Translate

segunda-feira, 22 de março de 2010

Ratio Institutionis

Ordem Secular

Carmelo Teresiano

Secretaria Geral para a Ordem Secular

2009

Ratio Institutionis

Ordem Secular

Carmelo Teresiano

Secretaria Geral para a Ordem Secular

2009

Ratio Institutionis da Ordem Secular dos Carmelitas Descalços

17 de setembro de 2009 – Festa de Santo Alberto de Jerusalém

Aos Superiores Provinciais, delegados provinciais e membros da Ordem Secular;

Meus queridos irmãos e irmãs carmelitas:

O Definitório Geral alegra-se em poder apresentar a Ratio Institutionis da Ordem Secular dos Carmelitas Descalços. O texto contido nesta relação foi desenvolvido ao longo do sexênio anterior pela Secretaria Geral para a Ordem Secular. Foi apresentado no Capítulo Geral de Fátima em abril de2009, quando foram algumas sugestões. O texto, uma vez incorporadas as sugestões, foi apresentado ao novo Definitório, que por sua vez, enriqueceu com sua contribuição e aprovou a redação em inglês em junho de 2009. Durante o verão do mesmo ano foi traduzido para o italiano, espanhol e Francês e, no dia de hoje, já está à disposição de todos.

Uma Ratio Institutionis não é, em si mesma, um programa de formação. Cada jurisdição da Ordem é responsável pelo esquema próprio e a conseqüente aplicação de um programa de formação.

A Ratio é um documento que busca apresentar os princípios fundamentais que guiam o processo formativo, isto é, a filosofia que sustenta a formação dos membros do Instituto. A formação se faz, em nome da Ordem em cada um dos territórios e circunscrições, o que permite que, como deve ser, haja sempre um suplemento local para a formação de cada comunidade concreta. Este documento, portanto, contribui com os princípios elementares de direção geral que deve acompanhar a formação local.

O documento está dividido em duas partes principais. A primeira, que abrange dos números 1 ao 93, que compreende à Ratio em si mesma, dividida por sua vez em duas seções.

Na primeira encontram-se os números das Constituições que tratam do tema da formação. Na segunda acham-se os princípios que ajudam no discernimento da vocação à Ordem Secular. A segunda parte principal apresenta um modelo desenvolvido de formação. Não se trata de um plano fechado, mas de um esboço que ajudará às circunscrições a desenvolver seu próprio programa e específico como é de sua competência. Qualquer Província ou circunscrição que já tenha desenvolvido seu programa de formação específico e o tenha submetido à apreciação do Definitório para sua aprovação, pode substituir este modelo pelo programa aprovado.

Apresento, pois, em nome do Definitório, esta Ratio Institutionis, com a sincera esperança de que guiará aos membros de nossa Ordem Secular a um mais profundo apreço de sua vocação à Santidade no amor de Deus e o serviço à Igreja.

P. Saverio Cannistrà, OCD

Prepósito Geral


Ratio Institutiones para a Ordem Secular

1. Esta Ratio Institutionis trata de apresentar as diretrizes gerais para a formação dos membros da Ordem Secular do Carmelo e oferecer o marco geral de um programa para realizar essa formação.

2. O artigo 46 das Constituições da Ordem Secular estabelece na primeira frase quem constitui a “autoridade imediata” da comunidade na OCDS. Na segunda frase especifica que a “responsabilidade primordial” dessa autoridade é a “formação e amadurecimento cristão e carmelitano dos membros da comunidade”. Caberia esperar que a responsabilidade primária da autoridade determinada de uma organização pudesse ordenar-se ao governo dessa organização. As Constituições OCDS, no entanto, assinalam que sua responsabilidade fundamenta-se em formar a comunidade inteira.

3.Isto nos indica qual é o objetivo da existência das comunidades da Ordem Secular. Nossas comunidades têm como meta específica e fundamental um processo permanente de entender a identidade do Carmelita no mundo de hoje, e descobrir qual é o serviço específico a ser prestado a Deus, à Igreja, à Ordem e ao mundo. O governo, seja como forma de controle ou de organização, aparece como secundário e de apoio à primeira intenção. De fato, se a formação é adequada, o governo chega a ser relativo.

4. O número 32 das Constituições indica que a finalidade da formação é “preparar a pessoa para viver a espiritualidade do Carmelo”. Esta frase das Constituições põe em relevo o propósito formativo. Indica-nos aqueles elementos que não são prioritários no programa de formação. A finalidade do programa de formação não é promover especialistas acadêmicos na espiritualidade carmelitana. O fim do programa de formação tampouco se orienta a obter um título universitário em teologia espiritual.

5. A finalidade é “preparar a pessoa”. Isto é, o processo de formação se deve dirigir à pessoa concreta. Quem bate às portas do Carmelo Secular são, com poucas exceções, pessoas carregadas de compromissos familiares, profissionais, e outros tantos compromissos. O programa de formação deve ser bastante flexível para que possa adaptar-se às circunstâncias de cada pessoa que se incorpore ao processo.

6. O propósito da formação é preparar pessoas concretas, inspiradas pelo Espírito Santo, para que possam viver uma vida espiritual segundo os princípios da espiritualidade dos Carmelitas Descalços. Quando se entende isto com clareza o Conselho poderá então, ajudar a essas pessoas individualmente seja como membro novo seja os mais antigos. Isto também implica na necessidade de um adequado discernimento acerca da vocação ao Carmelo.

7. Uma boa formação depende de uma boa informação. Ao mesmo tempo deve ficar claro que a formação é algo diferente da mera informação. É dever primordial dos responsáveis pela formação acompanhar os formandos para ajudar-lhes a viver o que aprendem no processo formativo. A informação que se lhes dá através da leitura e dos encontros de formação intelectual (aulas) deve servir-lhes de ajuda no crescimento espiritual da pessoa.

8. Será de grande ajuda para o desenvolvimento do programa de formação que a pessoa responsável pela comunidade institua, em nome da mesma, uma equipe que possa apresentar a informação necessária. Poderá ocorrer que algumas pessoas da comunidade sejam capazes de apresentar uns temas, e outras outros, e assim conjuntamente, apresentarão um programa mais eficaz. Isto também ajuda a não sobrecarregar a quem se responsabiliza especificamente sobre a formação.

9. O período de preparação para formar parte do Carmelo Secular é um processo de seis anos de duração. As Constituições tratam deste processo no número 36 como “gradual”, além de flexibilidade por parte do participante e da comunidade. Ambos devem também ser pacientes num processo que se dá passo a passo. Em geral as pessoas que se aproximam da Ordem Secular são sinceras no amor a Deus e o desejo de uma vida espiritual mais profunda. Vêm com um amor especial à Virgem Maria e ao escapulário. Vêm ao Carmelo convencidas já da necessidade de orar. E geralmente estas convicções e estes desejos necessitam ser dirigidos por princípios teológicos, litúrgicos e espirituais sadios.

10. A Comunidade, o Conselho, o Formador, os Colaboradores na formação e o Assistente espiritual da comunidade devem estar dispostos a ajudar os com o exemplo e com a direção aos novos membros da comunidade. E as novas pessoas hão de estar intelectual e pessoalmente abertas aos novos caminhos da vida espiritual que aprenderão no Carmelo.

11. No programa de formação como vem delineado nas Constituições cabe ao Conselho admitir os candidatos a cada etapa de formação. Por esta razão, o mesmo Conselho deve estar interessado no processo da formação em sua tarefa.

12. As mesmas Constituições oferecem os elementos básicos e essenciais para a formação. O programa apresentado aqui se considera como um oferecimento à Ordem Secular do mundo inteiro. Contém um processo para ir avançando através do material de formação de uma maneira organizada. No entanto deverá adaptar-se às circunstâncias de cada nação e região. Apresenta-se aqui os elementos essenciais a serem incluídos em todo programa de formação.

Aspectos essenciais da formação

13 – Formação Humana

Desenvolve nossa:

Aptidão para o diálogo interpessoal, respeito e tolerância mútuos;

Prontidão ante a possibilidade de ser corrigidos e corrigir com serenidade;

Capacidade de perseverar nos compromissos.

14. Formação Cristã:

Aumenta:

Nossa disposição para receber a base teológica necessária através do catecismo da Igreja Católica e os documentos do magistério eclesial;

Nosso apreço por nossa consagração batismal;

Nosso zelo por nossa própria conversão, compromisso cristão e santidade de vida;

Nosso fervor em viver as exigências do seguimento de Jesus participando em sua missão salvadora e desenvolvendo nossa vocação profética, real e sacerdotal.

15. Formação Carmelitana

Confirma nossa identidade carmelitana através:

Do estudo das Escrituras e leitura espiritual, e a prática da Lectio Divina;

Da importância que se há de dar à liturgia da Igreja, especialmente à Eucaristia e a Liturgia das Horas;

Da Espiritualidade do Carmelo, sua história, as obras dos Santos da Ordem;

Da formação na oração silenciosa e na meditação;

Na formação para o apostolado fundamentado no ensinamento eclesial, assumindo nosso estado laical no apostolado da Ordem.

Agentes de formação na Ordem Secular do Carmelo Teresiano

O Principal Educador: o Espírito Santo

16. O Espírito Santo, enviado pelo Pai e o Filho, é o mestre principal da Igreja. Quem se sentir chamado à vida do Carmelo, sabedor de ser morada do Espírito pela graça, há de ser consciente dessa presença inefável que o conduzirá ao conhecimento da verdade, especialmente a respeito de sua própria vocação. O Espírito, infundido para suscitar um novo nascimento através do batismo, anima a quem é chamado para viver o mistério da Trindade de uma maneira cada vez mais profunda e também para ser portador de frutos abundantes através da própria doação (feita realidade na “obras, obras”.

A Virgem Maria

17. A Virgem Maria está intimamente unida à ação do Espírito Santo. Mãe de Cristo e nossa Mãe, ela esta implicada na vida espiritual de cada um, mas, especialmente na vocação ao Carmelo. Sob sua proteção, representada no Carmelo pelo escapulário, todos os formandos da Ordem está amparado espiritualmente. Maria, a Mãe dos que crêem, é para nós um modelo de contemplação comprometida e profética. Ela acolheu a Boa Nova com um claro discernimento e empreendeu prontamente suas demandas. Ela guardava a Palavra meditando-a em seu coração e a proclamou livremente e com valor no Magnificat. Seu exemplo contemplativo – apostólico será sublinhado no curso da formação para ajudar aos formandos a entender e praticar o que realmente significa seguir a Jesus Cristo como Maria que foi o modelo perfeito do discipulado do Senhor.

A Igreja

18. A Igreja é inseparável de Cristo. Ele a estabeleceu como amostra e instrumento de seu desígnio salvífico. É o povo de Deus que caminha através dos tempos ao encontro de seu Senhor. Na Igreja, a presença evangelizadora e a atividade de Jesus, se prolonga na terra com a pregação da palavra e com os sacramentos que são agentes da graça para combater os agentes de pecado na sociedade. No seguimento de Cristo, o carmelita secular conta com a ajuda da Igreja. Pelas promessas o carmelita secular manifesta mais ainda o poder da vida sacramental, especialmente o Batismo, a Eucaristia e o Sacramento da Reconciliação. Cada candidato deve, pois, submergir-se na realidade que é a Igreja, que o convida a buscar a santidade. Como resposta, quem se sente chamado experimentará uma necessidade crescente de dar-se também à Igreja de alguma forma.

O Carmelo

19. A Ordem dos Carmelitas Descalços constitui uma família específica, jurídica e carismática. As comunidades da Ordem Secular do Carmelo dependem juridicamente dos frades Carmelitas Descalços (Ordem religiosa) e assim têm um caráter distinto de outras associações. Os superiores religiosos têm uma responsabilidade em relação a essas comunidades, segundo suas respectivas constituições. As Constituições pelas quais são regidas as comunidades seculares lhes outorgam uma autonomia legítima e específica.

20. O Senhor criou a família religiosa do Carmelo Teresiano, dotou-a de um carisma especial e continua dirigindo-a por seu Espírito. A Ordem Secular recebe novas vocações com alegria, mas também com a sensação de responsabilidade de modo que nelas o carisma possa também ser entendido cotidianamente de maneira mais profunda, dar frutos e expandir-se. Os novos candidatos são uma graça enriquecedora e um trampolim para a renovação espiritual verdadeira.

21. O Carmelo Teresiano, além do exemplo de seus fundadores tem seu próprio programa de formação, tem um estilo próprio, baseado em pessoas que foram tão maduras em sua fé que chegaram a ser santos e autoridades dentro de toda a Igreja: os Doutores Teresa de Jesus, João da Cruz e Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face (Teresinha de Lisieux). A tradição que começaram como resultado de uma experiência vivida, constitui o patrimônio formativo que impregna o Carmelo. A tarefa da Ordem consiste hoje em ser continuadores dessa linha ininterrupta de educadores que preparam no e para nosso tempo, pessoas atuais para a Igreja, como a Beata Elisabete da Trindade, Edith Stein e Rafael Kalinowski.

O Candidato

22. É o candidato o que tem a responsabilidade primordial de dar o sim a sua vocação e de aceitar as conseqüências de sua resposta. Isto não significa que ele deva ser o árbitro de seu próprio destino ou um autodidata; no mais profundo de sua consciência candidato sabe que necessita da ajuda divina e humana. Dele depende estar aberto a um crescimento contínuo na sabedoria do Evangelho, que é o que lhe pede a gritos o mundo.

23. O candidato é chamado a um profundo diálogo com Deus na oração. Mas, isto não teria sentido sem uma relação de confiança com os membros de sua comunidade, especialmente os educadores. Com um progresso adequado ao longo das diferentes etapas, o candidato deve conseguir uma idéia mais clara da importância e necessidade de nosso carisma. Para tanto assim deve aprender daqueles seculares adiantados na experiência que já estão praticando e estão propondo para ele e também dos documentos importantes de nossa família: as Constituições e os escritos de nossos santos.

A Comunidade

24. A comunidade secular do Carmelo é uma associação de fiéis, inspirada pelo ideal da Igreja Primitiva onde “tinham um só coração e uma só alma” (At 4,32). Seus membros são animados pela espiritualidade do Carmelo Teresiano.

25. A comunidade secular expressa o mistério da Igreja-Comunhão. De fato, provém da comunhão entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, de quem toma parte na missão da Igreja de convidar a todos a esta comunhão (LG 1,19).

26. A vida fraterna se inspira inicialmente na Igreja “primitiva” dos Irmãos da Bem Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo dada por Santo Alberto, patriarca de Jerusalém e confirmada por Inocêncio IV. Fiéis aos ensinamentos de Nossa Santa Madre Teresa, os membros são conscientes de que seu compromisso não se pode realizar somente de uma maneira individual; a vida fraterna é um lugar privilegiado onde se aprofundam, se formam e amadurecem.

27. É Cristo, em seu mistério pascal, o modelo e construtor da vida fraterna. Esta vida fraterna constitui uma maneira evangélica de conversão que requer o valor da renúncia de si mesmo para acolher e aceitar ao outro dentro da comunidade. Tal modo de purificação se converte em modo de vida para viver como Jesus viveu.

28. Devido a esta identidade da Ordem Secular Carmelitana, é a comunidade o lugar apropriado para a formação do candidato que busca a admissão. A comunidade há de oferecer um bom exemplo de nossa vida mesmo quando o ideal não seja alcançado. Somente como exceção, e em circunstâncias extraordinárias, pode um candidato incorporar-se à Ordem como membro isolado. A comunidade da Ordem Secular em sua totalidade, e cada um de seus membros tem uma responsabilidade formativa, numa relação corporativa, entre o Responsável direto pela formação e o Conselho.

29. O Conselho da comunidade cuidará especialmente em eleger os leigos idôneos para a equipe de formação, pessoas de oração e cultura, abertos e desejosos de partilhar sua experiência carmelitana com os candidatos, de tal forma que os formadores estejam em sintonia em seus objetivos e métodos; quanto melhor qualificados e inclusive o sejam, tanto mais acertada será a educação dos candidatos. Um papel formativo importante na comunidade exercem os anciãos, os membros enfermos ou de qualquer forma, inaptos, que em seu contato regular com os candidatos, são um exemplo excelente por sua experiência.

O Presidente da comunidade

30. O primeiro entre os irmãos, o Presidente, juntamente com o Conselho, dirige a comunidade em espírito de fé, num clima de diálogo se lhe escuta com idêntico espírito. Ao exercer o serviço da autoridade, o Presidente não pode recorrer a ele exclusivamente, mas há de exercê-lo mais motivando que controlando. Sua principal preocupação há de ser estabelecer a comunhão na caridade.

31. É tarefa do presidente preocupar-se em que a equipe do Conselho prepare um programa conveniente, impulsione à sua prática e coordene a reunião do Conselho para repassar o programa e para considerar mudanças. Em tudo isso deve proceder com prudente respeito à legítimas atribuições e independência do Responsável da Formação e seus colaboradores.

