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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A pedagogia da oração

A pedagogia da oração

Por Tomaz Alvares, ocd

Como mestra de oração, Teresa teve ocasião muito diversas de exercer seu magistério. Ensinou e introduziu na oração a seu próprio pai, dom Alonso. Em seu mosteiro da Encarnação, iniciou na oração a elevado número de amigas que eram suas admiradoras: "É tão grande o aproveitamento de sua alma nestas coisas..., que mais de 40 monjas tratam em sua casa (mosteiro) de grande recolhimento", testemunha um de seus teólogos assessores (BMV 2,131). Em seu epistolário há cartas de iniciação na oração a seu irmão Lourenço, recém chegado da Américo. No Livro da Vida se entabula constantemente diálogo com !cinco que no momento nos amamos em Cristo" (16,7) e que eram um pequeno grupo de oração formado em torno da autora. Formam parte dele ao menos dois dominicanos, Garcia de Toledo e Pedro Ibáñez, que chegarão a elevados graus de oração, sobretudo o segundo.

Entretanto o grupo de oração em que mais plenamente ela exercitou seu magistério foram as jovens reunidas em seu primeiro Carmelo de São José. Não mais de meia dezena em um princípio. Ao todo doze, ao finalizar o primeiro quinquênio de aprendizagem (F1,1). Característica peculiar delas era o não constituir um grupo ocasional e heterogêneo como os cinco mencionados em Vida. Formavam uma comunidade orante. Mais ainda, comunidade contemplativa, cuja tarefa principal era a oração. Uma autêntica "escola de oração". Para ela escrete Teresa seu manual de pedagogia da oração: o Caminho de Perfeição. Dele recolheremos as idéias básicas da Santa:

a) Antes de tudo, se ora na Igreja e para toda a humanidade inteira. Postulado válido para aquele grupo de contemplativas e para todo aprendiz de oração. A oração criostã não é uma pequena prática confinada no restrito espaço do orante. Passa a ser alento e pulsão do mundo inteiro.

.b) A oração se educa a partir da vida. Requer empenho prévio ou simultâneo no cultivo das virtudes evangélicas. Teresa seleciona três fundamentais: o amor aos irmãos, desapego das coisas, humildade. Porque a amizade com Deus que é a oração, não é viável sem a amizade com os irmãos; não é possível sem liberdade de espírito, e sem disponibilidade à ação de Deus sobre alguém mesmo.

c) Acrescentará todavia dois postulados: "sede da água viva", ou seja, tensão dos desejos; e determinada determinação; não ceder às dificuldades que, certamente, sobrevirão.

d) A melhor partitura de oração é o Pai-Nosso. Nele se aprende e se sintoniza com a oração de Jesus. Aprende-se a interiorizar a própria oração à semelhança da sua.

e) Assim chega o livro ao núcleo central da pedagogia de Teresa, interiorizar a oração à base de uma singela técnica de recolhimento. Expô-la-á nos capítulos 26-29 à base de dois lemas: recolher-se é centrar a atenção em Cristo Senhor dentro de si mesmo. Para isso, o momento melhor é a oração eucarística no ato da comunhão (cc. 33-35).

f) O recolhimento será a melhor disposição para a oração contemplativa de quietude e de união (cc. 31,32).

Ao mesmo tempo em que Teresa expõe esse singelo itinerário pedagógico, introduz em seu ensinamento da oração um elemento novo, de grande importância. Ela se atém ao lema: não falar de oração sem fazê-la. Por isso mesmo, dentro do livro, faz realmente oração diante dos leitores. Desde o primeiro capítulo do Caminho, estes podem constatar por vista de olhos como Teresa ora. Assistem a seu diálogo com o Senhor. Sentem-se envolver nesta pausa de elevação vertical. Comprovam como no livo a vida e a oração se fundem: como vão alternando as palavras de diálogo com o leitor e as dirigidas ao Senhor. Sem solução de continuidade entre umas e outras. Teresa ora pelas necessidades da Igreja. Pelas profanações da eucaristia. Pelo mundo em guerra. Pelas responsáveis de tudo isso. Às vezes suplica, outras vezes invoca ou bendiz ou impreca. Em todo caso, esforça-se para envolver as leitorsas em sua ascensão orante.É o melhor registro da pedagogia de Teresa. Quem lê o livro não só recebe instruções e pautas para o caminho, e não somente sabe como ela ora, mas se sente solidário de sua oração e motivado por ela.

