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segunda-feira, 25 de junho de 2012

“Enraizados em Cristo... (Cl 2,7), anunciem suas misericórdias (Mc 5,19)


 O broto nascido cresce e expande suas raízes


Irmã Maria José da Santa Face, OCD – 
Carmelo de Camaragibe/Recife

            Somos todos convidados a sermos “perfeitos como o Pai celeste é perfeito”. E o caminho para chegar a perfeição é seguir Jesus Cristo. Ele é o verdadeiro modelo. Só enraizados em Cristo o broto cresce, expande suas raízes e dá frutos. É assim que vemos nossa Ordem. A montanha do Carmelo era povoada por profetas corajosos que sabiam caminhar nas noites da Fé. A seus exemplos foram se agregando outros com essa mesma Fé e sentindo o desejo de subir e permanecer na montanha em adoração. Até hoje na faltam almas generosas que querem seguir este caminho da busca e de união com Deus, seguindo e sendo os semeadores da Palavra de Deus. Assim, estamos vendo o Carmelo brotando, enraizando, crescendo e dando frutos dentro do Povo de Deus.
            Eu nunca tinha procurado conhecer a Ordem Secular, por isso não lhe dava tanta importância nem lhe valorizava. Quis Deus colocar-me junto a este pequeno grupo para viver com eles todas as dificuldades que passaram em todos os sentidos, Procurando orientação para começar tudo de acordo com a Ordem. As visitas dos frades e de membros da Ordem Secular sempre deixavam esperança. Para o tempo que freqüentam já era para ter membros com as promessas definitivas. O que vejo é seus esforços, dedicação, entusiasmo, interesse pela formação e, principalmente, a perseverança e freqüência nas reuniões. Tudo isso é de quem deseja conhecer e viver enraizados em Cristo, crescendo e amadurecendo. Confio que darão muitos frutos.
            Quando Gustavo, cheio de otimismo e alegria disse-me que o Congresso seria aqui, conhecendo a situação do grupo, por serem poucos e quase todos trabalharem, e em geral com dificuldades financeiras, não fui de acordo. Achava cedo para enfrentarem esta responsabilidade. Como vale o ditado de que a união faz a força, venceram as dificuldades com Fé, confiança em Deus e otimismo.
            Hoje sinto-me feliz de ver que a Ordem Secular está crescendo, não só em quantidade, no desejo de santidade, procurando aprofundar a espiritualidade dos nossos fundadores.
            O Beato João Paulo II, no encerramento do 4º Centenário da morte de Santa Teresa, convidou os Carmelitas a pôr seu carisma a serviço da Igreja.
            Sabemos que o Carmelo tem a missão de não deixar morrer a chama da intimidade com Deus, mesmo nos momentos difíceis de deserto e solidão, ou quando a lâmpada do Senhor não parece brilhar. O Carmelo continua a recordar que o Senhor da história caminha e permanece conosco nos envolvendo na sua luz e no diálogo amoroso com Ele nos tornando ramos vivos e férteis que produzem frutos. Aos que acreditam no amor de Deus, Ele dá a certeza de que o caminho do amor está aberto a todos e não é inútil o esforço para formar e viver em fraternidade que se torna universal.
            É por isso que estamos aqui reunidos para responder ao chamado para sermos santos cada um no seu estado de vida.
            Pedimos ao Senhor e a Nª Mãe Ssma. do Carmo que este Congresso aumente no coração de cada um este desejo: Ser santo!



