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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O CAMINHO DE TERESA, UM CAMINHO DE VIDA (fr. Alzinir)


Constituições OCDS 7 :
“A origem do Carmelo Descalço está na pessoa de Santa Teresa de Jesus. Ela viveu uma profunda fé na misericórdia de Deus [Vida 7,18; 38,16], que a fortaleceu para perseverar [Caminho de Perfeição 21,2], na oração, humildade, amor fraterno e amor pela Igreja, levando-a à graça do matrimônio espiritual. Sua abnegação evangélica, sua disposição ao serviço e sua constância na prática das virtudes são um guia cotidiano para viver a vida espiritual [Moradas 5,3,11; 7,4,6.]. Seus ensinamentos sobre a oração e a vida espiritual são essenciais para a formação e a vida da Ordem Secular.”

I. A VIDA DE TERESA DE JESUS


1º TERESA EM FAMÍLIA: 1515-1535

A sua família é numerosa: os pais, doze (?) irmãos, e vários domésticos. Residem na cidade de Ávila, com breves intervalos em Gotarrendura. Pouco a pouco a família começa a desintegrar-se: com a morte da mãe, o casamento da irmã mais velha, a partida dos primeiros irmãos para a América, aos quais seguirão paulatinamente todos os outros irmãos varões. Ao final deste período, Teresa praticamente se torna ama do lar.

2º MONJA CARMELITA NA ENCARNAÇÃO: 1535-1562
Teresa residirá aí 27 anos (desde os 20 aos 47 anos de idade), com breves ausências, por enfermidade ou por outros motivos. Anos de formação, os primeiros. Depois, anos de enfermidade, parênteses de mediocridade, de luta, de maturação espiritual. Iniciação na vida mística. “Graça do dardo” (V 29). Projetos de nova fundação. Mais tarde, regressará como priora da comunidade: 1571-1574.

3º FUNDADORA DO NOVO CARMELO: 1562-1582
Últimos 20 anos de Teresa, dos 47 aos 67 anos de idade. Período de plenitude humana e espiritual. Escritora e fundadora. Percorre os caminhos de Castela, a Mancha e Andaluzia. Associa a sua obra frei João da Cruz. Amplia sua rede de relações humanas nos diversos estratos da vida social. Garcia de Toledo lhe ordena escrever a história da fundação de São José (F prol. 2). Afronta situações conflitivas. Promove a edição de suas Constituições e do Caminho de Perfeição. Morre em Alba de Tormes no final de uma última viagem.

II ) O CAMINHO PERCORRIDO POR TERESA NO LIVRO DA VIDA

Vida tem uma estrutura toda especial, descontínua, por ter sido escrita em períodos diferentes, em caminho, acrescentando fragmentos ao texto precedente.
O mais importante para a compreensão do livro é a paisagem interior da escritora, que “quando isto escreve” está fazendo a travessia da fase mais incandescente de sua vida mística: misteriosamente ferida, acossada por desejos impetuosos, convencida de que a intensidade de suas experiências está a ponto de romper-lhe a tela da vida: “Penso que numa dessas vezes o Senhor será servido, se tudo continuar assim, em me tirar a vida” (V 20,13). De sorte que conclui o relato em tensa espera do acontecimento iminente: “Agora, não acho outro motivo para viver... Fico consolada ao ouvir soar o relógio, pois tenho a impressão de que isso me aproxima um pouco mais de ver a Deus, tendo aquela hora da minha vida se extinguido” (V 40,20), “Ele tornou a minha vida uma espécie de sonho em que o que vejo não parece ter realidade” (V 40,22). E no epílogo do relato: “Assim vivo agora, senhor e padre meu. Suplique vossa mercê a Deus que me leve para Si ou me mostre como servi-Lo” (ib 23).
Já antes de iniciar a redação do livro, Teresa havia escrito várias relações ou relatos menores. Sempre com a finalidade de clarear o sentido de sua vida. Escrevendo, reflete sobre si mesma, submete-se a um letrado, e se autocompreende. De certa maneira, Teresa é una mulher em constante esforço cerebral (e cordial); procura não viver sem entender. Assim o faz, através de numerosas Relações (1569-1577), até o livro do Castelo Interior, em 1577.

