ANA STELA, OCDS
IX Congresso Provincial
Norte-Nordeste.
TEMA: “O broto nascido cresce e
expande suas raízes”.
LEMA: “Enraizados em Cristo...
(Cl 2,7), anunciem suas misericórdias (Mc 5,19).
Como brotos nascidos a partir da vontade
livre de Deus que nos amou por primeiro, nesse amor crescemos e nos expandimos.
Esse amor é Deus que se fez um de nós na pessoa de Jesus Cristo. “Ele nos
escolheu em Cristo antes da criação do mundo para que sejamos santos e sem
defeito diante dele, no amor” (Ef 1,4). Portanto, em Cristo o Pai deseja que
todo o ser humano crie raízes e a partir da experiência com seu Filho nos
tornemos seus discípulos.
“A todos nos toca recomeçar a partir de Cristo, reconhecendo que não se
começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo
encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida
e, com isso, uma orientação decisiva"(243)¹. Essas palavras do Papa Bento
XVI nos enche de alegria e ânimo, pois, nos reporta à experiência de nossa
Santa Madre Teresa que nos ensina nos seus escritos, principalmente, no livro
da Vida, que foi o seu encontro PESSOAL com Cristo que a fez outra cristã e
carmelita. Para nós cristãos, filhos de Teresa, carmelitas, ver que uma pessoa
tão próxima de nós como é nossa Santa Madre teve uma experiência pessoal com
Cristo e nos diz ser mister esse encontro pessoal para
dar novo rumo e verdadeiro sentido à nossa vida espiritual, faz brotar
em nós esse sentimento de determinação, de escolha por Cristo.
Também na Carta
Apostólica “Porta da Fé” o Papa Bento nos anima a usar esse dom que é a FÉ, a
testemunhar com coragem no mundo esse Cristo que nos encanta: “Sintamos este
convite dirigido a cada um de nós, para que ninguém se torne indolente na fé.
Esta é companheira de vida, que permite
perceber, com um olhar sempre novo, as maravilhas que Deus realiza por
nós. Solícita a identificar os sinais dos tempos no hoje da história, a fé
obriga cada um de nós a tornar-se sinal vivo da presença do Ressuscitado no
mundo. Aquilo de que o mundo tem hoje particular necessidade é o testemunho
credível de quantos, iluminados na mente e no coração pela Palavra do Senhor,
são capazes de abrir o coração e a mente de muitos outros ao desejo de Deus e da
vida verdadeira, aquela que não tem fim.”7
A admiração pela
pessoa de Jesus, seu chamado e seu olhar de amor despertam uma resposta
consciente e livre desde o mais íntimo do coração do discípulo, uma adesão a
toda a sua pessoa ao saber que Cristo o chama pelo nome (cf. Jo 10,3). É um
"sim" que compromete radicalmente a liberdade do discípulo a se
entregar a Jesus, Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14,6). É uma resposta de amor
a quem o amou primeiro "até o extremo" (cf. Jo 13,1). A resposta do
discípulo amadurece neste amor de Jesus: "Eu te seguirei por onde quer que
vás" (Lc 9,57).¹
É na pessoa de Jesus que encontramos o
Caminho, Verdade e Vida para chegarmos ao Pai. E na pessoa de Maria encontramos
o modelo perfeito que nos guia na caminhada para Cristo.
A Santíssima Virgem é
o meio de que Nosso Senhor se serviu para vir a nós; e é o meio de que nos
devemos servir para ir a Ele ².
Escolhendo o Cristo como nosso Caminho e
volvendo nosso olhar para Maria, nela encontramos as dimensões de FILHA, MÃE E
SERVA que nos ajudarão a encontrarmos as motivações necessárias para
empreendermos o nosso caminho de discípulos e missionários de seu Filho, Jesus.
MARIA FILHA:
O Espírito Santo preparou Maria com sua
graça. Convinha que fosse “cheia de graça” a mãe daquele em quem “habita
corporalmente a Plenitude da Divindade” (Cl 2,9). Por pura graça, ela foi
concebida sem pecado como a mais humilde das criaturas, a mais capaz de acolher
o Dom inefável do Todo-Poderoso.