O Encarregado da Formação

32. O Carmelita Secular que está diretamente encarregado da formação recebe o título de Responsável. Há de ser pessoa de fé, madura e bem versado na vida carmelitana. O mesmo deveria ser todo secular que tenha sob sua responsabilidade os candidatos durante as etapas de formação.

33. Tudo o que se menciona aqui aplica-se a cada membro da equipe formativa; ocupa-se dos pontos essenciais válidos para cada etapa da formação. A seu devido tempo se mencionarão as características que são apropriadas a cada etapa.

34. A tarefa principal dos responsáveis é acompanhar com solicitude aos candidatos. Juntamente com o candidato, o Responsável é o principal colaborador no processo de formação e cooperador privilegiado com a graça divina. Por esta razão o Responsável se considerará um discípulo humilde e um servo do único Mestre, Jesus Cristo. Ao mesmo tempo, o Responsável será consciente de que está cumprindo um papel importante de mediação por uma parte, entre o candidato e a Igreja e a Ordem por outra. O Conselho da comunidade pode designar uma ou mais pessoas para ajudar-lhe no trabalho direto da formação. Devem formar com o Responsável uma pequena equipe onde trabalhem juntos e em harmonia.

35. Deve haver especial respeito ao juízo do Responsável e de seus ajudantes devido ao seu trabalho na tarefa formativa. O Conselho conserva sua responsabilidade e competência naquelas matérias indicadas nas Constituições, a saber, a respeito à aptidão dos candidatos e ao consentimento para a admissão ao período formativo, às primeiras promessas, à Promessa definitiva e aos votos.

36. Uma possível metodologia para levar em conta:

1. Um encontro de formação começa e termina com uma oração;

2. A oração da manhã e da tarde com um tempo dedicado à oração silenciosa;

3. Debates e conferências;

4. Pontos para a reflexão;

5. Pontos para estudo e debate;

6. Exibição de filmes e outros recursos áudio-visual;

7. Retiro, interiorização e experiências de deserto.

37. Recursos básicos para um programa da formação:

1. A Bíblia Sagrada;

2. Introduções Gerais sobre a Liturgia das Horas e a Eucaristia;

3.Catecismo da Igreja Católica;

4.Constituição Dogmática sobra a Igreja – Lumen Gentium;

5. Constituição Dogmática sobra a Divina Revelação – Dei Verbum;

6. Constituição Dogmática sobra a Liturgia – Sacrosanctum Concilium;

7. Decreto sobre o Apostolado dos Leigos – Apostolicam Actuositatem;

8. João Paulo II – Exortação Apostólica sobre a Vocação e Missão do Leigo na Igreja e no Mundo – Christifidelis Laici;

9. Paulo VI – Marialis Culto;

10. João Paulo II – Carta Encíclica sobre a Bem Aventurada Virgem Maria – Redemptoris Mater;

11. Instruções Gerais sobre a Liturgia das Horas;

12. Regra de Santo Alberto;

13. As Constituições OCDS;

14 Estatutos Provinciais;

15. As Obras de Santa Teresa de Jesus;

16. As Obras de São João da Cruz;

17. As Obras de Santa Teresinha do Menino Jesus;

18. As Obras de Santa Teresa Benedicta da Cruz – Edite Stein;

19. As Obras da Beata Elisabete da Trindade, além das referências acima enumeradas, será necessário que cada circunscrição ou região, amplie os possíveis recursos com tudo o que disponibilizar sua região ou idiomas locais.

Apêndices

I – O ASPECTO DA FORMAÇÃO NAS CONSTITUIÇÕES OCDS – extratos.

38. Os Carmelitas Seculares, juntamente com os Frades e Monjas, são filhos e filhas da Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo e de Santa Teresa de Jesus. Portanto, compartem com os religiosos o mesmo carisma, vivendo-o cada um segundo seu próprio estado de vida. Trata-se de uma família com os bens espirituais, a mesma vocação à santidade (cf.: Ef 1, 4; 1Pd 1,15) e a mesma missão apostólica. Os Seculares contribuem com a Ordem com a riqueza de sua secularidade[1].

39. Os membros da Ordem Secular dos Carmelitas Descalços são fiéis da Igreja. Chamados a viver em obséquio de Jesus Cristo através da “amizade com quem sabemos que nos ama”, servindo à Igreja, sob a proteção de Nossa Senhora do Monte Carmelo, segundo a tradição bíblica do Profeta Elias. Inspirados pelos ensinamentos de Santa Teresa de Jesus e são João da Cruz, buscam aprofundar o seu compromisso cristão recebido no batismo[2].

40. A Virgem Maria faz-se presente de modo especial, sobretudo, como modelo de fidelidade na escuta do Senhor e na atitude de serviço a Deus e aos outros. Maria é aquela que conservava e meditava em seu coração a vida e as ações de seu Filho, dando exemplo de contemplação. Ela foi quem aconselhou, nas bodas de Caná, que fizessem o que ele lhes dissesse. Maria é exemplo de serviço apostólico. E foi ela, de novo, que esperou a vinda do Espírito Santo com os apóstolos, testemunhando a oração de intercessão. Ela é Mãe da Ordem. O Carmelita Secular goza de sua especial proteção e cultiva uma sincera devoção mariana[3].

41. O Profeta Elias representa a tradição do Carmelo e seu inspirador para viver na presença de Deus, buscando-o na solidão e no silêncio, com especial zelo pela glória de Deus. O Secular vive a dimensão profética da vida cristã e da espiritualidade carmelitana promovendo a lei de Deus de amor e de verdade no mundo, e especialmente fazendo-se voz daqueles que não podem, por si mesmos, expressar esse amor e essa verdade[4].

42. A origem do Carmelo Descalço acha-se na pessoa de Santa Teresa de Jesus. Ela viveu na profunda fé na misericórdia de Deus, que a fortaleceu para perseverar na oração, humildade, amor fraterno e amor à Igreja, e a conduziu à graça do matrimônio espiritual. sua abnegação evangélica, sua disposição ao serviço e sua constância na prática das virtudes são um guia diário para viver a vida espiritual. Seus ensinamentos sobre a oração e a vida espiritual são essenciais para a formação e a vida da Ordem Secular[5].

43. São João da Cruz foi o companheiro de Santa Teresa na formação do Carmelo Descalço. Ele exorta o Secular a ser vigilante na prática da fé, esperança e amor. Através da noite escura o guia à união com Deus. Nesta união com Deus, o Secular encontra a verdadeira liberdade dos filhos de Deus[6].

44. Levando em conta as origens do Carmelo e o carisma teresiano, pode-se sintetizar assim os elementos primordiais da vocação dos leigos carmelitas teresianos:

Viver em obséquio de Jesus Cristo apoiando-se na imitação e no patrocínio da Santíssima Virgem, cuja forma de vida constitui para o Carmelo um modelo de configuração com Cristo;

Buscar a “misteriosa união com Deus” pelo caminho da contemplação e da atividade apostólica, indissoluvelmente irmanadas, a serviço da Igreja;

Dar uma importância particular à oração que, alimentada com a escuta da Palavra de Deus e a Liturgia, possa conduzir ao trato de amizade com Deus, não somente quando reza, mas também, quando se vive. Comprometer-se nesta vida de oração exige nutrir-se de fé, esperança e, sobretudo, da caridade, para viver na presença e no mistério do Deus Vivo;

Penetrar de zelo apostólico a oração e a vida num clima de comunidade humana e cristã;

Viver a abnegação evangélica a partir da perspectiva teologal;

Dar importância no compromisso evangelizador à pastoral da espiritualidade enquanto colaboração peculiar da Ordem Secular, fiel à sua identidade carmelitano-teresiana[7].

45. O Seguimento de Jesus Cristo como membros da Ordem Secular se expressa através da Promessa de tender à perfeição evangélica no espírito dos conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência e das bem-aventuranças. Através dessa promessa se reforça seu compromisso batismal no mundo a serviço do Projeto de Deus. Ela é uma graça de santidade pessoal, que necessariamente, leva a um empenho de serviço à Igreja em fidelidade ao carisma carmelitano-teresiano. Se assume ante os membros da comunidade como representantes de toda a Igreja, e na presença do Delegado do Superior da Ordem (Geral)[8].

46. Pela Promessa feita à comunidade na presença do Superior da Ordem ou de seu Delegado, a pessoa se converte em membro da Ordem Secular. Por este compromisso se empenha em adquirir a formação necessária para conhecer as razões, o conteúdo e propósito do estilo evangélico de vida que se assume. A Promessa realça o compromisso batismal e enriquece, nos chamados à vocação matrimonial, a vida de esposos e de pais. Esta Promessa se renova anualmente no tempo pascal[9].

47. A vocação do Carmelo Teresiano é um compromisso a “viver em obséquio de Jesus Cristo”, “meditando dia e noite a Lei do Senhor e velando em oração”. Fiel a este princípio da Regra, Santa Teresa pôs a oração como alicerce e exercício primordial de sua família religiosa. Por isso o Secular é chamado a procurar que a oração penetre toda sua existência para caminhar na “presença do Deus Vivo” (Cf. 1 Rs 18,14), mediante o exercício constante da fé, esperança e o amor, de modo que toda a sua vida seja uma vida de oração, uma busca da união com Deus. A meta será conseguir a integração da experiência de Deus com a experiência da vida: ser contemplativos tanto na oração como no cumprimento da própria missão[10].

48. “O fiéis leigos, precisamente por ser filhos da Igreja, têm a vocação e a missão de anunciar o Evangelho; estão capacitados e comprometidos para esta tarefa pelos sacramentos da Iniciação Cristã e pelos dons do Espírito Santo”. A Espiritualidade do Carmelo desperta no Secular o desejo de um compromisso apostólico maior, ao tomar consciência de tudo o que implica na sua vocação à Ordem. Consciente da necessidade que tem o mundo do testemunho da presença de Deus, responde ao convite que a Igreja dirige a todas as associações de fieis seguidores de Cristo, comprometendo-os com a sociedade humana através de uma participação ativa nas metas apostólicas de sua missão, no marco do próprio carisma. Como fruto desta participação na evangelização, o Secular compartilha um gosto renovado pela oração, à contemplação, a vida litúrgica e sacramental[11].

49. A Vocação da Ordem Secular é verdadeiramente eclesial. A oração e o apostolado, quando são verdadeiros, são igualmente inseparáveis. A observação de Santa Teresa de que o propósito da oração é “que nasçam sempre obras”, recorda à Ordem Secular que as graças recebidas hão de ter um efeito em quem as recebe. Individualmente ou em comunidade e, sobretudo, como membros da Igreja, a atividade apostólica, é fruto da oração. De onde for possível e em colaboração com os Superiores religiosos e com a devida autorização dos encarregados, as comunidades participem no apostolado da Ordem[12].

50. O Carmelita Secular é chamado a viver e a testemunhar o carisma do Carmelo Teresiano na Igreja particular, porção do Povo de Deus na qual se faz presente e atua na Igreja de Cristo. Cada um procure ser testemunha viva da presença de Deus e se responsabilize da necessidade de ajudar à Igreja dentro da pastoral de conjunto na missão evangelizadora sob a direção do bispo. Por esse motivo cada um tem seu campo de apostolado, colaborando com outros na comunidade, seja como grupo, seja individualmente[13].

51. Em seu compromisso apostólico levará a riqueza de sua espiritualidade com os matizes que confere a todos os campos da evangelização: missões, paróquias, casas de oração, Institutos de espiritualidade, grupos de oração, pastoral da espiritualidade. Com sua contribuição peculiar como leigos carmelitas poderão oferecer ao Carmelo Teresiano impulsos renovados para encontrar válidas indicações para novos dinamismos apostólicos com uma fidelidade criativa sua missão na Igreja. As diferentes atividades apostólicas da Ordem Secular serão mais bem apreciadas e avaliadas nos Estatutos particulares das diversas áreas geográficas[14].

52. O objetivo central do processo de formação da Ordem Secular é a preparação da pessoa para viver o carisma e a espiritualidade do Carmelo em seu seguimento de Cristo a serviço da missão[15].

53. Com verdadeiro interesse pelos ensinamentos da Igreja e pela espiritualidade de nossos Santos Carmelitas os leigos carmelitas tratem de ser homens e mulheres maduros na vida na prática da fé, esperança e do amor e na devoção à Virgem Maria. Comprometem-se a aprofundar em sua vida cristã, eclesial e carmelitana. A formação cristã é a sólida base da formação carmelitana e espiritual. Por meio do Catecismo da Igreja Católica e dos documentos do magistério eclesiástico os leigos carmelitas recebem os fundamentos teológicos necessários[16].

54. A formação teresiano-sanjuanista, tanto inicial como permanente ajuda a desenvolver no secular uma maturidade humana, cristã e espiritual a serviço da Igreja. Na formação humana desenvolvem a capacidade do diálogo interpessoal, o respeito mútuo, a tolerância, a possibilidade de ser corrigidos e de corrigir com serenidade e a capacidade de perseverar nos compromissos assumidos[17].

55. A identidade carmelitana se vê confirmada mediante a formação na Escritura na Lectio Divina, na valorização da liturgia da Igreja, especialmente na Eucaristia e da Liturgia das Horas e na espiritualidade do Carmelo, sua história, as obras dos santos da Ordem e a formação na oração e meditação. A formação para o apostolado tem seu fundamento na teologia da Igreja, porquanto se refere à responsabilidade dos leigos e à compreensão do papel dos seculares no apostolado da Ordem ajuda a tomar consciência quanto ao lugar que ocupa a Ordem Secular na Igreja e no Carmelo e oferece uma forma prática para compartilhar as graças recebidas pela vocação dentro dele[18].

56 A introdução gradual na vida da Ordem Secular se estrutura da seguinte maneira:

Um período suficiente de contato com a comunidade, com a duração não menos que seis meses. O propósito desta etapa é que o candidato possa familiarizar-se mais com a comunidade, o estilo de vida e o serviço à Igreja próprio da Ordem Secular do Carmelo Teresiano; dar também à comunidade a oportunidade de fazer um discernimento adequado. Os Estatutos Provinciais especificam este período;

Depois do período inicial de contato, o Conselho da comunidade pode admitir o candidato para um período mais sério de formação que durará habitualmente dois anos e que estará orientado à primeira Promessa. No princípio desse período de formação far-se-á a imposição do escapulário no candidato. É um sinal externo de sua pertença à Ordem e de que Maria é ao mesmo tempo Mãe e Modelo em seu caminho.

No final dessa etapa, com a aprovação do Conselho da comunidade, convida-o a fazer a primeira Promessa, e a viver o espírito dos conselhos evangélicos e as bem-aventuranças por um período de três anos;

Nos três últimos anos de formação inicial levar-se-á a cabo um estudo mais profundo da oração, das Sagradas Escrituras, dos documentos da Igreja, dos santos da Ordem e a capacitação para uma participação no apostolado da Ordem. No final de três anos o Conselho poderá admitir o candidato a fazer a Promessa definitiva de viver o espírito dos conselhos evangélicos e das bem-aventuranças por toda a vida[19];

A Ordem Secular de Nossa Senhora do Carmo e Santa Teresa de Jesus é uma associação de fiéis e uma parte integrante da Ordem dos Carmelitas Descalços. É essencialmente laical em seu caráter, ainda que possa contar com membros do clero diocesano[20].

58. O Conselho, formado pelo presidente, três Conselheiros e o Responsável pela Formação, constitui a autoridade imediata da Comunidade. A responsabilidade primordial do Conselho é a formação e amadurecimento cristão e carmelitano dos membros da comunidade[21].

Discernimento da vocação ao Carmelo Secular

59. Discernir é buscar a vontade de Deus para a pessoa “ser conduzida por Deus”. Nesta busca os seguintes princípios agem como pautas:

Deus não se oculta, mas, antes, se nos revela;

Ele respeita a livre vontade com que nos dotou;

A vida humana implica responsabilidade, isto é, a liberdade de responder;

60. Há três agentes neste processo: Deus, o candidato e os implicados na formação.

61. O Conselho da comunidade também tem seu papel neste processo. Portanto, a responsabilidade do discernimento é tanto do candidato como do Responsável da formação e do Conselho da comunidade. O discernimento não se limita somente a um momento particular e não sucede de uma só vez. Os momentos especiais são os passos de uma etapa de formação à seguinte.

62. Para que o discernimento seja válido é importante que os formadores realmente conheçam o candidato. Quando o Senhor chama às pessoas, confiamos que Ele lhes dê capacidade suficiente para responder à vocação.

63. O Chamado Divino é sempre uma graça misteriosa que não se pode reduzir a uma lista de qualidades. Mas, há certas qualidades que indicam aptidão para a vocação ao Carmelo Secular. Entre elas:

64. No aspecto humano

Uma personalidade estável;

Senso comum;

Maturidade emocional;

Capacidade de confiar e abertura;

Disposição para cooperar;

Realismo, tolerância e flexibilidade;

Certo amadurecimento;

Fidelidade a princípios.