sábado, 23 de junho de 2012

-MARIA E A MISSÃO-


ANA STELA, OCDS

IX Congresso Provincial Norte-Nordeste.
TEMA: “O broto nascido cresce e expande suas raízes”.
LEMA: “Enraizados em Cristo... (Cl 2,7), anunciem suas misericórdias (Mc 5,19).
        Como brotos nascidos a partir da vontade livre de Deus que nos amou por primeiro, nesse amor crescemos e nos expandimos. Esse amor é Deus que se fez um de nós na pessoa de Jesus Cristo. “Ele nos escolheu em Cristo antes da criação do mundo para que sejamos santos e sem defeito diante dele, no amor” (Ef 1,4). Portanto, em Cristo o Pai deseja que todo o ser humano crie raízes e a partir da experiência com seu Filho nos tornemos seus discípulos.
          “A todos nos toca recomeçar a partir de Cristo, reconhecendo que não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva"(243)¹. Essas palavras do Papa Bento XVI nos enche de alegria e ânimo, pois, nos reporta à experiência de nossa Santa Madre Teresa que nos ensina nos seus escritos, principalmente, no livro da Vida, que foi o seu encontro PESSOAL com Cristo que a fez outra cristã e carmelita. Para nós cristãos, filhos de Teresa, carmelitas, ver que uma pessoa tão próxima de nós como é nossa Santa Madre teve uma experiência pessoal com Cristo e nos diz ser mister esse encontro pessoal  para  dar novo rumo e verdadeiro sentido à nossa vida espiritual, faz brotar em nós esse sentimento de determinação, de escolha por Cristo.
Também na Carta Apostólica “Porta da Fé” o Papa Bento nos anima a usar esse dom que é a FÉ, a testemunhar com coragem no mundo esse Cristo que nos encanta: “Sintamos este convite dirigido a cada um de nós, para que ninguém se torne indolente na fé. Esta é companheira de vida, que permite  perceber, com um olhar sempre novo, as maravilhas que Deus realiza por nós. Solícita a identificar os sinais dos tempos no hoje da história, a fé obriga cada um de nós a tornar-se sinal vivo da presença do Ressuscitado no mundo. Aquilo de que o mundo tem hoje particular necessidade é o testemunho credível de quantos, iluminados na mente e no coração pela Palavra do Senhor, são capazes de abrir o coração e a mente de muitos outros ao desejo de Deus e da vida verdadeira, aquela que não tem fim.”7
A admiração pela pessoa de Jesus, seu chamado e seu olhar de amor despertam uma resposta consciente e livre desde o mais íntimo do coração do discípulo, uma adesão a toda a sua pessoa ao saber que Cristo o chama pelo nome (cf. Jo 10,3). É um "sim" que compromete radicalmente a liberdade do discípulo a se entregar a Jesus, Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14,6). É uma resposta de amor a quem o amou primeiro "até o extremo" (cf. Jo 13,1). A resposta do discípulo amadurece neste amor de Jesus: "Eu te seguirei por onde quer que vás" (Lc 9,57).¹
 É na pessoa de Jesus que encontramos o Caminho, Verdade e Vida para chegarmos ao Pai. E na pessoa de Maria encontramos o modelo perfeito que nos guia na caminhada para Cristo.
A Santíssima Virgem é o meio de que Nosso Senhor se serviu para vir a nós; e é o meio de que nos devemos servir para ir a Ele ².
        Escolhendo o Cristo como nosso Caminho e volvendo nosso olhar para Maria, nela encontramos as dimensões de FILHA, MÃE E SERVA que nos ajudarão a encontrarmos as motivações necessárias para empreendermos o nosso caminho de discípulos e missionários de seu Filho, Jesus.
        MARIA FILHA:
        O Espírito Santo preparou Maria com sua graça. Convinha que fosse “cheia de graça” a mãe daquele em quem “habita corporalmente a Plenitude da Divindade” (Cl 2,9). Por pura graça, ela foi concebida sem pecado como a mais humilde das criaturas, a mais capaz de acolher o Dom inefável do Todo-Poderoso.
        Deus enviou seu Filho, mas para formar-lhe um corpo quis a livre cooperação de uma criatura. Por isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré na Galileia, “uma Virgem desposada com um homem chamado José, da casa de Davi, e o nome da Virgem era Maria” (Lc 1,26-27)”. 6
        O dogma da Imaculada Conceição proclamado em 1854 nos mostra que Maria foi redimida desde a concepção:
        A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original. 6
        Maria cheia de graça, preservada da mancha do pecado reconhece o dom de Deus em si e por isso, cheia de humildade exclama: “... Porque Ele olhou prá humildade de sua serva, doravante todas as gerações hão de me chamar Bendita”.
        MARIA MÃE DO REDENTOR:
        “Pois a Virgem Maria, que na anunciação do Anjo recebeu o Verbo de Deus no coração e no corpo e trouxe ao mundo a Vida, é reconhecida e honrada como verdadeira Mãe de Deus e do Redentor”4.
        Maria é a "cheia de graça", porque a Encarnação do Verbo, a união hipostática do Filho de Deus com a natureza humana, se realiza e se consuma precisamente nela.³
        A saudação e o nome "cheia de graça" no contexto do anúncio do Anjo, referem-se em primeiro lugar à eleição de Maria como Mãe do Filho de Deus. Todavia, a plenitude de graça indica ao mesmo tempo toda a profusão de dons sobrenaturais com que Maria é beneficiada em relação com o fato de ter sido escolhida e destinada para ser Mãe de Cristo.³
        A Sagrada Escritura no livro do Gênesis nos revela que Maria quando do pecado de nossos primeiros pais, já era esperada como o canal por onde a graça de Deus chegaria aos homens, livrando-os da escravidão do pecado.
 “Os livros do Antigo Testamento descrevem a história da salvação pela qual o advento de Cristo neste mundo é lentamente preparado. Aqui se manifesta com maior nitidez a figura da mulher, Mãe do Redentor. Ela é profeticamente esboçada na promessa dada aos primeiros pais caídos no pecado, quando se fala da vitória Sobre a serpente (cf Gn 3,15). De modo semelhante é esta Virgem que conceberá e dará à luz um filho cujo nome será Emanuel (Is 7,14; cf Miq 5,2-3; Mt 1,22-23)”4.
        No Ofício das Leituras, na Liturgia das Horas encontramos esta homilia de S. João Crisóstomo que reflete de forma magnífica a tríade Cristo com sua morte, Maria e a Cruz como meios para a salvação dos homens:
        “Viste que vitória admirável? Viste os magníficos prodígios da cruz? Posso dizer-te alguma coisa ainda mais admirável? Ouve o modo como se deu a vitória e então ficarás sumamente maravilhado. Cristo venceu o diabo valendo-se dos mesmos meios com que este tinha vencido: e, tomando as mesmas armas que ele tinha usado, derrotou-o. Ouve como fez.
        A virgem, o lenho e a morte foram os sinais de nossa derrota. A virgem era Eva, pois ainda não conhecera homem; o lenho era a árvore; a morte, o castigo de Adão. E eis que de novo a virgem, o lenho e a morte, que foram sinais da nossa derrota, se tornaram sinais de nossa vitória. Com efeito, em vez de Eva está Maria; em vez da árvore da ciência do bem e do mal, o lenho da cruz; em vez de Adão, a morte de Cristo.5
                Maria fazendo-se serva do Senhor se torna Mãe de Deus, Mãe do redentor. O sim de Maria e o sim de Jesus ao vir ao mundo:
        A palavra de Deus vivo, anunciada pelo Anjo a Maria, referia-se a ela própria: "Eis que conceberás e darás à luz um filho" (Lc 1, 31). Acolhendo este anúncio, Maria devia tornar-se a "Mãe do Senhor" e realizar-se-ia nela o mistério divino da Encarnação: "O Pai das misericórdias quis que a aceitação por parte da que Ele predestinara para mãe, precedesse a Encarnação". E Maria dá esse consenso, depois de ter ouvido todas as palavras do mensageiro. Diz: "Eis a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38). Este fiat de Maria - "faça-se em mim" - decidiu, da parte humana, do cumprimento do mistério divino. Existe uma consonância plena com as palavras do Filho que, segundo a Carta aos Hebreus, ao vir a este mundo, diz ao Pai: "Não quiseste sacrifícios nem oblações, mas formaste-me um corpo... Eis que venho... para fazer, ó Deus, a tua vontade" (Hebr 10, 5-7). O mistério da Encarnação realizou-se quando Maria pronunciou o seu "fiat": "Faça-se em mim segundo a tua palavra", tornando possível, pelo que a ela competia no desígnio divino, a aceitação do oferecimento do seu Filho.³
MARIA SERVA:       
 Na Anunciação a missão de Mãe e Serva em Maria se encontram de forma perfeita. É mister para ela que na fé conceba Jesus, como nos escreve Santo Agostinho e verbalize a sua aceitação se colocando humildemente diante de Deus que, então, se encarna em seu seio. Apesar de não compreender a dimensão do seu “SIM” que a levará a participar do sofrimento do servo sofredor de que fala Isaías, Maria aceita com determinação e age como diz: “EIS AQUI A SERVA DO SENHOR”.
 “Quis, porém o Pai das misericórdias que a encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu Filho, para que assim como a mulher contribuiu para a morte, a mulher também contribuísse para a vida”.4
        Os padres antigos afirmam: “O nó da desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria; o que a virgem Eva ligou pela incredulidade, a Virgem Maria desligou pela fé. Comparando Maria com Eva, chamam-na mãe dos viventes e com freqüência afirmam: Veio a morte por Eva e a vida por Maria.” 6
        Maria nos mostra na sua experiência de Mãe de Jesus e em cada etapa da vida do Filho o seu testemunho de serva do Senhor. Desde a Anunciação até o Gólgota  e depois em Pentecostes está lá a Mãe e a serva unida a Cristo. E muito nos ensina...
A união com Cristo assim se manifesta quando:
 Maria levantando-se com pressa para visitar Isabel, é saudada como bem-aventurada por causa de sua fé na salvação prometida e o precursor exultou no seio da mãe (cf Lc 1,41-45).
  A Mãe  de Deus mostrou cheia de alegria aos pastores e magos Seu Filho primogênito.
Depois de oferecido o óbulo dos pobres, apresentou-O no templo ao Senhor, ouviu a Simeão prenunciando simultaneamente que o Filho seria um futuro sinal de contradição e uma espada perpassaria a alma da mãe, para se revelassem os pensamentos de muitos corações. (cf Lc 2, 34-35).
O menino Jesus se perde seus pais o procuram com dor, encontram-no no templo ocupado nas coisas que eram de seu Pai; e não entenderam a palavra do Filho. Mas, sua Mãe conservava tudo isto em seu coração para meditar. (Lc 2, 41-45).