Deus enviou seu Filho, mas para
formar-lhe um corpo quis a livre cooperação de uma criatura. Por isso, desde
toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de seu Filho, uma filha de
Israel, uma jovem judia de Nazaré na Galileia, “uma Virgem desposada com um
homem chamado José, da casa de Davi, e o nome da Virgem era Maria” (Lc
1,26-27)”. 6
O dogma da Imaculada Conceição
proclamado em 1854 nos mostra que Maria foi redimida desde a concepção:
A beatíssima Virgem Maria, no primeiro
instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente,
em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada
imune de toda mancha de pecado original. 6
Maria cheia de graça, preservada da
mancha do pecado reconhece o dom de Deus em si e por isso, cheia de humildade
exclama: “... Porque Ele olhou prá humildade de sua serva, doravante todas as
gerações hão de me chamar Bendita”.
MARIA MÃE DO REDENTOR:
“Pois a Virgem Maria, que na anunciação
do Anjo recebeu o Verbo de Deus no coração e no corpo e trouxe ao mundo a Vida,
é reconhecida e honrada como verdadeira Mãe de Deus e do Redentor”4.
Maria
é a "cheia de graça", porque a Encarnação do Verbo, a união
hipostática do Filho de Deus com a natureza humana, se realiza e se consuma
precisamente nela.³
A saudação e o nome "cheia de
graça" no contexto do anúncio do Anjo, referem-se em primeiro lugar à
eleição de Maria como Mãe do Filho de Deus. Todavia, a plenitude de graça
indica ao mesmo tempo toda a profusão de dons sobrenaturais com que Maria é
beneficiada em relação com o fato de ter sido escolhida e destinada para ser
Mãe de Cristo.³
A Sagrada Escritura no livro do Gênesis
nos revela que Maria quando do pecado de nossos primeiros pais, já era esperada
como o canal por onde a graça de Deus chegaria aos homens, livrando-os da
escravidão do pecado.
“Os livros do Antigo Testamento descrevem a
história da salvação pela qual o advento de Cristo neste mundo é lentamente
preparado. Aqui se manifesta com maior nitidez a figura da mulher, Mãe do
Redentor. Ela é profeticamente esboçada na promessa dada aos primeiros pais
caídos no pecado, quando se fala da vitória Sobre a serpente (cf Gn 3,15). De
modo semelhante é esta Virgem que conceberá e dará à luz um filho cujo nome
será Emanuel (Is 7,14; cf Miq 5,2-3; Mt 1,22-23)”4.
No Ofício das Leituras, na Liturgia das
Horas encontramos esta homilia de S. João Crisóstomo que reflete de forma
magnífica a tríade Cristo com sua morte, Maria e a Cruz como meios para a
salvação dos homens:
“Viste que vitória admirável? Viste os
magníficos prodígios da cruz? Posso dizer-te alguma coisa ainda mais admirável?
Ouve o modo como se deu a vitória e então ficarás sumamente maravilhado. Cristo
venceu o diabo valendo-se dos mesmos meios com que este tinha vencido: e,
tomando as mesmas armas que ele tinha usado, derrotou-o. Ouve como fez.
A virgem, o lenho e a morte foram os
sinais de nossa derrota. A virgem era Eva, pois ainda não conhecera homem; o
lenho era a árvore; a morte, o castigo de Adão. E eis que de novo a virgem, o
lenho e a morte, que foram sinais da nossa derrota, se tornaram sinais de nossa
vitória. Com efeito, em vez de Eva está Maria; em vez da árvore da ciência do
bem e do mal, o lenho da cruz; em vez de Adão, a morte de Cristo.5
Maria fazendo-se serva do Senhor
se torna Mãe de Deus, Mãe do redentor. O sim de Maria e o sim de Jesus ao vir
ao mundo:
A palavra de Deus vivo, anunciada pelo
Anjo a Maria, referia-se a ela própria: "Eis que conceberás e darás à luz
um filho" (Lc 1, 31). Acolhendo este anúncio, Maria devia tornar-se a
"Mãe do Senhor" e realizar-se-ia nela o mistério divino da
Encarnação: "O Pai das misericórdias quis que a aceitação por parte da que
Ele predestinara para mãe, precedesse a Encarnação". E Maria dá esse
consenso, depois de ter ouvido todas as palavras do mensageiro. Diz: "Eis
a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38). Este
fiat de Maria - "faça-se em mim" - decidiu, da parte humana, do
cumprimento do mistério divino. Existe uma consonância plena com as palavras do
Filho que, segundo a Carta aos Hebreus, ao vir a este mundo, diz ao Pai: "Não
quiseste sacrifícios nem oblações, mas formaste-me um corpo... Eis que venho...