O último recurso magesterial de Teresa consiste em passar da pedagogia à mistagogia da oração.


sábado, 20 de fevereiro de 2010

OS SÍMBOLOS TERESIANOS

Rose Lemos Piotto, ocds*


Os símbolos Teresianos: a água, o poço, o castelo e a lagarta, eis aqui alguns para que possamos adentrar mais intimamente na literatura Teresiana

Santa Teresa de Jesus recorre a símbolos expressivos para dar a conhecer melhor a sua mensagem. Era normal que ela utilizasse símbolos quando nos transmitia as suas experiências mais íntimas. Ao usar o símbolo a autora não se sente na obrigação de entrar em detalhes explícitos no momento de nos abrir o interior da sua alma. Sabemos que o símbolo “fala sem falar”, ou melhor ainda, é uma espécie de mensagem aberta, ampla, capaz de despertar no leitor diversas interpretações, dependendo da sua capacidade de receptibilidade ou da sua empatia com a experiência da autora.
É óbvio que Teresa, como filha do seu tempo, utilize imagens e símbolos da sua época. Ela escreve noutro contexto e cabe-nos a nós, leitores de hoje, atualizar a mensagem, ajustar os conceitos sem perder a profundidade dos conteúdos presentes através dos símbolos.
A Santa Doutora confessa, como já referimos, que tenha lido ou ouvido, e certamente assim deve ser. A Originalidade não está na descoberta de metáforas, mas na amplitude e no desenvolvimento que lhes dá, na ternura e graça com que ela expõe na ironia delicada e fina que emerge a partir delas, algo que se torna efeito da influência magnética da Santa Mãe ", o ímã do mundo", como ela chama, animada, Fray Luis de Leon
Por último é preciso dizer que nem todos os símbolos teresianos têm a mesma importância. Alguns são essenciais, outros acidentais e finalmente aparecem os funcionais.
“Se a natureza inanimada despertou em Teresa metáforas tão belas como temos visto, na alma de Teresa de Jesus, maior fertilidade lhe ofereceria e mais beleza de criações surpreendentes, a natureza viva com o encanto de suas maravilhosas transformações, desde a flor que deleita e perfuma ate o coração que sofre e ama.
Nos quadros de natureza inerte, buscava sempre a mística Doutora a variedade do movimento, como para dar-lhes animação e vida. O caminho e a sensação para andar por eles; a água salta entre a arena de seu manancial, o ou correr pela grama e pedras, ou ondulando ao vento ou reverbera a luz, o Sol em si [da Trindade] cascata é como brilha, não brilha na alma como remansos de luz e calma, mas como a luz fervente, inflamada que transferiu os poderes, sentidos e as coisas.
Nos quadros da natureza inerte, buscando sempre a mística da natureza viva não tem necessidade de ser concedido o que ela tomou emprestado de si mesma, o que é a animação e o movimento é essencialmente dinâmico. E por isso as metáforas que inspira são mais ágeis, coloridas e vigorosas do que inertes.
Devemos começar pelas belezas do reino vegetal, examinando-se as analogias favoritas de Santa Teresa, nascida no interior das fronteiras do reino. Alguns são grandes, vou mencionar de passagem, porque vimos, em parte, quando nós contemplamos os córregos de águas claras.
Na verdade, a alma é um jardim. "Pareceu-me", diz Santa-me ter lido ou ouvido essa comparação que eu tenho memória ruim como eu não sei onde, ou o fim, mas por agora contenta-me essa imagem.
Deve fazer conta, ele começa, ele começa a fazer um jardim na terra que é muito infrutuosa e que tem muito mato para que encante o Senhor. Sua Majestade, arranca as ervas ruins ruins, e há de plantar o que é bom...Agora voltamos ao nosso jardim ou pomar e ver como começam essas árvores a florescer e dar frutos mais tarde, flores e cravo e o mesmo, para conferir o odor. Regala-me esta comparação ... que minha alma é um jardim e Deus passeasse nele ...». O trabalho ativo "quando saem desta raiz e das flores perfumadas são impressionantes, pois estas árvores vêm de amor de Deus e o perfume dura muito" e não passa rápido, mas faz grande um grande bem " também as faltas lembram pequenas plantas quando são propostas, mas se regamos as mudas todos os dias "operam-se tão grande mudança que não vê necessidade de ver necessária depois a pá e enxada. Assim parece fazer cada dia a a mesma falta (ainda que pequena que seja) se não nos emendarmos delas, mas se um dia ou dez o evitamos, em seguida, começa a ser facil fácil ».
Além disso, é inútil procurar a origem dessas analogias são muito comuns em livros que abordam a vida espiritual de seu ponto de vista, os Versos belo dos Cânticos, que muito usa em suas comparações entre a alma e Deus.
Deixando, então, pomares e jardins, na primavera, as flores são lindíssimas e alguns frutos são de esperança, nós vemos as cores que nos deixou Santa Teresa, aplicando-se à vida sobrenatural das qualidades reais ou simulados de alguns animaizinhos de Deus” (Fray Luis Urbano, O. P.)