65. No âmbito da vida cristã:

Boa vontade em cooperar com Deus, em espírito de fé;

Verdadeira estima pela oração;

Amor de predileção pela Sagrada Escritura;

Compromisso com a Igreja e participação na própria comunidade paroquial;

Amor compassivo e ativo.

66. Referente ao carisma teresiano:

Gosto pela oração;

Desejo de estabelecer uma relação pessoal e amistosa com Deus;

Espírito contemplativo e ativo;

Amor pela Igreja;

Desejo de familiarizar-se com a espiritualidade do Carmelo.

67. Algumas contra-indicações:

Sintomas de uma carência de equilíbrio psicológico;

Presença de situações familiares que impossibilitem ou incompatibilize viver as Constituições; incapacidade de integrar-se pessoal e existencialmente na vida da comunidade; emoções exageradas de cólera, de ansiedade, medo, depressão ou sentimento de culpa;

Idéias pré-concebidas do Carmelo que impeçam a aprendizagem e o crescimento pessoal;

Noções fundamentalistas ou apocalípticas da Igreja;

Pertença a organizações com uma espiritualidade díspar ou a grupos fundamentados em revelações privadas.

68. Seria pouco realista esperar que um candidato possua todas estas qualidades antes de incorporar-se à Ordem Secular, nem ainda em qualquer etapa de sua formação. No entanto, deve haver uma aptidão básica para adquirir estas qualidades e um amadurecimento gradual nelas. Esta progressiva maturidade, fruto da vivência do carisma teresiano é a amostra mais genuína de uma vocação.

69. Um Carmelita Secular é:

Um membro ativo da Igreja Católica que, sob a proteção de Nossa Senhora do Monte Carmelo, e inspirado por Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz, se compromete com a Ordem para buscar o rosto de Deus na oração e no serviço para o bem da Igreja e das necessidades do mundo.

Um membro ativo da Igreja Católica

70. Um católico praticante pode ser admitido na Ordem Secular do Carmelo Descalço nas seguintes condições: pratique a fé católica e respeite a autoridade do Papa e o Magistério da Igreja.

71. A palavra “praticar” especifica algo sobre a pessoa que aspira formar parte da Ordem Secular. Como prova básica do “praticar” a fé católica está a capacidade para participar plenamente na Eucaristia com uma consciência clara. A Eucaristia é o cume da vida espiritual e a identidade católica. Assim, pois, se alguém carece de impedimentos morais ou canônicos para participar na Eucaristia é apto e goza de liberdade para formar parte da Ordem Secular.

72. A Ordem Secular é uma instituição da Igreja Católica e, portanto, sujeita às leis eclesiásticas. A Sé Apostólica aprova sua legislação. Por conseguinte, alguém que não pertença à Igreja Católica não pode ser um membro da Ordem Secular. Os membros de outras igrejas cristãs interessados na espiritualidade do Carmelo certamente podem participar em qualquer programa, se a comunidade quer convidar, mas não podem ser membros da Ordem Secular.

Sob a proteção de Nossa Senhora do Monte Carmelo

73. Os Carmelitas Seculares vêem Maria como modelo de sua vida no Carmelo; ajudam na Igreja a salvaguardar um amor maduro e uma devoção autêntica a Maria com toda a perfeição possível; levam o escapulário como expressão externa da proteção maternal de Maria, de nossa dedicação a seu serviço, e como um incentivo para viver a virtude teologal da esperança; veneram a Maria diariamente mediante um exercício piedoso e comemoram seus mistérios especialmente na liturgia.

74. Uma qualidade essencial da vocação de um Carmelita Secular é a capacidade para a meditação. Maria, para um membro da Ordem Secular, é o modelo de uma atitude e disposição meditativas. Ela atrai e inspira o carmelita à forma contemplativa de entender a vida do Corpo Místico de seu Filho, que é a Igreja. No processo formativo que o candidato ou aspirante encontra quando entra no Carmelo, este é o aspecto que deve ser desenvolvido na pessoa.

75. O aspecto peculiar da Virgem Maria que deve estar presente em cada pessoa chamada ao Carmelo é a inclinação à “meditação em seu coração”, a frase que o evangelho de Lucas usa duas vezes para descrever a atitude de Maria em relação a seu Filho. Os outros aspectos da vida mariana também podem estar presentes, como a devoção ao escapulário, ou ao rosário. Estes são, no entanto, secundários a respeito da genuína devoção mariana. Maria é nosso modelo de oração e de meditação. Este interesse em aprender meditar ou a inclinação à meditação é uma característica fundamental de qualquer Carmelita Secular e, é talvez, a chave no discernimento vocacional.

Inspirado por Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz

76. Os Carmelitas Seculares se aprofundam nas obras de nossos santos, particularmente nas de nossos santos fundadores, Teresa de Jesus e João da Cruz, para poder imbuir-se do espírito do Carmelo;

Cultivam uma dedicação filial a nossos santos carmelitas e os honram em suas festas;

Encontram inspiração e alimento na Sagrada Escritura, na Regra de Santo Alberto e na doutrina de nossos santos para a formação de sua vida interior, assim como um apoio para os deveres de seu estado de vida.

77. Damos uma importância especial a Santa Teresa de Jesus, a qual, em nossa tradição, chamamos “nossa Santa Madre”. Chamamo-la assim porque ela é quem iniciou nosso carisma. São João da Cruz foi seu colaborador inicial na re-fundação espiritual e jurídica do Carmelo. Por isso também a ele chamamos de “nosso Santo Padre”. Conhecer a história, a personalidade de ambos e, sobretudo, seus ensinamentos, reafirma a cada carmelita na sua identidade.

78. As obras de Santa Teresa de Jesus são a expressão do carisma do Carmelo Descalço. A espiritualidade desta família religiosa tem fundamentos intelectuais muito sólidos. Implica numa doutrina. Qualquer pessoa que deseja ser membro do Carmelo Descalço deve ter interesse em aprender dos mestres do Carmelo.

79. Na formação de um carmelita teresiano há um aspecto intelectual e há uma base doutrinal para vivenciar a espiritualidade e para a identidade de quem é chamado à Ordem. Por isso, todo Frade ou Monja, cada Carmelita Secular deve também ter boa formação intelectual e doutrinal, pois como membro da Ordem é seu representante e deve ser testemunha de uma espiritualidade madura e profunda.

80. Esta base intelectual é o princípio de uma atitude de abertura ao estudo. Conduz a um gosto mais profundo pela Sagrada Escritura, os ensinamentos e os documentos da Igreja. A tradição da leitura espiritual, a Lectio Divina e o tempo para a leitura pessoal são o fundamento da vida espiritual.

Se compromete com a Ordem

81. Os membros da comunidade dão grande valor à reunião semanal ou mensal como uma graça importante e lhe dão prioridade suas vidas. É ocasião para orar juntos, para a formação espiritual, para crescer na caridade fraterna e para tratar os assuntos da comunidade. São fiéis em participar às reuniões para seu próprio bem espiritual e para estímulo dos demais.

82. Uma das qualidades essenciais de uma vocação ao Carmelo Secular é o compromisso com a Ordem e com a Igreja. Há muitos católicos comprometidos que são devotos de Nossa Senhora e que são especialistas na espiritualidade de Santa Teresa ou de São João da Cruz ou Santa Teresinha, mas que não têm vocação para o Carmelo Secular. Podem ser contemplativos ou mesmo eremitas, que passam horas em oração e dedicam horas ao estudo diário, mas não têm uma vocação definida para ser Carmelita Secular.

83. O que é próprio dos que têm vocação ao Carmelo Secular, que difere daqueles que não têm. Não é a espiritualidade, nem o estudo, nem a devoção mariana. Para simplificar dir-se-ia que o Carmelita Secular é o que se sente movido a integrar-se à Ordem e, por meio da Ordem, à Igreja: para serviço da Igreja mediante a colaboração e a cooperação com o projeto da Ordem. Esta entrega, que se formaliza pela Promessa, além de ser um acontecimento na vida da pessoa que a emite, é um compromisso eclesial e da Ordem.

84. O que vale dizer: a pessoa que se compromete, converte-se e se caracteriza como carmelita, recordando sempre a realidade pessoal, familiar, profissional e as responsabilidades implicadas em sua vida.

85. Um aspecto importante desta entrega é o compromisso com a comunidade. Uma pessoa que deseja ser membro da OCDS deve ser capaz de formar comunidade, de ser parte de um grupo que tem uma meta comum, de mostrar interesse pelos irmãos, de ser apoio na busca de uma vida de oração e estar aberto para receber a ajuda dos outros. Isto se aplica inclusive a essas pessoas que por várias razões não podem participar ativamente numa comunidade. Na formação se há de desenvolver esta peculiar fraternidade.

Buscar o rosto de Deus na Oração e no Serviço

86. Para os membros da Ordem Secular é uma honra ser parte integrante da família do Carmelo. O privilégio de compartilhar sua herança e graças espirituais incita-o à responsabilidade de interceder por outros na oração e ser testemunha como membro do corpo místico de Cristo. O Carmelita Secular busca a união com Cristo no mundo através da experiência viva da Promessa feita segundo as Constituições da Ordem Secular.

87. As reuniões semanais ou mensais são uma ajuda para a formação permanente. O estudo da Escritura e a Lectio Divina ajudam a compartilhar com outros as riquezas da Palavra de Deus. Ademais, o estudo dos ensinamentos da Igreja e da espiritualidade do Carmelo favorecem no aprofundamento de nossa relação com Deus e aumenta nossa capacidade de ser testemunha de seu Reino.

88. Buscar o “rosto de Deus”. Este elemento expressa o conteúdo da Promessa. Poderia ser formulado de várias maneiras: “rezar”, “meditar”, “viver a vida espiritual”; talvez esta formulação expresse a natureza da contemplação: uma abertura constante à Palavra e ao trabalho de Deus na história para conhecer, amar e servir a Deus. O aspecto contemplativo da vida do Carmelita tem como centro Deus, reconhecendo sempre que a contemplação é um dom, um presente de Deus, não algo adquirido como resultado da dedicação de um tempo suficiente de trabalho. Este é o compromisso que conduz à santidade pessoal. A OCDS quer ver a Deus, deseja conhecê-lo e descobre que agora a oração e a meditação adquirem maior importância. A Promessa é a entrega a uma nova forma de vida na qual a “lealdade a Jesus Cristo” marca à pessoa e sua maneira de viver.

89. Buscar o rosto de Deus requer uma disciplina peculiar no sentido clássico da palavra discípulo – aquele que aprende – Reconhecemos que somos sempre discípulos, nunca mestres. Temos uma capacidade de maravilharmos ante o que faz Deus no mundo. Deus é sempre um mistério. O chamado à Santidade é um desejo ardente do coração e da mente da pessoa chamada à Ordem Secular. É um compromisso necessário. O Secular é chamado à oração e nela encontra sua casa e sua identidade. Esta oração, esta busca de santidade, este encontro com o Senhor converte o Secular em parte mais viva da Igreja. E, como membro da Igreja, sua vida é eclesial. Crescer na vida de oração produz mais frutos na vida pessoal (crescimento na virtude) e na vida eclesial (apostolado).

Para bem da Igreja e as necessidades do mundo

90. Os Carmelitas Seculares amam sua vocação e dão graças sempre e em todo lugar pelo dom que receberam da Providência divina em ordem à própria salvação e para o bem da Igreja. Organizam o dia em torno do compromisso de destinar pelo menos meia hora de oração pessoal, de modo que este “trato de amizade com quem sabemos que nos ama” se converta em fundamento para nossa vida e de nosso serviço à Igreja.

91. Para Santa Teresa a oração contemplativa é o coração da Igreja e é essencialmente apostólica. Os Carmelitas Seculares procuram viver o Evangelho num espírito de esperança profética no coração da Igreja e na sociedade.

92. Os Carmelitas Seculares, enviados por sua comunidade:

Apóiam as tarefas de sua paróquia e, segundo as circunstâncias e os talentos pessoais, se implicam na vida mesma, especialmente nas áreas relacionadas com a oração;

Empreendem e se animam uns aos outros em grupos apostólicos de acordo com nosso carisma, onde se veja necessário;

Os que não podem participar no apostolado do grupo apóiam a seus irmãos e irmãs com a oração.

93. A formação na Ordem Secular, tanto inicial como permanente, deve ajudar à maturidade humana e cristã dos membros em sua vida de apostolado segundo o espírito e o carisma do Carmelo e sob o impulso do Espírito Santo.

II – Programas de Formação


O que é apresentado aqui é um completo programa de formação desenvolvido ao longo de cinco anos pela OCDS nas Filipinas. Este programa foi apresentado a oito países na Ásia durante, no Congresso Regional da Ásia em 2007. Ele foi adotado pelos países da Ásia, que segundo as necessidades de cada região farão as devidas adaptações. Na Ratio nova cada território pode publicar aqui o seu programa de formação específico aprovado pelo Definitório Geral.

Aspirantado

Objetivo Geral:

Familiarizar-se com a comunidade, o estilo de vida e o serviço à Igreja próprio da Ordem Secular do Carmelo Teresiano que proporcionará à comunidade a oportunidade de fazer um discernimento adequado (Constituições OCDS, 36a).

Objetivos específicos:

Ao final das etapas de formação os formandos deveriam ter:

1 Um bom conhecimento catequético sobre o plano divino da revelação e de sua transmissão como se lhe confiou à Igreja;

2 Uma familiaridade com a Igreja: sua estrutura, hierarquia e o papel do laicato;

3 Um conhecimento e apreço da história da Ordem;

4 Uma compreensão da Ordem dos Carmelitas Descalços, fundamentalmente, a OCDS: sua identidade secular, o modo de vida de seus membros e seu papel na missão da Igreja;

5 Um acentuado desejo de viver uma vida de oração que é litúrgica, devocional e pessoal.

Requisitos:

1 A implicação nas reuniões mensais da comunidade;

2 Participação nos programas mensais de formação;

3 Recitação diária da Liturgia das Horas: Louvor matutino (Oração da Manhã), Louvor Vespertino (Oração da Tarde) e, se possível, a Oração da Noite (Completas).

Sumário

1ª parte – Introdução ao Aspirantado

1. Orientação

2ª Parte – A Vocação à Santidade

Deus vem ao encontro do homem;

Jesus Cristo: Mediador e Plenitude de toda revelação.

3ª Parte – Resposta do Homem a Deus: Seguimento de Jesus Cristo.

A Igreja no plano de Deus;

4ª parte: Nossa Identidade, Valores, Compromisso

Origens da Ordem – 1

Origens da Ordem – 2

Três em um – A Ordem dos Carmelitas Descalços

Vocação ao Carmelo – um chamado pessoal.

Introdução ao Aspirantado

Lição 1. Orientação.

Objetivos da lição:

1 Ter uma experiência inicial de uma vida de oração que é bíblica, litúrgica, devocional e pessoal;

2 Poder entender a experiência da atração à Ordem numa atmosfera orante e cordial.

II – Vocação à Santidade

Lição 2. Deus vem ao encontro do homem.

Objetivo:

1 Reconhecer que a vocação à santidade é iniciativa de Deus;

2 Estabelecer um conhecimento da Revelação de Deus de si mesmo para dar a conhecer seu misterioso propósito e convite a compartilhar sua companhia.

Lição 3. Jesus Cristo – mediador e plenitude de toda a revelação.

Objetivo:

Comprovar que “a verdade mais profunda sobre Deus e a salvação dos homens resplandece em Cristo, que é por sua vez, mediador e plenitude de toda a revelação” (Dei Verbum 1.2).

III – Resposta do Homem a Deus: Seguimento de Jesus Cristo

Lição 4. A Igreja no plano de Deus

Objetivos:

1 Despertar para um apreço da Igreja como “coluna e baluarte da Verdade” (1Tm 3,15);

2 Forjar uma compreensão que através da Igreja, “Deus quis que o que havia revelado para a salvação de todos os povos, se conservasse íntegro e fora transmitido a todas as gerações” (Dei Verbum II.7);

3 Realçar o conhecimento que a transmissão e a interpretação da Revelação Divina foram levadas a cabo fielmente pelos apóstolos com a pregação oral e escrita;

4 Introduzir a essência da missão da Igreja para estender o Reino de Cristo sobre toda a terra de modo a que todos os membros da Igreja compartilhem esta missão.

IV – Nossa Identidade, Valores, Compromissos

Lição 5. Origens de nossa ordem 1

Objetivo:

Entender e apreciar as origens da Ordem do Carmelo e cultivar um espírito de consolidação para ele.

Lição 6. Origens de nossa ordem 2

Objetivo:

Descobrir as sementes da inspiração no desenvolvimento da Tradição carmelitana emoldurado no contexto da tensão e da transmissão.