Lá no começo da vida pública de Jesus, quando para as núpcias em Caná da Galiléia, movida de misericórdia, conseguiu por sua intercessão o início dos sinais de Jesus, o Messias.
No decurso da pregação de seu filho ela recebeu as palavras pelas quais, exaltando o Reino acima de raças e vínculos de carne e sangue, Ele proclamou bem-aventurados os que ouvem e guardam a Palavra de Deus, tal como ela mesma fielmente o fazia
Manteve fielmente sua união com o Filho até a cruz, onde esteve não sem desígnio. Veementemente sofreu junto com seu Unigênito. Pelo próprio Cristo Jesus moribundo na cruz foi dada como Mãe ao discípulo com estas palavras: “Mulher, eis aí teu Filho. As palavras que Jesus pronuncia do alto da Cruz significam que a maternidade da sua Genetriz tem uma "nova" continuação na Igreja e mediante a Igreja, simbolizada e representada por São João. ³
Os apóstolos antes do dia de Pentecostes “perseverando unanimemente em oração com as mulheres e Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos d’Ele, e outrossim Maria implorando com suas preces o dom do Espírito, o qual já na Anunciação a havia coberto com sua sombra. Finalmente, a Imaculada Virgem preservada imune de toda mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste.4

 MARIA E A IGREJA: A IGREJA NA IMITAÇÃO DE MARIA

        Maria em sua materna missão a favor dos homens não diminui a única mediação entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo; mas ostenta a sua potência e até favorece esta união.4
        A Bem-aventurada Virgem está também intimamente relacionada com a Igreja. No mistério da Igreja ela ocupa um lugar eminente e singular como modelo de virgem e de mãe.4
        Por certo a Igreja, contemplando-lhe a arcana santidade, imitando-lhe a caridade e cumprindo fielmente a vontade do Pai, mediante a palavra de Deus recebida na fé torna-se também ela mãe. Pois, pela pregação e pelo batismo ela gera para a vida nova e imortal os filhos concebidos do espírito santo e nascidos de Deus. Ela é também Virgem que íntegra e puramente guarda a palavra dada ao Esposo. Imitando a Mãe do seu senhor, pela virtude do Espírito Santo conserva virginalmente uma fé íntegra, uma sólida esperança e uma sincera caridade.4
        Maria nos dá exemplo de como devemos ser igreja que convida à conversão, testemunha na vivência dos sacramentos a fé no Cristo que morreu e ressuscitou. Mais, atentos aos sinais dos tempos e urgência de evangelizar nos dispomos a observar onde está faltando o vinho de vida eterna no mundo e convidar a encher as talhas da alma de água nova; para ao toque de Cristo restaurar a vida humana.
IMPORTANTe: Saibam os fiéis que a verdadeira devoção não consiste num estéril e transitório afeto, nem numa certa vã credulidade, mas procede da fé verdadeira pela qual somos levados a reconhecer a excelência da Mãe de Deus, excitados a um amor filial para com nossa mãe e à imitação das suas virtudes.4
 A ação da Igreja no mundo é como que um prolongamento da solicitude de Maria: aquele amor operoso de que a Virgem Santíssima dá mostras, realmente, em Nazaré, em casa de Isabel, em Caná e sobre o Gólgota, todos estes, momentos "salvíficos" de vasto alcance eclesial, encontra a sua continuidade na preocupação materna da Igreja para que todos os homens cheguem ao conhecimento da verdade (cf.1Tm 2,4), nos seus cuidados para com os humildes, os pobres e os fracos, e na sua aplicação constante em favor da paz e da concórdia social, no seu prodigalizar-se, enfim, para que todos os homens tenham parte na Salvação que a morte de Cristo lhes mereceu.8
        A Igreja manifesta através do culto à Virgem Maria  na Liturgia a sua admiração e o desejo de imitar suas virtudes na sua missão de sacramento de salvação. Assim, em todos os tempos ela tem se voltado à Maria, como exemplo à Nossa Senhora do Carmo, procurando levar seus filhos a celebrar os louvores de Cristo, contemplando sua serva que nos oferece o escapulário como meio de salvação através do serviço.  Liturgia é um culto que exige um modo de proceder na vida coerente, nela se implora poderem os féis traduzir o culto à Virgem Maria, num amor bem concreto e sofrido pela Igreja, como admiravelmente propõe, a oração após a comunhão da festa de 15 de setembro: "...que, recordando as dores de Nossa Senhora, completemos em nós, para o bem da Igreja, o que falta à paixão do Cristo".8
        A Igreja contemplando Maria vê:
        Com grata surpresa, que Maria de Nazaré, apesar de absolutamente abandonada à vontade do Senhor, longe de ser uma mulher passivamente submissa ou de uma religiosidade alienante, foi, sim, uma mulher que não duvidou em armar que Deus é vingador dos humildes e dos oprimidos e derruba dos seus tronos os poderosos do mundo (cf. Lc 1,5153); e reconhecerá em Maria, que é "a primeira entre os humildes e os pobres do Senhor" (LG 55), uma mulher forte, que conheceu de perto a pobreza e o sofrimento, a fuga e o exílio (cf. Mt 2,13-23), situações, estas, que não podem escapar à atenção de quem quiser secundar, com Espírito evangélico, as energias libertadoras do homem e da sociedade; e não lhe aparecerá Maria, ainda, como uma mãe ciosamente voltada só para o próprio Filho divino, mas sim como aquela Mulher que, com a sua ação, favoreceu a fé da comunidade apostólica, em Cristo (cf. Jo 2,1-12), e cuja função materna se dilatou, vindo a assumir no Calvário dimensões universais.8
        " Maria está presente, portanto, no mistério da Igreja como modelo. Mas o mistério da Igreja consiste também em gerar os homens para uma vida nova e imortal: é a sua maternidade no Espírito Santo. E nisto, Maria não é só modelo e figura da Igreja; mas é muito mais do que isso. Com efeito, "ela coopera com amor de mãe para a regeneração e formação" dos filhos e filhas da mãe Igreja. A maternidade da Igreja realiza-se não só segundo o modelo e a figura da Mãe de Deus, mas também com a sua "cooperação".³
         "Rogo-te, sim, rogo-te, Virgem Santa, que eu obtenha Jesus daquele Espírito, do qual tu mesma gerastes Jesus! Que a minha alma receba Jesus por esse mesmo Espírito, por quem a tua carne concebeu Jesus! (...) Que eu ame Jesus naquele mesmo Espírito, no qual tu o adoras como Senhor e o contemplas como Filho!"8
CARMELITAS E MARIA:
        A dimensão mariana da vida de um discípulo de Cristo exprime-se, de modo especial, precisamente mediante essa entrega filial em relação à Mãe de Cristo.³
        Fixamos o olhar em Maria e reconhecemos nela a imagem perfeita da discípula missionária. Maria é a grande missionária, continuadora da missão de seu Filho e formadora de missionários. ¹
        Eis, para nós carmelitas seculares os testemunhos de nossos santos:
        SANTA TERESA DE JESUS:
 Pareçamo-nos, filhas minhas, nalguma coisa com a grande humildade da Virgem Sacratíssima, cujo hábito trazemos, pois é confusão chamarmo-nos freiras suas; que, por muito que nos pareça que nos humilhamos, ficamos bem longe de ser filhas de tal Mãe e esposas de tal Esposo. (C13,3)
    Já que não posso deixar de ser a que tenho sido, não tenho outro remédio, senão acolher-me a ela e confiar nos méritos de Seu Filho e da Virgem, Sua Mãe, cujo hábito indignamente trago, e vós trazeis também. Louvai-O, minhas filhas, pois verdadeiramente o sois desta Senhora; e assim não tendes de vos afrontar que eu seja ruim, pois tendes tão boa Mãe. Imitai-A e considerai qual deve ser a grandeza desta Senhora, e o bem de a ter por Padroeira. (3M1)
       
