresenta-nos uma doutrina sobre as suas experiências na oração de quietude e união, da oração e êxtase e, enfim, os efeitos da união mística a favor da Igreja. Segundo os estudiosos, este texto foi essencial para Teresa “incorporar a seu pensamento o símbolo esponsal do poema”.[8] Para terminar, o texto que chegou até nós, deriva de quatro cópias que as monjas, suas filhas, - principais destinatárias da madre – fizeram, salvando assim esta jóia que brotou do coração e da pena da santa abulense.
III. Exclamações
Desses escritos quase nada se sabe. As únicas pistas são as palavras de frei Luís de Léon na edição das obras da madre em 1588: “Exclamações ou meditações da alma a seu Deus escritas por Madre Teresa de Jesus em diferentes dias, conforme o espírito que Nosso Senhor lhe comunicava depois de haver comungado, ano de mil quinhentos e sessenta e nove”.[9]
Contudo, a falta de informações e do original, já que apenas cópias chegaram até nós, não diminuem o poder das palavras e ensinamentos contidos nele. Trata-se de um verdadeiro manual de oração, onde Teresa ao escrever ora e, ao mesmo tempo, convida o seu leitor a participar do seu diálogo amoroso com Aquele que sabemos que nos ama.

IV. Poesias

A poesia é a respiração da alma, é o espelho mais nítido do espírito. Mesmo confessando-se em Vida que não era uma poetisa: “Sei de alguém [ela mesma] que, não sendo poeta, improvisava estrofes muitos sentidas,declarando seu penar, na usando para isso o intelecto”[10], Teresa de Jesus sabe encantar seus leitores com os seus versos e neles deixa resplandecer os mistérios de amor que Deus realizava em sua alma.
Em outras estrofes, canta as maravilhas realizadas pelo Divino Criador na vida das irmãs; canta os mistérios celebrados na liturgia; homenageia seus santos de devoção e suas diletas filhas. Presenteia e agrada seus amigos... Disso nasceu no seio do Carmelo Descalço uma tradição belíssima de poetizar. Basta olhar as poesias de tantos carmelitas descalços, canonizados ou não.
Suas poesias nasceram da mais profunda oração e é para nós, ainda hoje, trilhas nos caminhos da vida espiritual, é fonte que rega e nos sacia da nossa sede do Espírito de Deus. Para facilitar a leitura, os poemas são divididos pelos teresianistas da seguinte forma: poemas de origem mística, poemas de momentos festivos da liturgia carmelitana, poemas para celebrar a festa pessoal das jovens que ingressavam no Carmelo, e dois poemas “humorísticos”.[11]
Nelas podemos encontrar uma doutrina suave, simples, espontânea, mas com uma profundidade que só Deus poderia comunicar à alma. Teresa soube transcrever seus sentimentos mais profundos, suas ânsias, suas dores e alegrias em linhas, em prosa e verso. Contudo, com liberdade, não se prendeu às regras da época. Escreveu livremente. Deixou que o pulsar de seu coração ditasse as palavras, os pontos e as vírgulas. Soube ouvir a pausa necessária, tão necessária para que o seu leitor ou ela mesma absorvesse aquilo que “seu” Espírito ditava. Assim, é a poesia de Teresa.

V.  Cartas

Cremos que as cartas talvez seja a parte mais importante da obra teresiana para aqueles que desejam conhecer Santa Teresa de Jesus. Não apenas por ser numerosas, mesmo que, segundo os especialistas, sobraram poucas perto do número que ela teria escrito. Ocupando quase a metade das páginas das obras completas, as cartas da santa nos revelam sua personalidade, suas relações, no fundo, sua vida cotidiana.
Mais que um conjunto de documentos históricos, onde é possível fazer uma leitura da sociedade espanhola da época, as cartas de Teresa de Jesus são portas para o seu mundo e mostra-nos que sua pena trabalhava arduamente. Teresa escrevia para resolver problemas, aconselhar, para, sobretudo, “tratar sempre dos interesses de seu Senhor, no que há de mais ingente e no que há de mais pequenino”.[12]
Escrevia aos seus parentes, amigos, religiosos, religiosas, aos pobres e ricos, como, por exemplo, ao rei Felipe II. “Trata de saúde, de negócios, de toda sorte de acontecimentos; mas, em poucas palavras salpicadas aqui e ali, mais os guia e encaminha para Deus através de todas e vicissitudes da vida, melhor do que o faria com longos sermões”.[13] Sabe advertir, corrigir com serenidade ou energia o que estava errado, pois ama ardentemente os seus; sabe dar sempre uma resposta com sabedoria; sabe ser irônica quando necessário, revelando assim o seu senso de humor. Suas cartas cruzaram praticamente toda a Espanha, chegaram à América, a Roma, a Lisboa. Em suma, “[...]as Cartas põem o selo à santidade de Teresa.”[14]
Porém, antes de lê-la, assim como toda a obra teresiana, devemos estar muito atento ao contexto histórico da época. Período de grandes transformações na Europa, na Espanha. Tempo de decisões históricas na Igreja; tempo de perseguição da inquisição; do mar de riquezas vindas da América que invadia a Espanha; tempo de lutas teológicas em defesa dos ameríndios.
Como não é nosso objetivo fazer aqui um estudo das cartas, por não se tratar do momento adequado e pelo tempo que temos, pensamos que as linhas acima podem ajudar a nos arriscar na leitura atenta das cartas selecionadas pela Comissão do V Centenário. Queremos como irmãos e irmãs, mergulhar nas “águas profundas” dos escritos de Teresa, ou melhor, de sua vida revelada, acima de tudo, em suas cartas. Oxalá que a leitura dessas cartas desperte em nós o desejo de lê-las na sua amplitude, na sua totalidade.

