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quinta-feira, 21 de junho de 2012

IX Congresso Regional Norte e Nordeste da OCDS Província São José




Recife – 7 a 10 de Junho de 2012
Tema: “O broto nascido cresce e expande suas raies.”
Lema: “Enraizados em Cristo...(CI 2,7) anunciem suas misericórdias (Mc 5,19)”

“A experiência pessoal da fé no amor ao próximo”
    Ao nos depararmos com a virtude teologal da fé, abri-nos para cada um de nós o questionamento: Estamos agindo verdadeiramente como discípulos e Missionários de Jesus? Somos sinais visíveis no mundo de sua luz e de seu amor? É preciso um olhar “enraizado” como o sugere nosso congresso, no amor e na participação, ativa e efetiva na comunidade, sob a luz da Palavra de Deus e de sua Santa Igreja: “Os discípulos de Jesus serão reconhecidos se amarem uns aos outros, como Ele nos amou.”
     Praticar o amor ao próximo tornou-se então a principal tarefa e a mais idêntica forma de exercer o seguimento de Jesus Cristo. Ser fraterno já é em si uma consequência do amor. “Ama-se aquilo que se conhece” e conhecer a Jesus, ser discípulo Dele é conhecer o amor. Amor que se doa que se oferece que acolhe e que ama a ponto de entregar- se ao mais alto cume da doação. Alcançar o amor de Jesus sem amar ao irmão que está próximo é de fato um disparate. “Quem ama a Deus que não vê e odeia o próximo que vê é mentiroso” o próximo será sempre o responsável pela demonstração do amor que tenho a Deus.
     Amar fraternalmente é amar completamente, e isso só acontece sem exceções, “Ser o amor” é o ápice do cumprimento do mandamento de Jesus, amar ao ponto de amar como Ele nos amou. Aquilo que fazemos que exercemos na nossa vida comunitária, requer de cada um de nós um esforço pessoal, um desapegar-se de si mesmo para ir ao encontro do outro, um oferecimento de si próprio, deixando muitas vezes de fazer só aquilo que nos convém. E sobretudo entender as necessidades alheias e respeitar as limitações de cada um ajudando no que tiver ao nosso alcance para que o irmão seja o reflexo, um outro Jesus, visível, disfarçado na pessoa do próximo.
    É um verdadeiro exercício de crescimento na fé e na comunhão aquilo que possuímos na convivência com nossas comunidades e grupos da OCDS. A Caridade unida à fraternidade é a mais rica forma de exercer na comunidade a comunhão dos discípulos e missionários de Jesus. “É extremamente importante amar-vos muito umas as outras; porque não há problema que não seja resolvido com facilidade entre os que se amam.” Percebamos aí a novidade que Jesus insere na dimensão do amor partilhado, entendido e praticado por nossa Santa Madre Teresa. Amar fraternalmente tem a força de romper orgulhos, vaidades, que impedem um cumprimento perfeito daquilo que Jesus veio instaurar na humanidade. “Quem não ama o próximo não vos ama Senhor meu, pois vimos demonstrado com tanto sangue o amor tão grande que tendes aos filhos de Adão.” Para que a nossa oração e o nosso apostolado estejam plenamente ligados ao amor e a fraternidade, é necessário amar muito o que se faz em benefício primeiramente do próximo: “O benefício da alma não está em pensar muito, e sim em amar muito.” Façamos de nossos encontros fraternos esta oportunidade que nos dá o Senhor de o imitarmos, praticando a luz de sua Santa Palavra e de seu amor incondicional por cada um de nós, o bem comum, onde realiaremos com amor e confiança o seu projeto no mundo.
     A mensagem de nossa Santa Madre Teresa de Jesus vem nos inspirar e nos impulsionar a realizar na convivência, o sentido e o valor do amor mutuo:
“Quem vos ama de verdade, Bem meu, vai seguro por um caminho amplo e real, longe do despenhadeiro, estrada na qual ao primeiro tropeço, Vós Senhor, dais a mão, não se perde, por uma queda e nem mesmo por muitas quem tiver amor a Vós, e não as coisas do mundo. Quem assim é percorre o vale da humildade.”

Em orações,
Paulo Gauttiele Ribeiro, ocds.
(Coordenador do Grupo São João da Cruz, OCDS de Ibiapina – Ce)
  

quarta-feira, 20 de junho de 2012

EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA DA FÉ NA TRILHA DE SANTA TERESA DE JESUS E À LUZ DO DOCUMENTO DE APARECIDA




EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA DA FÉ NA TRILHA DE SANTA TERESA DE JESUS E À LUZ DO DOCUMENTO DE APARECIDA