O BICHO DA SEDA

Em pleno coração do livro do castelo interior e dentro das quintas moradas, Santa Teresa descreve a transformação que experimenta a pessoa na oração, com um símbolo muito belo: o bicho da seda, o qual se fecha no seu casulo interior, e aí “com as suas boquitas vão fiando a seda, e fazendo uns casulos muito apertados onde se fecham… E morre este bicho, que é grande e feio, e sai do mesmo casulo uma borboleta branca muito bonita”.

Esta imagem do bicho da seda serve para que Teresa expresse melhor a mudança e a transformação da pessoa, como mistério pascal de morte e ressurreição. No desenvolvimento desta transformação, como no processo em que o bicho da seda se metamorfoseia em borboleta, é muito importante a acção do Espírito Santo que vai ajudando nessa disposição e no nosso trabalho para não ficarmos pelo meio do caminho.

O CASTELO INTERIOR


Talvez seja este o símbolo que melhor representa Santa Teresa e pelo qual ficou ligada para sempre à cultura. Ela utiliza este símbolo para representar a alma (a pessoa e a sua interioridade) “ofereceu-se-me considerar a nossa alma como um castelo…”.

A este castelo, da Santa, não lhe falta nada e assim nos mostra que tem uma cerca que é o corpo, uma porta que é a oração; os habitantes principais são Deus e o homem. Mas há mais gente: vassalos e guardiões, que a Santa compara aos sentidos e às potências da alma (memória, inteligência e vontade). E, como todo o Castelo, conta com os seus inimigos que se reflectem nos vermes e animais, nas coisas peçonhentas e nos demonios.
Finalmente este castelo conta com os aposentos da alma que são como as diversas moradas do Céu, onde habita Deus, “um paraíso onde Ele tem as suas delícias”. As moradas deste castelo encontram-se “umas no alto, outras em baixo, outras aos lados; e, no centro e meio de todas estas, tem a principal, que é o compartimento do palácio onde está o rei”.
Diante do panorama deste castelo apresentam-se-nos três alternativas:

 Destruí-lo, que equivale à perdição total da pessoa.
 Admirá-lo e viver fora dele, o que corresponde a viver na mediocridade e no pecado.
 Ou nos decidirmos a conquistá-lo, para viver unidos a Deus.

Para aprofundar este símbolo recomendamos a leitura do livro:
"As Moradas - Castelo Interior"

Mais imagens nas palavras de Teresa:

...”Já tereis ouvido das maravilhas de Deus no modo como se cria a seda, invenção que só Ele poderia conceber. É como se fosse uma semente, grãos pequeninos como o da pimenta. Devo dizer que nunca o vi, mas ouvi-o dizer; assim, se algo não corresponder, não é minha a culpa. Pois bem, com o calor, quando começa a haver folhas nas amoreiras, essa semente — que até então estivera como morta — começa a viver. E esses grãos pequeninos se criam com folhas de amoreira; quando crescem, cada verme, com a boquinha, vai fiando a seda, que tira de si mesmo. Tece um pequeno casulo muito apertado, onde se encerra; então desaparece o verme, que é muito feio, e sai do mesmo casulo uma borboletinha branca, muito graciosa. Mas se isso não fosse visto, e só contado como ocorrido em outros tempos, quem o poderia crer? Que razões teríamos para concluir que uma criatura irracional como a lagarta ou a abelha seja tão diligente e engenhosa para trabalhar em nosso proveito, chegando a pobre lagartinha a perder a vida na tarefa de o fazer? Para um pouco de meditação basta isso, … mesmo que eu nada mais acrescentasse, porque aí podeis considerar as maravilhas e a sabedoria do nosso Deus. E o que seria se conhecêssemos as propriedades de todas as coisas? É de grande proveito que nos ocupemos em meditar nessas grandezas e nos alegremos de ser esposas de Rei tão sábio e poderoso. A alma — representada por essa lagarta — começa a ter vida quando, com o calor do Espírito Santo, começa a beneficiar-se do auxílio geral3 que Deus dá a todos, fazendo uso dos meios confiados pelo Senhor à Sua Igreja: confissões freqüentes, boas leituras e sermões. São esses os remédios para uma alma que está morta em seu descuido, pecados e ocasiões de cometê-los. Então ela começa a viver e encontra sustento nisso, bem como em boas meditações, até estar crescida. É aqui que se concentra o meu propósito, pois o resto pouco importa. … a lagarta começa a fabricar a seda e a edificar a casa onde há de morrer. Eu gostaria de explicar que essa casa é, para nós, Cristo. Creio ter lido ou ouvido em algum lugar que a nossa vida está escondida em Cristo ou em Deus — o que é a mesma coisa — ou que nossa vida é Cristo....Morra, morra esse verme, tal como o da seda quando acaba de realizar a obra para a qual foi criado! E comprovareis como vemos a Deus e nos vemos tão introduzidas em Sua grandeza como a lagartinha em seu casulo.