para fazer, ó Deus, a tua vontade" (Hebr 10, 5-7). O mistério da
Encarnação realizou-se quando Maria pronunciou o seu "fiat":
"Faça-se em mim segundo a tua palavra", tornando possível, pelo que a
ela competia no desígnio divino, a aceitação do oferecimento do seu Filho.³
MARIA SERVA:
Na Anunciação a missão de Mãe e Serva em Maria
se encontram de forma perfeita. É mister para ela que na fé conceba Jesus, como
nos escreve Santo Agostinho e verbalize a sua aceitação se colocando
humildemente diante de Deus que, então, se encarna em seu seio. Apesar de não
compreender a dimensão do seu “SIM” que a levará a participar do sofrimento do
servo sofredor de que fala Isaías, Maria aceita com determinação e age como
diz: “EIS AQUI A SERVA DO SENHOR”.
“Quis, porém o Pai das misericórdias que a
encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser
Mãe de seu Filho, para que assim como a mulher contribuiu para a morte, a
mulher também contribuísse para a vida”.4
Os padres antigos afirmam: “O nó da
desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria; o que a virgem Eva
ligou pela incredulidade, a Virgem Maria desligou pela fé. Comparando Maria com
Eva, chamam-na mãe dos viventes e com freqüência afirmam: Veio a morte por Eva e
a vida por Maria.” 6
Maria nos mostra na sua experiência de
Mãe de Jesus e em cada etapa da vida do Filho o seu testemunho de serva do
Senhor. Desde a Anunciação até o Gólgota
e depois em Pentecostes está lá a Mãe e a serva unida a Cristo. E muito
nos ensina...
A união com Cristo
assim se manifesta quando:
Maria levantando-se com pressa para visitar
Isabel, é saudada como bem-aventurada por causa de sua fé na salvação prometida
e o precursor exultou no seio da mãe (cf Lc 1,41-45).
A Mãe
de Deus mostrou cheia de alegria aos pastores e magos Seu Filho
primogênito.
Depois de oferecido o
óbulo dos pobres, apresentou-O no templo ao Senhor, ouviu a Simeão prenunciando
simultaneamente que o Filho seria um futuro sinal de contradição e uma espada
perpassaria a alma da mãe, para se revelassem os pensamentos de muitos
corações. (cf Lc 2, 34-35).
O menino Jesus se
perde seus pais o procuram com dor, encontram-no no templo ocupado nas coisas
que eram de seu Pai; e não entenderam a palavra do Filho. Mas, sua Mãe conservava
tudo isto em seu coração para meditar. (Lc 2, 41-45).
Lá no começo da vida
pública de Jesus, quando para as núpcias em Caná da Galiléia, movida de
misericórdia, conseguiu por sua intercessão o início dos sinais de Jesus, o
Messias.