Luciano Dídimo

1- Experiência comunitária da fé

A palavra “comunidade” tem origem no termo latim communitas. O conceito refere-se à qualidade daquilo que é comum.
Em biologia, comunidade é o conjunto de todos os organismos vivos, de todos os tipos, que habitam um mesmo ecossistema. Na sociologia, comunidade é um conjunto de pessoas que se organizam sob o mesmo conjunto de normas, geralmente vivem no mesmo local, sob o mesmo governo ou compartilham do mesmo legado cultural e histórico. Politicamente, a comunidade é um grupo de países que se associam para atingir determinados objetivos comuns, como por exemplo, a União Europeia.
Existem, ainda, comunidades virtuais, constituídas por pessoas com interesses e objetivos semelhantes e ligações em comum, mas que se relacionam apenas virtualmente através das tecnologias da informação, como as comunidades existentes nas redes sociais da internet.
A comunidade em sentido religioso é formada por pessoas que partilham da mesma crença e pode ter várias amplitudes, como comunidade dos cristãos, comunidade dos católicos, comunidade carmelitana, comunidade carmelitana secular, até chegar às comunidades locais da OCDS, das quais participamos.
A palavra “experiência” significa prática, vivência.
A palavra “fé” significa crença, convicção.
Dessa forma o termo “experiência comunitária da fé” significa a prática, a vivência em comum daquilo que cremos, que acreditamos, que temos convicção de que é verdade.
Assim, o carmelita secular praticará sua fé comunitariamente.
O Documento Ratio Institutionis para a Ordem Secular nos conceitua a comunidade carmelita secular:

24. A comunidade secular do Carmelo é uma associação de fiéis de Cristo, inspirada pelo ideal da Igreja Primitiva onde “tinham um só coração e uma só alma” (At. 4,32). Seus membros são animados pela espiritualidade do Carmelo Descalço.

25. A comunidade secular expressa o mistério da Igreja-Comunhão. E de fato, ele provém da comunhão entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, de quem ela se alimenta. Ela toma parte na missão da Igreja, missão de convidar a todos para comunhão entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo (LG 1,19).

2 – Na trilha de Santa Teresa de Jesus



Em comunidade, vamos viver a nossa fé seguindo um caminho especial: sendo carmelitas. Existem muitos caminhos que nos levam a Jesus. Santa Teresa de Jesus nos mostra um desses caminhos. Ela nos mostra um carisma a ser vivido.
O carisma de Santa Teresa é mais um entre tantos outros carismas da nossa Igreja Católica. No Catecismo da Igreja Católica encontramos o significado e a finalidade dos carismas para a Igreja:

§799 Quer extraordinários quer simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, direta ou indiretamente, têm urna utilidade eclesial, pois são ordenados à edificação da Igreja, ao bem dos homens e às necessidades do mundo.
§800 Os carismas devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também por todos os membros da Igreja, pois são uma maravilhosa riqueza de graça para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo, contanto que se trate de dons que provenham verdadeiramente do Espírito Santo e que sejam exercidos de maneira plenamente conforme aos impulsos autênticos deste mesmo Espírito, isto é, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas.

Assim, os membros da Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares devem viver comunitariamente a fé cristã segundo o carisma Teresiano, ou seja, segundo o espírito de Santa Teresa.
O Documento final do Definitório Geral Extraordinário realizado em Ariccia de 0 5 a 12/09/2011, intitulado “Como devemos ser? Comunidades teresianas para a Igreja e o mundo de hoje” conclui que devemos “constituir comunidades teresianas que sejam lugares de autêntico crescimento humano e espiritual e de irradiação da verdade e beleza nelas experimentadas. (...) Naturalmente, a comunidade em sentido teresiano significa algo bem específico. É um modo de ser, que requer profunda re-orientação da pessoa no triplo sentido indicado por Teresa,  a saber, no amor fraterno, no desapego do mundo e na humildade. Sem isso não existe comunidade em sentido teresiano.” A poesia abaixo sintetiza todo o conteúdo do documento:


Como devemos ser?[i]

A comunidade teresiana
deve viver seu carisma
no mundo atual

Deve viver o amor,
a verdadeira humildade
e o desapego total

Deve ser um lugar
de autêntico crescimento
humano e espiritual

Deve ser um lugar
que obtenha fruto
experiencial

E que irradie
a beleza e a verdade
como meta final

                           Luciano Dídimo


2.1. A comunidade teresiana deve viver seu carisma no mundo atual

Devemos viver o carisma teresiano de acordo com a realidade atual e não como se estivéssemos há cem, duzentos ou quinhentos anos atrás. É por isso que a Ordem nos dá subsídios através de cartas, documentos e constituições que periodicamente vão sendo atualizados para que a vivência do carisma seja adaptada à mudança dos tempos. O carisma é e continuará sendo sempre o mesmo. A forma de vivenciá-lo é que vai sendo modificada.
Dessa forma, o carmelita secular não poderá, por exemplo, viver o seu carisma segundo as Normas de Vida, de 1979, porque tal documento foi substituído pelas Constituições da OCDS no ano de 2003.

2.2. Deve viver o amor, a verdadeira humildade e o desapego total

Os três pontos fundamentais do carisma teresiano são exatamente estes: amor fraterno, humildade e desapego, conforme escrito pela própria santa em seu livro Caminho de Perfeição:
“A primeira é o amor de uns para com os outros; a segunda, o desapego de todo o criado; a terceira, a verdadeira humildade - que, embora tratada por último, é a principal, abarcando todas” (C 4,4).