Para terminarmos... Um pequeno lembrete

Teresa de Jesus é mãe, mestra e fundadora. Como ela disse acerca do Senhor: “Quem mais O conhece, mais O ama, mais O louva”. Cremos que também podemos dizer as mesmas palavras acerca de sua pessoa. Contudo, conhecendo Teresa por meio de suas obras, não só a amamos mais, mas também ao Amado, e O louvamos por nos tê-la dado como mestra e guia que aponta para Ele, somente para Ele... E Nele para os irmãos.
Que possamos ao findar desta preparação para o V centenário, nos tornarmos mais fiéis aos seus ensinamentos e ao carisma desta grande santa abulense. Que ela nos alcance esta e outras graças do Coração Daquele que nos ama imensa e incondicionalmente, mas, sobretudo a de sermos dignos de sermos chamados filhos e filhas de Teresa de Jesus, simplesmente Carmelitas Descalços.









[1] Membro da Comunidade Santa Face, OCDS – Tremembé, SP e membro da Comissão de Formação para a OCDS.
[2] GONZALES, Antonio. Carta de apresentação para a leitura teresiana 2013-2014. Ávila – Espanha. 2013.
[3] ALVAREZ, T. In: SCIADINI, P. (org.). Dicionário de Santa Teresa de Jesus. São Paulo: LTR, 2009. p. 579.
[4] cf. R 60 In: TERESA DE JESUS. Obras Completas. São Paulo: Loyola, 1995. p. 836-837.
[5] TERESA DE JESUS, op. cit. R 28, p. 817.
[6] ALVAREZ, T. op. cit. p. 580.
[7] ALVAREZ, T. op. cit. p. 214.
[8] ALVAREZ, T. op. cit. p. 216.
[9] TERESA DE JESUS. Obras Completas. São Paulo: Loyola, 1995. p. 885.
[10] TERESA DE JESUS. Obras Completas. São Paulo: Loyola, 1995. p. 885.
[11] Sobre essa divisão, conferir ALVAREZ, T. op. cit. p. 559.
[12] TERESA DE JESUS. Obras Completas. São Paulo: Loyola, 1995. p. 1033.
[13] TERESA DE JESUS. Obras Completas. São Paulo: Loyola, 1995. p. 1033.
[14] Ibid.

sábado, 19 de outubro de 2013

QUARTAS MORADAS: O SÍMBOLO DAS DUAS FONTES..



 pequenos presentes. Isso vai te ajudar para seguir adiante.

Uma simboliza a vida  Da alma enquanto Vinculada ao esforço Humano...
A outra, essa mesma vida  Em sua origem divina...
A primeira corresponde à  Vida ascética e à Oração meditativa das Três primeiras moradas.
 A outra, à vida mística E à oração infusa das Moradas quartas e Seguintes...
“Façamos de conta para que o entendamos melhor Que vemos duas fontes com duas pias
Que se enchem de água de Diferentes maneiras:
A uma vêm de longe  Por muitos caminhos e Artifícios...
A outra feita Nos mesmo nascimento Da água e Vai-se enchendo sem nenhum ruído
E se a nascente é caudalosa, Depois de se encher o tanque Surge Um grande arroio...
Sempre está manando  Água dali...É a diferença da que Vêm por caminhos, É a meu parecer os
Contentos, as outras são.
“o que chamo Gostos “que dá Deus”.  Se te decidiste firmemente a Seguir a Jesus vem descansar com Ele. Dentro de ti está, pois o estás buscando com determinação. Também há verdes prados e fontes para descansar e recuperar as forças. Devemos estar preparados para quando chegue o sofrimento na vida. Ele é a água viva!!!!!

Nunca mais terás sede. Como já estas levando uma vida espiritual, é possível que durante um momento de oração ou na vida diária, sem perceber, sintas a sensação de que estás bem, tranquilo, em paz contigo mesmo e com os demais. Deus começa a dar-te