Lição 7. Três em um: a Ordem dos Carmelitas Descalços

Objetivos específicos:

1 Realçar o apreço inicial da única família do Carmelo Teresiano abraçando “os mesmos bens espirituais, a mesma vocação à santidade e a mesma missão apostólica” (Constituições OCDS, 1).

2 Descobrir a história do Carmelo em seu próprio país – frades, monjas e seculares.

Lição 8. Vocação ao Carmelo: uma vocação pessoal

Objetivo:

Introduzir o primeiro elemento fundamental da Vocação ao Carmelo Teresiano, isto é: “Viver em obséquio de Jesus Cristo, meditando dia e noite na lei do Senhor e velando em oração” (Constituições OCDS, 17).

Noviciado

Objetivo Geral:

Consolidar o compromisso batismal de servir à Igreja na fidelidade ao carisma no Carmelo Teresiano, expresso através da promessa de “tender à perfeição evangélica no espírito dos conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência, e as bem-aventuranças” (Constituições OCDS, 11).

Objetivos específicos:

No final da formação os formandos devem ter:

1 Um apreço profundo pela história da Ordem;

2 Obter uma compreensão reflexiva sobre o papel da OCDS na missão da Igreja, através do estudo da Regra Primitiva, das Constituições OCDS e Estatutos Provinciais;

3 Um grande desejo de fidelidade a uma vida de oração em harmonia com os ensinamentos e o exemplo de Santa Madre Teresa;

4 Um avanço notável para recitar a Liturgia das Horas, individualmente e com a comunidade, os Salmos: oração de Israel e da oração da Igreja.

5 Entender a contemplação do Carmelo sobre Maria como Mãe, Irmã e Modelo de dedicação total ao Reino de Deus;

6 Uma compreensão profunda do papel dos sete sacramentos para alimentar diferentes etapas da vida espiritual de um cristão.

Requisitos:

1 Envolvimento nas reuniões mensais da comunidade

2 Participação em programas de formação mensal

3 Recitação diária da Liturgia das Horas: Louvor matutino (Laudes), Oração da Tarde (Vésperas) e, se possível a oração da noite (Completas).

4 Prática da oração mental, pelo menos, trinta (30) minutos por dia

5 Regularidade no uso das Escrituras como um auxílio à oração

6 Crescimento no amor pela Eucaristia

7 Participação em retiros e dias de interiorização, essencial para a formação

8 Diligência no estudo e interiorização das lições e dos temas atribuídos.

Noviciado – I

Sumário

Parte I História da Ordem I

Lição 1 Introdução ao Noviciado

Lição 2 A Vida de Santa Teresa de Jesus

Lição 3 Reforma Teresiana

Parte II Seguimento de Jesus no Carmelo Teresiano Secular

Lição 4 Jesus Cristo: O Centro de nossas vidas

Lição 5 A Regra de Santo Alberto e as Constituições OCDS 1

Parte III Testemunhas da experiência de Deus

Lição 6 Oração Teresiana 1: Estrutura Fundamental

Lição 7 A Liturgia das Horas, Lectio Divina

Parte IV Maria

Lição 8 A Bem Aventurada Virgem Maria

Noviciado – II

Parte I História da Ordem II

Lição 1 Expansão da Reforma Teresiana

Parte II Seguindo a Jesus no Carmelo Teresiano Secular

Lição 2 Constituições OCDS 2 e Estatutos Provinciais

Parte III Testemunhas da Experiência de Deus

Lição 3 – Oração Teresiana 2: Dinamismo da oração

Lição 4 Direção Espiritual e Oração

Parte IV Maria

Lição 5 Rainha e esplendor do Carmelo

Parte V Servindo ao Plano de Deus

Lição 6 Documentos da Igreja sobre os Leigos e do Apostolado da Ordem

Parte VI Os Sete Sacramentos da Igreja e os Ritos de Admissão

Lição 7 Os Sacramentos da Iniciação Cristã

Lição 8 Os Sacramentos de Cura e Serviço da Comunhão

Lição 9 Os Ritos de Admissão Temporária com a promessa

Noviciado – I

Parte I História da Ordem I

Lição 1 Introdução ao Noviciado

Objetivos da lição:

1. Adquirir uma apreciação reflexiva da essência da cerimônia da Vestição;

2. Perceber a necessidade de um período mais sério de formação.

Lição 2 A Vida de Santa Teresa de Jesus

Objetivos da lição:

1. Conhecer "a origem dos Carmelitas Descalços que se encontra na pessoa de Santa Teresa de Jesus (Constituições OCDS, 7);

2. Adquirir um conhecimento adequado e a suficiente compreensão da vida, do ensinamento e experiências da Santa Madre Teresa;

3. Aprofundar substancialmente sobre o ambiente histórico, socioeconômico e político de Santa Madre Teresa.

Lição 3

A Reforma Teresiana

Objetivos da lição:

1 Estabelecer uma boa compreensão da natureza da fundação de São Teresa;

2 Apreciar a importância da doação à Ordem de S. Teresa de Ávila e São João da Cruz através dos inúmeros conflitos, tensões e lutas por que passaram ao empreenderem um novo ânimo à Ordem.

Parte 2 Seguimento de Jesus no Carmelo Teresiano Secular

Lição 4 Jesus Cristo o centro de nossas vidas

Objetivo da lição:

Enfatizar a importância de adquirir um conhecimento aprofundado nos mistérios da vida e da missão de Cristo, para alimentar a experiência contemplativa.

Lição 5 A Regra de Santo Alberto e as Constituições OCDS

Objetivos da lição:

1 Compreender os princípios da Regra de Santo Alberto, "a expressão original da espiritualidade do Carmelo "(Constituições OCDS, 6);

2 Aprofundar a apreciação inicial da Ordem Secular através das Constituições OCDS, que são a sua lei fundamental, “elaboradas para fortalecer o propósito de vida de seus membros” (Constituições OCDS, Epílogo).

Parte III Testemunhas da Experiência de Deus

Lição 6 Oração Teresiana 1: estrutura fundamental

Objetivos da lição:

1 Gerar uma consciência que estabelece a oração "como o fundamento e o exercício básico (Constituições OCDS 17) da família do Carmelo Teresiano;

2 Enfatizar a necessidade de representar a atmosfera formativa essencial para uma vida de oração incessante que define a estrutura fundamental da oração teresiana.

A Liturgia das Horas, e a Lectio Divina

Objetivos da lição:

1 Comprovar a importância da Liturgia das Horas, por cujo meio o Leigo carmelita estará em comunhão com a oração de Jesus e da Igreja "(Constituições OCDS, 23);

2 Enriquecer a vida pessoal de oração de um carmelita secular buscando descobrir "na liturgia, uma fonte inesgotável de vida espiritual" (Constituições OCDS, 23);

3 Alimentar a experiência contemplativa através do estudo e leitura espiritual das Sagradas Escrituras

Parte IV Maria

Lição 8 A Bem Aventurada Virgem Maria

Objetivos da lição:

1 Promover uma verdadeira devoção mariana que nos comprometa a conhecê-la cada vez melhor, através das Escrituras, levando à imitação das suas virtudes;

2 Promover “culto litúrgico da Mãe de Deus, à luz do mistério de Cristo e da Igreja "(Constituições OCDS 31).

Noviciado – II

Parte I História da Ordem II

Lição 1 Expansão da Reforma Teresiana

Objetivos da lição:

1. Obter um apreço profundo pela história da Ordem;

2. Enfatizar a importância particular do compromisso da Ordem para estabelecimento do Reino de Deus, como evidenciado pelo curso dos acontecimentos em sua expansão

Parte II Seguimento de Jesus no Carmelo Teresiano Secular

Lição 2 Constituições e os Estatutos provinciais da OCDS

Objetivos da lição

1. Aprofundar no apreço inicial da Ordem Secular através das Constituições OCDS, que são a sua lei fundamental, “elaboradas para fortalecer o propósito de vida de seus membros” (Constituições OCDS, Epílogo);

2. Conseguir melhor compreensão da expressão vocação ao Carmelo através dos estatutos provinciais onde muitas coisas de importância para a vida e o funcionamento da OCDS em uma província "foram desenvolvidos para completar e adaptar as leis gerais do previsto nas Constituições” (Constituições OCDS, Prefácio)

Parte III Testemunhas da experiência de Deus

Lição 3 Oração Teresiana 2: dinâmica da oração

Objetivos da lição:

1 Inspirar profundo apreço pela oração “como o fundamento e o exercício básico na família do carmelita Teresiano” (Constituições OCDS 17);

2 Inculcar um conhecimento abrangente da oração como essencialmente aberta ao crescimento e desenvolvimento.

Lição 4 Oração e direção espiritual

Objetivos da lição:

1. Reconhecer que as dificuldades na oração, longe de serem obstáculos, elas podem se tornar oportunidade de crescimento no amor desde que permaneçamos fiéis;

2. Reconhecer que a direção espiritual é essencial para o crescimento na vida espiritual na Ordem para clarificar e discernir a nossa fé-esperança compartilhando-a com quem nos ajuda a discernir

Parte IV Maria

Lição 5 Rainha e formosura do Carmelo

Objetivos da lição:

1 Estabelecer vínculo especial com nossa Senhora que impregna toda a história da Ordem e influencia todo o nosso enfoque na busca da caridade perfeita em nossas comunidades;

2 Estampar nossa vida de oração, contemplação, zelo e atividade apostólica e a abnegação evangélica com um caráter mariano;

3 Contemplar nossa Senhora como a encarnação perfeita do ideal da Ordem se sentir atraído para acompanhá-la de perto.

Parte 5 Servindo ao plano de Deus

Lição 6 Documentos da igreja sobre o Ministério dos Leigos e o Apostolado da Ordem

Objetivos da lição:

1 Exercer o apostolado genuíno esforçando-se "para ter o espírito do Evangelho que impregne e aperfeiçoe a ordem temporal "(Decreto sobre o Apostolado dos Leigos, capítulo I, n º 2);

2 Reconhecer que "na Igreja, há diversidade de ministérios, mas unidade na missão" e que "os leigos participam no ministério sacerdotal, profético e real de Cristo" (Decreto sobre o Apostolado dos Leigos, capítulo 1. N º 2);

3 Assimilar com renovada compreensão e amor a natureza, a dignidade, a espiritualidade, a missão e a responsabilidade dos leigos para trabalhar na vinha do Senhor;

4 Dar uma resposta alegre, generosa e rápida ao impulso do Espírito Santo e à voz de Cristo, que faz um convite urgente para participar de sua missão de salvação, no âmbito do carisma Teresiano.

Parte VI Dos sete sacramentos da Igreja e os ritos de admissão

Lição 7 Sacramentos da Iniciação Cristã

Objetivos da lição:

1 Ter uma compreensão mais profunda da natureza dos componentes da importância e os efeitos dos sete sacramentos da Igreja;

2 Desenvolver um melhor apreço do papel dos sete sacramentos na economia da salvação.

Lição 8 Sacramentos de cura e do serviço da comunhão

Objetivos da lição:

1 Ter uma compreensão mais profunda da natureza dos componentes da importância e os efeitos dos sete sacramentos da Igreja;

2 Desenvolver uma melhor apreciação do papel dos sete sacramentos na economia da salvação.

Lição 9 Ritos de admissão para a Promessa Temporária

Objetivos da lição:

1 Adquirir o conhecimento e o apreço das razões, do conteúdo e da finalidade da forma de vida evangélica que se empreende;

2 Consolidar o compromisso batismal do membro, “manifestado através da promessa de tender à perfeição evangélica no espírito dos conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência, e as bem-aventuranças "(Constituições OCDS 11).

Promessa Temporal

Objetivo Geral:

Adquirir uma compreensão substancial e um conhecimento experimental (bíblico) de seu progresso e transformação conforme descrito em todo o curso da vida espiritual.

Objetivos específicos:

Através da formação os formandos devem ter:

1 Adquirido uma compreensão mais profunda da vida e da doutrina de nossa Santa Madre Teresa de Jesus através do Castelo Interior, que é principalmente o resultado de sua experiência mística;

2 Obtido a capacidade de determinar o estágio em seu caminho espiritual pessoal;

3 Progredir com a firme determinação de permanecer no caminho que os preparará para a recepção da graça união transformante.

Requisitos:

1 Envolvimento da comunidade nas reuniões mensais;

2 Participação em programas mensais de formação;

3 Recitação diária da Liturgia das Horas: Louvor matutino (Oração da Manhã), Louvor Vespertino (Oração da Tarde) e, se possível, a Oração da Noite (Completas);

4 Prática da oração mental, pelo menos, trinta (30) minutos por dia;

5 Regularidade no uso das Sagradas Escrituras como um auxílio à oração;

6 Crescimento no amor pela Eucaristia;

7 Participação em retiros e interiorizações essenciais para a formação;

8 Diligência no estudo e interiorizar as lições e os temas atribuídos;

Promessa Temporal – I

Sumário

Oração Teresiana 3: O Castelo Interior

Parte I Circunstâncias e Inspiração

Lição 1 Introdução ao Castelo Interior

Lição 2 O convite à contemplação

Parte II Oração Ativa: Meditação

Lição 3 As Primeiras Moradas

Lição 4 As Segundas Moradas

Lição 5 As terceiras Moradas

Parte III Oração Passiva: Contemplação

Lição 6 As Quartas Moradas

Lição 7 As Quintas Moradas

Lição 8 As Sextas e Sétimas Moradas

Parte I Circunstâncias e Inspiração

Lição 1 Introdução ao Castelo Interior

Objetivos da lição:

1 Revitalizar sua apreciação e compreender as circunstâncias históricas existentes no momento dos escritos de S. Teresa;

2 Inspirar-se na profundidade de sua experiência na vida espiritual, quando ela atravessa a última parte de sua via mística.

Lição 2 Chamado à Contemplação

Objetivo da lição:

Estabelecer uma compreensão e um convite mais claros do convite inegável e persistente de Deus a partilhar a sua vida divina com todos.

Parte II Oração Ativa: Meditação

Lição 3 As Primeiras Moradas

Objetivos da lição:

1 Compreender e apreciar a inspiração de Teresa para ver como a alma é comparada com a imagem de um castelo;

2 Redescobrir a beleza suprema de uma alma em graça, em contraste com a feiúra de outra em pecado mortal;

3 Verificar o valor e a importância da oração mental como a porta de entrada neste castelo;

4 Perceber a importância do autoconhecimento como elemento essencial em nossa jornada rumo a um relacionamento com Deus.

Lição 4 Segundas Moradas

Objetivo da Lição:

Reforçar a consciência de que a luta para chegar perto da Morada do Rei é a sua capacidade de perseverar, não importandodificuldades futuras mais à frente no processo.

Lição 5 Terceiras Moradas

Objetivos da lição:

1 Obter a coragem de ir além da segurança e prazer encontrados apenas em práticas externas e devoções;

2 Chegar ao conhecimento de que este estado nas Terceiras Moradas, ainda que aparentemente bom, não é o ápice da vida espiritual.

Parte III Oração Passiva: Contemplação

Lição 6 Quartas Moradas

Objetivos da lição:

1 Realçar seu apreço e conhecimento empírico de que a fidelidade à oração é orientada para a recepção de contemplação infusa;

2 Inculcar em sua consciência que o amor não consiste em grande prazer, mas em querer com forte determinação, agradar a Deus em tudo;

3 Desenvolver uma compreensão progressiva das faculdades e da ocupação da alma, sabendo que os sofrimentos e provas internos por que passa alma é por não reconhecer a nossa capacidade de lidar com eles;

4 Beneficiar-se, nesta fase, e subir para as MORADAS de seu desejo, sabendo muito bem que o importante é não pensar muito, mas amar muito.

Lição 7 As Quintas Moradas

Objetivos da lição:

1 Meditar bem que o seu desejo constante de buscar a Deus traz consigo uma transformação da vontade, não de sentimento;

2 Formar uma atitude de renúncia e de morrer para si mesmo em busca genuína da verdadeira liberdade;

3 Descobrir a dimensão contemplativa que a verdadeira resposta ao convite Deus a uma vida de união só pode se manifestar em seu amor ao próximo.

Lição 8

Sextas e Sétimas Moradas

Objetivos da lição:

1 Conhecer que algumas das comunicações íntimas do amor divino começam a ocorrer de uma maneira alta nas SEXTAS MORADAS;

2 Demonstrar um apreço de como as almas, nesta fase, são elevados em seu amor a Deus;

3 Aumentar a sua compreensão desta unidade experimentada com o Senhor dentro de nós que chega a ser permanente na união transformante;

4 Reconhecer que a razão pela qual o Senhor concede tantos favores no matrimônio espiritual é que se pode viver como o Cristo e que seu propósito é que “nasçam sempre obras, obras”. (VII M, 4.6).

Promessa Temporal – II

Objetivo Geral:

Integrar todas as dimensões da existência humana em uma atitude de doação a Jesus Cristo mantendo a meta da união sempre bem à vista através da ciência do amor.