...agora o que acontece a essa lagarta; é para isso que tenho dito tudo o mais. Quando está nesta oração — e bem morta está para o mundo —, dela sai uma borboleta branca. Ó grandeza de Deus! Quão transformada sai a alma daqui, depois de ter estado imersa na grandeza de Deus e tão unida a Ele, embora esse estado seja tão breve que, em minha opinião, nunca chega a meia hora!
Eu vos digo, na verdade, que a própria alma não se conhece a si mesma. Porque há aqui a mesma diferença que existe entre uma lagarta feia e uma borboletinha branca. A alma não sabe como pode merecer tanto bem — de onde ele pode advir, quero dizer, pois ela bem sabe que não o merece. ...Oh! Ver o desassossego dessa borboletinha, apesar de nunca ter estado mais quieta e tranqüila em sua vida, é coisa para louvar a Deus! Ela não sabe onde pousar e descansar. Depois de ter experimentado tal estado, tudo da terra a descontenta, em especial quando são muitas as vezes que Deus lhe dá desse vinho. Já não dá valor ao que fazia quando lagarta, que era tecer pouco a pouco o casulo. Nasceram-lhe asas. Se pode voar, como pode ela contentar-se em andar passo a passo? Tudo quanto pode fazer por Deus lhe parece pouco, comparado com os seus desejos. Não acha muito o que os santos fizeram, uma vez que já entende por experiência como o Senhor ajuda e transforma uma alma a ponto de transfigurá-la.”
. Afirmou-se que na simbologia Teresiana prevalece, como motivo, a água. Talvez haja que caracterizar aquela, antes como simbologia feminina. Nela prevalece, é certo, a água em suas mais variadas manifestações, mas abundam os símbolos maternais, como “o menino que ainda mama, aos peitos de sua mãe”, os aromas e as flores, os símbolos caseiros e os do amor, as “panelas”, a pousada ou a morada, a música... Todavia abundam nas páginas de Teresa as imagens bélicas, como a luta ou a peleja (“encerradas pelejamos”), as baterias, artilharia, o capitão e os soldados, o alferes, a seta, o dardo e o arcabuz, o xadrez. Inclusive a “corrida de touros” e o “cadafalso” ou tablado a partir de onde pode ser contemplada sem risco. também Teresa tenha recorre ao simbolismo da chuva, das nuvens, o sol, o céu empírico, o anoitecer e o amanhecer, o mar e suas ondas...


No Livro da Vida, o mais elaborado é o símbolo da água de regado sobre o horto da alma. Imagem que provém a partir de sua experiência pessoal e de suas leituras .Ela o elaborou cuidadosamente, à base dos quatro modos de regar (poço, nora, arroio, chuva, para simbolizar quatro modos de relação entre Deus e a alma, e várias situações do espírito humano: horto árido, flores, frutos, partilha de frutos aos demais. E com isso, uma síntese elementar do desenvolvimento da vida espiritual, seja a nível autobiográfico ,seja a nível doutrinal.


O simbolismo da água terá novas elaborações nos restantes livros doutrinais: fonte de água viva com todos os seus derivados (C 19,2... com expressa inspiração evangélica); água de aquedutos e água de reservatório manancial, no Castelo Interior para simbolizar o contraste entre o esforço humano (ascese: água de aquedutos) e o dom divino (o místico: “reservatório que se enche de água”). Com a explícita confissão de que “não encontro nada mais a propósito para declarar algumas coisas de espírito que essa da água” .“Sou tão amiga deste elemento, que o observei com mais advertência que outras coisas”. Agua em sua plenitude oceânica, mas com marulhada e risco de submersão, como no caso da “nau” que chega ao porto, já nas sétimas moradas Água e esponja, como alma imersa no divino

Sem dúvida, o símbolo mais elaborado por Teresa é o do “castelo da alma”, base de todo o livro das Moradas, e imagem de todo o processo espiritual. Serve-lhe, antes de tudo, para delinear a estrutura do ser humano (corpo, alma, espírito, centro da alma, relação do homem com Deus transcendente e imanente). Serve-lhe, por sua vez, para interpretar o texto evangélico da “inabitação” ou da morada de Deus na alma e para expressar sua própria experiência trinitária
Também O símbolo do “bicho-da-seda” que se metamorfoseia em borboleta. Ao longo das três moradas finais servir-lhe-á para desenvolver o processo místico da vida espiritual, desde o trabalho ascético precedente, através da união com Cristo, até a plena transfiguração mística: fogo em que se abrasa a borboleta .