SÃO JOÃO DA CRUZ:
 Quem ama discretamente, não cuida de pedir o que deseja ou lhe falta; basta-lhe mostrar sua necessidade para que o amado faça o que for servido. Assim procedeu a bendita Virgem com o amado Filho nas bodas de Caná; não lhe pediu diretamente o vinho, mas disse apenas: “não tem vinho” (Jo 2,3). (CII,8)
EDITH STEIN:
 Cada mulher seja uma cópia da Mãe de Deus, seja uma esposa de Cristo, seja uma apóstola do Coração Divino. Todas, então, corresponderão plenamente à sua vocação feminina, independentemente das circunstâncias e das atividades exteriores nas quais realizam as tarefas desenvolvidas”.
 Que possamos voltar o olhar à Mãe de Deus, Maria, nas bodas de Caná. O seu olhar silencioso e perscrutador observa tudo e repara onde falta alguma coisa. E antes que alguém perceba e ocorra algum embaraço, ela já prestou a sua ajuda. Encontra meios e modos, dá as indicações necessárias, e isso tudo em silêncio, sem deixar perceber nada”.
SANTA TERESINHA:

Sobre a sua dificuldade na recitação do terço:
Quando estou sozinha a recitação do terço custa-me  muito mais, do que a aplicação de um instrumento de penitência... Percebo que o rezo tão mal! Por mais que queira meditar os mistérios do rosário, não consigo concentrar o espírito... Andei muito tempo profundamente aflita... Tão grande é o meu amor à Santíssima Virgem, que deveria ter facilidade em recitar. Agora, aflijo-me menos. Penso que sendo minha Mãe, a Rainha dos Céus verá minha boa vontade, e com ela se contentará. HA 318

BEATA JOSEFA NAVAL GIRBÉS:
Josefa aprendeu a amar à Virgem Maria, desde menina. “Maria, minha Mãe, ensina-me a ser fiel e a agradar a Deus”. “Virgem Maria, minha Mãe, faz-me pura, casta, boa e santa”. Acuda-nos a Santíssima Virgem, para que nos ensine e nos ajude a sermos fiéis a Deus”.
Recomendava às jovens: “Sede limpas, asseadas no modo de vestir, sede muito honestas como a Virgem
Como Carmelita Secular, Josefa tinha uma especial devoção à Santíssima Virgem do Carmo, como tal, em repetidas ocasiões pediu a suas discípulas que, à sua morte, a vestissem com o hábito do Carmo, desejo que se cumpriu fielmente. Esta filiação Mariana a soube transmitir às suas alunas; bastem-nos estes testemunhos: em uma das casas de Algemesi se conserva um grande quadro da Virgem do Carmo, bordado em ouro e seda pela senhora Vicenta Morán através da direção da “Senhora Pêpa”, como era conhecida Josefa em sua terra natal no ano em que morreu nossa Beata.
ELISABETE DA TRINDADE:

        Parece-me que a atitude da Santíssima Virgem durante os meses decorridos entre a Anunciação e a Natividade é o modelo das almas interiores, das criaturas escolhidas por Deus para viverem “dentro”, no fundo do abismo insondável. Com que paz, com que recolhimento Maria se entregava à todas as ocupações! Como as ações mais banais eram por ela divinizadas! Porque em tudo a Virgem continuava a ser a adoradora do dom de Deus! Isto não a impedia de entregar-se às obras exteriores quando a caridade exigia. (Como Encontrar o Céu na Terra 39).
NÓS, SECULARES:
        A máxima realização da existência cristã como um viver trinitário de "filhos no Filho" nos é dada na Virgem Maria que, através de sua fé (cf. Lc 1,45) e obediência à vontade de Deus (cf. Lc 1,38), assim como por sua constante meditação da Palavra e das ações de Jesus (cf. Lc 2,19.51), é a discípula mais perfeita do Senhor.¹
Ela, que "conservava todas estas recordações e as meditava no coração" (Lc 2,19; cf. 2,51), ensina-nos o primado da escuta da Palavra na vida do discípulo e missionário. O Magnificat "está inteiramente tecido pelos fios da Sagrada Escritura, os fios tomados da Palavra de Deus. Assim, revela-se que nela a Palavra de Deus se encontra de verdade em sua casa, de onde sai e entra com naturalidade. Ela fala e pensa com a Palavra de Deus; a Palavra de Deus se faz a sua palavra e sua palavra nasce da Palavra de Deus. Além disso, assim se revela que seus pensamentos estão em sintonia com os pensamentos de Deus, que seu querer é um querer junto com Deus. Estando intimamente penetrada pela Palavra de Deus, ela pôde chegar a ser mãe da Palavra encarnada".¹
        Pertencemos a uma Ordem eminentemente Mariana. Nos formamos na escola de Maria que usa como instrumento de educação o “escapulário”, que é mais do que um sinal de proteção e predileção de Maria pela nossa ordem; deve ser para nós instrumento de trabalho a serviço de Jesus Cristo. É de fato um avental, e como tal, é usado para trabalhar. Por isso, podemos também ouvir as mesmas palavras do profeta Ageu 2, 4: “ Ó Zorobabel, tem ânimo, diz o Senhor. Coragem, Josué filho de Josedec, sumo sacerdote! Coragem todos vós habitantes da terra, diz o Senhor. Mãos à obra! Eu estou convosco – diz o Senhor dos Exércitos.”
          A Virgem Maria se faz presente de maneira especial, sobretudo como modelo de fidelidade na escuta do Senhor e em sua atitude de serviço a Ele e aos demais. Maria é aquela que conservava e meditava em seu coração a vida e as ações de seu Filho [6] , danto exemplo de contemplação. Ela foi quem aconselhou, nas bodas de Caná, que fizessem o que o Senhor lhes dissera [7] . Maria é exemplo de serviço apostólico. E foi ela, outra vez, quem esperou a vinda do Espírito Santo, perseverando em oração com os apóstolos [8] , testemunhando a oração de intercessão. Ela é Mãe da Ordem. O carmelita secular goza de sua especial proteção e cultiva uma sincera devoção mariana. 10

Maria é para o Secular um modelo de entrega total ao Reino de Deus. Ela nos ensina a escutar a Palavra de Deus na Escritura e na vida, a crer nela em todas as circunstâncias para viver suas exigências. E isto, sem entender muitas coisas; guardando tudo no coração (Lucas 2, 19.50-51) até que chega a luz, com uma oração contemplativa.10