Assim nossas Constituições OCDS ressaltam a importância desses pontos para a oração e para a vida espiritual da Ordem Secular:

7. A origem do Carmelo Descalço se encontra na pessoa de Santa Teresa de Jesus. Ela viveu uma profunda fé na misericórdia de Deus, que a fortaleceu para perseverar na oração, humildade, amor fraterno e amor pela Igreja, que a conduziu à graça do matrimônio espiritual. Sua abnegação evangélica, sua disposição ao serviço e sua constância na prática das virtudes são um guia cotidiano para viver a vida espiritual. Seus ensinamentos sobre a oração e a vida espiritual são essenciais para a formação e a vida da Ordem Secular.

2.2.1 .  Amor fraterno

A vida fraterna é inspirada primeiramente na Regra de Santo Alberto, conforme explica a Ratio para a OCDS em seu art. 26:

26. A vida fraterna, inicialmente, se inspira na regra “primitiva” dos Irmãos da Bem Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo dada por Santo Alberto, patriarca de Jerusalém e confirmada por Inocêncio IV. Fieis aos ensinamentos de Nossa Santa Madre Teresa, os membros são conscientes de que seu compromisso não pode ser levado sozinho; a sua vida fraterna é um lugar privilegiado onde eles se aprofundam, se formam e amadurecem.

A poesia abaixo vai nos apontar a fraternidade como um dos pontos presentes na Regra que deve ser observado na caminhada em comunidade:

A Regra do Carmo

A Regra do Carmo
é um dos caminhos
que nos leva a Jesus,
nosso Salvador.

Nessa caminhada
seguimos Elias
e Nossa Senhora,
exemplos de Amor.

Buscamos o alvo
pela meditação,
silêncio, trabalho
e fraternidade.

Somos carmelitas,
vivemos a Regra,
subimos o Monte
em comunidade.

                       Luciano Dídimo

O Estatuto Particular da Província São José da OCDS nos orienta como deve acontecer a vida fraterna em nossas comunidades:

21. Unidos ao Deus Trindade pelo amor, os membros da Comunidade também o serão entre si, à imitação das comunidades cristãs primitivas que viviam como se fossem um só coração e uma só alma. Para criar e favorecer tal espírito são necessários atos comuns: os membros da Comunidade devem participar da oração comunitária, onde escutarão a Palavra de Deus para vivê-la no enriquecimento do diálogo fraterno, das reuniões, da recreação caracterizada pela alegria e simplicidade. Destes atos, expressões características do espírito fraterno, ninguém, está desobrigado. Quem não os puder frequentar, justifique-se com o Presidente, se possível antes da reunião.

22. O Presidente ou seu representante manterá contato com aqueles que, por justo motivo, não comparecerem às reuniões.

23. Os membros que habitualmente não puderem comparecer às reuniões e atividades formativas,  devem pedir, por escrito, ao Conselho da Comunidade, um afastamento temporário.

24. Os enfermos deverão ser permanentemente lembrados nas orações da Comunidade, visitados por seus membros, e incentivados a colocarem este particular período de sofrimento como fecundo exemplo de fé cristã para todos.

25. Para favorecer a atuação e o dinamismo da Comunidade, escolher-se-á entre seus membros coordenadores com a incumbência de dinamizar as seguintes atividades:
orações, celebrações e animação espiritual;
ação missionária;
pastoral vocacional;
recreação.

26. Para favorecer o mútuo conhecimento e incentivar a ajuda mútua e cooperação nas necessidades aconselha-se organizar a cada ano:
uma reunião de todas as Comunidades da Província ou de uma região;
um dia de convivência, de preferência reunindo-se mais de uma Comunidade.

27. Com o fim de favorecer o espírito da Família Carmelitana – religiosos, religiosas e seculares – é muito útil que os irmãos se encontrem em circunstâncias particulares, porque é desejável que participem:
da celebração da Liturgia das Horas;
da Missa da Comunidade;
da Salve Regina;
das festas da Ordem;
da Páscoa, etc...

28. Cada Comunidade fará celebrar periodicamente Missa nas seguintes intenções:
aniversariantes;
membros e Assistentes Espirituais da Comunidade falecidos;
falecidos da Ordem.

2.2.2. Verdadeira humildade

O Documento Final do Definitório Geral Extraordinário da Ordem dos Carmelitas Descalços, realizado em Ariccia, “COMO DEVEMOS SER? – COMUNIDADES TERESIANAS PARA A IGREJA E O MUNDO DE HOJE” nos explica de forma muito simples e profunda o que é a humildade para Santa Teresa de Jesus:

A humildade para Teresa é algo mais do que uma virtude entre as outras. Teresa fala de “verdadeira humildade” porque a humildade que ela tem em mente é o resultado de uma experiência cognoscitiva, é a condição característica de quem encontrou a Verdade, na sua dupla face: a Verdade do Deus Amor e a verdade da própria humanidade pobre e ferida, mas amada, tanto mais radicalmente porque não há outra razão desse amor que não seja a bondade de Deus. Neste sentido, humildade não significa desestima para com o homem, mas ao contrário estrada mestra para que o homem realize a altíssima vocação a que é chamado. Por isso a humildade é a condição própria de Jesus Cristo, exprime sua atitude fundamental diante da existência. Seguir Jesus significa portanto,  antes e mais do que qualquer outra coisas, assumir como própria essa atitude: “Tende em vós, os mesmos sentimentos que foram de Cristo Jesus” (Fil 2,5), isto é, o seu abaixamento e a sua obediência para compartilhar da sua exaltação. Trata-se de uma “altíssima humildade”, que enquanto abaixa e dobra, ao mesmo tempo eleva e restitui dignidade à pessoa. É por isso que Teresa, quando tem presente a “verdadeira humildade”, concebe-a como uma virtude soberana, compara-a à “rainha” no jogo de xadrez (C 16,2)