Objetivos específicos:

No final da formação os formandos devem ter:

1 Adquirido uma compreensão fundamental da vida e ministério de São João da Cruz, que é um caminho necessário para a sua mente e o coração;

2 Apreciado a natureza fundamental da união mística como a essência de nossas vidas de hoje tão cheias de lutas;

3 Feito uma escolha com um só coração e uma alma para o amor de Deus e ver tudo como secundário para a busca do amor de Deus.

Requisitos:

1 Envolvimento da comunidade nas reuniões mensais;

2 Participação em programas mensais formação de formação;

3 Recitação diária da Liturgia das Horas: Louvor matutino (Oração da Manhã), Louvor Vespertino (Oração da Tarde) e, se possível, a Oração da Noite (Completas);

4 Prática da oração mental, pelo menos, trinta (30) minutos por dia;

5 Regularidade no uso das Sagradas Escrituras como um auxílio à oração;

6 Crescimento no amor pela Santa Eucaristia;

7 Participação em retiros e dias de interiorização, essenciais para a formação;

8 Diligência no estudo e interiorizar das lições e dos temas atribuídos;

Sumário

Parte I Ao encontro de São João da Cruz hoje

Lição 1 João da Cruz: Retrato de Amor de Deus

Parte II Escritos de São João da Cruz

Lição 2 Introdução aos Escritos

Parte III As Pegadas no Cimo do Monte

Lição 3 O despertar de Deus

Lição 4 Obstáculos (Noite Ativa do Sentido)

Lição 5 O Limiar da contemplação (Noite Passiva do Sentido)

Lição 6 O caminho de Fé pura (Noite Ativa do Espírito)

Lição 7 Pregado numa cruz: Não foi minha escolha (Noite Passiva do Espírito)

Lição 8 No Cimo do Monte (União da Semelhança do Amor)

Parte I Ao encontro de São João da Cruz hoje

Lição 1 João da Cruz: Retrato de Amor de Deus

Objetivos da lição:

1 Conhecer e apreciar João da Cruz, através da qualidade e harmonia de sua vida no nível da sensibilidade humana, bem como o nível da sua espiritualidade profunda;

2 Desenvolver uma afinidade fundamental, pela experiência com o Pai do Carmelo.

Parte II Escritos de São João da Cruz

Lição 2 Introdução aos Escritos

Objetivo da Lição:

Proporcionar o fundo essencial para o estudo da doutrina de S. João da Cruz, através de um quadro claro e abrangente de seus princípios ascéticos até os mais altos graus da união mística.

Parte III As Pegadas no Cimo do Monte

Lição 3 O Despertar de Deus

Objetivos da lição:

1 Reconhecer e avaliar a verdade que se alguém está buscando a Deus, a Amado pede que a pessoa muito mais;

2 Despertar uma fé-desejo que é uma resposta necessária à generosidade de Deus.

Lição 4 Obstáculos (Noite Ativa do Sentido)

Objetivos da lição:

1 Inculcar um ardente desejo de jogar fora tudo o que poderia ser uma barreira que interponha a Deus que vem ao nosso encontro;

2 Compreender o significado correto da doutrina de João da Cruz sobre os apetites "que se centram essencialmente sobre a utilidade de negar a sua dependência dos desejos desordenados;

3 Desenvolver o conhecimento dos danos que os apetites infligem na alma.

Lição 5 Nos umbrais da contemplação (Noite passiva do sentido)

Lição Objetivo:

Apreciar a essência da oração como um tempo para estar em paz na presença de Deus, em um desejo de estar atento, de modo geral, sensível, amorosa ou em perseverança paciente ou quando se sente presa à aridez.

Lição 6 CAMINHO DA FÉ PURA (Noite Ativa do Espírito)

Lição Objetivo:

Querer viver a vida teologal da fé, esperança e caridade como a expressão viva da união com Deus e todo o movimento para a união, o coração da vida cristã e mística.

Lição 7 Pregado numa cruz: não foi minha escolha (Noite passiva do Espírito)

Lição Objetivo:

Encontrar alegria no coração das trevas, onde o fator decisivo não é o grau de dor sentida, mas a nossa atitude dentro dele.

Lição 8 No cimo do Monte (União de semelhança de Amor)

Objetivos da lição:

1 Estar ciente do desejo ardente de Deus para dar-se totalmente;

2 Transformar-se pelo amor de Cristo ressuscitado podemos ver a bondade de Deus.

Promessa Temporal – III

Objetivo Geral:

Saber, entender e viver a essência da "pequena via", onde a santidade não é o fruto de nossos próprios esforços, mas da ação divina que exige nada mais do que a confiança no amor misericordioso de Deus.

Objetivos específicos:

No final da formação, os formandos devem ter:

1 Adquirido conhecimentos adequados e ter entendido a vida, escritos e virtudes de Santa Teresinha;

2 Penetrado os aspectos orantes sobre o valor das principais doutrinas de Santa Teresinha no mundo contemporâneo;

3 Ter um apreço da importância da vida teologal para o exemplo de Santa Teresinha;

4 Começado o processo de auto-renovação, à luz da experiência e da doutrina de Santa Teresinha.

Requisitos:

1 Envolvimento da comunidade nas reuniões mensais;

2 Participação em programas mensais formação de formação;

3 Recitação diária da Liturgia das Horas: Louvor matutino (Oração da Manhã), Louvor Vespertino (Oração da Tarde) e, se possível, a Oração da Noite (Completas);

4 Prática da oração mental, pelo menos, trinta (30) minutos por dia;

5 Regularidade no uso das Sagradas Escrituras como um auxílio à oração;

6 Crescimento no amor pela Santa Eucaristia;

7 Participação em retiros e dias de interiorização, essenciais para a formação;

8 Diligência no estudo e interiorizar das lições e dos temas atribuídos;

Sumário

Parte I Contexto e Circunstâncias: Formação Inicial

Lição 1 O mundo e Obras as de Santa Teresinha

Lição 2 Família, Infância e Adolescência

Parte II Aprendizagem religiosa praticada na totalidade

Lição 3 Carmelo de Santa Teresinha

Lição 4 Desde a descoberta até o ‘Oferecimento’

Lição 5 Coincidências, Contrastes e Graça Comum

Parte III Os frutos

Lição 6 Encontro com Deus através da Palavra e de Maria

Lição 7 Superabundância do amor

Parte IV Santa e Doutora

Lição 8 Santa e Doutora da Igreja

PARTE 1 Contexto e Circunstâncias: Preâmbulos na Formação

Lição 1 O mundo e as obras de Santa Teresinha

Objetivos da lição:

1 Ter uma boa informação sobre o contexto histórico Santa Teresinha;

2 Ter uma compreensão do retorno à mensagem do Evangelho de S. Teresinha o mundo;

3 Ter uma visão geral dos escritos de S. Teresinha sobre sua vida, cartas, poemas, recreações piedosas e orações.

Lição 2 Família, Infância e Adolescência

Objetivos da lição:

1 Ter uma compreensão das influências da família em fazer de Santa Teresinha uma Santa;

2 Ver a formação espiritual de Santa Teresinha durante a infância e adolescência;

3 Aprofundar a formação espiritual de Santa Teresinha em relação ao seu próprio crescimento espiritual.

PARTE II Aprendizagem religiosa praticada na totalidade

Lição 3 Carmelo de Santa Teresinha

Objetivos da lição:

1. Compreender as exigências de ser uma monja carmelita durante o tempo de Teresinha;

2. Apreciar a influência da comunidade carmelitana;

3. Refletir sobre o papel da nossa comunidade em relação ao nosso próprio crescimento espiritual.

Lição 4 Desde a descoberta até o ‘Oferecimento’

Objetivos da lição:

1 Descobrir a trajetória pela qual Santa Teresinha foi conduzida para oferecer-se ao Amor Misericordioso;

2 Entender completamente a doutrina da "pequena via";

3 Estabelecer paralelos entre o ‘Oferecimento’ de Santa Teresinha ao Amor Misericordioso;

4 Refletir sobre o impacto do caminho de Santa Teresinha da confiança absoluta.

Lição 5 Coincidências, contraste e graça comum

Objetivos da lição:

1 Identificar as semelhanças, diferenças e as graças comuns idênticas entre Santa Teresinha e Santa Teresa de Ávila, bem como entre Santa Teresinha e São João da Cruz;

2 Avaliar a influência de nossos Santos Padres Teresa de Jesus e João da Cruz, sobre nossa pequena irmã, Teresinha;

3 Estabelecer paralelos entre a própria vida como carmelita em relação ao impacto do ensinamento de Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz em Santa Teresinha.

PARTE III Os Frutos

Lição 6 Encontro com Deus através da Palavra e de Maria

Objetivos da lição:

1 Saiber como alguém pode ouvir a ‘Palavra’ como o fez Santa Teresinha;

2 Engajar-se numa relação mais profunda com a Virgem Maria como uma influência dos ensinamentos de Teresinha.

Lição 7 Amor transbordante

Objetivos da lição:

1 Entender como viveu Santa Teresinha o amor ao próximo;

2 Estabelecer paralelos entre a pobreza, a esperança e infância espiritual de Santa Teresinha e as próprias experiências cotidianas de cada um;

3 Comprometer-se a servir à Igreja como um "apóstolo" e “um missionário", como fez Santa Teresinha

PARTE IV A Santa e a Doutora

Lição 8 Santa e Doutora da Igreja

Objetivos da lição:

1. Responder com amor e um generoso empenho à sua vocação e missão na Igreja e no mundo;

2. Tomar Santa Teresinha como um modelo para viver os ensinamentos de Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz.

Lição 9 Introdução a outros santos do Carmelo

Objetivo da lição:

1. Familiarizar-se com a vida de outras personalidades do Carmelo, que farão parte do programa permanente de formação: Elizabeth da Trindade, Edith Stein, etc.



[1] Cfr. Constituições OCDS, nº 1.

[2] Ib, nº 3.

[3] Ib, nº 4.

[4] Ib, nº 5.

[5] Ib, nº 7.

[6] Ib, nº 8.

[7] Ib, nº 9.

[8] Ib, nº 11.

[9] Ib, nº 12.

[10] Ib, nº 17.

[11] Ib, nº 25.

[12] Ib, nº 26.

[13] Ib, nº 27

[14] Ib, nº 28

[15] Ib, nº 32

[16] Ib, nº 33

[17] Ib, nº 34

[18] Ib, nº 35

[19] Ib, nº 36

[20] Ib nº 37

[21] Ib nº 46



sábado, 20 de fevereiro de 2010

OS SÍMBOLOS TERESIANOS

Rose Lemos Piotto, ocds*


Os símbolos Teresianos: a água, o poço, o castelo e a lagarta, eis aqui alguns para que possamos adentrar mais intimamente na literatura Teresiana

Santa Teresa de Jesus recorre a símbolos expressivos para dar a conhecer melhor a sua mensagem. Era normal que ela utilizasse símbolos quando nos transmitia as suas experiências mais íntimas. Ao usar o símbolo a autora não se sente na obrigação de entrar em detalhes explícitos no momento de nos abrir o interior da sua alma. Sabemos que o símbolo “fala sem falar”, ou melhor ainda, é uma espécie de mensagem aberta, ampla, capaz de despertar no leitor diversas interpretações, dependendo da sua capacidade de receptibilidade ou da sua empatia com a experiência da autora.
É óbvio que Teresa, como filha do seu tempo, utilize imagens e símbolos da sua época. Ela escreve noutro contexto e cabe-nos a nós, leitores de hoje, atualizar a mensagem, ajustar os conceitos sem perder a profundidade dos conteúdos presentes através dos símbolos.
A Santa Doutora confessa, como já referimos, que tenha lido ou ouvido, e certamente assim deve ser. A Originalidade não está na descoberta de metáforas, mas na amplitude e no desenvolvimento que lhes dá, na ternura e graça com que ela expõe na ironia delicada e fina que emerge a partir delas, algo que se torna efeito da influência magnética da Santa Mãe ", o ímã do mundo", como ela chama, animada, Fray Luis de Leon
Por último é preciso dizer que nem todos os símbolos teresianos têm a mesma importância. Alguns são essenciais, outros acidentais e finalmente aparecem os funcionais.
“Se a natureza inanimada despertou em Teresa metáforas tão belas como temos visto, na alma de Teresa de Jesus, maior fertilidade lhe ofereceria e mais beleza de criações surpreendentes, a natureza viva com o encanto de suas maravilhosas transformações, desde a flor que deleita e perfuma ate o coração que sofre e ama.
Nos quadros de natureza inerte, buscava sempre a mística Doutora a variedade do movimento, como para dar-lhes animação e vida. O caminho e a sensação para andar por eles; a água salta entre a arena de seu manancial, o ou correr pela grama e pedras, ou ondulando ao vento ou reverbera a luz, o Sol em si [da Trindade] cascata é como brilha, não brilha na alma como remansos de luz e calma, mas como a luz fervente, inflamada que transferiu os poderes, sentidos e as coisas.
Nos quadros da natureza inerte, buscando sempre a mística da natureza viva não tem necessidade de ser concedido o que ela tomou emprestado de si mesma, o que é a animação e o movimento é essencialmente dinâmico. E por isso as metáforas que inspira são mais ágeis, coloridas e vigorosas do que inertes.
Devemos começar pelas belezas do reino vegetal, examinando-se as analogias favoritas de Santa Teresa, nascida no interior das fronteiras do reino. Alguns são grandes, vou mencionar de passagem, porque vimos, em parte, quando nós contemplamos os córregos de águas claras.
Na verdade, a alma é um jardim. "Pareceu-me", diz Santa-me ter lido ou ouvido essa comparação que eu tenho memória ruim como eu não sei onde, ou o fim, mas por agora contenta-me essa imagem.
Deve fazer conta, ele começa, ele começa a fazer um jardim na terra que é muito infrutuosa e que tem muito mato para que encante o Senhor. Sua Majestade, arranca as ervas ruins ruins, e há de plantar o que é bom...Agora voltamos ao nosso jardim ou pomar e ver como começam essas árvores a florescer e dar frutos mais tarde, flores e cravo e o mesmo, para conferir o odor. Regala-me esta comparação ... que minha alma é um jardim e Deus passeasse nele ...». O trabalho ativo "quando saem desta raiz e das flores perfumadas são impressionantes, pois estas árvores vêm de amor de Deus e o perfume dura muito" e não passa rápido, mas faz grande um grande bem " também as faltas lembram pequenas plantas quando são propostas, mas se regamos as mudas todos os dias "operam-se tão grande mudança que não vê necessidade de ver necessária depois a pá e enxada. Assim parece fazer cada dia a a mesma falta (ainda que pequena que seja) se não nos emendarmos delas, mas se um dia ou dez o evitamos, em seguida, começa a ser facil fácil ».
Além disso, é inútil procurar a origem dessas analogias são muito comuns em livros que abordam a vida espiritual de seu ponto de vista, os Versos belo dos Cânticos, que muito usa em suas comparações entre a alma e Deus.
Deixando, então, pomares e jardins, na primavera, as flores são lindíssimas e alguns frutos são de esperança, nós vemos as cores que nos deixou Santa Teresa, aplicando-se à vida sobrenatural das qualidades reais ou simulados de alguns animaizinhos de Deus” (Fray Luis Urbano, O. P.)

O BICHO DA SEDA

Em pleno coração do livro do castelo interior e dentro das quintas moradas, Santa Teresa descreve a transformação que experimenta a pessoa na oração, com um símbolo muito belo: o bicho da seda, o qual se fecha no seu casulo interior, e aí “com as suas boquitas vão fiando a seda, e fazendo uns casulos muito apertados onde se fecham… E morre este bicho, que é grande e feio, e sai do mesmo casulo uma borboleta branca muito bonita”.

Esta imagem do bicho da seda serve para que Teresa expresse melhor a mudança e a transformação da pessoa, como mistério pascal de morte e ressurreição. No desenvolvimento desta transformação, como no processo em que o bicho da seda se metamorfoseia em borboleta, é muito importante a acção do Espírito Santo que vai ajudando nessa disposição e no nosso trabalho para não ficarmos pelo meio do caminho.

O CASTELO INTERIOR


Talvez seja este o símbolo que melhor representa Santa Teresa e pelo qual ficou ligada para sempre à cultura. Ela utiliza este símbolo para representar a alma (a pessoa e a sua interioridade) “ofereceu-se-me considerar a nossa alma como um castelo…”.

A este castelo, da Santa, não lhe falta nada e assim nos mostra que tem uma cerca que é o corpo, uma porta que é a oração; os habitantes principais são Deus e o homem. Mas há mais gente: vassalos e guardiões, que a Santa compara aos sentidos e às potências da alma (memória, inteligência e vontade). E, como todo o Castelo, conta com os seus inimigos que se reflectem nos vermes e animais, nas coisas peçonhentas e nos demonios.
Finalmente este castelo conta com os aposentos da alma que são como as diversas moradas do Céu, onde habita Deus, “um paraíso onde Ele tem as suas delícias”. As moradas deste castelo encontram-se “umas no alto, outras em baixo, outras aos lados; e, no centro e meio de todas estas, tem a principal, que é o compartimento do palácio onde está o rei”.
Diante do panorama deste castelo apresentam-se-nos três alternativas:

 Destruí-lo, que equivale à perdição total da pessoa.
 Admirá-lo e viver fora dele, o que corresponde a viver na mediocridade e no pecado.
 Ou nos decidirmos a conquistá-lo, para viver unidos a Deus.