        Maria é também ideal inspiração para o Secular. Ela vive junto às necessidades dos irmãos, preocupando-se com elas (Lucas 1,39-45; João 2,1-12; Atos 1,14). Ela, “a imagem mais perfeita da liberdade e da libertação da humanidade e do cosmos” [29] , ajuda a compreender o sentido da missão. Ela, Mãe e Irmã.10
        Por isso o Secular se empenhará em conhecer cada dia mais a pessoa de Maria através da leitura do Evangelho, para comunicar aos demais a autêntica piedade mariana, que leva à imitação de suas virtudes.10
        No rito de admissão à Ordem Secular dos Carmelitas Descalços o candidato no momento que é revestido com escapulário pelo sacerdote, ouve: “Recebe este escapulário, hábito da ordem do Carmo. Usa-o dignamente imitando a Virgem Maria no serviço de Jesus Cristo.” E na conclusão do rito o celebrante faz a seguinte oração: “Venha em nossa ajuda, Senhor, a poderosa intercessão da bem-aventurada Virgem Maria, Mãe e Rainha do Carmelo, para que, guiados por seus exemplos e protegidos pelo seu auxílio, cheguemos ao verdadeiro monte da salvação, Jesus Cristo Nosso senhor.”
        Vemos que o mais importante sentimento que devemos ter para com Maria, Mãe e rainha do Carmelo é o vivo desejo de imitar suas virtudes e alcançar sua proteção porque nos confiamos a ela como nossa mãe enquanto educadora e protetora, e irmã na condição de exemplo de serviço a Jesus Cristo.    
        Meditação, quem melhor que Maria pode nos ensinar a observar a realidade ao nosso redor e em espírito de oração contemplar a ação de Deus que age mesmo de forma incompreensível para nós!
        A meta será conseguir a integração da experiência de Deus com a experiência da vida: ser contemplativos na oração e no cumprimento da própria missão. 10
        Intimamente unida à ação do Espírito Santo, está a ação da Virgem Maria. Mãe de Cristo e nossa Mãe, ela está envolvida com a vida espiritual de cada um, mas, especialmente com a daquele que é chamado à vida no Carmelo. Sob sua proteção, evidenciada no Carmelo pelo escapulário, todos os que estão em formação na Ordem são protegidos e formados espiritualmente. 11
        Que melhor educadora poderemos ter, a não ser aquela que ensinou os primeiros passos a Jesus, como não nos ensinará a caminhar também no caminho de seu Filho. Aquela que ensinou Jesus a balbuciar as primeiras palavras, como não nos ensinará a falar a linguagem do Amor.   
Os Carmelitas Seculares vêem Maria como modelo de sua vida no Carmelo ajudam na Igreja a manter um amor maduro e uma devoção autêntica a Maria com toda a perfeição possível usam o escapulário como expressão externa da proteção maternal de Maria, de nossa dedicação a seu serviço e como um incentivo para viver a virtude teologal da esperança veneram a Maria diariamente mediante um ato de piedade e comemoram seus mistérios especialmente na liturgia.11
 Todos os outros aspectos da vida e devoção mariana também podem estar presentes, por exemplo, o escapulário, ou o rosário. Estes são, no entanto, secundários a respeito da devoção mariana. Maria é nosso modelo de oração e de meditação. Este interesse em aprender a meditar ou a ter inclinação para a meditação é uma característica fundamental de qualquer OCDS. Isto é, talvez, a o mais fundamental. 11
                Segundo as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011 – 2015, a Igreja é chamada em nossos dias: reconhecer-se em estado permanente de missão.
                As verdadeiras estrelas da nossa vida são as pessoas que souberam viver com retidão. Elas são luzes de esperança. E quem mais do que Maria poderia ser para nós estrela de esperança? Ela que, pelo seu « sim », abriu ao próprio Deus a porta do nosso mundo.
                Por isso, a Ela nos dirigimos: Santa Maria, Vós pertencíeis àquelas almas humildes e grandes de Israel que, como Simeão, esperavam « a consolação de Israel » (Lc 2,25) e, como Ana, aguardavam a « libertação de Jerusalém » (Lc 2,38). Vós vivíeis em íntimo contacto com as Sagradas Escrituras de Israel, que falavam da esperança, da promessa feita a Abraão e à sua descendência (cf. Lc 1,55). Quando, cheia de santa alegria, atravessastes apressadamente os montes da Judeia para encontrar a vossa parente Isabel, tornastes-Vos a imagem da futura Igreja, que no seu seio, leva a esperança do mundo através dos montes da história. Vós estivestes no meio da comunidade dos crentes, que, nos dias após a Ascensão, rezavam unanimemente pedindo o dom do Espírito Santo (cf. Act 1,14) e o receberam no dia de Pentecostes. O « reino » de Jesus era diferente daquele que os homens tinham podido imaginar. Este « reino » iniciava naquela hora e nunca mais teria fim. Assim, Vós permaneceis no meio dos discípulos como a sua Mãe, como Mãe da esperança. Santa Maria, Mãe de Deus, Mãe nossa, ensinai-nos a crer, esperar e amar convosco. Indicai-nos o caminho para o seu reino! Estrela do mar, brilhai sobre nós e guiai-nos no nosso caminho!
        Maria é para nós, modelo orante porque nos leva a meditar dia e noite a Palavra do Senhor. E nos é dada como modelo oferente  porque se fez presa de Deus quando exclamou: “Eis aqui a Serva do Senhor!” E a partir daí nunca mais separou-se de Jesus, seu Filho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Documento de Aparecida
Santo Agostinho, Sermões.
Joannes Paulus pp. Redemptoris Mater
 Constituição Dogmática “Lumem Gentium.”
Homilia de São João Crisóstomo. Ofício das Leituras – Comum de Nossa Senhora - Liturgia das Horas.
CIC – 722.
7.Carta Apostólica sob forma de motu proprio Porta Fidei do Sumo Pontífice Bento XVI .
     8. Exortação Apostólica  Marialis Cultus,  do santo padre
     paulo vi.
     9.ocdsprovinciasaojose.blogspot.com.br
    10.Constituições OCDS.
    11 Ratio Institutionis da Ordem Secular dos Carmelitas Descalços.  
    12. Carta Encíclica Spe Salvi do Sumo Pontífice Bento XVI.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

IX Congresso Regional Norte e Nordeste da OCDS Província São José




Recife – 7 a 10 de Junho de 2012
Tema: “O broto nascido cresce e expande suas raies.”
Lema: “Enraizados em Cristo...(CI 2,7) anunciem suas misericórdias (Mc 5,19)”

“A experiência pessoal da fé no amor ao próximo”
    Ao nos depararmos com a virtude teologal da fé, abri-nos para cada um de nós o questionamento: Estamos agindo verdadeiramente como discípulos e Missionários de Jesus? Somos sinais visíveis no mundo de sua luz e de seu amor? É preciso um olhar “enraizado” como o sugere nosso congresso, no amor e na participação, ativa e efetiva na comunidade, sob a luz da Palavra de Deus e de sua Santa Igreja: “Os discípulos de Jesus serão reconhecidos se amarem uns aos outros, como Ele nos amou.”
     Praticar o amor ao próximo tornou-se então a principal tarefa e a mais idêntica forma de exercer o seguimento de Jesus Cristo. Ser fraterno já é em si uma consequência do amor. “Ama-se aquilo que se conhece” e conhecer a Jesus, ser discípulo Dele é conhecer o amor. Amor que se doa que se oferece que acolhe e que ama a ponto de entregar- se ao mais alto cume da doação. Alcançar o amor de Jesus sem amar ao irmão que está próximo é de fato um disparate. “Quem ama a Deus que não vê e odeia o próximo que vê é mentiroso” o próximo será sempre o responsável pela demonstração do amor que tenho a Deus.
     Amar fraternalmente é amar completamente, e isso só acontece sem exceções, “Ser o amor” é o ápice do cumprimento do mandamento de Jesus, amar ao ponto de amar como Ele nos amou. Aquilo que fazemos que exercemos na nossa vida comunitária, requer de cada um de nós um esforço pessoal, um desapegar-se de si mesmo para ir ao encontro do outro, um oferecimento de si próprio, deixando muitas vezes de fazer só aquilo que nos convém. E sobretudo entender as necessidades alheias e respeitar as limitações de cada um ajudando no que tiver ao nosso alcance para que o irmão seja o reflexo, um outro Jesus, visível, disfarçado na pessoa do próximo.
    É um verdadeiro exercício de crescimento na fé e na comunhão aquilo que possuímos na convivência com nossas comunidades e grupos da OCDS. A Caridade unida à fraternidade é a mais rica forma de exercer na comunidade a comunhão dos discípulos e missionários de Jesus. “É extremamente importante amar-vos muito umas as outras; porque não há problema que não seja resolvido com facilidade entre os que se amam.” Percebamos aí a novidade que Jesus insere na dimensão do amor partilhado, entendido e praticado por nossa Santa Madre Teresa. Amar fraternalmente tem a força de romper orgulhos, vaidades, que impedem um cumprimento perfeito daquilo que Jesus veio instaurar na humanidade. “Quem não ama o próximo não vos ama Senhor meu, pois vimos demonstrado com tanto sangue o amor tão grande que tendes aos filhos de Adão.” Para que a nossa oração e o nosso apostolado estejam plenamente ligados ao amor e a fraternidade, é necessário amar muito o que se faz em benefício primeiramente do próximo: “O benefício da alma não está em pensar muito, e sim em amar muito.” Façamos de nossos encontros fraternos esta oportunidade que nos dá o Senhor de o imitarmos, praticando a luz de sua Santa Palavra e de seu amor incondicional por cada um de nós, o bem comum, onde realiaremos com amor e confiança o seu projeto no mundo.
     A mensagem de nossa Santa Madre Teresa de Jesus vem nos inspirar e nos impulsionar a realizar na convivência, o sentido e o valor do amor mutuo:
“Quem vos ama de verdade, Bem meu, vai seguro por um caminho amplo e real, longe do despenhadeiro, estrada na qual ao primeiro tropeço, Vós Senhor, dais a mão, não se perde, por uma queda e nem mesmo por muitas quem tiver amor a Vós, e não as coisas do mundo. Quem assim é percorre o vale da humildade.”