Teresa recorre ao símbolo esponsal, antes de tudo, para expressar sua própria experiência, e depois para diagramar as fases finais do processo místico. Sem se desligar da motivação bíblica do símbolo, Teresa incorpora a ele a liturgia do sacramento e o realismo da vida social de seu tempo. Desta toma os três momentos do processo: o encontro, o desposório e o matrimônio. O encontro, para ilustrar a fase do conhecimento místico: quintas moradas; o desposório, para expor a mútua entrega das vontades entre a alma e o Senhor; e o matrimônio espiritual, para simbolizar a união plena entre Deus e a alma, ponto culminante da experiência religiosa. Já notamos que a este símbolo lhe concede Teresa a suma aptidão para expressar a vida mística. É bem possível que essa convicção derive de sua leitura do Cântico dos Cânticos

“Tem me dado o Senhor, de alguns anos para cá, um gosto muito grande cada vez que ouço ou leio algumas palavras dos Cânticos de Salomão, e isto de modo tão extremado que eu, sem entender com clareza o latim em língua vulgar, me recolhia mais e tinha minha alma mais movida do que pelos livros muito devotos que compreendo; e isso é uma coisa quase comum...”
Ao lado desses símbolos maiores, existe nos escritos de Teresa uma constelação de imagens ou símbolos menores. Também estes são reveladores do pensamento teresiano. Impossível catalogá-los aqui. Há, antes de tudo, uma larga série de símbolos bíblicos, que denotam a sensibilidade receptiva de Teresa e sua capacidade de entalhamento das imagens clássicas na imaginaria original sua.


Podemos agora visualizar os diferentes elementos contidos no processo desta imagem:
 Semente: São uns bagos, como grãos de pimenta, que se convertem em larvas.
 A folha da amoreira: É o primeiro espaço onde se desenvolvem, é o alimento.
 Ambiente: Calor, elemento que necessita a semente para viver, é a graça do Espírito Santo.
 Bicho da seda: É cada um de nós a partir da perspectiva da transformação profunda.
 Tecer o casulo ou a “casa”: é um convite para construir a própria habitação, a viver a interioridade.
 Fabricar a seda, lavrar a seda: Cristo é a morada. Vive dentro de cada um. A seda é o resultado das maravilhas que Deus faz através de nós.
 Trabalhos: São todos os esforços e acções que temos que fazer para corresponder à graça, para não vivermos superficialmente.
 A borboleta: equivale ao “homem novo”, é o fruto da acção transformadora de Deus. É graça, libertação.Este símbolo é a síntese da história de todo o homem nascido para ter asas e elevar-se.
 A abelha e a aranha, a formiga e o leão, a pomba e a águia, as peçonhas
 A “ave de asas fracas”
 A “panela que ferve em demasia”
 O coração, a ferida interior, as entranhas, “as medulas...,
 A câmara de jóias
 O imperador e o mendigo
 O braseiro
 e os perfumes


Igual floração de linguagem simbólica para perfilar a imagem de Cristo: mestre, esposo, modelo, caminho e vida, amigo verdadeiro, capitão do amor...

É também notável a constância com que Teresa recorre aos símbolos para expressar sua idéia profunda do ser humano: na realidade todos os símbolos maiores refletem seu empenho secreto por dizer o que em sua estima é o homem: castelo de diamante, horto de flores, larva com vocação de vôo e de borboleta; ele é um possível esposo de Cristo ou de Deus; é um paraíso de Deus, “paraíso onde Ele disse ter Suas delícias” , árvore plantada junto às correntes de água.

Tudo isso, em contraste com a imagem que Teresa tem de si mesma: “uma como eu”, “verme que assim vos atreve”, “vermezinho de mau odor”, formiga que tenta falar, “água tão turva” Imagem negativa, compensada de certo modo com a qual ela mesma projeta de seus carmelos e suas monjas: pombaizinhos da Virgem, “pensai que esta congregação é a casa de santa Marta” ,filhas da Vigem, soldados embandeirados de alferes, borboletas, pombas...: “muito mais quero que se prezem de parecer simples, o que é muito próprio de santas, do que de tão retóricas...”

Bibliografia:
 Tomaz Alvarez,
 Fray Luis Urbano, O. P,
 Dicionário Teresiano ,
 Obras Completas De Santa Madre.
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* Rose Lemos Piotto é conselheira e membro da Comissão de Formação da Província São José da Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares  -OCDS
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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

CONTEXTO HISTÓRICO TERESIANO



1. Santa Teresa: dados gerais


1.1 Teresa, diz-nos quem és.



- Sou Teresa Sánchez de Cepeda e Ahumada ou Teresa de Ahumada. Porém, a partir da fundação do novo Carmelo, comecei a apresentar-me e a ser reconhecida como Teresa de Jesus ou Teresa de Jesus carmelita.

Quais os teus títulos?