No decurso da
pregação de seu filho ela recebeu as palavras pelas quais, exaltando o Reino
acima de raças e vínculos de carne e sangue, Ele proclamou bem-aventurados os
que ouvem e guardam a Palavra de Deus, tal como ela mesma fielmente o fazia
Manteve fielmente sua
união com o Filho até a cruz, onde esteve não sem desígnio. Veementemente
sofreu junto com seu Unigênito. Pelo próprio Cristo Jesus moribundo na cruz foi
dada como Mãe ao discípulo com estas palavras: “Mulher, eis aí teu Filho. As
palavras que Jesus pronuncia do alto da Cruz significam que a maternidade da
sua Genetriz tem uma "nova" continuação na Igreja e mediante a
Igreja, simbolizada e representada por São João. ³
Os apóstolos antes do
dia de Pentecostes “perseverando unanimemente em oração com as mulheres e
Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos d’Ele, e outrossim Maria implorando com
suas preces o dom do Espírito, o qual já na Anunciação a havia coberto com sua
sombra. Finalmente, a Imaculada Virgem preservada imune de toda mancha da culpa
original, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à
glória celeste.4
MARIA E A IGREJA: A IGREJA NA IMITAÇÃO DE
MARIA
Maria em sua materna missão a favor dos
homens não diminui a única mediação entre Deus e os homens, o homem Jesus
Cristo; mas ostenta a sua potência e até favorece esta união.4
A Bem-aventurada Virgem está também
intimamente relacionada com a Igreja. No mistério da Igreja ela ocupa um lugar
eminente e singular como modelo de virgem e de mãe.4
Por certo a Igreja, contemplando-lhe a
arcana santidade, imitando-lhe a caridade e cumprindo fielmente a vontade do
Pai, mediante a palavra de Deus recebida na fé torna-se também ela mãe. Pois,
pela pregação e pelo batismo ela gera para a vida nova e imortal os filhos
concebidos do espírito santo e nascidos de Deus. Ela é também Virgem que
íntegra e puramente guarda a palavra dada ao Esposo. Imitando a Mãe do seu senhor,
pela virtude do Espírito Santo conserva virginalmente uma fé íntegra, uma
sólida esperança e uma sincera caridade.4
Maria nos dá exemplo de como devemos ser
igreja que convida à conversão, testemunha na vivência dos sacramentos a fé no
Cristo que morreu e ressuscitou. Mais, atentos aos sinais dos tempos e urgência
de evangelizar nos dispomos a observar onde está faltando o vinho de vida
eterna no mundo e convidar a encher as talhas da alma de água nova; para ao
toque de Cristo restaurar a vida humana.
IMPORTANTe: Saibam os
fiéis que a verdadeira devoção não consiste num estéril e transitório afeto,
nem numa certa vã credulidade, mas procede da fé verdadeira pela qual somos
levados a reconhecer a excelência da Mãe de Deus, excitados a um amor filial para
com nossa mãe e à imitação das suas virtudes.4
A ação da Igreja no mundo é como que um
prolongamento da solicitude de Maria: aquele amor operoso de que a Virgem
Santíssima dá mostras, realmente, em Nazaré, em casa de Isabel, em Caná e sobre
o Gólgota, todos estes, momentos "salvíficos" de vasto alcance
eclesial, encontra a sua continuidade na preocupação materna da Igreja para que
todos os homens cheguem ao conhecimento da verdade (cf.1Tm 2,4), nos seus
cuidados para com os humildes, os pobres e os fracos, e na sua aplicação
constante em favor da paz e da concórdia social, no seu prodigalizar-se, enfim,
para que todos os homens tenham parte na Salvação que a morte de Cristo lhes
mereceu.8
A Igreja manifesta através do culto à
Virgem Maria na Liturgia a sua admiração
e o desejo de imitar suas virtudes na sua missão de sacramento de salvação.