Em orações,
Paulo Gauttiele Ribeiro, ocds.
(Coordenador do Grupo São João da Cruz, OCDS de Ibiapina – Ce)
  

quarta-feira, 20 de junho de 2012

EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA DA FÉ NA TRILHA DE SANTA TERESA DE JESUS E À LUZ DO DOCUMENTO DE APARECIDA




EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA DA FÉ NA TRILHA DE SANTA TERESA DE JESUS E À LUZ DO DOCUMENTO DE APARECIDA

Luciano Dídimo

1- Experiência comunitária da fé

A palavra “comunidade” tem origem no termo latim communitas. O conceito refere-se à qualidade daquilo que é comum.
Em biologia, comunidade é o conjunto de todos os organismos vivos, de todos os tipos, que habitam um mesmo ecossistema. Na sociologia, comunidade é um conjunto de pessoas que se organizam sob o mesmo conjunto de normas, geralmente vivem no mesmo local, sob o mesmo governo ou compartilham do mesmo legado cultural e histórico. Politicamente, a comunidade é um grupo de países que se associam para atingir determinados objetivos comuns, como por exemplo, a União Europeia.
Existem, ainda, comunidades virtuais, constituídas por pessoas com interesses e objetivos semelhantes e ligações em comum, mas que se relacionam apenas virtualmente através das tecnologias da informação, como as comunidades existentes nas redes sociais da internet.
A comunidade em sentido religioso é formada por pessoas que partilham da mesma crença e pode ter várias amplitudes, como comunidade dos cristãos, comunidade dos católicos, comunidade carmelitana, comunidade carmelitana secular, até chegar às comunidades locais da OCDS, das quais participamos.
A palavra “experiência” significa prática, vivência.
A palavra “fé” significa crença, convicção.
Dessa forma o termo “experiência comunitária da fé” significa a prática, a vivência em comum daquilo que cremos, que acreditamos, que temos convicção de que é verdade.
Assim, o carmelita secular praticará sua fé comunitariamente.
O Documento Ratio Institutionis para a Ordem Secular nos conceitua a comunidade carmelita secular:

24. A comunidade secular do Carmelo é uma associação de fiéis de Cristo, inspirada pelo ideal da Igreja Primitiva onde “tinham um só coração e uma só alma” (At. 4,32). Seus membros são animados pela espiritualidade do Carmelo Descalço.

25. A comunidade secular expressa o mistério da Igreja-Comunhão. E de fato, ele provém da comunhão entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, de quem ela se alimenta. Ela toma parte na missão da Igreja, missão de convidar a todos para comunhão entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo (LG 1,19).

2 – Na trilha de Santa Teresa de Jesus



Em comunidade, vamos viver a nossa fé seguindo um caminho especial: sendo carmelitas. Existem muitos caminhos que nos levam a Jesus. Santa Teresa de Jesus nos mostra um desses caminhos. Ela nos mostra um carisma a ser vivido.
O carisma de Santa Teresa é mais um entre tantos outros carismas da nossa Igreja Católica. No Catecismo da Igreja Católica encontramos o significado e a finalidade dos carismas para a Igreja:

§799 Quer extraordinários quer simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, direta ou indiretamente, têm urna utilidade eclesial, pois são ordenados à edificação da Igreja, ao bem dos homens e às necessidades do mundo.
§800 Os carismas devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também por todos os membros da Igreja, pois são uma maravilhosa riqueza de graça para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo, contanto que se trate de dons que provenham verdadeiramente do Espírito Santo e que sejam exercidos de maneira plenamente conforme aos impulsos autênticos deste mesmo Espírito, isto é, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas.

Assim, os membros da Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares devem viver comunitariamente a fé cristã segundo o carisma Teresiano, ou seja, segundo o espírito de Santa Teresa.
O Documento final do Definitório Geral Extraordinário realizado em Ariccia de 0 5 a 12/09/2011, intitulado “Como devemos ser? Comunidades teresianas para a Igreja e o mundo de hoje” conclui que devemos “constituir comunidades teresianas que sejam lugares de autêntico crescimento humano e espiritual e de irradiação da verdade e beleza nelas experimentadas. (...) Naturalmente, a comunidade em sentido teresiano significa algo bem específico. É um modo de ser, que requer profunda re-orientação da pessoa no triplo sentido indicado por Teresa,  a saber, no amor fraterno, no desapego do mundo e na humildade. Sem isso não existe comunidade em sentido teresiano.” A poesia abaixo sintetiza todo o conteúdo do documento:


Como devemos ser?[i]

A comunidade teresiana
deve viver seu carisma
no mundo atual

Deve viver o amor,
a verdadeira humildade
e o desapego total

Deve ser um lugar
de autêntico crescimento
humano e espiritual

Deve ser um lugar
que obtenha fruto
experiencial

E que irradie
a beleza e a verdade
como meta final

                           Luciano Dídimo


2.1. A comunidade teresiana deve viver seu carisma no mundo atual

Devemos viver o carisma teresiano de acordo com a realidade atual e não como se estivéssemos há cem, duzentos ou quinhentos anos atrás. É por isso que a Ordem nos dá subsídios através de cartas, documentos e constituições que periodicamente vão sendo atualizados para que a vivência do carisma seja adaptada à mudança dos tempos. O carisma é e continuará sendo sempre o mesmo. A forma de vivenciá-lo é que vai sendo modificada.
Dessa forma, o carmelita secular não poderá, por exemplo, viver o seu carisma segundo as Normas de Vida, de 1979, porque tal documento foi substituído pelas Constituições da OCDS no ano de 2003.

2.2. Deve viver o amor, a verdadeira humildade e o desapego total

Os três pontos fundamentais do carisma teresiano são exatamente estes: amor fraterno, humildade e desapego, conforme escrito pela própria santa em seu livro Caminho de Perfeição:
“A primeira é o amor de uns para com os outros; a segunda, o desapego de todo o criado; a terceira, a verdadeira humildade - que, embora tratada por último, é a principal, abarcando todas” (C 4,4).