2.2.3. Desapego total

Desapegar-se das coisas é colocar Cristo no centro de tudo, Cristo acima de tudo, Cristo à frente de tudo. Assim nos orientam as Constituições OCDS:

10. Cristo é o centro da vida e da experiência cristãs. Os membros da Ordem Secular são chamados a viver as exigências de seu seguimento em comunhão com ele, aceitando seus ensinamentos e entregando-se a sua pessoa. Seguir Jesus é participar em sua missão salvífica de proclamar a Boa Nova e de instaurar o Reino de Deus (Mt 4,18-19). Há diversos modos de seguir Jesus: todos os cristãos devem segui-lo, fazer dEle a norma de sua vida e estar dispostos a cumprir três exigências fundamentais: colocar os vínculos familiares abaixo dos interesses do Reino e da pessoa de Jesus (Mt 10,37-39; Lc 14,25-26); viver o desapego das riquezas para demonstrar que a chegada do Reino não se apoia em meios humanos e sim na força de Deus e na disponibilidade da pessoa humana diante dEle (Lc 14,33); levar a cruz da aceitação da vontade de Deus manifestada na missão que Ele confia a cada um (Lc 14,27[1]; 9,23).

2.3. Deve ser um lugar de autêntico crescimento humano e espiritual

O meio que a comunidade nos oferece para crescermos humanamente e espiritualmente é através da formação, conforme Constituições OCDS:

34. A formação teresiano-sãojoanista, tanto inicial como permanente, ajuda a desenvolver no Secular uma maturidade humana, cristã e espiritual para o serviço da Igreja. Na formação humana desenvolvem a capacidade do diálogo interpessoal, o respeito mútuo, a tolerância, a possibilidade de serem corrigidos e de corrigirem com serenidade e a capacidade de perseverar nos compromissos assumidos.

(C, 19). O estudo e a leitura espiritual da Escritura e dos escritos de nossos Santos, especialmente dos que são Doutores da Igreja – Santa Teresa, São João da Cruz e Santa Teresa do Menino Jesus –, ocupam um lugar privilegiado para alimentar a vida de oração do Secular. Os documentos da Igreja são também alimento e inspiração para o compromisso do seguimento de Jesus.


Por isso o plano de formação da nossa Província São José OCDS aborda quatro dimensões: espiritual, carmelitana, doutrinal e humana.

2.4. Deve ser um lugar que obtenha fruto experiencial

Nossas comunidades devem ser lugares não apenas para receber aulas teóricas ou históricas sobre o carisma carmelitano, mas lugares de verdadeira prática e vivência desse carisma. Devem ser lugares onde aconteça essa experiência que transforma vidas, que confirma vocações e que nos movem a dar testemunho, a evangelizar, ao apostolado, enfim, à missão. Assim está em nossas Constituições OCDS:

(C, 27). O Carmelita Secular está chamado a viver e testemunhar o carisma do Carmelo Teresiano na Igreja particular, parte do povo de Deus na qual se faz presente e atua a Igreja de Cristo. Cada um procure ser testemunho vivo da presença de Deus e se responsabilize pela necessidade de ajudar a Igreja na pastoral de conjunto, em sua missão evangelizadora, sob a direção do bispo. Por esta razão, cada um tem um apostolado, seja em colaboração com outros na comunidade, seja individualmente.

(C, Epílogo) Como Seculares, filhos e filhas de Teresa de Jesus e João da Cruz, estão chamados a “ser perante o mundo testemunhas da ressurreição e vida do Senhor Jesus e sinal do Deus vivo”, mediante uma vida de oração, de um serviço evangelizador e por meio do testemunho de uma comunidade cristã e carmelitana.

2.5. E que irradie a beleza e a verdade como meta final

Irradiar a beleza e a verdade nada mais é do que um transbordamento de tudo o que foi vivenciado em comunidade. O amor fraterno, o desapego, a humildade, a formação humana e espiritual, a experiência adquirida, tudo isso será utilizado para o anúncio do Evangelho através de um apostolado individual ou comunitário, servindo à Igreja, servindo à Ordem e servindo à humanidade. Essa é a missão do carmelita secular, conforme Constituições OCDS e Estatuto Particular da Província São José da OCDS:

(C, 10). Cristo é o centro da vida e da experiência cristãs. Os membros da Ordem Secular são chamados a viver as exigências de seu seguimento em comunhão com ele, aceitando seus ensinamentos e entregando-se a sua pessoa. Seguir Jesus é participar em sua missão salvífica de proclamar a Boa Nova e de instaurar o Reino de Deus (Mt 4,18-19).