- Já se nota que és filho da tua época… Não tenho qualquer título académico. No entanto, após o grande encontro com o meu Amado, pelo qual tanto ansiei, fostes-me colocando diversos títulos, tais como: Madre Fundadora, ‘a Santa’, Mãe de Espirituais, Doutora Mística, Doutora da Igreja, Padroeira, Teresa de Ávila para me distinguir da minha filha Teresa de Lisieux, etc…

Se tivesses que destacar alguns períodos notáveis da tua vida, quais destacarias?

- Os meus 20 anos na casa paterna (1515-1535); os meus 27 anos de carmelita na Encarnação (1535-1562); os meus 28 anos de profunda experiência mística (1554-1582) e, finalmente, os meus 22 anos de escritora e fundadora (1560-1582).


Catequese 2 - Dados gerais

2. Santa Teresa: dados gerais


2.1 Teresa, conta-nos como eras.

- Alguma coisa já deverás saber sobre mim. Contudo, digo-te que era uma mulher Avilense, carmelita, mística e humanista, contemplativa-activa, escritora-autodidacta, fundadora e líder, empreendedora e negociadora, mestra e mãe espiritual. Houve quem ainda me tivesse por santa.

Mas como eras a nível físico e psicológico?

- Fisicamente, fui uma pessoa frágil: enferma crónica; mas, psiquicamente, forte: o meu espírito nunca sucumbiu às enfermidades corporais; mantive-me sempre aberta aos valores transcendentes: Deus, Cristo, Igreja, alma…; sempre pronta para as tarefas diárias (boa cozinheira!).

Que contrastes é que notavas em ti?

- Olhando para mim, as pessoas apontam o meu sentido de transcendência (o místico) e a minha habilidade negociadora e social (realismo e humanismo). Penso ser essas as duas características de maior contraste.

E a nível social?

- Sociologicamente falando, acho que sempre fui uma pessoa aberta à amizade e à comunhão com as pessoas; das minhas relações pessoais posso destacar: S. Francisco de Borja, S. Pedro de Alcântara, D. Álvaro de Mendonça, S. João da Cruz, Pe. João Baptista Rúbeo (Geral da Ordem), S. João de Ávila (apenas por carta), Pe. Jerónimo Graciano… Apenas também ocasionalmente, S. João da Ribera e S. Luís Beltrán. Mas as minhas maiores relações foram com as Irmãs dos meus Carmelos. Destaco entre elas: as duas Anas, Maria de São José, Maria Baptista, Maria de Jesus, várias Irmãs enfermas, as três Irmãs-crianças que entram no Carmelo, etc.

Pode-se saber que sentido deste à tua vida?

- Sabes, acho que tive dias bons e menos bons como todos. Recordo os dias de luta e os momentos de crise. Porém, nunca quebrei; pelo contrário, mantive um rumo unidireccional… Identificada com a minha vocação religiosa (ser religiosa foi grandíssima mercê). Mas com um certo complexo de inferioridade feminina: uma como eu, fraca e ruim, uma mulherzita como eu, sem estudos nem boa vida… Só ao atingir a maturidade é que captei plenamente o sentido da minha existência. Identifiquei-o com a minha experiência mística e a minha missão profética: mística dinâmica; e missão, ao mesmo tempo, transcendente e terrena. Ser testemunha de Cristo e fomentadora de uma nova vida religiosa. Quis ser uma mulher capaz de dar testemunho de Deus presente no mundo e na história.

Foste uma mulher escritora. Que te apraz referir desta obra por ti empreendida?

- Fui escritora, é verdade... Mas não propagandista. Sei que até vós chegaram umas 2000 páginas autografadas, mas escrevi muitas mais. A maior parte em Ávila. Em suma:
Quatro obras maiores: Vida, Caminho, Moradas e Fundações.
Vários escritos menores: Relações, Conceitos, Exclamações, Constituições, Modo de visitar os conventos, poesias…, escritos humorísticos.
Cartas: Conserva-se quase meio milhar, mas escrevi vários milhares (mais de uma centena ao Pe. Graciano).
Escritos perdidos: além das cartas (concretamente as cartas a S. João da Cruz), várias Relações, a primeira redacção de Vida, parte do meu comentário ao Cântico dos Cânticos (= Conceitos) e uma novelita de cavalaria escrita aos 14 anos (o meu primeiro escrito).
De todas estas obras, considero Vida a mais introspectiva, o melhor retrato da minha vida; as Moradas, a minha melhor síntese doutrinal; Caminho, a mais pedagógica, a única que decidi publicar em vida, se bem que não estará cá fora antes de 1583.

Volta e meia, ouve-se as pessoas a chamar-te em castelhano ‘andariega’. Porquê?