Para aprofundar este símbolo recomendamos a leitura do livro:
"As Moradas - Castelo Interior"

Mais imagens nas palavras de Teresa:

...”Já tereis ouvido das maravilhas de Deus no modo como se cria a seda, invenção que só Ele poderia conceber. É como se fosse uma semente, grãos pequeninos como o da pimenta. Devo dizer que nunca o vi, mas ouvi-o dizer; assim, se algo não corresponder, não é minha a culpa. Pois bem, com o calor, quando começa a haver folhas nas amoreiras, essa semente — que até então estivera como morta — começa a viver. E esses grãos pequeninos se criam com folhas de amoreira; quando crescem, cada verme, com a boquinha, vai fiando a seda, que tira de si mesmo. Tece um pequeno casulo muito apertado, onde se encerra; então desaparece o verme, que é muito feio, e sai do mesmo casulo uma borboletinha branca, muito graciosa. Mas se isso não fosse visto, e só contado como ocorrido em outros tempos, quem o poderia crer? Que razões teríamos para concluir que uma criatura irracional como a lagarta ou a abelha seja tão diligente e engenhosa para trabalhar em nosso proveito, chegando a pobre lagartinha a perder a vida na tarefa de o fazer? Para um pouco de meditação basta isso, … mesmo que eu nada mais acrescentasse, porque aí podeis considerar as maravilhas e a sabedoria do nosso Deus. E o que seria se conhecêssemos as propriedades de todas as coisas? É de grande proveito que nos ocupemos em meditar nessas grandezas e nos alegremos de ser esposas de Rei tão sábio e poderoso. A alma — representada por essa lagarta — começa a ter vida quando, com o calor do Espírito Santo, começa a beneficiar-se do auxílio geral3 que Deus dá a todos, fazendo uso dos meios confiados pelo Senhor à Sua Igreja: confissões freqüentes, boas leituras e sermões. São esses os remédios para uma alma que está morta em seu descuido, pecados e ocasiões de cometê-los. Então ela começa a viver e encontra sustento nisso, bem como em boas meditações, até estar crescida. É aqui que se concentra o meu propósito, pois o resto pouco importa. … a lagarta começa a fabricar a seda e a edificar a casa onde há de morrer. Eu gostaria de explicar que essa casa é, para nós, Cristo. Creio ter lido ou ouvido em algum lugar que a nossa vida está escondida em Cristo ou em Deus — o que é a mesma coisa — ou que nossa vida é Cristo....Morra, morra esse verme, tal como o da seda quando acaba de realizar a obra para a qual foi criado! E comprovareis como vemos a Deus e nos vemos tão introduzidas em Sua grandeza como a lagartinha em seu casulo.

...agora o que acontece a essa lagarta; é para isso que tenho dito tudo o mais. Quando está nesta oração — e bem morta está para o mundo —, dela sai uma borboleta branca. Ó grandeza de Deus! Quão transformada sai a alma daqui, depois de ter estado imersa na grandeza de Deus e tão unida a Ele, embora esse estado seja tão breve que, em minha opinião, nunca chega a meia hora!
Eu vos digo, na verdade, que a própria alma não se conhece a si mesma. Porque há aqui a mesma diferença que existe entre uma lagarta feia e uma borboletinha branca. A alma não sabe como pode merecer tanto bem — de onde ele pode advir, quero dizer, pois ela bem sabe que não o merece. ...Oh! Ver o desassossego dessa borboletinha, apesar de nunca ter estado mais quieta e tranqüila em sua vida, é coisa para louvar a Deus! Ela não sabe onde pousar e descansar. Depois de ter experimentado tal estado, tudo da terra a descontenta, em especial quando são muitas as vezes que Deus lhe dá desse vinho. Já não dá valor ao que fazia quando lagarta, que era tecer pouco a pouco o casulo. Nasceram-lhe asas. Se pode voar, como pode ela contentar-se em andar passo a passo? Tudo quanto pode fazer por Deus lhe parece pouco, comparado com os seus desejos. Não acha muito o que os santos fizeram, uma vez que já entende por experiência como o Senhor ajuda e transforma uma alma a ponto de transfigurá-la.”
. Afirmou-se que na simbologia Teresiana prevalece, como motivo, a água. Talvez haja que caracterizar aquela, antes como simbologia feminina. Nela prevalece, é certo, a água em suas mais variadas manifestações, mas abundam os símbolos maternais, como “o menino que ainda mama, aos peitos de sua mãe”, os aromas e as flores, os símbolos caseiros e os do amor, as “panelas”, a pousada ou a morada, a música... Todavia abundam nas páginas de Teresa as imagens bélicas, como a luta ou a peleja (“encerradas pelejamos”), as baterias, artilharia, o capitão e os soldados, o alferes, a seta, o dardo e o arcabuz, o xadrez. Inclusive a “corrida de touros” e o “cadafalso” ou tablado a partir de onde pode ser contemplada sem risco. também Teresa tenha recorre ao simbolismo da chuva, das nuvens, o sol, o céu empírico, o anoitecer e o amanhecer, o mar e suas ondas...


No Livro da Vida, o mais elaborado é o símbolo da água de regado sobre o horto da alma. Imagem que provém a partir de sua experiência pessoal e de suas leituras .Ela o elaborou cuidadosamente, à base dos quatro modos de regar (poço, nora, arroio, chuva, para simbolizar quatro modos de relação entre Deus e a alma, e várias situações do espírito humano: horto árido, flores, frutos, partilha de frutos aos demais. E com isso, uma síntese elementar do desenvolvimento da vida espiritual, seja a nível autobiográfico ,seja a nível doutrinal.


O simbolismo da água terá novas elaborações nos restantes livros doutrinais: fonte de água viva com todos os seus derivados (C 19,2... com expressa inspiração evangélica); água de aquedutos e água de reservatório manancial, no Castelo Interior para simbolizar o contraste entre o esforço humano (ascese: água de aquedutos) e o dom divino (o místico: “reservatório que se enche de água”). Com a explícita confissão de que “não encontro nada mais a propósito para declarar algumas coisas de espírito que essa da água” .“Sou tão amiga deste elemento, que o observei com mais advertência que outras coisas”. Agua em sua plenitude oceânica, mas com marulhada e risco de submersão, como no caso da “nau” que chega ao porto, já nas sétimas moradas Água e esponja, como alma imersa no divino

Sem dúvida, o símbolo mais elaborado por Teresa é o do “castelo da alma”, base de todo o livro das Moradas, e imagem de todo o processo espiritual. Serve-lhe, antes de tudo, para delinear a estrutura do ser humano (corpo, alma, espírito, centro da alma, relação do homem com Deus transcendente e imanente). Serve-lhe, por sua vez, para interpretar o texto evangélico da “inabitação” ou da morada de Deus na alma e para expressar sua própria experiência trinitária
Também O símbolo do “bicho-da-seda” que se metamorfoseia em borboleta. Ao longo das três moradas finais servir-lhe-á para desenvolver o processo místico da vida espiritual, desde o trabalho ascético precedente, através da união com Cristo, até a plena transfiguração mística: fogo em que se abrasa a borboleta .


Teresa recorre ao símbolo esponsal, antes de tudo, para expressar sua própria experiência, e depois para diagramar as fases finais do processo místico. Sem se desligar da motivação bíblica do símbolo, Teresa incorpora a ele a liturgia do sacramento e o realismo da vida social de seu tempo. Desta toma os três momentos do processo: o encontro, o desposório e o matrimônio. O encontro, para ilustrar a fase do conhecimento místico: quintas moradas; o desposório, para expor a mútua entrega das vontades entre a alma e o Senhor; e o matrimônio espiritual, para simbolizar a união plena entre Deus e a alma, ponto culminante da experiência religiosa. Já notamos que a este símbolo lhe concede Teresa a suma aptidão para expressar a vida mística. É bem possível que essa convicção derive de sua leitura do Cântico dos Cânticos

“Tem me dado o Senhor, de alguns anos para cá, um gosto muito grande cada vez que ouço ou leio algumas palavras dos Cânticos de Salomão, e isto de modo tão extremado que eu, sem entender com clareza o latim em língua vulgar, me recolhia mais e tinha minha alma mais movida do que pelos livros muito devotos que compreendo; e isso é uma coisa quase comum...”
Ao lado desses símbolos maiores, existe nos escritos de Teresa uma constelação de imagens ou símbolos menores. Também estes são reveladores do pensamento teresiano. Impossível catalogá-los aqui. Há, antes de tudo, uma larga série de símbolos bíblicos, que denotam a sensibilidade receptiva de Teresa e sua capacidade de entalhamento das imagens clássicas na imaginaria original sua.


Podemos agora visualizar os diferentes elementos contidos no processo desta imagem:
 Semente: São uns bagos, como grãos de pimenta, que se convertem em larvas.
 A folha da amoreira: É o primeiro espaço onde se desenvolvem, é o alimento.
 Ambiente: Calor, elemento que necessita a semente para viver, é a graça do Espírito Santo.
 Bicho da seda: É cada um de nós a partir da perspectiva da transformação profunda.
 Tecer o casulo ou a “casa”: é um convite para construir a própria habitação, a viver a interioridade.
 Fabricar a seda, lavrar a seda: Cristo é a morada. Vive dentro de cada um. A seda é o resultado das maravilhas que Deus faz através de nós.
 Trabalhos: São todos os esforços e acções que temos que fazer para corresponder à graça, para não vivermos superficialmente.
 A borboleta: equivale ao “homem novo”, é o fruto da acção transformadora de Deus. É graça, libertação.Este símbolo é a síntese da história de todo o homem nascido para ter asas e elevar-se.
 A abelha e a aranha, a formiga e o leão, a pomba e a águia, as peçonhas
 A “ave de asas fracas”
 A “panela que ferve em demasia”
 O coração, a ferida interior, as entranhas, “as medulas...,
 A câmara de jóias
 O imperador e o mendigo
 O braseiro
 e os perfumes


Igual floração de linguagem simbólica para perfilar a imagem de Cristo: mestre, esposo, modelo, caminho e vida, amigo verdadeiro, capitão do amor...

É também notável a constância com que Teresa recorre aos símbolos para expressar sua idéia profunda do ser humano: na realidade todos os símbolos maiores refletem seu empenho secreto por dizer o que em sua estima é o homem: castelo de diamante, horto de flores, larva com vocação de vôo e de borboleta; ele é um possível esposo de Cristo ou de Deus; é um paraíso de Deus, “paraíso onde Ele disse ter Suas delícias” , árvore plantada junto às correntes de água.

Tudo isso, em contraste com a imagem que Teresa tem de si mesma: “uma como eu”, “verme que assim vos atreve”, “vermezinho de mau odor”, formiga que tenta falar, “água tão turva” Imagem negativa, compensada de certo modo com a qual ela mesma projeta de seus carmelos e suas monjas: pombaizinhos da Virgem, “pensai que esta congregação é a casa de santa Marta” ,filhas da Vigem, soldados embandeirados de alferes, borboletas, pombas...: “muito mais quero que se prezem de parecer simples, o que é muito próprio de santas, do que de tão retóricas...”

Bibliografia:
 Tomaz Alvarez,
 Fray Luis Urbano, O. P,
 Dicionário Teresiano ,
 Obras Completas De Santa Madre.
________________________________________________________

* Rose Lemos Piotto é conselheira e membro da Comissão de Formação da Província São José da Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares  -OCDS
-

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Edith Stein: hebraicidade e santidade cristã


Armando Gargiulo.

1 – Os vários âmbitos de sua procura

"Judia, filósofa, carmelita, mártir, Edith Stein (1891-1942), que traz em sua intensa vida uma síntese dramática de nosso século (João Paulo II, 1º de maio de 1985), e que a Igreja enumera entre seus santos (desde 11 de outubro de 1998: n.d.r) abre caminhos de relação e de comunhão em âmbitos e níveis diferentes, mas em pontos nodais da experiência humana, cristã, eclesial, inter-religiosa" (1).

Desta figura feminina tão rica e poliédrica outros expertos escreveram e escreverão para alumiar a contribuição de pensamento e de ação em diferentes âmbitos.

Edith Stein,

Por exemplo, em âmbito cultural social: Edith engenhou-se, com escritos, aulas e palestra, para promover o papel da mulher na sociedade e na Igreja. Com pesquisas sobre a noção do Estado esclareceu a relação dele com a nação, com o povo e a sociedade, e até mesmo seu equilíbrio precário com a esfera religiosa. Ela que no começo era fortemente nacionalista e "prussiana", após a grande guerra foi partidária da república de Weimar, e empenhou-se fortemente em contrastar os primeiros sucessos do partido nacional-socialista.

Especialmente no âmbito filosófico, Edith deixou marcos indeléveis de originalidade: ela que era aluna e assistente de Husserl, em Friburgo, e teria merecido ser sua sucessora na cátedra, (esta foi tomada porém por Heidegger que se manifestou aquiescente com o nazismo!) superando o mestre, procurou lançar uma ponte entre a filosofia contemporânea, sintetizada na fenomenologia husserliana e a tradição medieval, manifestada pela filosofia de S. Tomás, suplantando a neo-escolástica.

Sua obra prima é Ser finito e Ser eterno, quase uma nova ontologia, síntese de filosofia e mística. Se tivesse conseguido continuar suas pesquisas e criar um movimento de pensamento, como estava em sua índole, talvez a teríamos saudada como a maior filosofa do século.

Em fim, no âmbito religioso místico, passando pela espiritualidade dominicana, beneditina e chegando à mística de S. Teresa d’Ávila e de São João da Cruz, completou seu projeto de vida: pensamento e experiência da Cruz com Cristo crucificado, como sacrifício-doação para a salvação de seu povo.

Sua última obra, "A ciência da cruz" (Scientia Crucis), ficou inacabado, porque o teria mesmo concluído numa câmara de gás no campo de Auschwitz!

Em todos esses âmbitos, seja com o pensamento seja com a ação, o fio vermelho da continuidade foi a "intersubjetividade", (Einfühlung, "empatia", intuição empática), a "comunhão". O que quero mostrar agora é o caminho de relação e de comunhão realizado na vida de Edith, entre o seu ser judia e o ser santa, mártir católica.

2 – Família hebraica e educação em família

Temos sorte, porque a mesma Edith nos deixou a história de sua família, com lineamentos autobiográficos da infância e dos anos da juventude (2). Edith nasceu em Breslavia (agora território polonês), aos 12 de outubro de 1891 numa família hebraica muito praticante. Última de sete filhos, nasce mesmo numa festa religiosa hebraica, no dia do Kippur, isto é da Expiação. Para a mãe Augusta era um pressentimento do destino da filha.

Eis como lembra a tradição religiosa na família materna:

"Os meninos estudaram religião com um professor hebreu; aprenderam também um pouco de hebraico... Aprenderam os mandamentos, leram trechos tirados das escrituras e decoraram alguns salmos (em alemão). Sempre foi ensinado para eles o respeito para com todas as religiões e de nunca falar mal delas. O avô ensinou a seus filhos as rezas prescritas. No sábado à tarde, os pais chamavam os filhos que estavam em casa para rezar junto com eles as preces vespertinas e explica-las. O estudo diário das Escrituras e do Talmud – considerado uma obrigação do homem hebreu nos séculos precedentes e ainda hoje para os hebreus orientais – não era mais praticado na casa dos avós, mas todos os preceitos da Lei eram observados com o máximo rigor".

Em seguida Edith conta a prática religiosa vivida em família na ocasião das festas principais. Algumas anotações nos abrem à compreensão do tipo de educação assimilada. Por exemplo, na ocasião da liturgia do Seder (a Páscoa), ela anota:

"A solenidade da festa sofria pelo fato que só minha mãe e as crianças menores participavam com devoção. Os irmãos que deviam fazer as orações em lugar de nosso pai, que tinha falecido, o faziam em modo pouco digno. Quando o maior faltava e o menor assumia a função de dono da casa, claramente fazia notar quanto se burlava de tudo isso".

Na ocasião da festa da Expiação (Kippur): "Naquela tarde mia mãe ia para o templo, acompanhada pelas irmãs mais velhas e também os irmãos achavam um dever moral não faltar. Ninguém de nós deixava o jejum, também quando não tínhamos mais a fé de nossa mãe e não fazíamos as prescrições rituais fora de nossa casa".