(C, 25). “Os fiéis leigos, precisamente por serem membros da Igreja, têm por vocação e por missão ser anunciadores do evangelho: para essa obra foram habilitados e nela empenhados pelos sacramentos da iniciação cristã e pelos dons do Espírito Santo”. A espiritualidade do Carmelo desperta no Secular o desejo de um compromisso apostólico maior, ao dar-se conta de tudo o que implica sua chamada à Ordem. Consciente da necessidade que tem o mundo do testemunho da presença de Deus, responde ao convite que a Igreja dirige a todas as associações de fiéis seguidores de Cristo, comprometendo-os com a sociedade humana por meio de uma participação ativa nas metas apostólicas de sua missão no horizonte do próprio carisma.

 (C, 26).  A vocação da Ordem Secular é verdadeiramente eclesial. A oração e o apostolado, quando são verdadeiros, são inseparáveis. A observação de Santa Teresa de que o propósito da oração é “o nascimento de boas obras” recorda à Ordem Secular que as graças recebidas sempre devem ter um efeito em quem as recebe. Individualmente ou como comunidade, e sobretudo como membros da Igreja, a atividade apostólica é fruto da oração. Onde seja possível, e em colaboração com os superiores religiosos e com a devida autorização dos encarregados, as comunidades participam do apostolado da Ordem.

(EPPSJ, 17).  Baseado em nossa Santa Madre Teresa, que iluminada pela experiência do mistério da Igreja, quis que a nossa oração, vida fraterna e abnegação evangélica fossem impregnadas de um ideal apostólico, o Carmelita Secular procurará trabalhar em diversos campos a serviço da Igreja com as palavras e com as obras, mais com estas do que com aquelas.

3 - À LUZ DO DOCUMENTO DE APARECIDA


Como devemos ser?


A comunidade teresiana
deve viver seu carisma
no mundo atual



COMUNIDADE

(DA, 156).  A vocação ao discipulado missionário é convocação à comunhão em sua Igreja. Não há discipulado sem comunhão. Diante da tentação, muito presente na cultura atual de ser cristãos sem Igreja e das novas buscas espirituais individualistas, afirmamos que a fé em Jesus Cristo nos chegou através da comunidade eclesial e ela “nos dá uma família, a família universal de Deus na Igreja Católica. A fé nos liberta do isolamento do eu, porque nos conduz à comunhão”.

Deve viver o amor,
a verdadeira humildade
e o desapego total


VIDA FRATERNA

(DA, 158). Igual às primeiras comunidades de cristãos, hoje nos reunimos assiduamente para “escutar o ensinamento dos apóstolos, viver unidos e participar do partir do pão e nas orações” (At 2,42). A comunhão da Igreja se nutre com o Pão da Palavra de Deus e com o Pão do Corpo de Cristo.


Deve ser um lugar
de autêntico crescimento
humano e espiritual


FORMAÇÃO

(DA, 212). Para cumprir sua missão com responsabilidade pessoal, os leigos necessitam de uma sólida formação doutrinal, pastoral, espiritual e um adequado acompanhamento para darem testemunho de Cristo e dos valores do reino no âmbito da vida social, econômica, política e cultural.


Deve ser um lugar
que obtenha fruto
experiencial



TESTEMUNHO

(DA, 159). A Igreja, como “comunidade de amor” é chamada a refletir a glória do amor de Deus que, é comunhão, e assim atrair as pessoas e os povos para Cristo. A Igreja “atrai” quando vive em comunhão, pois os discípulos de Jesus serão reconhecidos se amarem uns aos outros como Ele nos amou (cf. Rm 12,4-13; Jo 13,34).



E que irradie
a beleza e a verdade
como meta final





MISSÃO

(DA, 184). A condição do discípulo brota de Jesus Cristo como de sua fonte pela fé e pelo batismo e cresce na Igreja, comunidade onde todos os seus membros adquirem igual dignidade e participam de diversos ministérios e carismas. Deste modo, realiza-se na Igreja a forma própria e específica de viver a santidade batismal a serviço do Reino de Deus.

(DA, 211). Os leigos também são chamados a participar na ação pastoral da Igreja, primeiro com o testemunho de sua vida e, em segundo lugar, com ações no campo da evangelização, da vida litúrgica e outras formas de apostolado segundo as necessidades locais sob a orientação de seus pastores.

                           Luciano Dídimo






[i] Inspirado no texto “COMO DEVEMOS SER? – COMUNIDADES TERESIANAS PARA A IGREJA E O MUNDO DE HOJE” (Documento Final do Definitório Geral Extraordinário da Ordem dos Carmelitas Descalços, realizado em Ariccia, de 05 a 12 de setembro de 2011)

O compromisso missionário dos membros da OCDS na igreja e no mundo




"A Igreja peregrina é missionária por natureza, porque tem sua origem na missão do Filho e do Espírito Santo, segundo o desígnio do Pai". Por isso, o impulso missionário é fruto necessário à vida que a Trindade comunica aos discípulos.(DA347)