Tendo este mesmo objetivo, entre 1562 e1565, escreve Vida como uma relação a mais, só que bem mais extensa. A redige duas vezes: a primeira em Toledo (1561), no palácio de Dª Luisa de la Cerda (texto hoje perdido). A segunda em São José de Ávila, depois de dois ou três anos de fundado o mosteiro. A termina em 1565, com 50 de idade. O autógrafo se conserva íntegro no El Escorial. Sem nenhuma corrupção.

Escrito aos poucos, em trechos que vão sendo acrescentados, o relato fica aberto, à espera do que a autora seguirá vivendo: mais 17 anos de vida mística e de tarefas de fundadora. O livro estrutura-se em cinco secções. Enumeremo-las.

a) seção primeira, capítulos 1-10: da infância aos 39 anos de idade. Conta sua vida em família. Sua passagem à família do Carmelo, até o fato decisivo de sua vida diante de uma imagem de Cristo, mui chagado, empatizando com a conversão de Santo Agostinho. O capítulo 10 faz de ponte com as secções segunda e terceira, inícios da sua experiência mística (c. 10,1).

b)seção segunda, cc. 11-21: interrompe-se a narração. Com poucas referências cronológicas. – Introduz o tratado sobre os graus de oração, uma espécie de premissa doutrinal que permitirá ao leitor entender melhor as graças místicas que se exporão na terceira parte. À medida que avança esta exposição, se vai tornando mais narrativa e autobiográfica. O que ocorre, sobretudo, nos cc. 18-21.

c)seção terceira, cc. 22-31: cronologicamente corresponde aos anos 1554-1561. – Retoma a narração. “É outro livro novo daqui para frente, digo outra vida nova . Aquela até aqui era minha. A que vivi [daqui para frente]… é a de Deus em mim”. Quer dizer, torna à narração, mas muda de nível. Começa a narração do fato místico de Teresa. Temas fortes: período extático, experiência s (e teses) cristológicas, ‘graça do dardo’ (c 29)…

d) Seção quarta, cc. 32-36: desde 1561 até 1565. – Refere a fundação de São José de Ávila. Quer dizer, a vida pessoal de Teresa torna-se missão. Quem tem a iniciativa é Cristo. Teresa vai realizando-a. Aí terminava a narração (c. 36, 29).

e) Seção quinta, cc. 37-40. Não é um apêndice, mas o retomar do relato místico. Imagem clara do que atualmente está vivendo no Carmelo recém fundado: ‘assim vivo agora’, entre ânsias de serviço eclesial, e esperanças de vida eterna.

Segue uma carta de envio (escrita em 1565, apesar da data equivocada), ao primeiro leitor. Destinatário, é o mesmo do epílogo precedente (c.40, 23), o mesmo de tantas e afetuosas passagens dialogais no livro: P. García de Toledo:


III) A PLENITUDE DA VIDA CRISTÃ: COMUNHÃO COM A TRINDADE

Quando Teresa escreve o Livro da Vida (1565), não havia chegado ainda a descobrir o mistério trinitário. Conhece-o pela fé, não pela experiência. Mas é uma fé tão viva, que está disposta a defendê-la em qualquer disputa teológica: “a alma se vê, num átimo, sábia e tão instruída sobre o mistério da Santíssima Trindade e de outras coisas muito elevadas que não há teólogo com quem ela não se atrevesse a argumentar acerca da verdade dessas grandezas” (V 27,9).
Sua primeira experiência do mistério data de maio de 1571. A partir desta data, a experiência se intensifica, como testemunha o relato das Relações.
“Na terça-feira depois da Ascensão..., começou a se inflamar, parecendo-me que entendia claramente que tinha presente toda a Santíssima Trindade em visão intelectual. Nela, por certa maneira de representação (que era uma figura da verdade para que eu, em minha rudeza, pudesse entender), minha alma entendeu que Deus é trino e uno; assim, parecia-me que as três Pessoas me falavam e se representavam distintamente dentro de minha alma. Disseram-me que, a partir desse dia, eu veria melhora em mim em três coisas, porque cada uma dessas Pessoas me concedia uma graça: na caridade, no padecer com contentamento e no sentir essa caridade com abrasamento na alma. Compreendi as palavras que o Senhor diz - “Estarão com a alma em graça as três Pessoas Divinas” -, porque as via dentro de mim do modo como disse... Parece que ficaram tão impressas em minha alma aquelas três Pessoas que vi, sendo Deus um só, que, se durasse assim, seria impossível eu deixar de estar recolhida com tão divina companhia” (R 16; cf. também: R 18; R 33, de 1572).