Edith neste ambiente plantou raízes profundas; mas não foi a fé no Deus de Israel, e sim um forte rigor moral, derivante da Lei. " A mãe nos ensinava o horror do mal. Quando dizia: "é pecado", aquela palavra expressava o máximo da feiúra e da maldade, e nos deixava transtornados".

Assim, em outra parte ( 3), Edith lembra os anos infantis. Ela mesma, já próxima da transferência de Breslavia para a Universidade de Göttingen (1911), se confessa "não crente, dotada de forte Idealismo ético". Ela guardará grande estima e admiração pela piedade religiosa da mãe, e a acompanhará sempre, quando está em família, na sinagoga, também depois do batismo e na vigília de sua entrada para o Carmelo.

Alguns traços de sua limpidez moral: quando pela leitura de um texto romanceado lhe se apresentava a vida estudantil com traços repugnantes, devassidão, alcoolismo, etc., ela ficava tão enjoada que precisava semanas para se restabelecer em sua alegria. Porém, Edith, mesmo exteriormente reservada e dedicada com abnegação ao trabalho, levava no coração "a esperança de um grande amor e de um matrimônio feliz", e anota: "Sem ter algum conhecimento da dogmática e da moral católica, estava porém impregnada pelo ideal matrimonial católico". É o caminho subterrâneo da Lei de Moisés para o Evangelho do Amor!

3.1 - Husserl e a universidade de Göttingen

A universidade de Göttingen,
numa foto da época.

Em sua viva e profunda inteligência, Edith tem a procura e a sede da verdade, em correspondência ao rigor moral. Ela não conseguiu se sentir satisfeita com a corrente psicologista do tipo positivista, prevalente na universidade de Breslavia, e assim orientou-se, logo que soube, para a Fenomenologia de Edmund Husserl, catedrático em Göttingen.

Eis como, depois de anos de experiência, descreve o método de Husserl: "Seu modo de guiar o olhar sobre as coisas mesmas e de educar a captá-las intelectualmente com absoluto rigor, a descrevê-las com sóbria maneira, libertou seus alunos de todo arbítrio e de toda fatuidade no conhecimento, levando-os a uma atitude cognitiva simples, submetida ao objeto e por isso humilde. No mesmo tempo ensinou a se libertar dos preconceitos e a tirar todo obstáculo que poderia destruir a sensibilidade para com as novas intuições. Esta atitude, à qual nos educou responsavelmente, libertou muitos de nós, nos tornando disponíveis em relação à verdade católica" ( 4).

Mas desde os primeiros anos de Göttingen (1911-1914) anota: "Tinha um profundo respeito para as questões de fé e tinha conhecido pessoas crentes; até ia numa igreja – protestante – com minhas amigas... mas ainda não tinha reencontrado o caminho para Deus".

3.2 - O ambiente do grupo husserliano

É um fato histórico notável: no grupo de alunos e colaboradores de Husserl aconteceram muitas conversões religiosas. O mesmo Husserl e sua esposa passaram do judaísmo ao protestantismo, à Igreja reformada luterana de Viena, onde receberam o batismo (Husserl tinha 27 anos). Os filhos foram criados na religião protestante.

Mesmo que em seu trabalho filosófico não se punha explicitamente o problema religioso e que afirme de não ser um filósofo cristão, Husserl, também numa conversa com a aluna e amiga de Edith, Aldegonda, exclama: "Já vos falei muitas vezes: minha filosofia, a fenomenologia, quer ser uma via, um método que permita a quantos se distanciaram do cristianismo e da Igreja voltar para Deus" (5).

No grupo husserliano distingue-se o prof. Adolf Reinach que, junto à mulher Ana se converte do judaísmo para a fé evangélica. E esta, após a morte do marido na guerra, passa para a Igreja Católica. O mesmo acontecerá com a mulher de Husserl e do prof. Alexandre Koyré, também ele convertido.

A prof.ra Hedwig Conrad-Martius, converteu-se à fé evangélica junto com o marido, e os dois serão grandes amigos de Edith; é na casa deles que Edith terá a grande fulguração, após a leitura de um fôlego, da Autobiografia de Santa Teresa d’Ávila: "Esta é a verdade!" E será a amiga Hedwig, protestante, a madrinha no batismo católico de Edith.

Mas foi sobretudo Max Scheler, se juntando mais tarde ao grupo e freqüentemente em polemica com Husserl, a exercer influência sobre Edith: "a maneira que tinha... de difundir solicitações geniais, sem aprofundar sistematicamente, tinha algo de brilhante e encantador". Seus escritos sobre os valores e a empatia tinham para Edith uma importância particular.

Adolf Reinach,
com a mulher Ana.

Desde então começou a se ocupar do problema da Einfühlung (empatia, intuição empática) que foi o assunto de sua tese de láurea.

Mas a influência de Scheler adquiriu importância também além do âmbito filosófico. Ele, de fato, passou do judaísmo para a Igreja católica, mas depois, por motivos de vida privada se distanciou e no fim voltou de novo.

Scheler "tinha muitas idéias católicas e sabia divulgá-las fazendo uso de sua brilhante inteligência e habilidade lingüística. Foi assim que entrei em contato pela primeira vez com um mundo que desde então era para mim desconhecido. Isso ainda não me levou à fé, porém de desabrochou um campo de "fenômenos" diante dos quais não podia ficar cega. Os limites dos preconceitos racionalistas em que cresci sem sabe-lo, caíram, e o mundo da fé apareceu improvisamente diante de mim. Pessoas com quem tinha relações quotidianas e a quem olhava admirada, viviam naquele mundo. Devia então valer a pena de começar uma séria reflexão.. Por enquanto não me ocupei de questões religiosas: estava muito ocupada em outras coisas. Contentei-me acolher em mim, sem opor resistência, os estímulos que me vinham do ambiente que freqüentava, e quase sem perceber, devagarzinho fui transformada.".

Na verdade, estes anos de Göttingen, a "sede da verdade" que Edith dizia ser sua única oração, incônsciamente se transformava em "sede de Deus". Quando, por exemplo, em 1916, na véspera da discussão de sua tese, em Friburgo, tem uma longa conversa com Hans Lipps, um do grupo que ironiza sobre o fervor de dois amigos, Dietrich von Hildebrand e Siegfried Hamburger, convertidos ao catolicismo, Edith anota: "Não, eu não estava entre aqueles. Teria quase dito: "Infelizmente não"". O amigo afirma entender nada, e ela: " Eu entendia u m pouco. Mas não podia dizer muito a respeito disso".


Notas
1.
Emanuela Ghini o.c.d., Edith Stein: ebrea, filosofa, carmelitana, martire, Osservatore Romano, 13 settembre 1998.
2.
Edith Stein, Storia di una famiglia ebrea, Città Nuova, Roma 1998.
3.
Teresa Renata dello Spirito Santo, Edith Stein, Morcelliana, Brescia, 1952, p.18.
4.
J.Blouflet, Edith Stein, filosofa crocifissa, Paoline, Milano 1998, pp.157-158.
5.
Dal Diario di Sr Aldegonda, in E.De Miribel, Edith Stein, Paoline, Milano, 1987, p. 214.

3.3 – Experiências que aceleram o caminho

Em 1915 estoura a Primeira Guerra Mundial. Edith tinha sequer superado a prova de Estado em Filosofia, fez pedido a Cruz Vermelha, para entrar no serviço de saúde. Assim se tornou "auxiliar", durante vários meses, em um grande hospital militar para doenças infecciosas, em Weisskirchen, em território austríaco. Para a mãe que se opunha a esta decisão, ela retruca: "Se as pessoas sofrem nas trincheiras, porque eu tenho que ficar melhor do que elas?" (6). Por sua vez, ela gostaria continuar este serviço, pensando em tantos seus colegas no fronte (e alguns não voltarão vivos). Mas não consegue a renovação.

Edith Stein auxiliar da Cruz Vermelha, em 1915

Sem dúvida esta experiência foi para Edith ocasião de crescimento espiritual, como renúncia a si mesma e a seus projetos científicos, maior abertura aos outros e encontro real com o sofrimento e a morte. Por sua seriedade e dedicação no trabalho de enfermagem, no fim da guerra recebe a "medalha da coragem" da Cruz Vermelha.

Não faltam provas na vida da jovem Edith nestes anos (1915-1919), como as delusões afetivas, problemas familiares, crises intelectuais, em relação aos desenvolvimentos do caminho "fenomenológico" do mestre Husserl,de quem se tornara assistente. Edith não partilha com estes desenvolvimentos, e sente o peso muito forte desta colaboração. Ela que tanto desejou um lugar de ensino na Universidade – e o mesmo Husserl apoiou seu pedido – viu fracassar toda tentativa para isso (outubro 1919).

Mas em novembro de 1918 recebe a notícia da morte de Adolf Reinach, morto no fronte das Ardenas. Para Edith foi um trauma: Adolf Reinach, além de mestre, era para ela amigo e confidente. Ora, ficando ao lado da viúva Ana Reinach,colaborando com ela para classificar os papeis do marido em vista da publicação, Edith faz uma experiência de vida em termos de fé, toda positiva.

O casal Reinach tinha se convertido ao protestantismo recentemente. Mas já o marido se sentia perto do catolicismo, como aparecia em suas Notas sobre uma filosofia da religião. Foi a mulher a querer cedo o batismo: "não prejudicamos o futuro; quando seremos em comunhão com Cristo, ele nos levará onde quiser. Entramos em sua Igreja, não agüento esperar mais ainda!".

É nesta prova suprema, a morte do marido, que Ana alcança na "comunhão com Cristo", muita força e paz: em lugar de receber, é ela que doa consolação a quantos em seu redor. Para Edith é uma experiência da Cruz de Cristo, determinante, como confiará mais tarde ao jesuíta, Pe. Hirschmann (7).

4 – Batismo: conversão a Cristo

Edith foi batizada no 1º de janeiro de 1922. Deixou seu trabalho como assistente de Husserl (1919) e se retirou a Breslávia, concentrando-se na busca pessoal filosófica e religiosa, e também elaborando novas formas de ensino. Passou longos períodos hospede dos amigos Conrad-Martius, em Bergzabem no Palatinado, também trabalhando na roça com dedicação inesgotável... muito silenciosa e secreta... parecia sempre concentrada, como absorvida numa meditação interrupta...

No domingo acompanhava Hedwig na igreja protestante, para o culto. Um dia observou: "Para os protestantes o céu é fechado; para os católicos, aberto". Mesmo antes da conversão Edith tinha muito respeito para a Eucaristia, prevendo nela um mistério inefável.

Em Bergzaben Edith Stein recebeu o batismo,
aos 1º de janeiro de 1922.

Abria-se para ela um drama interior. Podemos ver isso numa passagem que Edith escreveu sobre a "Causalidade psíquica", publicado em 1922 nos Anais de Husserl:

"Faço projetos para o advir e organizo conseqüentemente minha vida presente. Mas no fundo estou convencida que acontecerá algo e jogará fora todos meus projetos. É a fé viva, a fé autêntica que ainda não aceito,é a esta fé que eu impeço se tornar ativa dentro de mim".

O texto, muito bonito, continua descrevendo a transformação que acontece neste estado de "descanso em Deus", partindo do silêncio da morte e desabrochando num afluxo de vida nova, pela presença de uma "força que não é minha e que sem fazer violência para minha atividade, se torna ativa em mim".

Podemos então compreender o sentido do grito: "Esta é a verdade!" que Edith escuta ecoar em seu espírito, terminando a leitura da Autobiografia de Santa Teresa d’Ávila, com estas palavras: " Realizo plenamente a verdade no amanhã, no abandono total ao Amor" (cfr. Jo 3,21; Ef. 4,15). A fé em Cristo não foi só a conclusã o de sua busca intelectual, mas a síntese de uma nova vida operada pela graça.

É este um ponto muito importante para entender quanto seja "profética" a mudança de Edith. Mais ou menos nos mesmo anos, aconteceu algo parecido num grupo de amigos hebreus que migraram para o cristianismo evangélico: Eugen Rosenstock, Hans e Viktor Eherenberg, da universidade de Lípsia.

Um deles, Franz Rosenzweig (1886-1929), inicialmente estava decidido para o batismo, mas depois tem um sobressalto de orgulho de sua raiz hebraica, e polemicamente, num confronto demorado com o amigo Rosenstock, nega que possa haver uma base comum entro o hebreu como tal e o cristão de ascendência hebraica. "Não há mais algum substrato hebraico vivente dentro do cristão militante e ainda menos, segundo Rosenzweig, há alguma licitude para o híbrido judeu-cristão. Tornando-se cristãos não somos mais hebreus, acabou completamente sê-los. Aliás... na verdade nunca fomos, diversamente a viva pertença à comunidade da sinagoga não teria permitido a passagem para o cristianismo" ( 8).

Esta era a mentalidade dominante. A mãe de Edith, por exemplo, nunca conseguiu entender e aceitar a filha que, mesmo continuando freqüentando a sinagoga com ela, se voltou para Cristo: era uma traição, uma separação radical dos bens mais caros: o próprio povo, a própria religião! O mesmo grande filosofo Henry Bergson, que chegou, em suo cumprido itinerário, ao Cristo dos Evangelhos, nos últimos anos de sua vida (1859-1941) hesitava em si fazer batizar na igreja católica, por medo que este gesto fosse interpretado como um desligar-se de seu próprio povo na hora mais difícil da perseguição nazista.

Ora, é indubitável que a conversão a Cristo, acontecida com o batismo no dia 1º de janeiro de 1922, para Edith não marcou o desligamento e ainda menos a traição do seu ser Hebréia, mas, paradoxalmente, marcou uma nova redescoberta de sua própria hebraicidade.

Disse um dia Husserl, falando da conversão a Cristo de Edith: "Nela tudo é autêntico... Mas, no fim das contas, há, no fundo de cada hebreu, um absolutismo e um amor ao martírio".

Isso mesmo, como "verdadeira hebréia" cativada por Deus, Edith vive só para ele,com o olhar fixo em seu Senhor crucificado, Jesus nazareno, Rei dos judeus, e o desejo de se imolar para Cristo é uma coisa só com o desejo de se imolar para seu povo.

Susanne Biberstein, sobrinha de Edith.

5.1 – Edith e seu sentir-se hebréia

Sobre este assunto, além de outras fontes, encontrei na Internet um ótimo estudo do Pe. Jean Sleiman, Definidor Geral da Ordem dos Carmelitas Descalços, lido no Simpósio Internacional sobre Edith Stein, acontecido no Teresianum em Roma em outubro de 1998, na ocasião da canonização.

A mentalidade dominante no ambiente familiar vem expressada – a distância de tempo – por uma sobrinha de Edith, Susanne Batzdorff-Biberstein: "Tornando-se católica, nossa tia deixou seu povo¸sua entrada no convento manifestou ao mundo externo sua vontade de se separar do povo hebreu" (9).

Bem diferentemente e com conhecimento de causa, afirmava João Paulo II na homilia de beatificação (1987): "Receber o batismo não significou para Edith de jetum algum romper com o mundo hebraico. Ao contrário, ela afirma: Quando eu era moça de quatorze anos parei de praticar a religião hebraica e por primeiro, após meu retorno a Deus, eu me senti hebréia".

Edith se considera "filha de Israel" e este "orgulho" ficará pela vida toda, porque sente que é o mesmo povo de Cristo:

"Nem dá para imaginar quanto seja importante para mim, cada manhã na capela, repetir, levantando o olhar ao Crucifixo e à imagem de Nossa Senhora: eram do meu mesmo sangue!"

Ao jesuíta pe. Hirschmann escreveu: "Não pode imaginar o que significa para mim ser filha do povo eleito, significa pertencer a Cristo não só com o espírito, mas com o sangue". Come "hebréia", Edith não faz questão de "raça". Imergida no mistério de Israel, contempla no Cristo Crucificado, "rei dos judeus" a plena realização das promessas, das esperas da aliança divina com seu povo. Assim todos os hebreus são de Cristo!

Lembremos a data de nascimento de Edith: 12 de outubro 1891, dia da festa do Kippur, dia do perdão e da reconciliação. Agora Edith, católica e prestes a entrar no Carmelo, contempla a ligação profética entre o dia do Kippur e a Sexta Feira Santa:

"O dia da Reconciliação do Antigo testamento é figura da Sexta Feira Santa: o cordeiro imolado pelos pecados do mundo representa o Cordeiro Imaculado". O Cristo, "aceitando morrer vítima, é o eterno Sacerdote".

Cristo, então, pertence ao povo hebreu, mas também a Igreja – diz exultando Edith no "Diálogo noturno": "Vi nascer a Igreja do seio do meu povo. Do seu Coração vi brotar, como tenro ramo florescido, a Imaculada, a toda Pura, de David descendente". E "no coração da Virgem", filha de Israel, "do Coração de Jesus vi fluir toda plenitude da graça".