Assim, em todos os tempos ela tem se voltado à Maria, como exemplo à Nossa
Senhora do Carmo, procurando levar seus filhos a celebrar os louvores de
Cristo, contemplando sua serva que nos oferece o escapulário como meio de
salvação através do serviço. Liturgia é
um culto que exige um modo de proceder na vida coerente, nela se implora
poderem os féis traduzir o culto à Virgem Maria, num amor bem concreto e
sofrido pela Igreja, como admiravelmente propõe, a oração após a comunhão da
festa de 15 de setembro: "...que, recordando as dores de Nossa Senhora,
completemos em nós, para o bem da Igreja, o que falta à paixão do Cristo".8
A Igreja contemplando Maria vê:
Com grata surpresa, que Maria de Nazaré,
apesar de absolutamente abandonada à vontade do Senhor, longe de ser uma mulher
passivamente submissa ou de uma religiosidade alienante, foi, sim, uma mulher
que não duvidou em armar que Deus é vingador dos humildes e dos oprimidos e
derruba dos seus tronos os poderosos do mundo (cf. Lc 1,5153); e reconhecerá em
Maria, que é "a primeira entre os humildes e os pobres do Senhor" (LG
55), uma mulher forte, que conheceu de perto a pobreza e o sofrimento, a fuga e
o exílio (cf. Mt 2,13-23), situações, estas, que não podem escapar à atenção de
quem quiser secundar, com Espírito evangélico, as energias libertadoras do
homem e da sociedade; e não lhe aparecerá Maria, ainda, como uma mãe ciosamente
voltada só para o próprio Filho divino, mas sim como aquela Mulher que, com a
sua ação, favoreceu a fé da comunidade apostólica, em Cristo (cf. Jo 2,1-12), e
cuja função materna se dilatou, vindo a assumir no Calvário dimensões
universais.8
" Maria está presente, portanto, no
mistério da Igreja como modelo. Mas o mistério da Igreja consiste também em
gerar os homens para uma vida nova e imortal: é a sua maternidade no Espírito
Santo. E nisto, Maria não é só modelo e figura da Igreja; mas é muito mais do
que isso. Com efeito, "ela coopera com amor de mãe para a regeneração e
formação" dos filhos e filhas da mãe Igreja. A maternidade da Igreja
realiza-se não só segundo o modelo e a figura da Mãe de Deus, mas também com a
sua "cooperação".³
"Rogo-te, sim, rogo-te, Virgem Santa, que
eu obtenha Jesus daquele Espírito, do qual tu mesma gerastes Jesus! Que a minha
alma receba Jesus por esse mesmo Espírito, por quem a tua carne concebeu Jesus!
(...) Que eu ame Jesus naquele mesmo Espírito, no qual tu o adoras como Senhor
e o contemplas como Filho!"8
CARMELITAS E MARIA:
A dimensão mariana da vida de um
discípulo de Cristo exprime-se, de modo especial, precisamente mediante essa
entrega filial em relação à Mãe de Cristo.³
Fixamos o olhar em Maria e reconhecemos
nela a imagem perfeita da discípula missionária. Maria é a grande missionária,
continuadora da missão de seu Filho e formadora de missionários. ¹
Eis, para nós carmelitas seculares os
testemunhos de nossos santos:
SANTA TERESA DE JESUS:
Pareçamo-nos, filhas minhas, nalguma coisa com
a grande humildade da Virgem Sacratíssima, cujo hábito trazemos, pois é
confusão chamarmo-nos freiras suas; que, por muito que nos pareça que nos
humilhamos, ficamos bem longe de ser filhas de tal Mãe e esposas de tal Esposo.
(C13,3)
Já que não posso deixar de ser a que tenho
sido, não tenho outro remédio, senão acolher-me a ela e confiar nos méritos de
Seu Filho e da Virgem, Sua Mãe, cujo hábito indignamente trago, e vós trazeis também.
Louvai-O, minhas filhas, pois verdadeiramente o sois desta Senhora; e assim não
tendes de vos afrontar que eu seja ruim, pois tendes tão boa Mãe. Imitai-A e
considerai qual deve ser a grandeza desta Senhora, e o bem de a ter por
Padroeira. (3M1)
SÃO JOÃO DA CRUZ:
Quem ama discretamente, não cuida de pedir o
que deseja ou lhe falta; basta-lhe mostrar sua necessidade para que o amado faça
o que for servido. Assim procedeu a bendita Virgem com o amado Filho nas bodas
de Caná; não lhe pediu diretamente o vinho, mas disse apenas: “não tem vinho”
(Jo 2,3). (CII,8)
EDITH STEIN:
Cada mulher seja uma cópia da Mãe de Deus,
seja uma esposa de Cristo, seja uma apóstola do Coração Divino. Todas, então,
corresponderão plenamente à sua vocação feminina, independentemente das
circunstâncias e das atividades exteriores nas quais realizam as tarefas
desenvolvidas”.