Cidinha Paula,ocds


VIVER E COMUNICAR A VIDA NOVA EM CRISTO  NOSSOS POVOS
Neste tópico tem duas palavras importantes. Primeiro: natureza.
A Igreja é missionária por sua natureza essência. Essa essência é de Deus, porque ―este desígnio brota do amor de Deus, isto é, da caridade de Deus Pai.   Em outras palavras, a missão vem de Deus porque Deus é amor, um amor que não se contém, que transborda, que se comunica, que sai de si já com a criação do mundo, e conseqüentemente ao pecado da humanidade, com a história da salvação para reintegrar as criaturas na vida plena do Reino. É a Missio Dei, o próprio Deus que se auto-envia pela missão do Filho e do Espírito através dos quais o próprio Pai se revela como amor (cf. Jo 14,9).Resumindo, Deus é missão.
A segunda palavra é missionária. A Igreja é por sua natureza missionária. Isso constitui uma revolução no próprio conceito de Igreja, que procede da missio Dei. Não é mais a Igreja que envia missionários, mas é ela própria enviada como missionária. Seu envio não é conseqüência: é essência.
A atividade missionária não é tanto uma ação da Igreja, mas é simplesmente a Igreja em ação.

Um Deus humano
Jesus causa desconforto, conflito com as estruturas de poder da sociedade. O anuncio de um Deus tão humano deixa os homens da Lei e os poderosos indignados.
Se o Evangelho é uma Boa Nova libertadora para os pobres e os humildes, ao mesmo tempo, é uma notícia terrível e ameaçadora para os ricos e os poderosos (cf. Lc 1,52-53).

Uma vida plena
  Fazer discípulos na missão (cf. Mt 28,19), portanto, quer dizer fazer irmãos. A comunhão de vida estabelecida mediante relações fraternas constitui a origem, o caminho e a meta da missão: ―descobrimos, dessa forma, uma profunda lei da realidade: a vida só se desenvolve plenamente na comunhão fraterna e justa (DA 359).

Uma missão que comunica vida
A partir daqui entendemos por que uma vida plena segundo o Evangelho é uma vida que se torna dom. A vida de Jesus foi um dom: ―tomai e comei, isto é o meu corpo. Nós fazemos eucaristicamente memória desse dom quando nos entregamos inteiramente à doação, até coincidir rigorosamente com o Dom recebido.
A referência maior é o Mestre e Senhor que lava os pés (Jo 13,1-17) e que recomenda: ―vocês devem fazer a mesma coisa que eu fiz (Jo 13,15). Ou, em outras palavras: “fazei isto em memória de mim”.
A Eucaristia é o centro vital do universo, capaz de saciar a fome de vida e felicidade: Aquele que se alimenta de mim, viverá por mim‘ (Jo 6,57). Nesse banquete feliz participamos da vida eterna e, assim, nossa existência cotidiana se converte em Missa prolongada (DA 354).

RENOVAÇÃO MISSIONÁRIA DAS COMUNIDADES
A missão de comunicar vida é a razão de ser da Igreja (cf. DA 373) Por isso ela é chamada a desinstalar-se: a Igreja necessita de forte comoção que a impeça de se instalar na comodidade, no estancamento e na indiferença, à margem do sofrimento dos pobres do Continente (DA 362).
Se missão significa envio, todo envio pressupõe um deslocamento e uma saída: nós somos agora, na América Latina e no Caribe, seus discípulos e discípulas, chamados a navegar mar adentro para uma pesca abundante. Trata-se de sair de nossa consciência isolada e de nos lançarmos, com ousadia e confiança , à missão de toda a Igreja (DA 363). A conversão missionária da qual fala o DA em uma de suas páginas centrais (cf. 7.2 Conversão pastoral e renovação missionária das comunidades) trata-se substancialmente de uma saída. Na saída de si, do círculo da própria comunidade e dos confins da própria terra, se realiza para a Igreja essa conversão. Paradoxalmente, é nessa saída que a Igreja encontra sua razão de ser e sua própria identidade.

“Temos que ser de novo evangelizados” (DAp 549)
O tema da conversão, antes de ser dirigido aos destinatários da missão, é apontado pelo DA como exigência fundamental para a própria Igreja. Com o mesmo espírito do Vaticano II, Aparecida analisa que, na atual conjuntura de grandes mudanças, ―sentimo-nos desafiados a discernir os sinais dos tempos (DA 33) e a assumir uma atitude de permanente conversão pastoral (DA 366). Na mudança global a Igreja precisa mudar também, mas não apenas pastoralmente ―seu jeito de ser, ela precisa ser evangelizada de novo para converter-se numa Igreja cheia de ímpeto e audácia evangelizadora (cf. DA 549). Conversão é um convite para Igreja e não, primeiramente, para o mundo.