Teresa realizou a exposição doutrinal do argumento da santidade cristã – plenitude da pessoa - nas sétimas moradas do Castelo Interior. Os quatro capítulos das sétimas moradas serão um pequeno tratado “da santidade” a que pode chegar o cristão aqui na terra. O mais expressivo e relevante é o símbolo nupcial, o mais bíblico dos três. Segundo ele, a santidade equivale ao “matrimônio espiritual” da alma com Deus, em total comunhão de amor entre ambos: em união plena e definitiva, com garantias de irreversibilidade, antecipação da santidade celeste. Dessa forma, a santidade não resulta tanto do crescimento da pessoa humana, quanto da simbiose dela com a divina. É um dom de amor recebido, muito mais que o logro do próprio esforço. Mais que perfeição do santo é comunhão com o Santo dos santos.
Os quatro capítulos das 7 Moradas contêm quatro respostas progressivas, que refletem limpidamente a idéia que Teresa tem do que Paulo chamou “pleroma” (plenitude) do homem novo em Cristo: plenitude de vida da graça.
c. 1º. A santidade é, antes de tudo, um acontecimento trinitário, no qual ao cristão se cumpre a palavra evangélica “que disse o Senhor: que viria Ele e o Pai e o Espírito Santo para morar com a alma que o ama e guarda seus mandamentos”. De sorte que “cada dia se espanta mais esta alma, porque nunca mais lhe parece deixaram de estar com ela [as três Pessoas divinas]..., assim também se entende com clareza que há no interior da alma...” (7M 1,6-7). Santificação do homem por inabitação da Trindade nele. É a Trindade que torna presente no homem a santidade de Deus.
c. 2º. A santidade é um acontecimento cristológico, consistente na união plena do cristão com Cristo, de sorte que possa dizer com são Paulo: “Mihi vivere Christus est mori lucrum. Parece-me que o mesmo pode dizer a alma aqui, porque é onde a borboletinha a que nos referimos morre, fazendo-o com grandíssimo deleite, porque sua vida já é Cristo” (7M 2,5). E se cumprem igualmente as palavras que Jesus disse a seus discípulos, orando por eles para que “fossem uma só coisa com o Pai e com Ele, tal como Ele, Jesus Cristo, está no Pai e o Pai Nele. Não sei que maior amor possa haver” ( 7M 2,7). O amor é unitivo com o de Cristo.
c. 3º. A santidade é um acontecimento humano, que leva a plenitude a vida do homem novo em Cristo, de sorte que também ele, como são Paulo, possa dizer com disponibilidade absoluta: “Que quereis, Senhor, que eu faça?”, convencido de que o Senhor o escuta, “então vos ensinará de muitas maneiras como haveis de agradá-Lo” (7M 3,9). A nível humano, a santidade é um valor que afeta ao homem inteiro nos planos psicológicos, ético e teologal.
c .4º. A santidade é, em definitivo, a plena configuração a Cristo, no serviço da Igreja e dos irmãos, de sorte que realize o gesto simbólico de Maria que com seus cabelos unge os pés de Jesus (7M 4,13), ou que como Jesus mesmo não só vive a serviço dos demais, mas que é também ele “servo de Javé”, e “fazer-se escravo de Deus, marcado com o Seu selo, o da cruz..., assim nos poderá vender como escravos de todo mundo, como Ele próprio foi. Com isso não nos injuria, mas nos concede imensa graça” (7M 4,8).

CONCLUSÃO

Ao longo de todo o processo espiritual, Jesus Cristo foi sempre a meta de Teresa: “ponhamos os olhos em Cristo, nosso bem, e com Ele aprenderemos” (1 M 1,11). “Ponde os olhos no Crucificado e tudo vos parecerá pouco” (7M 4,8). Nela se deu o descreveram os Bispos em Aparecida: “ A vida nova em Cristo é a participação na vida de amor do Deus uno e trino. Começa no batismo e chega à sua plenitude na ressurreição final” (DA 357).