Que possamos voltar o olhar à Mãe de Deus,
Maria, nas bodas de Caná. O seu olhar silencioso e perscrutador observa tudo e
repara onde falta alguma coisa. E antes que alguém perceba e ocorra algum
embaraço, ela já prestou a sua ajuda. Encontra meios e modos, dá as indicações
necessárias, e isso tudo em silêncio, sem deixar perceber nada”.
SANTA TERESINHA:
Sobre a sua
dificuldade na recitação do terço:
Quando estou sozinha
a recitação do terço custa-me muito
mais, do que a aplicação de um instrumento de penitência... Percebo que o rezo
tão mal! Por mais que queira meditar os mistérios do rosário, não consigo concentrar
o espírito... Andei muito tempo profundamente aflita... Tão grande é o meu amor
à Santíssima Virgem, que deveria ter facilidade em recitar. Agora, aflijo-me
menos. Penso que sendo minha Mãe, a Rainha dos Céus verá minha boa vontade, e
com ela se contentará. HA 318
BEATA JOSEFA NAVAL GIRBÉS:
Josefa aprendeu a
amar à Virgem Maria, desde menina. “Maria, minha Mãe, ensina-me a ser fiel e a
agradar a Deus”. “Virgem Maria, minha Mãe, faz-me pura, casta, boa e santa”.
Acuda-nos a Santíssima Virgem, para que nos ensine e nos ajude a sermos fiéis a
Deus”.
Recomendava às
jovens: “Sede limpas, asseadas no modo de vestir, sede muito honestas como a
Virgem
Como Carmelita
Secular, Josefa tinha uma especial devoção à Santíssima Virgem do Carmo, como
tal, em repetidas ocasiões pediu a suas discípulas que, à sua morte, a
vestissem com o hábito do Carmo, desejo que se cumpriu fielmente. Esta filiação
Mariana a soube transmitir às suas alunas; bastem-nos estes testemunhos: em uma
das casas de Algemesi se conserva um grande quadro da Virgem do Carmo, bordado
em ouro e seda pela senhora Vicenta Morán através da direção da “Senhora Pêpa”,
como era conhecida Josefa em sua terra natal no ano em que morreu nossa Beata.
ELISABETE DA
TRINDADE:
Parece-me que a atitude da Santíssima
Virgem durante os meses decorridos entre a Anunciação e a Natividade é o modelo
das almas interiores, das criaturas escolhidas por Deus para viverem “dentro”,
no fundo do abismo insondável. Com que paz, com que recolhimento Maria se
entregava à todas as ocupações! Como as ações mais banais eram por ela
divinizadas! Porque em tudo a Virgem continuava a ser a adoradora do dom de
Deus! Isto não a impedia de entregar-se às obras exteriores quando a caridade
exigia. (Como Encontrar o Céu na Terra 39).
NÓS, SECULARES:
A máxima realização da existência cristã
como um viver trinitário de "filhos no Filho" nos é dada na Virgem
Maria que, através de sua fé (cf. Lc 1,45) e obediência à vontade de Deus (cf.
Lc 1,38), assim como por sua constante meditação da Palavra e das ações de
Jesus (cf. Lc 2,19.51), é a discípula mais perfeita do Senhor.¹
Ela, que
"conservava todas estas recordações e as meditava no coração" (Lc
2,19; cf. 2,51), ensina-nos o primado da escuta da Palavra na vida do discípulo
e missionário. O Magnificat "está inteiramente tecido pelos fios da
Sagrada Escritura, os fios tomados da Palavra de Deus. Assim, revela-se que
nela a Palavra de Deus se encontra de verdade em sua casa, de onde sai e entra
com naturalidade. Ela fala e pensa com a Palavra de Deus; a Palavra de Deus se
faz a sua palavra e sua palavra nasce da Palavra de Deus. Além disso, assim se
revela que seus pensamentos estão em sintonia com os pensamentos de Deus, que
seu querer é um querer junto com Deus. Estando intimamente penetrada pela
Palavra de Deus, ela pôde chegar a ser mãe da Palavra encarnada".¹
Pertencemos a uma Ordem eminentemente
Mariana. Nos formamos na escola de Maria que usa como instrumento de educação o
“escapulário”, que é mais do que um sinal de proteção e predileção de Maria
pela nossa ordem; deve ser para nós instrumento de trabalho a serviço de Jesus
Cristo. É de fato um avental, e como tal, é usado para trabalhar. Por isso,
podemos também ouvir as mesmas palavras do profeta Ageu 2, 4: “ Ó Zorobabel,
tem ânimo, diz o Senhor. Coragem, Josué filho de Josedec, sumo sacerdote!