- Porque percorri mais de mil quilómetros em toda a minha vida fundando Carmelos. Fundei em Ávila, Medina, Valladolid, Toledo, Malagón, Salamanca, Alba, Pastrana (Guadalajara), Segovia, Beas (Jaén), Sevilla, Villanueva de la Jara (Cuenca), Palencia, Soria, Burgos. Além disso, colaborei nas fundações dos ‘Descalços’ de Duruelo e de Pastrana. Outros locais por mim percorridos: Gotarrendura, Guadalupe, Madrid, Torrijos, Becedas e Duruelo…
O percurso era sempre feito de diversas maneiras (por exemplo, cavalgando ou a pé…). Ao longo das minhas obras, vou dando a conhecer ao leitor.

Obrigado, Teresa. Até à próxima!
Já sei mais algumas coisas sobre ti.


Catequese 3 - Ávila e lugares circunvizinhos

3. 1 Santa Teresa: Ávila e lugares circunvizinhos


Teresa, como era a tua Ávila?

- Ávila, a minha cidade natal, era uma povoação importante na antiga Castela do século de ouro. Está situada no alto da meseta castelhana, a mais de 1100 m acima do nível das águas do mar, a pouca distância de Madrid, Valladolid e Salamanca. Uma cidade com muralhas medievais, palácios, brasões de nobres senhores, cavaleiros… Uma cidade com um clima muito seco.

Ávila tinha muita população?

- Se tinha… Pelo ano 1561, a população era de 10.000 habitantes. A minha cidade natal era uma das cidades mais povoadas da Castela antiga, com excepção de Valladolid, Segóvia e Salamanca. Por incrível que pareça, Ávila tinha mais habitantes que Burgos e Leão.


E quem é que a governava nessa época?

- Era governada pelos senhores do Concelho, a saber: regedor (ou regedores) e, em nome do rei, corregedor. Recordo-me que, pelo menos duas vezes, tive fortes embates com o concelho da cidade: em 1562, aquando da fundação de S. José e por causa dum canal de transporte de água; e em 1577, quando foi raptado S. João da Cruz. Nas duas situações, o problema acabou por chegar ao Concelho Urbano e passar à Corte; mais, na segunda situação, eu própria intervim, junto do rei, em favor de S. João da Cruz.


Catequese 4 - Ávila na época

4. 1 Santa Teresa: Ávila na época


Deixaste-me curioso em relação à tua cidade natal… Conta-me, pois, mais pormenores.

- É com todo o gosto. Começo então por te dizer que a própria cidade de Ávila, quando eu comecei a percorrer as suas ruas empinadas e tortuosas, era, em pedra e em venerados ossos humanos, um verdadeiro panorama histórico da luta travada nas Espanhas por Cristo contra o Príncipe deste mundo. Era tão antiga aquela cidade, que provavelmente já estava assentada, erguida sobre as colinas próximas do Adaja quando Nosso Senhor andava a fazer milagres na Palestina.

Como assim?

- Segundo a tradição, no século I – ano 63 do Senhor -, S. Pedro enviou um dos sete diáconos apostólicos para fundar uma Igreja em Abula (como então se lhe chamava) e São Segundo derramou o seu sangue numa das mais antigas perseguições romanas. Aí, no século IV, o heresiarca Prisciliano, que concebera um pseudo-Cristianismo, composto das ideias gnósticas e maniqueístas vindas do moribundo Oriente – as quais, se tivessem sido aceites, haveriam destruído toda a genuína vida cristã -, foi proclamado bispo pelos seus partidários. Destitui-o e condenou-o à morte um imperador romano, que abjurara o paganismo. Aí, como no resto da Hispânia, dominavam os Visigodos, que primeiro aceitaram e depois traíram a fé, e foram punidos pelos Maometanos conquistadores (cujo castelo ainda existe). E, para que saibas, só no século XI voltou a ser alçada a cruz ao lado das bandeiras dos guerreiros cristãos, no cimo da alta cidade.

Quando é que apareceram as muralhas da cidade?

- Entre os anos 1090 e 1097, os habitantes de Ávila construíram a larga muralha da cidade, que é uma das obras mais notáveis que nos legou a Idade Média. De quarenta pés de altura e treze de espessura, está erguida sobre a rocha viva para contornar as colinas em que assentam a catedral medieval (mais fortaleza que Igreja) e a maior parte dos outros edifícios primitivos; tem de perímetro 9075 pés, e por toda a extensão dos seus muros ameados levanta para o céu singularmente azul umas oitenta e seis torres.

Envoltas nestas sombrias muralhas de cinzento-acastanhado, as casas da cidade elevam-se em cerradas fileiras até ao círculo das torres da Igreja e convento que, ao pôr do sol e ao amanhecer, é uma crista flamejante. No centro, voltados para as muralhas, estão os palácios dos grandes senhores de Ávila – os Bracamontes, os Verdugos, os Cepedas, os Dávilas, como um cinto de pedra envolvendo a colina.