Fontes: 1) S. Teresa Obras Completas. Loyola
2) Dicionário de S. Teresa
3) Subsídios do Capítulo Geral preparado por: P. Ciro García ,P. Tomás Alvarez, P. Giuseppe Pozzobon, P. Conrad de Meesters, P. Rómulo Cuartas

Definição teresiana da oração

A primeira surpresa com que nos deparamos é que não encontraremos sua definição pessoal de oração no Caminho de perfeição, e sim no livro de sua Vida. Ela, que lera tantos livros piedosos de seu tempo, poderia haver-se limitado a copiar uma das clássicas definições tão em voga então, por exemplo: “Oração é uma elevação da mente e do coração a Deus”, ou “Oração é pedir a Deus tudo aquilo que necessitamos”, ou, finalmente, aquela tão comum entre os “letrados”: “A oração é uma virtude moral, um ato da virtude da religião, parte integrante da virtude cardeal da justiça pela qual se aperfeiçoa a virtude teológica da fé, através da qual chegamos ao reconhecimento da soberania de Deus sobre todas as coisas e lhe pedimos tudo aquilo que necessitamos.”

Mas a Madre Teresa não era uma teóloga abstrata, e formulou sua definição da oração baseando-se em sua experiência pessoal. Não se preocupa com questões técnicas, isto é, se a oração pertence a uma virtude cardeal ou moral, se é infusa ou adquirida, indispensável ou opcional. Como mulher prática que era, quis oferecer às suas filhas uma definição que pudessem compreender facilmente. Assim, saiu de sua pena uma belíssima e original definição que vamos estudar atentamente, porque estamos convencidos de que se - como alguns sustentam - o Carmelo está atravessando um período de crise na oração, isto talvez se deva a que não se estudou e meditou com atenção suficiente a definição dada por sua Madre Fundadora.

Para compreendê-la plenamente, poderemos recorrer à técnica da ciência, ou seja: examinar seu contexto, analisar cuidadosamente a definição, anotar os paralelismos e, sobretudo, estudar a analogia da amizade proposta pela Madre. De fato, todo nosso conhecimento nos vem da analogia, porque pouca coisa poderíamos compreender sem comparações com o que já conhecemos ou com aquilo de que já temos experiência pessoal.

Eis aqui, pois, a definição da oração mental nas próprias palavras de sua Autora: “A meu ver, a oração não é outra coisa senão tratar intimamente com aquele que sabemos que nos ama, e estar muitas vezes conversando a sós com ele.” (V 8, 5).

Como se pode perceber de imediato, a palavra chave desta belíssima definição é o verbo “tratar”, repetido duas vezes: tratar de amizade (ativo) e tratar a sós, conversando - usado aqui no gerúndio para indicar uma ação em curso, progressiva. Mas este verbo “tratar” - como tantos outros - pode ser usado em contextos diferentes, com significados e matizes diversos conforme o uso. Portanto, o exato significado na definição da Madre dependerá do contexto e de tantas outras particularidades.

De fato, se consultarmos o “Dicionário da Real Academia Espanhola” (DRAE), encontramos que o verbo “tratar” tem pelo menos dez acepções diferentes ou complementares. Deixando de lado duas acepções do verbo “tratar” que não nos interessam aqui (significado comercial: tratar de mercadorias, casas ou cavalos, etc, e o significado moral de mau entendimento com alguma pessoa, moralmente censurável, etc), restam-nos oito significados muito úteis para compreender melhor a definição teresiana, a saber:

- falar com outro: se duas pessoas não se falam, dizemos que não se tratam”;

- comunicar-se com outro, o que implica abertura e confiança em relação a outra pessoa, e não somente uma troca de palavras;

- ocupar-se com alguma coisa, como estudos, oração, etc;

- consultar alguém, pedir-lhe conselhos, tratar com o professor, o confessor, etc;

- ter relações amorosas, o que supõe um maior grau de intimidade, tratar-se entre si os noivos, esposos, etc.;

- ter interesse ou empenho em contentar outra pessoa, tratar de ou empenhar-se em contentar ao outro ou agradar-lhe;

- entreter-se ou divertir-se com outra pessoa, tratar-se alegremente duas pessoas;

- conversar freqüentemente com outra pessoa, tratar-se muito em freqüentes conversações.