Assim nossas Constituições OCDS ressaltam a importância desses pontos para a oração e para a vida espiritual da Ordem Secular:

7. A origem do Carmelo Descalço se encontra na pessoa de Santa Teresa de Jesus. Ela viveu uma profunda fé na misericórdia de Deus, que a fortaleceu para perseverar na oração, humildade, amor fraterno e amor pela Igreja, que a conduziu à graça do matrimônio espiritual. Sua abnegação evangélica, sua disposição ao serviço e sua constância na prática das virtudes são um guia cotidiano para viver a vida espiritual. Seus ensinamentos sobre a oração e a vida espiritual são essenciais para a formação e a vida da Ordem Secular.

2.2.1 .  Amor fraterno

A vida fraterna é inspirada primeiramente na Regra de Santo Alberto, conforme explica a Ratio para a OCDS em seu art. 26:

26. A vida fraterna, inicialmente, se inspira na regra “primitiva” dos Irmãos da Bem Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo dada por Santo Alberto, patriarca de Jerusalém e confirmada por Inocêncio IV. Fieis aos ensinamentos de Nossa Santa Madre Teresa, os membros são conscientes de que seu compromisso não pode ser levado sozinho; a sua vida fraterna é um lugar privilegiado onde eles se aprofundam, se formam e amadurecem.

A poesia abaixo vai nos apontar a fraternidade como um dos pontos presentes na Regra que deve ser observado na caminhada em comunidade:

A Regra do Carmo

A Regra do Carmo
é um dos caminhos
que nos leva a Jesus,
nosso Salvador.

Nessa caminhada
seguimos Elias
e Nossa Senhora,
exemplos de Amor.

Buscamos o alvo
pela meditação,
silêncio, trabalho
e fraternidade.

Somos carmelitas,
vivemos a Regra,
subimos o Monte
em comunidade.

                       Luciano Dídimo

O Estatuto Particular da Província São José da OCDS nos orienta como deve acontecer a vida fraterna em nossas comunidades:

21. Unidos ao Deus Trindade pelo amor, os membros da Comunidade também o serão entre si, à imitação das comunidades cristãs primitivas que viviam como se fossem um só coração e uma só alma. Para criar e favorecer tal espírito são necessários atos comuns: os membros da Comunidade devem participar da oração comunitária, onde escutarão a Palavra de Deus para vivê-la no enriquecimento do diálogo fraterno, das reuniões, da recreação caracterizada pela alegria e simplicidade. Destes atos, expressões características do espírito fraterno, ninguém, está desobrigado. Quem não os puder frequentar, justifique-se com o Presidente, se possível antes da reunião.

22. O Presidente ou seu representante manterá contato com aqueles que, por justo motivo, não comparecerem às reuniões.

23. Os membros que habitualmente não puderem comparecer às reuniões e atividades formativas,  devem pedir, por escrito, ao Conselho da Comunidade, um afastamento temporário.

24. Os enfermos deverão ser permanentemente lembrados nas orações da Comunidade, visitados por seus membros, e incentivados a colocarem este particular período de sofrimento como fecundo exemplo de fé cristã para todos.

25. Para favorecer a atuação e o dinamismo da Comunidade, escolher-se-á entre seus membros coordenadores com a incumbência de dinamizar as seguintes atividades:
orações, celebrações e animação espiritual;
ação missionária;
pastoral vocacional;
recreação.

26. Para favorecer o mútuo conhecimento e incentivar a ajuda mútua e cooperação nas necessidades aconselha-se organizar a cada ano:
uma reunião de todas as Comunidades da Província ou de uma região;
um dia de convivência, de preferência reunindo-se mais de uma Comunidade.

27. Com o fim de favorecer o espírito da Família Carmelitana – religiosos, religiosas e seculares – é muito útil que os irmãos se encontrem em circunstâncias particulares, porque é desejável que participem:
da celebração da Liturgia das Horas;
da Missa da Comunidade;
da Salve Regina;
das festas da Ordem;
da Páscoa, etc...

28. Cada Comunidade fará celebrar periodicamente Missa nas seguintes intenções:
aniversariantes;
membros e Assistentes Espirituais da Comunidade falecidos;
falecidos da Ordem.

2.2.2. Verdadeira humildade

O Documento Final do Definitório Geral Extraordinário da Ordem dos Carmelitas Descalços, realizado em Ariccia, “COMO DEVEMOS SER? – COMUNIDADES TERESIANAS PARA A IGREJA E O MUNDO DE HOJE” nos explica de forma muito simples e profunda o que é a humildade para Santa Teresa de Jesus:

A humildade para Teresa é algo mais do que uma virtude entre as outras. Teresa fala de “verdadeira humildade” porque a humildade que ela tem em mente é o resultado de uma experiência cognoscitiva, é a condição característica de quem encontrou a Verdade, na sua dupla face: a Verdade do Deus Amor e a verdade da própria humanidade pobre e ferida, mas amada, tanto mais radicalmente porque não há outra razão desse amor que não seja a bondade de Deus. Neste sentido, humildade não significa desestima para com o homem, mas ao contrário estrada mestra para que o homem realize a altíssima vocação a que é chamado. Por isso a humildade é a condição própria de Jesus Cristo, exprime sua atitude fundamental diante da existência. Seguir Jesus significa portanto,  antes e mais do que qualquer outra coisas, assumir como própria essa atitude: “Tende em vós, os mesmos sentimentos que foram de Cristo Jesus” (Fil 2,5), isto é, o seu abaixamento e a sua obediência para compartilhar da sua exaltação. Trata-se de uma “altíssima humildade”, que enquanto abaixa e dobra, ao mesmo tempo eleva e restitui dignidade à pessoa. É por isso que Teresa, quando tem presente a “verdadeira humildade”, concebe-a como uma virtude soberana, compara-a à “rainha” no jogo de xadrez (C 16,2)

2.2.3. Desapego total

Desapegar-se das coisas é colocar Cristo no centro de tudo, Cristo acima de tudo, Cristo à frente de tudo. Assim nos orientam as Constituições OCDS:

10. Cristo é o centro da vida e da experiência cristãs. Os membros da Ordem Secular são chamados a viver as exigências de seu seguimento em comunhão com ele, aceitando seus ensinamentos e entregando-se a sua pessoa. Seguir Jesus é participar em sua missão salvífica de proclamar a Boa Nova e de instaurar o Reino de Deus (Mt 4,18-19). Há diversos modos de seguir Jesus: todos os cristãos devem segui-lo, fazer dEle a norma de sua vida e estar dispostos a cumprir três exigências fundamentais: colocar os vínculos familiares abaixo dos interesses do Reino e da pessoa de Jesus (Mt 10,37-39; Lc 14,25-26); viver o desapego das riquezas para demonstrar que a chegada do Reino não se apoia em meios humanos e sim na força de Deus e na disponibilidade da pessoa humana diante dEle (Lc 14,33); levar a cruz da aceitação da vontade de Deus manifestada na missão que Ele confia a cada um (Lc 14,27[1]; 9,23).

2.3. Deve ser um lugar de autêntico crescimento humano e espiritual

O meio que a comunidade nos oferece para crescermos humanamente e espiritualmente é através da formação, conforme Constituições OCDS:

34. A formação teresiano-sãojoanista, tanto inicial como permanente, ajuda a desenvolver no Secular uma maturidade humana, cristã e espiritual para o serviço da Igreja. Na formação humana desenvolvem a capacidade do diálogo interpessoal, o respeito mútuo, a tolerância, a possibilidade de serem corrigidos e de corrigirem com serenidade e a capacidade de perseverar nos compromissos assumidos.