Coragem todos vós habitantes da terra, diz o Senhor. Mãos à obra! Eu estou
convosco – diz o Senhor dos Exércitos.”
A
Virgem Maria se faz presente de maneira especial, sobretudo como modelo de
fidelidade na escuta do Senhor e em sua atitude de serviço a Ele e aos demais.
Maria é aquela que conservava e meditava em seu coração a vida e as ações de
seu Filho [6] , danto exemplo
de contemplação. Ela foi quem aconselhou, nas bodas de Caná, que fizessem o que
o Senhor lhes dissera [7] . Maria é
exemplo de serviço apostólico. E foi ela, outra vez, quem esperou a vinda do
Espírito Santo, perseverando em oração com os apóstolos [8] , testemunhando
a oração de intercessão. Ela é Mãe da Ordem. O carmelita secular goza de sua
especial proteção e cultiva uma sincera devoção mariana. 10
Maria é para o
Secular um modelo de entrega total ao Reino de Deus. Ela nos ensina a escutar a
Palavra de Deus na Escritura e na vida, a crer nela em todas as circunstâncias
para viver suas exigências. E isto, sem entender muitas coisas; guardando tudo
no coração (Lucas 2, 19.50-51) até que chega a luz, com uma oração
contemplativa.10
Maria é também ideal inspiração para o
Secular. Ela vive junto às necessidades dos irmãos, preocupando-se com elas
(Lucas 1,39-45; João 2,1-12; Atos 1,14). Ela, “a imagem mais perfeita da
liberdade e da libertação da humanidade e do cosmos” [29] , ajuda a
compreender o sentido da missão. Ela, Mãe e Irmã.10
Por isso o Secular se empenhará em
conhecer cada dia mais a pessoa de Maria através da leitura do Evangelho, para
comunicar aos demais a autêntica piedade mariana, que leva à imitação de suas
virtudes.10
No rito de admissão à Ordem Secular dos
Carmelitas Descalços o candidato no momento que é revestido com escapulário
pelo sacerdote, ouve: “Recebe este escapulário, hábito da ordem do Carmo. Usa-o
dignamente imitando a Virgem Maria no serviço de Jesus Cristo.” E na conclusão
do rito o celebrante faz a seguinte oração: “Venha em nossa ajuda, Senhor, a
poderosa intercessão da bem-aventurada Virgem Maria, Mãe e Rainha do Carmelo,
para que, guiados por seus exemplos e protegidos pelo seu auxílio, cheguemos ao
verdadeiro monte da salvação, Jesus Cristo Nosso senhor.”
Vemos que o mais importante sentimento
que devemos ter para com Maria, Mãe e rainha do Carmelo é o vivo desejo de
imitar suas virtudes e alcançar sua proteção porque nos confiamos a ela como
nossa mãe enquanto educadora e protetora, e irmã na condição de exemplo de
serviço a Jesus Cristo.
Meditação, quem melhor que Maria pode
nos ensinar a observar a realidade ao nosso redor e em espírito de oração
contemplar a ação de Deus que age mesmo de forma incompreensível para nós!
A meta será conseguir a integração da
experiência de Deus com a experiência da vida: ser contemplativos na oração e
no cumprimento da própria missão. 10
Intimamente unida à ação do Espírito
Santo, está a ação da Virgem Maria. Mãe de Cristo e nossa Mãe, ela está
envolvida com a vida espiritual de cada um, mas, especialmente com a daquele
que é chamado à vida no Carmelo. Sob sua proteção, evidenciada no Carmelo pelo
escapulário, todos os que estão em formação na Ordem são protegidos e formados
espiritualmente. 11
Que melhor educadora poderemos ter, a
não ser aquela que ensinou os primeiros passos a Jesus, como não nos ensinará a
caminhar também no caminho de seu Filho. Aquela que ensinou Jesus a balbuciar
as primeiras palavras, como não nos ensinará a falar a linguagem do Amor.