Tendo em conta todas estas diversas acepções do verbo “tratar”, tentemos agora precisar, se possível, o significado concreto na definição teresiana.

TERESA DE ÁVILA, AMIGA DE DEUS E DA HUMANIDADE


Frei Patrício Sciadini, ocd.

Faz quarenta anos que Santa Teresa de Ávila é minha amiga e estando, ao que diz São João da Cruz, ela o vai ser até o fim da vida, porque os amigos são como o vinho, mais envelhecem ficam melhores. Quem encontra Teresa de Ahumada encontra de verdade uma amiga que tem um coração grande e uma vontade de ajudar a todos a “sair” dos pequenos problemas da vida, das dificuldades, das ninharias oferecendo uma solução que não é mágica, mas fruto de um longo e difícil caminho: só Deus basta. E aquele que a Deus tem nada lhe falta.

Teresa não foi sempre a Teresa dos livros magisteriais de oração como o “Castelo Interior” ou o “Caminho de Perfeição”. Mas foi uma Teresa vaidosa, buscadora da beleza e que gostava de ir atrás das fantasias dos romances de cavalaria. Foi a Teresa cheia de entusiasmo mas que não tinha muitas raízes para levar à frente uma vida de sacrifício. Gostava de Deus mas não queria de forma alguma libertar-se de certas comodidades e regalias a que tinha direito no mosteiro da Encarnação. Mas sempre, como ela diz, “foi amiga da verdade”.

Há uma virtude no fundo da alma de Santa Teresa que não se pode colocar em discussão: a humildade. E ela apreciava muito esta virtude que, no Caminho de Perfeição, apresentando várias virtudes diz: “embora que a coloque por último não é a última mas a principal”. Quem vive de verdade a humildade sabe não desprezar os dons que Deus, mas nem também os coloca na “vitrine” para que todos os vejam e elogiem.

Humildade é caminhar na verdade. A verdade se faz presente somente aos humildes. O que conquista o coração quando nos aproximamos de Santa Teresa é sua simplicidade e sinceridade. Não toma pose nem de mística, nem de doutora ou professora, expõe com simplicidade o que se passa no seu coração, o que acontece entre ela e Deus, “que são coisas mui secretas”. Corre o risco de não ser compreendida, mas nem por isso volta atrás e tenta modificar o que sente. Ela sabe que as coisas de Deus não é permitido a todos poder compreende-las mas somente a poucos.

Teresa é mestra do que ela experimenta e sabe. Não são raros os casos em que ela diz: “disto eu entendo porque já passei por aí.” Não há nesta mulher inteligente, intuitiva e sábia a mínima sombra de orgulho e de prepotência intelectual e espiritual. É amiga, repete como mãe e amiga as mesmas coisas sem se cansar, na esperança de que possam ser compreendidas e vividas.

Teresa sabe como chegar ao coração. Vai direto ao assunto e consegue convencer a todos. No seu tempo convenceu os maiores teólogos, hoje convence a Igreja, Papas e Bispos, e homens e mulheres da estrada como nós. A oração para Teresa é a porta de toda a felicidade, e a falta de oração é o caminho para todos os males. Por isso, por mais pecadores que formos nunca devemos deixar a oração.

O demônio gosta de convencer os pecadores de não rezarem porque são pecadores. Chegar à fonte da oração, manancial de Água viva não é caminho fácil e nem livre de obstáculos mas se faz necessária uma “determinada determinação”, uma “coragem corajosa” e, aconteça o que acontecer, não voltar atrás nunca. Não importa o que os outros podem dizer e pensar, o que vale é agradar somente ao Senhor, que Teresa gosta de chamar carinhosamente de “Sua Majestade”.

Uma amiga como Teresa de Ávila nos faz falta nas noites da vida. Só é possível ser de verdade amigos quando somos amigos de Deus e dos outros. Uma amizade sem Deus na primeira ventania vai-se embora. E a amizade alicerçada sobre Deus-amor não há tempestade e terremoto que possam destruir. É só experimentar para crer. Vale a pena ler Santa Teresa e escolhe-la como amiga!

OS 10 PASSOS DA ORAÇÃO

caminho