Notas
6.
J. Bouflet, Edith Stein, filosofa crocifissa, Paoline, Milano 1998, pp.113-114.
7.
E. De Miribel, Edith Stein, Paoline, Milano 1987, p.50.
8.
F. Rosenzweig – E. Rosenstock, La radice che porta, Lettere su Ebraismo e Cristianesimo, Marietti, Genova 1992, Introduzione di Gianfranco Bonola, p. 23.
9.
J. Sleiman ocd, Edith Stein, Martire di Cristo per il suo popolo, in Simposio Internazionale: Edith Stein, Testimone per oggi, Profeta per domani, Teresianum, Roma 1998.

5.2 - Edith e a mãe Augusta

A intensa relação com a mãe Augusta, fiel observante da fé hebraica, nos ajuda a compreender a convicção de Edith a respeito da não incompatibilidade entre fé cristã e a fé hebraica. Edith acompanha a mãe na sinagoga pela ultima vez, na festa dos Tabernáculos (ela está entrando no Carmelo), e na volta para casa, a mãe pergunta: "Não foi bonito o sermão?" – "Sim". "Também na fé hebraica podemos ser religiosos, não acha?" – "Claro, quando não se conheceu outra coisa". Então a mãe, desconsolada, pergunta novamente: "E você, porque o conheceu? Não quero dizer nada contra ele, sem dúvida será um homem muito bom, mas por que se fez Deus?"

Livro de oração
usado pela mãe de Edith

Mãe e filha sofrem terrivelmente, tanto que Edith escreve: "Tive que dar o passo sozinha e totalmente imergida na noite da fé. Muitas vezes, no decorrer daquelas semanas, me perguntava quem entre nós duas, mamãe ou eu, teria tido problemas de saúde. Mas ficamos firmes em nossas posições até o último dia".

Porém Edith, tinha muita admiração pela fé da mãe, não somente por puro instinto de afeto filial, mas pela enraizada convicção que Deus opera além dos confins da Igreja; ele opera também nas outras religiões.

Algumas cartas escritas em 1936, 1938 e 1939 lembram a morte da mãe: "Deus a levou com ele rapidamente"; "Hoje [a mãe] celebra seu 87º aniversário com nossa querida Santa Teresa". Teresa de Lisieux: de fato era o dia 3 de outubro de 1936, dia de sua festa – naquela época. Como podemos ver, ela coloca sua mãe em companhia de uma santa canonizada; preconceito algum a respeito de seus parentes judeus!

Edith conjuga este seu sentir afirmando claramente: "Minha mãe ficou fiel à sua fé até o fim. Esta fé e a total confiança em seu Deus a acompanharam desde a infância até seu 87º ano de vida, ficaram vivem nela até o fim, mesmo quando lutava contra a morte; por isso estou convencida que ela encontrou um juiz compassivo e ora vai ajudar também a mim para alcançar a meta".

Edith chega até a pensar que a mãe tinha poderes de intercessão: comentando a visita do irmão, de saída para a América, escreve à amiga Hedwig Dulberg: "No dia dos finados lembraremos nossas mães. Este pensamento me dá grande consolo. Acredito que minha mãe tenha o poder de ajudar seus filhos em perigo"(4 de outubro 1938).

Também para seu "querido Mestre", o prof. Edmund Husserl, que estava em fim de vida (1938), Edith se expressa com grande abertura de espírito: " Não estou preocupada com o meu querido Mestre. Nunca pensei que a misericórdia de Deus ficasse restrita aos limites visíveis da Igreja. Deus é a verdade. Quem procura a verdade, procura a Deus, mesmo que disso não seja consciente". Como não admirar estas antecipações proféticas das posições assumidas pela Igreja, partindo do Concílio Vaticano II, em relação ao ecumenismo, e particularmente com os hebreus?

Edith Stein em 1931

6 – Edith e a perseguição nazista

No começo dos anos 30 a Alemanha vivia uma grande crise econômica e instabilidade política, enquanto lentamente, mas inexoravelmente subia o partido nacional-socialista de Hitler. Naqueles anos Edith lecionava para as Dominicanas de Spira (1922-1931) e em seguida, no Instituto de Pedagogia de Münster (1932-1933). Contemporaneamente, porém, ela dava palestras públicas, bem apreciadas, sobre problemas da educação e o papel da mulher.

Sempre atenta à história do mundo, e como cristã educada a interpretar os eventos à luz do evangelho, intuiu logo o caráter totalitário e anticristão do movimento nazista:

"Hoje não ha nda que nos falte tanto quanto o batismo no espírito e no fogo... Na grande luta que, mais do que nunca, está sendo travada entre Cristo e Lúcifer, há aquelas que são chamadas por vocação a formar os homens que devem ir para o fronte. Armar-nos para a luta e ficar armadas em permanência: eis o nosso dever mais urgente".

Assim Edith se dirigia a suas ouvidoras. No entanto ela refletia qual fosse seu lugar no fronte.

Edith capta logo o futuro: o nazismo, encarnação do Maligno, inimigo da Cruz, combate Deus mesmo e seu plano salvífico, então não pode não começar pela vontade de destruir o judaísmo, como fundamento da mesma religião cristã, eliminar a "peste judaica-cristã", para instaurar o reino da raça ariana.

Em 1931, se despedindo das alunas de Spira, uma pergunta: "Mas senhorita, você está transtornada!". "Não posso não ficar triste e agitada, quando sei que Hitler logo logo vai arrestar meus parentes e a gente também. O que fazer?"

Na primeira sexta feira de abril 1933: Edith, não era ainda carmelita, na capela do Carmelo de Colônia teve uma profunda experiência espiritual:

"Me dirigia interiormente ao Senhor, dizendo para ele que eu sabia que se tratava mesmo da sua Cruz que estava sendo imposta ao meu povo. A maioria dos hebreus não reconhecia o Senhor, mas aqueles que entendiam, não poderiam escapar da Cruz. É o que desejava fazer. Só perguntei-lhe me mostrar como".

Ela se sentia totalmente comprometida com a sorte do seu povo, assim se questionava como puder fazer algo para o problema dos hebreus . "No fim pensei ir para Roma e pedir ao Santo Padre [Pio XI] uma Encíclica, numa audiência privada". Este projeto não foi possível (segundo seu diretor espiritual, o abade de Beuron, pe. Walzer); então Edith escreve uma carta ao Santo Padre, na qual não se limita em falar dos hebreus, mas também do futuro da Igreja na Alemanha.

"Sei que minha carta lhe foi entregue diretamente e ainda fechada... sempre me perguntei se o teor da minha mensagem tinha, de algum modo, despertado a atenção do Sumo Pontífice. As previsões que eu fazia, a respeito do destino dos católicos na Alemanha, se realizaram pontualmente".

Pe. Jan Nota s.j.

Segundo o pe, Jan H. Nota, jesuíta holandês, que foi amigo de Edith e depois aprofundou seu pensamento, este passo feito por Edith poderia ter influenciado as posições assumidas por Pio XI contra o nazismo e o anti-semitismo. Em favor de seu povo Edith fez quanto lhe era possível. Mas o Senhor lhe abre novos caminhos de amor heróico para os irmãos hebreus.

Na mesma quaresma de 1933, casualmente hospede de um colega do Instituto de Münster, Edith, que não era conhecida por ele como judia, recebe muitas informações pelos jornais americanos sobre as atrocidades cometidas contra os hebreus alemães. "Já sabia das perseguições... mas naquele momento... vi com clareza... que o destino daquele povo se tornava um com o meu" (10).

Estas experiências de participar do destino do seu povo, de carregar a Cruz de Cristo, preparam Edith ao passo definitivo. Assim ela dizia logo depois: "Não é a atividade humana que pode nos salvar, mas somente a paixão de Cristo. Participar a isso: eis a minha aspiração".

7 – A oferenda: a Esposa do Cordeiro

Uma característica da personalidade de Edith é a plena integração entre o pensamento e o vivido, as analises, as elaborações filosófico-teológicas e a experiência mística; assim compreendemos coma a vida de carmelita represente, para ela, a plena realização de sua vocação como mulher: "A união nupcial da alma com Deus é a finalidade pela qual foi criada: redimida pela Cruz e encontrando seu cumprimento na Cruz, a alma é marcada pela eternidade por meio do sigilo da Cruz".

Em 1931 escrevia sobre a Vocação da mulher; Edith coloca assim seu modo de entender a "esposa de Cristo":

"Ela está de pé ao seu lado, como a Igreja e como a Mãe de Deus... Aí ela está, para ajudar a obra da redenção. O dom total de seu ser e de sua vida a faz entrar na vida e nas fadigas de Cristo, permitindo-lhe compadecer e morrer com ele, daquela terrível morte que foi a fonte da vida para a humanidade inteira, seja tomando parte ativa na conversão das almas, seja alcançando com sua imolação os frutos da graça para aqueles que nunca mais encontrará a nível humano".

Este foi o projeto divino plenamente realizado na vida de Edith: aos 14 de outubro de 1933 ingressa no Carmelo de Colônia: aos 15 de abril de 1934 veste o habito do Carmelo e assume o nome de Teresa Benedita da Cruz, como ela pediu; domingo de Páscoa 1935 é chamada à profissão simples; aos 10 de maio de 1938 emite a profissão solene que a une definitivamente a Cristo.

Com a experiência da Cruz começara o caminho da conversão. No dia do batismo sentiu-se fortemente cativada pela vida carmelita, cujo traço marcante – como ela mesma descreve – "consiste no sofrer com Cristo... unidas ao Senhor... Cristo continua sofrendo neles... intercedendo para os pecadores através um sofrimento livremente aceito e alegre, participando assim da redenção da humanidade."

Crucifixo no choro do Carmelo de Colônia

No Carmelo, vivendo intensamente esta vocação, poderá dizer: "Agora sei muito mais o que significa ser a esposa do Senhor sob o sinal da Cruz. Está claro que não se pode facilmente compreender porque é um mistério... É aos pés da Cruz que entendi o destino do Povo de Deus que já estava se delineando. Pensei que quem o entende deve tomar sobre de si a Cruz de Cristo para todos".

Quando na famosa Noite dos cristais (8-9 novembro de 1938) desencadeou-se o fanatismo nazista contra as lojas, casas, os mesmos hebreus, as irmãs ficaram estarrecidas, e Ir. Benedita (Edith) exclama: "É a sombra da Cruz que precipita em cima do meu Povo! Ah, se pudesse agora entender!"

"Está aqui o fundamento da teologia steiniana do judaísmo... Edith Stein ama sempre seu Povo, mas o percebe com os olhos e o coração de Cristo. Se dirige a Ele e vê que sua própria Cruz foi colocada nos ombros do Povo judeu. Em outras palavras... a sorte de Cristo com o nacional-socialismo é também aquela dos hebreus. Ambos têm a mesma idêntica missão."

Edith nunca separa o Messias do seu Povo messiânico... O Anticristo (o nazismo) odeia neste Povo sua messianicidade, e assim sua ligação profunda, vital, conatural com Cristo... É à luz do aprofundamento do mistério de Israel sob a Cruz, além do contexto histórico, que precisamos entender seu amor, sua compaixão e também suas críticas: "O grande pecado dos Hebreus, para Edith, se pudermos falar de pecado, é ter negligenciado sua missão e assim trair a própria identidade: povo messiânico, povo do Messias, mas também Povo Messias."

Aos 30 de janeiro de 1939 Hitler decreta e anuncia o aniquilamento da "raça hebraica". Os sinais da iminência do conflito são evidentes. Aos 31 de dezembro Edith se refugia no Carmelo de Echt na Holanda, onde no agosto de ’40 chegará sua irmã Rosa. Nesta situação dramática, Ir. Benedita se aperta cada vez mais ao coração de Jesus " para me tornar tua verdadeira esposa. Prometo-te solenemente: cada vez que precisar fazer uma opção, escolherei o que mais te agrada". Isto é, faz assim o voto dos "mais perfeito".

Algumas semanas depois, pede à superiora de Colônia a autorização " a me oferecer ao Coração de Jesus como vitima expiatória para a verdadeira paz, esperando que o reino do Anticristo desmorone, se possível, sem uma nova guerra mundial, e que seja renovada a ordem no mundo".

No fim escreve um Testamento Espiritual: "Desde já aceito a morte que Deus me destinou e com uma total submissão a sua santíssima vontade. Rezo ao Senhor querer aceitar minha vida e minha morte pela sua glória, para as intenções dos SS. Corações de Jesus e Maria, para aquelas da Igreja. Em particular... em expiação para a recusa da fé por parte do povo hebreu, para que o Senhor seja acolhido pelos seus e venha seu reino na glória; para a salvação da Alemanha e, para a paz no mundo" ( 11).

8 – O holocausto: Edith mártir porque católica e hebréia.

Ir. Benedita não enfrenta temerariamente o martírio. Lembrada das palavras de Jesus (Mt 10,23): "Quando vos perseguirem numa cidade, fugi numa outra", de acordo e por sugestão dos mesmos superiores, procurou acolhida num Carmelo da Suíça, e as práticas estavam indo bem. Mas por causa da convocação em Amsterdã pela Gestapo, deu-se conta que não teriam hesito positivo. Pediu também para a Espanha.

Por enquanto Ir, Benedita está ocupada com o estudo e a contemplação dos escritos de são João da Cruz (por encargo da superiora, em vista de uma publicação para o 4º centenário do nascimento do santo, 1942). "Na conclusão de sua analise do Cântico espiritual... podemos ler todo seu destino, discernir a luz da Cruz pela qual será iluminada a misteriosa noite de seu fim:..."O casamento espiritual da alma com Deus, fim pelo qual a alma foi criada, é comprado pela Cruz, consumado na Cruz e por toda a eternidade marcado com o sigilo da Cruz".

Edith Stein em Auschwitz
[pintura de Rudolf Brückner]

Eis, em síntese, a parte final do drama: o ano 1942 marca o começo das deportações em massa dos hebreus para Leste: campos de trabalho,minas de sal, salas de gás. Diante destes ferozes eventos, os Bispos da Igreja da Holanda, de acordo com a Igreja Reformada, enviam ao Comissário do Reich um longo telegrama de protesta (11 de julho 1942).

Com base neste passo, o Chefe nazista se diz disposto a não mexer com aqueles cristãos de origem hebraica que podem demonstrar sua pertença a uma comunidade cristã antes do 1º de janeiro de 1941.

Os bispos acham totalmente insuficiente esta resposta, porque não tange a questão de fundo, as deportações em massa, e – de acordo com a maioria dos ministros protestantes – mandam ler em todas as igrejas do país (domingo 26 de julho) uma carta pastoral, na qual registrava-se o protesto e o urgente apelo do telegrama. Mais ainda mencionava-se o troca de idéias com o Comissário do Reich, e se concluía com um ardente apelo para a oração em prol de uma justa paz e para o povo hebreu tão duramente provado.

Conclusão? Na manhã do 2 de agosto, o Comissário do reich ordena que todos os religiosos e religiosas não arianos presentes nos conventos holandeses sejam deportados. E na tarde do mesmo 2 de agosto de 1942 a Gestapo vem prender as irmãs Stein. Em poucos minutos as duas irmãs devem deixar o convento. Inúteis todos os protestos da superiora.

A última palavra de Ir. Benedita, deixando o Carmelo é direcionada para a irmã: "Vem, diz-lhe, tomando sua mão – vamos para nosso povo".

Na mesma tarde, o comissário Schmidt deixa uma declaração oficial, segundo a qual, tendo os bispos católicos recusado de respeitar o segredo das negociações, as autoridades alemãs se vêem constrangidas a "perseguir os católicos hebreus, como seus piores inimigos, garantindo o mais cedo possível a deportação para Leste".

Edith foi levada por alguns dias no campo holandês de Westerbork, e depois, aos 7 de agosto, num trem chumbado, com outros hebreus,para Auschwitz. Esses elementos nos dão a certeza que Edith Stein foi presa e deportada porque católica hebréia, e não simplesmente como hebréia, por represália contra a Igreja Católica da Holanda.

Para os hebreus católicos deportados tinha um tratamento – se possível – mais duro ainda, mais do que os outros. Em Auschwitz-Birkenau, chegado o combóio, aos 9 de agosto de 1942, as irmãs Stein entram, com outras deportadas, nos quartos de gás.

Na última carta que, mesmo deportada, conseguiu fazer chegar ao Carmelo de Echt, escrevera: "Pode-se adquirir uma Ciência da Cruz [era o título de seu último libro, inacabado], só se começa a sofrer verdadeiramente o peso da Cruz. Disso tenho a íntima convicção desde o primeiro instante, e do profundo do coração disse: "Salve, ó Cruz, única esperança".

No túnel da morte, o coração de Edith palpita: "A Cruz é toda luz: a madeira da Cruz tornou-se luz do Cristo".


DO SITE.:http://www.gesuiti.it/moscati/Brazil/Pr_Stein_Gar2.html


Notas
10. E.De Miribel, Edith Stein, Ed. Paoline, Milano 1987, p.120.
11.
J.Bouflet, o.c., pp. 287-288.