Como “peregrinos a caminho” (DA 553)
 A missão consiste no seguinte: não podemos esperar que as pessoas venham a nós, precisamos nós, ir ao encontro delas e anunciar-lhes a Boa Nova ali mesmo onde se encontram. Esse princípio parece quase óbvio. No entanto, na prática, a Igreja sempre teve a tentação de evangelizar os povos a partir de sua própria condição, permanecendo em seu lugar, a partir de sua própria cultura, enviando e delegando seus missionários, mas sem se envolver num movimento de saída e de inserção nas situações que desejavam evangelizar.
Missionário não é, em si, aquele que acolhe, mas é o acolhido.
Uma Igreja enviada é uma Igreja que está fora de casa, que faz a experiência radical do seguimento, do despojamento e da itinerância, como companheira dos pobres (cf. DA 398) e como hóspede na casa dos outros.
O verbo mittere, origem da palavra missão, quer dizer também libertar, deixar andar, soltar: o envio tem tudo a ver com liberdade e libertação. O anúncio do Reino de Deus precisa andar solto pelo caminho.

“Além de uma pastoral de mera conservação” (DA 370)
Somos convidados a transformar não apenas as nossas pessoas, mas o nosso próprio agir. Praticamente, devemos passar do hábito de apenas planejar , mas continuamente avaliá-lo, acompanhá-lo, modificá-lo: ―Esse projeto diocesano exige acompanhamento constante por parte do bispo, dos sacerdotes e dos agentes pastorais, com atitude flexível que lhes permita manter-se atentos às exigências da realidade sempre mutável (DA 371).
A nota do DA é extremamente indicativa: ―não se trata só de estratégias para procurar êxitos pastorais mas da fidelidade na imitação do Mestre (DA 371). Ter um projeto missionário significa imitar Jesus, ser fiel a ele. Ele teve um projeto missionário? Sim, sem dúvida. O encontramos em Mateus 9,35-10,42. Ai podemos buscar linhas mestras para traçar nossos projetos e nosso caminhos.

NOSSO COMPROMISSO COM A MISSÃO AD GENTES

A Igreja se encontra hoje numa situação de diáspora diante da fragmentação e da multi-culturalidade do mundo atual.O catolicismo na América Latina perde porcentagens de supostos adeptos e assiste ao crescimento das igrejas pentecostais.
 Nessa situação de efervescência, cidades e metrópoles substituíram aldeias em todos os continentes. Sabedorias populares e estruturas comunitárias deram lugar à autonomia e à liberdade das pessoas. A questão religiosa, no seu conjunto, se amplifica e se aprofunda diante dos desafios do mundo pós-moderno e globalizado (cf. DA 37). Para a humanidade do século XXI, a religião torna-se sempre mais  uma mercadoria para satisfazer as necessidades/desejos espirituais de sentido dos indivíduos, dispensando, porém, a adesão a uma comunidade e a afiliação a uma confissão .
Numa realidade marcada por grandes e profundas mudanças, a Igreja procura encarar os desafios do mundo de hoje com uma atitude ambivalente: de um lado, positivamente, com confiança, atenção e escuta, discernindo os ―sinais dos tempos em que Deus se manifesta (DA 366); por outro, com apreensão, frente ―à desordem generalizada que se propaga por novas turbulências sociais e políticas, pela difusão de uma cultura distante e hostil à tradição cristã (DA 10).

Missão aos corações
Por isso que a missão não é primariamente uma questão de estruturas, de métodos e de estratégias, mas é uma questão de homens e mulheres novos: ―não há novas estruturas se não há homens novos e mulheres novas que mobilizem e façam convergir nos povos ideais e poderosas energias morais e religiosas (DA 538). O diálogo e o anúncio missionário, antes de mais nada, precisa passar de pessoa a pessoa, de casa em casa, de comunidade a comunidade (...) procurando dialogar com todos em espírito de compreensão e de delicada caridade (DA 550). De coração a coração, objetivo da missão é converter os corações, fazendo com que todos se tornem discípulos missionários (cf. Mt 28,19). Isso significa praticar a Palavra e reconhecer-se como irmãs e irmãos, filhos do mesmo Pai, uns com os outros, próximos aos demais no mundo inteiro.

Comunidade missionária
O segundo âmbito da missão ad gentes que podemos identificar no DA é a constituição da comunidade missionária:
A Diocese, em todas as suas comunidades e estruturas, é chamada a ser comunidade missionária (cf. ChL 32). Cada Diocese necessita fortalecer sua consciência missionária, saindo ao encontro dos que ainda não crêem em Cristo no espaço de seu próprio território e responder adequadamente aos grandes problemas da sociedade na qual está inserida. Mas também, com espírito materno, é chamada a sair em busca de todos os batizados que não participam na vida das comunidades cristãs (DA168).
Trata-se de uma firme decisão que ―deve impregnar todas as estruturas eclesiais e todos os planos pastorais de dioceses, paróquias, comunidades religiosas, movimentos e de qualquer instituição da Igreja (DA 365). Aqui, a consciência missionária é explicitamente ad gentes porque se caracteriza pela saída ao encontro dos que ainda não crêem em Cristo, e só como complemento a comunidade é chamada a sair em busca de todos os batizados que não participam na vida das comunidades cristãs.