Catequese 5 – Ávila na época

5. 1 Santa Teresa: Ávila na época


Como era Ávila em termos paisagísticos? Já havia conventos, além da Encarnação, ou o teu foi o primeiro?

- Eu sempre gostei das paisagens da minha cidade. Não, já havia algum convento: convento Sant’Ana, onde a Rainha Isabel, a Católica, um dia, recusou a coroa de Castela; convento S. Tomás…

Conto-te que, a norte, numa estreita veiga, precisamente desde o subúrbio de Ajates, viam-se deliciosos jardins ao longo do declive, e, para além deles, os cumes sempre nevados das montanhas, coroando uma infinita variedade de formas e de cores. A Sul, olhando para o vale de Ambles, estava o subúrbio que guardava o convento dominicano de S. Tomás, com muitos outros veneráveis santuários santificados por preciosas relíquias de santos. Ao fundo, o claro rio Adaja ia serpenteando num leito salpicado de grandes pedras cinzentas e ao longo de verdes margens onde, no meu tempo, se erguiam muitos teares, pois o principal produto de Ávila eram os panos, e as águas do rio davam às tintas a qualidade que lhes tornava as cores imperecíveis.

Pelo que sei e pelo que me revelaste no passado, o conflito pró e contra a Cristandade não terminou com a expulsão dos Mouros e a construção das imponentes muralhas… Ultimamente, de tanto te ouvir falar sobre a tua época e cidade, despontou-se em mim algum interesse por esta questão. Que me podes dizer sobre ela?

- É verdade que daquilo que tu dizes nada findou. No próprio interior das muralhas, logo surgiram novas divergências, desta vez entre cristãos e judeus, e entre ambos e a nova classe de judeus-católicos, chamados «conversos», «marranos», ou cristãos-novos. Episódio desta luta foi a desentronização, no meio da Veiga, da efígie de Henrique IV, amigo dos judeus e dos mouros. Em 1491, Isabel, a Católica, mandou um salvo-conduto aos judeus de Ávila, depois de um deles ter sido lapidado pela multidão. Na Igreja de S. Tomás, em que se conservava o braço direito do Doutor Angélico, as criancinhas de Ávila podiam ver o túmulo de Torquemada, o Grande Inquisidor, não longe do belo sepulcro do Príncipe João das Astúrias, que a Rainha Isabel, ao cabo de todos os seus triunfos, tinha tido de ceder à morte, na primavera da sua juventude.

Catequese 6 – Teresa e o mundo para o qual abriu os olhos

6. 1 Santa Teresa: Primavera de 1515

Minha grande amiga: gostaria também de obter da tua parte algumas luzes acerca do ano do teu nascimento. Que me poderias dizer a esse respeito?

- Muitas coisas… Não sei mas é por onde começar…

Sabes, o mundo para o qual abri os olhos na primavera de 1515 era um mundo que passava pelas revolucionárias agonias da tremenda transição dos tempos medievais para os modernos. Só vinte e três anos tinham passado – uma geração apenas – desde o providencial ano de 1492, em que a cruzada hispânica de 777 anos culminara com a conquista de Granada aos Mouros, a expulsão dos Judeus e a descoberta do hemisfério ocidental. Havia só nove anos que Colombo estava na sepultura. Eram ainda vivos homens que com ele tinham navegado: alguns gozando na própria pátria do ouro das Índias; outros levando a luz da civilização ao México ou a Lução, sem nenhum deles dar muita importância à predição que ele fizera de que o fim do mundo seria em 1655. A sua protectora, Isabel a Católica, tinha morrido onze anos antes. Carlos V era um rapaz de quinze anos. O Papa Leão X, filho de Lourenço de Médicis, sentava-se na cadeira de São Pedro, e em 1514, o ano anterior ao do meu nascimento, tinha promulgado uma importante indulgência, sob as habituais condições de penitência e contrição, para conseguir fundos para levantar em Roma uma nova Basílica, em que trabalhava Miguel Ângelo. E em 1515, um monge alemão, então de 33 anos, tinha acabado de improvisar um sistema teológico que considerava como prolongamento das ideias de São Paulo e de Santo Agostinho, mas que estava tão carregado de explosivos espirituais, que cortou de alto a baixo todo o edifício da vida e da cultura cristãs, e abriu a brecha para todos os conflitos da vida moderna.

Pelo que me acabas de dar a saber e pelo meu próprio conhecimento das circunstâncias históricas, eu diria que foi então uma interessante coincidência o teu nascimento e a proclamação do dogma luterano da graça…

- Sim, poder-se-á ver assim as coisas, pois eu viria a considerar a tarefa da minha vida como antídoto e expiação da sua. Lutero, atormentado pelo conflito entre a carne e o espírito, tentou resolvê-lo abraçando as coisas boas deste mundo, e fracassou. Eu calquei-as todas sob os meus pés calçados de sandálias, e triunfei.


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