(C, 19). O estudo e a leitura espiritual da Escritura e dos escritos de nossos Santos, especialmente dos que são Doutores da Igreja – Santa Teresa, São João da Cruz e Santa Teresa do Menino Jesus –, ocupam um lugar privilegiado para alimentar a vida de oração do Secular. Os documentos da Igreja são também alimento e inspiração para o compromisso do seguimento de Jesus.


Por isso o plano de formação da nossa Província São José OCDS aborda quatro dimensões: espiritual, carmelitana, doutrinal e humana.

2.4. Deve ser um lugar que obtenha fruto experiencial

Nossas comunidades devem ser lugares não apenas para receber aulas teóricas ou históricas sobre o carisma carmelitano, mas lugares de verdadeira prática e vivência desse carisma. Devem ser lugares onde aconteça essa experiência que transforma vidas, que confirma vocações e que nos movem a dar testemunho, a evangelizar, ao apostolado, enfim, à missão. Assim está em nossas Constituições OCDS:

(C, 27). O Carmelita Secular está chamado a viver e testemunhar o carisma do Carmelo Teresiano na Igreja particular, parte do povo de Deus na qual se faz presente e atua a Igreja de Cristo. Cada um procure ser testemunho vivo da presença de Deus e se responsabilize pela necessidade de ajudar a Igreja na pastoral de conjunto, em sua missão evangelizadora, sob a direção do bispo. Por esta razão, cada um tem um apostolado, seja em colaboração com outros na comunidade, seja individualmente.

(C, Epílogo) Como Seculares, filhos e filhas de Teresa de Jesus e João da Cruz, estão chamados a “ser perante o mundo testemunhas da ressurreição e vida do Senhor Jesus e sinal do Deus vivo”, mediante uma vida de oração, de um serviço evangelizador e por meio do testemunho de uma comunidade cristã e carmelitana.

2.5. E que irradie a beleza e a verdade como meta final

Irradiar a beleza e a verdade nada mais é do que um transbordamento de tudo o que foi vivenciado em comunidade. O amor fraterno, o desapego, a humildade, a formação humana e espiritual, a experiência adquirida, tudo isso será utilizado para o anúncio do Evangelho através de um apostolado individual ou comunitário, servindo à Igreja, servindo à Ordem e servindo à humanidade. Essa é a missão do carmelita secular, conforme Constituições OCDS e Estatuto Particular da Província São José da OCDS:

(C, 10). Cristo é o centro da vida e da experiência cristãs. Os membros da Ordem Secular são chamados a viver as exigências de seu seguimento em comunhão com ele, aceitando seus ensinamentos e entregando-se a sua pessoa. Seguir Jesus é participar em sua missão salvífica de proclamar a Boa Nova e de instaurar o Reino de Deus (Mt 4,18-19).

(C, 25). “Os fiéis leigos, precisamente por serem membros da Igreja, têm por vocação e por missão ser anunciadores do evangelho: para essa obra foram habilitados e nela empenhados pelos sacramentos da iniciação cristã e pelos dons do Espírito Santo”. A espiritualidade do Carmelo desperta no Secular o desejo de um compromisso apostólico maior, ao dar-se conta de tudo o que implica sua chamada à Ordem. Consciente da necessidade que tem o mundo do testemunho da presença de Deus, responde ao convite que a Igreja dirige a todas as associações de fiéis seguidores de Cristo, comprometendo-os com a sociedade humana por meio de uma participação ativa nas metas apostólicas de sua missão no horizonte do próprio carisma.

 (C, 26).  A vocação da Ordem Secular é verdadeiramente eclesial. A oração e o apostolado, quando são verdadeiros, são inseparáveis. A observação de Santa Teresa de que o propósito da oração é “o nascimento de boas obras” recorda à Ordem Secular que as graças recebidas sempre devem ter um efeito em quem as recebe. Individualmente ou como comunidade, e sobretudo como membros da Igreja, a atividade apostólica é fruto da oração. Onde seja possível, e em colaboração com os superiores religiosos e com a devida autorização dos encarregados, as comunidades participam do apostolado da Ordem.

(EPPSJ, 17).  Baseado em nossa Santa Madre Teresa, que iluminada pela experiência do mistério da Igreja, quis que a nossa oração, vida fraterna e abnegação evangélica fossem impregnadas de um ideal apostólico, o Carmelita Secular procurará trabalhar em diversos campos a serviço da Igreja com as palavras e com as obras, mais com estas do que com aquelas.

3 - À LUZ DO DOCUMENTO DE APARECIDA


Como devemos ser?


A comunidade teresiana
deve viver seu carisma
no mundo atual



COMUNIDADE

(DA, 156).  A vocação ao discipulado missionário é convocação à comunhão em sua Igreja. Não há discipulado sem comunhão. Diante da tentação, muito presente na cultura atual de ser cristãos sem Igreja e das novas buscas espirituais individualistas, afirmamos que a fé em Jesus Cristo nos chegou através da comunidade eclesial e ela “nos dá uma família, a família universal de Deus na Igreja Católica. A fé nos liberta do isolamento do eu, porque nos conduz à comunhão”.

Deve viver o amor,
a verdadeira humildade
e o desapego total


VIDA FRATERNA

(DA, 158). Igual às primeiras comunidades de cristãos, hoje nos reunimos assiduamente para “escutar o ensinamento dos apóstolos, viver unidos e participar do partir do pão e nas orações” (At 2,42). A comunhão da Igreja se nutre com o Pão da Palavra de Deus e com o Pão do Corpo de Cristo.


Deve ser um lugar
de autêntico crescimento
humano e espiritual


FORMAÇÃO

(DA, 212). Para cumprir sua missão com responsabilidade pessoal, os leigos necessitam de uma sólida formação doutrinal, pastoral, espiritual e um adequado acompanhamento para darem testemunho de Cristo e dos valores do reino no âmbito da vida social, econômica, política e cultural.


Deve ser um lugar
que obtenha fruto
experiencial



TESTEMUNHO

(DA, 159). A Igreja, como “comunidade de amor” é chamada a refletir a glória do amor de Deus que, é comunhão, e assim atrair as pessoas e os povos para Cristo. A Igreja “atrai” quando vive em comunhão, pois os discípulos de Jesus serão reconhecidos se amarem uns aos outros como Ele nos amou (cf. Rm 12,4-13; Jo 13,34).



E que irradie
a beleza e a verdade
como meta final





MISSÃO

(DA, 184). A condição do discípulo brota de Jesus Cristo como de sua fonte pela fé e pelo batismo e cresce na Igreja, comunidade onde todos os seus membros adquirem igual dignidade e participam de diversos ministérios e carismas. Deste modo, realiza-se na Igreja a forma própria e específica de viver a santidade batismal a serviço do Reino de Deus.

(DA, 211). Os leigos também são chamados a participar na ação pastoral da Igreja, primeiro com o testemunho de sua vida e, em segundo lugar, com ações no campo da evangelização, da vida litúrgica e outras formas de apostolado segundo as necessidades locais sob a orientação de seus pastores.

                           Luciano Dídimo






[i] Inspirado no texto “COMO DEVEMOS SER? – COMUNIDADES TERESIANAS PARA A IGREJA E O MUNDO DE HOJE” (Documento Final do Definitório Geral Extraordinário da Ordem dos Carmelitas Descalços, realizado em Ariccia, de 05 a 12 de setembro de 2011)