Missão Continental

“Assumimos o compromisso de uma grande missão em todo o Continente, que de nós exigirá aprofundar e enriquecer todas as razões e motivações que permitam converter cada cristão em discípulo missionário. Necessitamos desenvolver a dimensão missionária da vida de Cristo. A Igreja necessita de forte comoção que a impeça de se instalar na comodidade, no estancamento e na indiferença, à margem do sofrimento dos pobres do Continente. Necessitamos que cada comunidade cristã se transforme num poderoso centro de irradiação da vida em Cristo. Esperamos em novo Pentecostes que nos livre do cansaço, da desilusão, da acomodação ao ambiente; esperamos uma vinda do Espírito que renove nossa alegria e nossa esperança. Por isso é imperioso assegurar calorosos espaços de oração comunitária que alimentem o fogo de um ardor incontido e tornem possível um atraente testemunho de unidade para que o mundo creia (Jo 17,21) (DA 362).
Nesse esforço, as comunidades cristãs podem ganhar de qualidade em sua vivência e testemunho missionário sem, porém alcançar as metas esperadas. Com efeito, a nova evangelização encontra na figura do semeador uma sua possível metáfora. O lugar não é mais o redil do Bom Pastor. Agora o campo é o mundo (Mt 13,48), lugar aberto, de risco e de insegurança, onde o semeador sai para semear. Ele lança a semente em todo tipo de terreno, mas não é ele que rega (cf. 1Cor 3,7) menos ainda aquele que faz crescer (cf. Mc 4,26-29). A ação do semeador é marcada por uma gratuidade radical: ele somente lança a Palavra de Deus, talvez pequena como semente de mostarda (cf. Mc 4,30-32) e não se preocupa nem de arrancar o joio (cf. Mt 13,29). Mas é animado por uma profunda esperança de que algo possa dar fruto.

Missão ad gentes
A missão ad gentes é uma atividade marcada pela pura fé.
Para o DA, as gentes destinatárias da missão são, em primeiro lugar, os pobres, enquanto carecem de reconhecimento por parte da sociedade com um todo. São os excluídos, ―não são somente explorados, mas supérfluos e descartáveis (DA 65), povo de rua, migrantes, enfermos, dependentes químicos, presos (cf. DA 8.6), pessoas que representam somente um custo e que, portanto, para a lógica neo-liberal, devem ser eliminados.
Também destinatária dessa missão é a família (cf. DA 548), como patrimônio da humanidade inteira, núcleo da sociedade mundial, afetado por difíceis condições de vida que ameaçam diretamente sua existência (cf. DA 432), junto a todos seus sujeitos (crianças, adolescente, jovens, idosos, mulheres, homens, mãe e pai de família). O DA não esquece dos areópagos da cultura moderna global : o mundo da educação, da comunicação, da política, da economia, da ciência e tecnologia, onde o Evangelho e a Igreja são vistos muitas vezes como estranhos e hostis. Enfim, um enfoque especial sobre a cidade, onde surgem novos costumes e modelos de vida, e sobre os indígenas e afro-descendentes, com os quais a missão ad gentes tem uma dívida histórica.
Tudo isso representa para a Igreja da América Latina e Caribe uma missão ad gentes fora de sua casa e de seus quintais. Podemos dizer que ela está mergulhada nessa missão, e que, portanto, constitui para ela e seus missionários uma atividade primária e essencial, jamais concluída.

Missão universal
Vivemos num mundo globalizado – queiramos ou não queiramos – que nos impele para uma visão mundial dos desafios e das perspectivas para a humanidade (cf. DA 406). Somos cidadãos mundiais que precisam cuidar do planeta-casa e da humanidade-família (cf. DA 470 – 475).
Muitas vezes no nosso ministério lembrar aos cristãos que eles são missionários pelo batismo e por sua própria vocação (cf. DA 284 – 285; 377), mas não se recorda, com o mesmo ânimo, que são universais, católicos, e que têm compromissos com o mundo inteiro. Sem essa característica se desvirtua completamente o ser discípulo missionário. A paixão pelo mundo, própria da vocação cristã, se expressa no sentir e no vibrar profundamente pela humanidade inteira, e em ser capaz de realizar gestos simples, ousados e concretos de solidariedade e de partilha com os outros povos, até o envio de missionários e missionárias além-fronteiras. Em outras palavras, ―pensar mundialmente e agir localmente. Só assim nos tornaremos um sinal profético de uma nova humanidade mundial, fraterna e multicultural.

A serviço do projeto de Deus

Todos nós fiéis leigos temos o compromisso de ser anunciadores do evangelho(cf. C. OCDS 25), mas como carmelitas seculares o nosso compromisso é maior. Somos chamados a testemunhar o carisma teresiano onde estivermos inseridos: no trabalho, na comunidade, no lazer, na Igreja, na pastoral de conjunto, em sua missão evangelizadora, e sob a direção do Bispo (cf. C.OCDS 27), levando a riqueza de nossa espiritualidade nas missões, paróquias, casas de oração, Institutos de espiritualidade, grupos de oração, pastoral da espiritualidade.
Iluminados pela Palavra, pelo testemunho dos nossos santos fundadores, alimentados pela Eucaristia e contemplando Maria como Mãe e Irmã, modelo da vida dos membros da Ordem(cf C.OCDS 29), ela que melhor assimilou e viveu o evangelho, seja sempre nosso modelo de ação evangelizadora , nos ajudando a estar sempre a serviço do projeto de Deus, fazendo tudo aquilo que seu Filho nos disser.