Os Carmelitas
Seculares vêem Maria como modelo de sua vida no Carmelo ajudam na Igreja a
manter um amor maduro e uma devoção autêntica a Maria com toda a perfeição
possível usam o escapulário como expressão externa da proteção maternal de
Maria, de nossa dedicação a seu serviço e como um incentivo para viver a
virtude teologal da esperança veneram a Maria diariamente mediante um ato de
piedade e comemoram seus mistérios especialmente na liturgia.11
Todos os outros aspectos da vida e devoção
mariana também podem estar presentes, por exemplo, o escapulário, ou o rosário.
Estes são, no entanto, secundários a respeito da devoção mariana. Maria é nosso
modelo de oração e de meditação. Este interesse em aprender a meditar ou a ter
inclinação para a meditação é uma característica fundamental de qualquer OCDS.
Isto é, talvez, a o mais fundamental. 11
Segundo as Diretrizes Gerais da
Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011 – 2015, a Igreja é chamada em
nossos dias: reconhecer-se em estado permanente de missão.
As verdadeiras estrelas da nossa
vida são as pessoas que souberam viver com retidão. Elas são luzes de
esperança. E quem mais do que Maria poderia ser para nós estrela de esperança?
Ela que, pelo seu « sim », abriu ao próprio Deus a porta do nosso mundo.
Por isso, a Ela nos dirigimos:
Santa Maria, Vós pertencíeis àquelas almas humildes e grandes de Israel que,
como Simeão, esperavam « a consolação de Israel » (Lc 2,25) e, como Ana,
aguardavam a « libertação de Jerusalém » (Lc 2,38). Vós vivíeis em íntimo
contacto com as Sagradas Escrituras de Israel, que falavam da esperança, da
promessa feita a Abraão e à sua descendência (cf. Lc 1,55). Quando, cheia de
santa alegria, atravessastes apressadamente os montes da Judeia para encontrar
a vossa parente Isabel, tornastes-Vos a imagem da futura Igreja, que no seu seio,
leva a esperança do mundo através dos montes da história. Vós estivestes no
meio da comunidade dos crentes, que, nos dias após a Ascensão, rezavam
unanimemente pedindo o dom do Espírito Santo (cf. Act 1,14) e o receberam no
dia de Pentecostes. O « reino » de Jesus era diferente daquele que os homens
tinham podido imaginar. Este « reino » iniciava naquela hora e nunca mais teria
fim. Assim, Vós permaneceis no meio dos discípulos como a sua Mãe, como Mãe da
esperança. Santa Maria, Mãe de Deus, Mãe nossa, ensinai-nos a crer, esperar e
amar convosco. Indicai-nos o caminho para o seu reino! Estrela do mar, brilhai
sobre nós e guiai-nos no nosso caminho!
Maria é para nós, modelo orante porque
nos leva a meditar dia e noite a Palavra do Senhor. E nos é dada como modelo
oferente porque se fez presa de Deus
quando exclamou: “Eis aqui a Serva do Senhor!” E a partir daí nunca mais
separou-se de Jesus, seu Filho.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
Documento de
Aparecida
Santo Agostinho,
Sermões.
Joannes Paulus pp. Redemptoris
Mater
Constituição Dogmática “Lumem Gentium.”
Homilia de São João
Crisóstomo. Ofício das Leituras – Comum de Nossa Senhora - Liturgia das Horas.
CIC – 722.
7.Carta Apostólica
sob forma de motu proprio Porta Fidei do Sumo Pontífice Bento XVI .
8. Exortação Apostólica Marialis
Cultus, do santo padre
paulo vi.
paulo vi.
9.ocdsprovinciasaojose.blogspot.com.br
10.Constituições OCDS.
11 Ratio Institutionis da Ordem Secular dos
Carmelitas Descalços.
12. Carta Encíclica Spe Salvi do Sumo
Pontífice Bento XVI.
Nenhum comentário:
Postar um comentário